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2 A COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS NO PROCESSO ELETRÔNICO

2.2 A comunicação dos atos no processo eletrônico

A comunicação dos atos processuais na Lei n° 11.419/06 se dá por meio eletrônico. Neste ínterim, a comunicação dos atos envolve toda a forma de cientificar as partes envolvidas no processo dos atos processuais, tais como a citação e a intimação das partes.

Assim, todos os atos praticados pelo sujeito no processo eletrônico, como os atos das partes, do juiz e dos auxiliares da justiça, serão atos que deverão possuir certificação digital.

Deste modo, a utilização das comunicações dos atos por meio eletrônico tem como objetivo diminuir os gargalos dos processos, eliminando a perda de tempo nos cartórios judiciais, não necessitando mais o advogado aguardar dias para a juntada de petição aos autos ou se deslocar até os cartórios para retirado do processo.

Menciona Almeida Filho (2012, p. 193) que “no processo eletrônico, a comunicação dos atos processuais deverão ser revestidos de autenticidade, integridade e segurança, uma vez que deverão ser praticados com adoção da infraestrutura de chaves públicas.”

Neste sentido, a redação do artigo 4°, da Lei do Processo Eletrônico, traz a promessa de grande avanço, celeridade, publicidade e segurança para que a comunicação dos atos processuais seja efetivada:

Art. 4o Os tribunais poderão criar Diário da Justiça eletrônico, disponibilizado em sítio da rede mundial de computadores, para publicação de atos judiciais e administrativos próprios e dos órgãos a

eles subordinados, bem como comunicações em geral. § 1o O sítio e o conteúdo das publicações de que trata este artigo

deverão ser assinados digitalmente com base em certificado emitido por Autoridade Certificadora credenciada na forma da lei específica. § 2o A publicação eletrônica na forma deste artigo substitui qualquer outro meio e publicação oficial, para quaisquer efeitos legais, à exceção dos casos que, por lei, exigem intimação ou vista pessoal. § 3o Considera-se como data da publicação o primeiro dia útil seguinte ao da disponibilização da informação no Diário da Justiça

eletrônico. § 4o Os prazos processuais terão início no primeiro dia útil que

seguir ao considerado como data da publicação. § 5o A criação do Diário da Justiça eletrônico deverá ser

acompanhada de ampla divulgação, e o ato administrativo correspondente será publicado durante 30 (trinta) dias no diário oficial em uso.

Assim, acredita o legislador que com a criação do Diário de Justiça de maneira eletrônica (DJe), consoante art. 4º, serão reduzidos os gastos com a tramitação dos processos, dando maior celeridade ao feito, já que os Tribunais

poderão criar sistema de certificação digital nos autos, dotando de credibilidade as informações prestadas nos sítios.

Neste aspecto, destaca o professor Marcos Carvalhedo de Moraes (2008, p. 19):

Do ponto de vista prático, a opção pelo DJe permite aos tribunais fazer uso de sítio próprio, por meio da internet, para realizar qualquer tipo de comunicação. Isso significa que cada tribunal tem total controle sobre o que disponibiliza e quando disponibiliza. Essa última prerrogativa, para ser mais exato, significa quero publicar agora, neste momento, e assim o faço, instantaneamente, sem lapso temporal.

Entretanto, sabe-se que a forma de comunicação eletrônica não é tão simples de ser adotada, pois a partir da informatização dos processos, os feitos passam a ter um novo conceito, já que o próprio sistema eletrônico os pratica.

Almeida Filho (2012, p. 258, grifo do autor), sobre a comunicação dos atos no processo eletrônico através do Diário de Justiça, leciona seguinte:

A partir do momento que se cria o Diário de Justiça de forma eletrônica, os sistemas informatizados dos Tribunais deverão estar em compasso com as informações prestadas nos sítios e não poderá haver mais o entendimento de que se trata apenas de caráter consultivo, como insistimos e não é mais repetir. A criação do Diário

de Justiça on-line impossibilitará a tese de mera informação. Se

antes a prática de acompanhamento dos feitos pela internet já se poderia considerar salutar, a fim de desembaraçar o serviço cartorário e, com isto, impingir maior celeridade aos feitos, [...] a partir de agora a prática se encontra devidamente oficializada e, portanto, reclamando modificação do pensamento de nossas Cortes.

