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A componente “Educação ambiental”

3. PROGRAMA “GUARDIÕES DOS RIOS” – PARTE 1: DESCRIÇÃO

3.3 O BJETIVOS E DESCRIÇÃO DO PROGRAMA

3.3.2. A componente “Educação ambiental”

Para que haja mudanças no comportamento de uma dada comunidade torna-se

necessário a aproximação da mesma com conhecimentos básicos sobre determinado assunto e

a valorização sobre o que a possível mudança de atitude em relação ao mesmo pode trazer em

beneficio do individual e do coletivo dentro da comunidade.

A educação ambiental tem sido uma ferramenta chave em muitos programas que

envolvam melhorias para o meio ambiente e as comunidades envolvidas, por se tratar de uma

busca sobre a importância do papel individual e coletivo no processo de mudança de valores

em relação aos recursos naturais e a manutenção dos mesmos.

A educação ambiental neste programa foi buscada para dar suporte às atividades dos

guardiões dos rios nas comunidades onde os projeto estava inserido e contava com o apoio do

Centro de Educação Ambiental (CEA) da Prefeitura do Rio de Janeiro.

O CEA era responsável por oferecer treinamento aos novos mutirantes de cada

localidade e por dar suporte às equipes de agentes ambientais espalhadas pelas diferentes

comunidades com o projeto. Quando a equipe de agentes não existia, o CEA permanecia

atuante respaldando e oferecendo material para as ações de educação ambiental realizadas

pelos próprios guardiões.

Algumas frentes de trabalho dos guardiões possuíam uma equipe de agentes

ambientais responsáveis pelos trabalhos de educação ambiental com a comunidade – o

quantitativo de pessoal envolvido podia variar de acordo com as peculiaridades locais, mas

de modo geral cabia a uma ou duas agentes ambientais.

Os agentes ambientais (quase totalmente compostos por mulheres) também tinham que

residir nas comunidades e eram orientados por um supervisor e um encarregado. O supervisor

atendia diversos bairros circunscritos em uma zona de abrangência definida por proximidade,

sendo responsáveis por visitar semanalmente as diferentes comunidades. O encarregado era

único para todas as comunidades e atendia diretamente aos supervisores.

A metodologia de trabalho utilizada pelos agentes comunitárias era baseada em

palestras – junto às escolas e associações representativas para a comunidade, atividades na

associação de moradores, distribuição de folderes, atividades com crianças, atividades nas

escolas – datas comemorativas, mutirões de limpeza em conjunto com os guardiões visando

esclarecer a população frente às questões ambientais. Além das ações já anteriormente

citadas, a realização da visita chamada “porta a porta” também era freqüentemente utilizada

para trabalhar assuntos de relevância ambiental para a comunidade. Na figura 6 pode ser

visualizado atividades de EA com crianças de um colégio municipal.

Figura 6: Atividade de EA com alunos de escola municipal em visita guiada ao canal de Manguariba pela Agente Ambiental local. Fonte: Vera L. F. da Silva.

As atividades com crianças são consideradas peças chaves fundamentais para a

construção de uma sociedade mais justa do ponto de vista ambiental. A aproximação das

mesmas com o universo existente dentro da sua comunidade de origem pode estreitar laços

para a criação de uma nova consciência ambiental aliada ao posicionamento mais conciso

dentro do contexto social e preservação da sua comunidade, não sendo apenas um ato

meramente no sentido de românico de natureza, mas sim também com a contextualização

social envolvida com ações de educação ambiental sob olhar crítico. Daí a necessidade

constante de treinamento a ser oferecido para as agentes ambientais para que as ações não

tenham apenas um cunho informativo e sim de verdadeira mudança no pensar dos envolvidos.

Na figura 7, há outra ação de educação ambiental envolvendo moradores da

Comunidade Pica-pau-amarelo, no Jacaré.

Esta ação tem outra abordagem, não envolvendo as crianças em um momento escolar

(sala de aula), mas sim, de recreação. As diferentes metodologias adotadas para as ações de

educação ambiental também contavam com atividades lúdicas para envolvimento e atração de

parte do universo a que se desejava buscar: as crianças. Peças de teatro montadas pelos

agentes em parcerias com o CEA ocorreram em algumas localidades.

As agentes ambientais também eram remuneradas através de bolsa auxilio no valor de

seiscentos reais, com jornadas de trabalho diárias de oito horas de segunda a sexta - feira.

As agentes ambientais deveriam reportar suas atividades semanais à supervisora, por

meio de relatórios, contendo as atividades realizadas ao longo do período. Ao final do mês,

outro relatório deveria ser reportado à encarregada no CEA pela supervisora mostrando as

atividades realizadas pelas agentes nas comunidades sob sua supervisão. O controle das

agentes ambientais, bem como o material utilizado para a realização de cursos no CEA não

puderam ser obtidos pela não localização dos mesmos junto aos departamentos envolvidos,

não se encontrando disponíveis para consulta durante a elaboração deste trabalho e durante as

visitas realizadas.

Segundo entrevistas realizadas com os encarregados de algumas frentes de trabalho, o

uso de agentes ambientais em algumas comunidades não significou em grande melhoria para

a conscientização da população uma vez que, devido à baixa supervisão realizada pelo CEA ,

algumas agentes não trabalhavam adequadamente ou eram remanejadas para atividades em

associação de moradores, prejudicando a qualidade do serviço a ser realizado.

Quando ocorreu o remanejamento do projeto guardiões do rio para a Comlurb, as

agentes ambientais também foram desligadas do programa pois, segundo a diretora do CEA

da prefeitura, não pode haver trabalho de agentes ambientais em comunidades carentes

desvinculado de um projeto da prefeitura em andamento, seja guardiões do rio ou qualquer

outro em vigência.

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