4. PROGRAMA “GUARDIÕES DOS RIOS” - PARTE 2: ANÁLISE DOS IMPACTOS, LIMITES E
4.2. P ERCEPÇÃO QUANTO AO PROGRAMA
4.2.6. Principais problemas e dificuldades enfrentados pelo Programa
A questão seguinte torna-se de suma importância para caracterizar as dificuldades
operacionais enfrentadas pelos encarregados e, consequentemente, pelos mutirantes do
Programa.
O gráfico 5 aponta os principais itens levantados pelos encarregados quando, no
questionário, foi a relatada a pergunta de numero 5 “na sua opinião, quais foram os principais
problemas e dificuldades enfrentadas pelo Programa?”.
17% 24% 32% 10% 17% Nenhum
Falta de estrutura e/ou apoio da prefeitura Carência de materiais (vacinas, equipamentos, mutirantes)
Problemas locais (tiroteio,associação de moradores) Outros
Gráfico 5 - Dificuldades enfrentadas pelo projeto
Neste gráfico deve ser ressaltado que o número de respostas refletem as diferentes
abordagens dadas por cada encarregado e não apenas uma única resposta por questionário, o
que pode refletir um numero maior de possibilidades em relação ao numero de encarregados
participantes do questionário.
Quando solicitados sobre as dificuldades e principais problemas enfrentados, foram
enfáticos e repetitivos os seguintes pareceres, comparativamente entre os dados obtidos em
questionários e entrevistas abertas com os encarregados, por ordem de importância dada pelos
entrevistados:
• Carência de materiais;
• Falta de estrutura e apoio pela prefeitura; e
• Problemas locais;
Alguns encarregados colocam a questão da demora para a aplicação das vacinas e a
possibilidade de aumento da equipe para a melhor realização do trabalho. Contudo, cabe
ressaltar que o argumento mais curioso levantado neste quesito afirma que a carência de
materiais não corresponde exatamente a não compra de materiais por parte da prefeitura para
todas as frentes. O que aconteceu na maioria das vezes foi o número de ferramentas não
serem suficientes para os mutirantes de cada equipe. Além disto, em outros casos o que
ocorria era a compra de equipamentos desnecessários – os quais sobravam- em detrimento de
ferramentas mais adequadas para o serviço. Ainda é preciso mencionar que as peculiaridades
de cada localidade (canalização do rio, alta distancia entre as margens, presença de vegetação
de médio porte nas margens, etc) exigiam o uso de ferramentas que possivelmente não seriam
necessários em outros locais, evidenciando a não adequação da disponibilidade e a
uniformidade da destinação de ferramentas para todas as comunidades do programa sem
considerar as peculiaridades locais, bem com a urgência de um contato mais eficiente entre
encarregados e prefeitura a fim de dirimir estes problemas.
Em muitos momentos do questionário e durante as entrevistas realizadas, a falta de
supervisão e comunicação com a prefeitura foram argumentos utilizados pelos encarregados
quando indagados pelas dificuldades do programa. Um dos depoimentos afirma que houve
mutirões localizados fora da comunidade – sob definição da prefeitura, que não contaram com
apoio por parte da mesma, o que colocou os guardiões em risco frente à situação local de
outras comunidades (brigas entre comunidades rivais). Outros encarregados comentam o
desinteresse por parte da prefeitura em visitar os locais de trabalho, o que, segundo eles,
evidencia o baixo interesse pela comunidade tendo reflexos disto na motivação da equipe, o
que em alguns locais, pode ter estimulado o não cumprimento das tarefas a serem executadas.
Segundo depoimentos dos gerentes de Programa na prefeitura, partes destes
levantamentos são perfeitamente plausíveis, uma vez que a existência de muitas frentes de
trabalho com apenas 2 gerentes para supervisionar (última equipe da gerência antes do
desligamento do programa) torna a supervisão bastante limitada.
A necessidade de outra forma de gerenciar as frentes abertas, uma vez que o número é
alto, torna-se necessária para que haja um eficaz trabalho de manutenção da qualidade do
serviço a ser prestado. Inclusive, em alguns momentos, foram levantadas as dificuldades de
ordem técnica em como proceder o trabalho e, sendo a respostas demoradas, em muito
prejudica a eficiência do trabalho e coloca os guardiões em situações de risco por não serem
precavidos sobre as possíveis dificuldades de ordem técnica. As figuras 11 e 12 ilustram
possíveis problemas criados pela falta de supervisão técnica e apoio aos guardiões.
Figura 11: Rio Piraquê com suas margens sem a presença de vegetação. Fonte: Carlos Marques
Figura 12: Rio Manguariba sem a presença de vegetação em suas margens. Fonte: Vera Lucia
Como pode ser visualizado nas figuras 11 e 12, que mostra a total retirada da
vegetação das margens do rio por não ter sido feito o treinamento e pareceres técnicos por
parte da prefeitura, prejudica a intenção inicial de preservação da calha do rio facilitando o
aumento de sedimentos no rio. Problemas como estes foram possíveis de serem localizados
nas entrevistas abertas realizadas com os encarregados mostrando a necessidade de uma
interação maior da SMAC com os funcionários do Programa, visando à melhor qualidade do
serviço prestado.
Muitos encarregados apontam a não existência de dificuldades durante o programa,
aparecendo em terceira posição quanto ao levante dos questionamentos apresentados, o que
também pode ser utilizado como ponto positivo, já que os mesmos não encontraram
dificuldades em realizar suas atividades ao longo do Programa.
por parte das Associações de moradores na realização das atividades o que foi alegado e que
as mesmas tentam mudar o projeto e usá-lo em beneficio próprio, além da cobrança de taxas
aos guardiões pela implantação e vigência do programa na comunidade.
A ocorrência de tiroteios em horário de trabalho é problema de segurança pública e
não cabe somente a prefeitura a resolução do mesmo. Porém, questões como a interferência
por parte da Associação de moradores pode ser dirimida com uma ação mais eficaz por parte
da prefeitura. Mais uma vez o canal de comunicação entre funcionários e guardiões deve ser
valorizado, e a prefeitura por meio de suas secretarias, deve atuar mais firmemente a fim de
apoiarem as ações dos guardiões nas localidades. A cobrança de valores para a realização das
atividades pelas associações aos guardiões é algo inadmissível e não pode ser tolerada por
parte da prefeitura.
Dentro do grupo outros, entraram questões levantadas tais como: problemas de ordem
natural (chuvas); problemas com animais; insegurança quanto à indicação política e falta de
caçambas disponibilizadas pela Comlurb.
Os problemas de ordem natural foram levantados por um dos entrevistados, mas não
serão tratados aqui por não serem passíveis de controle. A ocorrência de chuvas
impossibilitava as equipes de trabalharem e houve recomendação por parte da prefeitura para
a não realização do serviço em períodos chuvas por oferecer risco aos guardiões.
Os problemas relacionados com animais foram levantados por alguns encarregados
nos questionários e entrevistas realizadas, seja devido à criação de porcos nas margens dos
rios seja pela ocupação de cavalos também nas margens dos rios. A presença de animais
aumenta os odores causados pelos seus excretos e também aumenta o lançamento de resíduos
nos rios uma vez que eles podem arrastar lixo quando em alimentação ou atrapalhar o plantio
de mudas nas margens.
Somente houve um comentário neste momento do questionário onde o encarregado
apontava a demora da Comlurb para recolha do material retirado do rio e a dificuldade
envolvida na disponibilização de caçambas.
No documento
programa águas do rio (“guardiões dos rios”)
(páginas 67-70)