O juiz de direito Reinaldo Filho (2007, p. 5) tece comentários sobre a comunicação realizada por meio do Diário da Justiça:

A comunicação realizada por meio do Diário da Justiça eletrônico substitui qualquer outro órgão de publicação ou forma de intimação, para qualquer efeito legal. A exceção é feita apenas para a intimação das pessoas que, por força de lei, tenham que ser intimadas pessoalmente (§ 2º. do art. 4º.). A intimação do Ministério Público (§

2º. do art. 236 do CPC), do defensor público (LAJ, art. 5º, § 5º.), dos representantes judiciais da administração para certos atos em certas ações (Lei 4.348/64, art. 3º.), dos integrantes da AGU (Lei 9.028/95, art. 6º., § 2º, incluído pela MP 2180/01) e de outras pessoas em relação às quais leis específicas exijam a intimação pessoal, para validade do ato de comunicação processual, continua sendo feita da forma convencional.

E continua Reinaldo Filho (2007, p. 6), sobre a publicação da intimação:

Na versão eletrônica do Diário da Justiça, "considera-se como data da publicação o primeiro dia útil seguinte ao da disponibilização da informação" no sistema (§ 3º. do art. 4º.) [08]. Os sistemas de publicação eletrônica dos tribunais (Diários de Justiça eletrônicos) deverão, portanto, ter meios para registrar o dia em que a informação sobre o ato ou termo do processo foi disponibilizada, para consulta externa. Para sua completa eficácia, o programa a ser adotado pelos tribunais necessita possuir mecanismo que permita especificar a data em que as informações sobre o ato processual foram colocadas no sistema de comunicação eletrônica.

Neste aspecto, vale mencionar que o artigo 3º, da lei n° 11.419/06, traz novidade no sentido de que os atos considerar-se-ão realizados no dia e hora do seu envio ao sistema do Poder Judiciário, sendo consideradas tempestivas as petições protocoladas até as 24 (vinte e quatro) horas do último dia do prazo processual.

Neste sentido, quanto a contagem do prazo na intimação pelo DJe, nos ensina Moraes (2008, p. 41-42):

Desta forma, suponha, por hipótese, que uma intimação seja disponibilizada no DJe em uma segunda-feira. O termo “disponibilização” utilizado pela novel Lei significa que a intimação já se encontra acessível ao advogado. A partir daí, nos ditames da referida Lei, considera-se que no primeiro dia útil seguinte, terça- feira, há efetivamente a publicação, e o prazo, então, começa a ser contado a partir de quarta-feira, considerando também este como dia útil. Por óbvio, disponibilizada no período noturno ou em dia não útil, não se poder impingir ao advogado seu conhecimento imediato. Mesmo que este tenha acesso à comunicação no dia da sua disponibilização, em razão de realizar diligentemente consultas ao diário eletrônico a todo instante, permanece como da publicação, o dia útil seguinte.

Importante mencionar que pelos Diários de Justiça Eletrônico é permitido o acesso de pessoas em geral, como as partes, advogados cadastrados ou não, terceiros interessados, entre outros, permitindo publicidade à comunicação dos atos.

Já o artigo 5º da Lei nº 11.419/06 inovou ao dispensar a publicação no órgão oficial se a intimação realizar-se através de mensagem em portal próprio e específico para tanto, por meio de prévio cadastro junto ao órgão judicial conforme descrito no artigo 2º da mesma lei:

Art. 5o As intimações serão feitas por meio eletrônico em portal próprio aos que se cadastrarem na forma do art. 2o desta Lei,

dispensando-se a publicação no órgão oficial, inclusive eletrônico. § 1o Considerar-se-á realizada a intimação no dia em que o

intimando efetivar a consulta eletrônica ao teor da intimação, certificando-se nos autos a sua realização.

§ 2o Na hipótese do § 1o deste artigo, nos casos em que a consulta se dê em dia não útil, a intimação será considerada como realizada no primeiro dia útil seguinte.

§ 3o A consulta referida nos §§ 1o e 2o deste artigo deverá ser feita em até 10 (dez) dias corridos contados da data do envio da intimação, sob pena de considerar-se a intimação automaticamente realizada na data do término desse prazo.

§ 4o Em caráter informativo, poderá ser efetivada remessa de correspondência eletrônica, comunicando o envio da intimação e a abertura automática do prazo processual nos termos do § 3o deste artigo, aos que manifestarem interesse por esse serviço.

§ 5o Nos casos urgentes em que a intimação feita na forma deste artigo possa causar prejuízo a quaisquer das partes ou nos casos em que for evidenciada qualquer tentativa de burla ao sistema, o ato processual deverá ser realizado por outro meio que atinja a sua finalidade, conforme determinado pelo juiz.

§ 6o As intimações feitas na forma deste artigo, inclusive da Fazenda Pública, serão consideradas pessoais para todos os efeitos legais.

