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3 As Cidades Inteligentes

3.6 A Cidade Inteligente e a criação de novos valores

O que faz com que uma cidade se torne mais inteligente? Como é possível definir e medir a inteligência de uma cidade?

Mesmo que a definição de cidade inteligente ainda não esteja cimentada, é possível descrever as suas características principais, e quais os elementos que podem efetivamente acrescentar valor e inteligência às cidades.

Para medir o valor público criado e a performance de uma cidade, os objetivos e processos devem ser bem claros e quantificados. O que requer uma visão estratégica para que seja possível suster todos os programas e projetos abraçados pela cidade, e para que esta se torne inteligente (ZYGIARIS, 2013).

O elemento territorial tem uma importância imensurável, pois é no território onde todas as transformações ocorrem. As infraestruturas são fundamentais, bem como a componente física e material, nomeadamente os edifícios, as ruas, os meios de transporte, entre outros.

Quando se menciona as pessoas, devem ser considerados todos os cidadãos e não apenas os seus habitantes, ou seja deve ser tido em causa os seus trabalhadores, estudantes e turistas, os quais devem fazer parte das estratégias urbanas.

Para que uma cidade se torne inteligente, convém que haja um aumento da inteligência dos seus componentes nucleares. Neste caso, o que se entende por inteligência? Existem três aspetos importantes a ter em conta, que são: Eficácia; Consciência ambiental; e Inovação (DAMERI, 2012; CASALINO, et al., 2013):

Eficácia é a capacidade de fornecer um serviço público e privado eficaz para as diferentes classes de cidadãos, nomeadamente os estudantes, trabalhadores e

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lucrativos são uma mais-valia. É também importantes a participação de todas as partes interessadas e a união de esforços nesta definição de inteligência. Em suma uma cidade não deve ser inteligente para ela própria, mas deve criar valor público para os seus cidadãos;

Consciência ambiental diz respeito ao impacto que as grandes cidades têm na qualidade ambiental. Um dos principais pilares das cidades inteligentes é a prevenção da degradação ambiental. O consumo energético, a poluição do ar e da água, o trafego automóvel, e o consumo do espaço são os principais impactos ambientais numa cidade. Uma cidade inteligente atua de forma a reduzir todas estas conjunturas tendo como propósito o de preservar o ambiente.

Inovação significa, que uma cidade inteligente deve utilizar toda a nova e alta tecnologia disponível para aumentar a qualidade das componentes nucleares, e fornecer serviços mais eficientes, reduzindo desta forma alguns dos impactos ambientais. A tecnologia é, portanto, um aspeto importante para uma cidade se tornar em vários aspetos mais inteligente, e deve ser utilizada ao serviço de grande parte das iniciativas inteligentes.

As componentes anteriormente referidas constituem os elementos capitais na criação de inteligência nas cidades, resumindo, os governos devem contribuir para que a cidade se transforme num ambiente mais habitável, verde e com serviços mais eficientes e inovadores. (CHOURABI et al., 2012).

Uma cidade inteligente tem uma correlação direta com um território mais limpo e verde, entenda-se, todas as componentes que o constituem, água, ar, redução do consumo de espaço para novo edificado, qualidade ambiental, infraestruturas mais inteligentes, limpas e eficientes, e que salvaguardem os interesses dos seus utilizadores da forma mais adequada de modo a que consigam dar resposta às suas carências.

Pessoas inteligentes significa cidadãos mais informados, mais conscientes dos objetivos dos governos e do role que as novas tecnologias representam na melhoria da qualidade de vida nas cidades, nas suas infraestruturas e nos seus serviços.

Deve haver uma aceitação digital por parte dos cidadãos, promover a propagação das tecnologias de ponta, TIC, dispositivos móveis, e dos serviços digitais de informação.

Um governo inteligente utiliza certamente as TIC, e todas as novas tecnologias que visem à implementação de um governo e uma democracia digital mais focado na melhoraria da qualidade de vida da população, no acesso à informação, e acima de tudo na satisfação dos cidadãos em relação à administração local. (NAM & PARDO, 2011; ALAWADHI et al., 2012,).

A criação de valor público deve ser portanto o objetivo de todas as cidades, bem como as suas iniciativas devem ser endereçadas aos cidadãos (MOORE, 1995; SORRENTINO & NIEHAVES, 2010). O valor público é uma ideia complexa, que inclui um leque abrangente de dimensões (BENINGTON & MOORE, 2010).

 Requer a criação de valor económico e social, muitas das vezes é complicado conectar estas dimensões de uma forma harmoniosa, devido a estes apresentarem interesses diferentes;

 Requer a criação de valor, de todas as partes interessadas. Normalmente estes têm espectativas diferentes, levando a que ocorram incompatibilidades entre as partes envolvidas;

 Requer a criação de valor em diferentes dimensões na vida citadina, esta dimensão exige um entendimento mais abrangente das necessidades e prioridades.

Para se criar valor público num programa de cidade inteligente, significa que devem ser agrupados um largo conjunto de variáveis dentro de uma estrutura geral, a mesma deve ser bem definida e engenhosa na solução dos problemas que afetam as cidades.

Medir o valor público criado, e os programas de apoio às cidades inteligentes, apresenta uma certa complexidade. Se examinados alguns dos casos, em todo o mundo, sobre a cidade inteligente, é constatado que os benefícios desta ainda não estão definidos, nem medidos.

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Mesmo que os programas de cidades inteligentes produzam uma melhoria na qualidade de vida dos cidadãos, a população não é, na maioria dos casos informada sobre tal, ou mesmo envolvida e consciencializada relativamente ao impacto que os projetos terão na sua qualidade de vida (O’FLYNN, 2007; WALRAVENS & BALLON, 2013).

O maior desafio na medição do desempenho de uma cidade inteligente é criar e multiplicar o valor público. É necessário garantir a transparência e a consciencialização, sobre a “moda” das Cidades Inteligentes, e impedir que esta tendência termine antes de se quer começar a criar valor nas áreas urbanas.