Comenta sobre o assunto Reinaldo Filho (2007, p. 6):

Trata-se de um segundo método empregado para a realização de comunicação eletrônica de atos processuais, que pressupõe adesão das partes e seus advogados, mediante realização de cadastro em área específica do portal do tribunal. As intimações realizadas por essa fórmula dispensam qualquer outra forma de comunicação, seja a realizada por publicação em órgão oficial impresso ou em Diário da Justiça eletrônico, ou mesmo qualquer forma de intimação pessoal convencional (como as realizadas por carta postal, na presença do intimando em cartório ou por meio oficial de justiça), já que têm a mesma força e valor de uma intimação pessoal (§ 6º. do art. 5º.).

Sobre o Portal Próprio do Advogado, menciona Moraes (2008, p. 27 e 30, grifo do autor):

Diferente do DJe, trata-se de canal restrito aos que nele se cadastrarem. Seu acesso dar-se por meio de login e senha e as intimações nela registradas serão consideradas, pra todos os efeitos legais, como intimações pessoais. [...] O acesso é restrito aos advogados cadastrados. O credenciamento ou cadastramento do advogado permite ao sistema determinar, com precisão, a identidade do usuário e o momento do seu acesso. O procedimento de intimação via PPA se efetiva no instante em que o intimado efetivamente tomar conhecimento do teor da intimação [...].

Quanto a intimação eletrônica do PPA, importante destacar, que caso tenha passado 10 dias da data em que foi enviada a intimação ao portal próprio, mas o advogado ainda não tenha acessado o mesmo, será considerada realizada a intimação, sendo considerada como pessoal.

Neste aspecto, nos ensina o professor Moraes (2008, p. 31 e 36):

A intimação via sítio próprio do advogado é específica para aqueles que se encontram previamente credenciados no Poder Judiciário. O credenciamento ou cadastramento do advogado permite ao sistema determinar, com precisão, a identidade do usuário e momento do seu acesso. [...]

Todavia, no que concerne a intimação, é no § 3º do seu art. 5º que a Lei do Processo Eletrônico traz sua grande novidade, ao criar a possibilidade da intimação permanecer por até 10 dias no portal próprio do advogado, sem que este se considere intimado. Passados, então, 10 dias corridos da data do envio da intimação sem que o advogado tenha acessado seu PPA, considerar-se-á esta realizada.

Nesse sentido, destaca Reinaldo Filho (2007, p. 8):

Por isso, considera-se efetivada a comunicação eletrônica do ato processual (inclusive citação, art. 6º) pelo simples decurso do prazo de 10 dias da inserção da informação no sistema informático do tribunal, ainda que o acesso não seja realizado pela parte interessada. Nessa hipótese, de intimação/citação presumida, os prazos processuais começam a correr do 11º. dia após a inserção da informação no portal do tribunal, sabendo-se que a intimação eletrônica considera-se realizada "na data do término do prazo" de 10 dias previsto no § 3º. do art. 5º. [16]. Se o 11º. dia recair em dia não útil, o começo da contagem do prazo fica prorrogado para o dia útil seguinte (art. 240, § únic., do CPC).

Reinaldo Filho (2007, p. 7) ainda destaca que “pelo sistema do PPA, considera-se realizada a intimação no dia em que o interessado efetivar a consulta eletrônica ao teor da intimação, certificando-se nos autos a sua realização.

Assim, o prazo começa a fluir do primeiro dia útil após a consulta que corresponde ao teor da intimação.

“O Diário da Justiça, previsto no art. 4º e o Portal Próprio aos advogados cadastrados, constante no seu art. 5º, são canais de comunicação, para dar publicidade aos interessados dos atos oficiais dos tribunais.” (MORAES, 2008, p. 28).

Assim, pode-se dizer que a comunicação dos atos processuais, apesar de ser eletrônico vão ter a participação dos sujeitos do processo, pois deverão ser reduzidos a termo e assinados pelos mesmos, mesmo que de forma informatizada, digitalmente.

Comenta Almeida Filho (2012, p. 195 e 203, grifo do autor),

Para a idealização de uma teoria, ou ao menos uma política para os atos processuais por meios eletrônicos, é necessário que tenhamos em mente questões como segurança, sigilo e respeito à intimidade e

à vida privada. [...] É importante destacar que a participação humana

jamais poderá ser substituída pelas máquinas. E este ponto deve ser a integração necessária para solucionarmos uma questão entre humano e eletrônico.

Vale mencionar que para os processos na forma tradicional (em papel) a intimação eletrônica consoante art. 237, do CPC, é uma faculdade, porém no processo eletrônico essa forma de comunicação é obrigatória, consoante dispõe o art. 9º da Lei 11.419/06.

Contudo, caso não haja possibilidade de se realizar a intimação das partes por meio eletrônico, tanto pelo DJe como pelo Portal Próprio do Advogado, por motivos técnicos, salienta-se que é permitido sua realização pela via tradicional, consoante dispõe o artigo 9º, § 2º, da lei nº 11.419/06.

2.3 Problemas enfrentados pelos operadores do direito com a comunicação

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