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A configuração do SARESP

No documento A atividade de avaliar no SARESP (páginas 78-81)

C) Abrangência – Previsão de alunos e escolas 19 :

3.2. A configuração do SARESP

O objetivo desta seção é o de situar o SARESP no contexto das reflexões sobre a necessidade de ruptura com o conservadorismo na avaliação dos processos de ensino – aprendizagem, tradicionalmente focada na verificação de aproveitamento dos conteúdos e tida como o principal motivador dos altos índices de evasão escolar e de repetência.

Inicialmente apresento um breve histórico das decisões governamentais, discutindo a seguir o sistema de ciclos, o contexto político e a evolução do Saresp. Finalizo com a apresentação das habilidades e as competências exigidas nas provas do SARESP em comparação com os Parâmetros Curriculares Nacionais.

Desde sua implantação em 1996, o SARESP avaliou, anualmente, com exceção de 1999, o desempenho dos estudantes da rede estadual paulista. Nos três primeiros anos de sua existência, o Sistema apresentou o que se denominou de avaliação de entrada, ou seja, a avaliação acontecia no início do ano letivo, com o objetivo de fornecer informações do desempenho dos alunos no ano anterior. As séries avaliadas também sofreram variações, conforme segue:

2.1.1. Em 1996, avaliaram-se as turmas de 3ª e de 7ª série do Ensino Fundamental, com a finalidade de verificar a aprendizagem da 2ª e da 6ª série cursadas em 1995.

2.1.1.2. Em 1997, as provas foram aplicadas nas turmas de 4ª e de 8ª série do Ensino Fundamental com a finalidade de avaliar habilidades e competências adquiridas no ano anterior, quando os alunos cursaram a 3ª e a 7ª série.

79 2.1.1.3. O SARESP 98 teve como propósito a aplicação das provas na 5ª série do Ensino Fundamental e 1ª série do Ensino Médio, avaliando o rendimento do ano anterior da 4ª e da 8ª série do Ensino Fundamental.

2.1.1.4. A partir do ano de 2000, alteram-se as características do Sistema, voltando-se o foco para a avaliação de saída: as provas passam a ser aplicadas no final do ano letivo, com a finalidade de verificar habilidades e competências adquiridas pelos alunos durante um período escolar. Nesse ano, foram avaliadas a 5ª e a 7ª série do Ensino Fundamental mais os concluintes do Ensino Médio. 2.1.1.5. Nos anos seguintes de 2001/02, avaliou-se o rendimento das séries finais dos dois Ciclos do Ensino Fundamental - 4ª e 8ª séries. Somente a partir de 2003, portanto, na sua 7ª edição, é que a Secretaria de Estado da Educação estende o processo avaliação a todos os alunos do Ensino Fundamental e Médio da rede estadual.

Ressalte-se ainda que até 1997, algumas séries eram avaliadas em outros componentes curriculares, além de Língua Portuguesa: Matemática, Biologia, Ciências, Geografia e História. A partir de 1998 a avaliação incide unicamente sobre as habilidades e competências em Língua Portuguesa.

Essas alterações no percurso do Saresp sem uma explicação oficial para a retirada ou a introdução de componentes curriculares na avaliação, além de “municiar” as críticas de professores e educadores, sinalizam para a fragilidade de um sistema que, quase uma década depois, ainda funciona como um projeto piloto, em constante reformulação, buscando trilhas mais seguras.

De 1996 até o ano de 1998, as provas do SARESP abrangiam as disciplinas de Português e Redação; Matemática, Ciências/Biologia, Geografia e História, aplicadas nas séries: 3a e a 7ª; 4ª e 8ª; 5ª e 1ª série Ensino Médio, respectivamente. Em 2000, avaliaram-se a 5ª e a 7ª séries do Ensino Fundamental mais a 3ª série do Ensino Médio. A divisão das provas por ciclos no ensino fundamental, avaliando-se tão somente as competências para a leitura e escrita (Língua Portuguesa e Redação) aparece apenas a partir de 2001, com avaliação dirigida para as oitavas séries (final do ciclo II) e 3o ano do ensino médio.

80 Em 1999, há uma lacuna, não ocorrendo a avaliação. Nova mudança acontece em 2003, com provas aplicadas em todas as escolas da rede estadual, em todas as séries. Conseqüentemente, desaparece da prova a denominação ciclos, embora continue valendo, nas escolas, a orientação para que eventuais retenções de alunos por aproveitamento insuficiente ocorram apenas nas 4ª e 8ª série e no 3º ano do Ensino Médio.

Compõem os instrumentos de avaliação do SARESP: caderno de prova com questões objetivas voltadas ao conteúdo básico das séries avaliadas e um questionário no qual o aluno deve traçar o perfil socioeconômico da família e, ao mesmo tempo, avaliar a prática pedagógica do professor, o ambiente escolar, a interação professor/aluno, direção, etc. Após a aplicação das provas, são elaborados relatórios de observação; relatório do aplicador; de avaliação da escola e da Diretoria de Ensino.

No período de 1996 a 2002 as provas do Saresp eram destinadas à avaliação das competências e habilidades dos alunos ao final de cada ciclo, mas já em 2003 essa estratégia adquire novo enfoque. A indicação da Secretaria da Educação, nº 120/2003, de 12 de novembro de 2003, disponível na Internet (www.educacao.sp.gov.br), ao dispor sobre a aplicação das provas de dezembro daquele ano, leva-nos a concluir que as avaliações passariam a ser realizadas ao final de cada série, como efetivamente se verificou.

A mesma indicação sinaliza para eventuais ações do governo na capacitação dos professores, ao afirmar que os resultados daquela avaliação constituiriam indicadores para a elaboração de programas de formação continuada para os educadores da rede estadual. Preocupação antecipada em um dos objetivos declarados pelo Saresp de “identificar, nos componentes curriculares aspectos críticos que demandem intervenção prioritária de todos os envolvidos no processo educacional”, além de “obter informações que intervêm no desempenho escolar, estabelecer relações de causa e efeito, de forma a orientar decisões e prioridades”.

Em resumo, há um discurso oficial de que o SARESP seria o início de transformações significativas na educação, inclusive na formação de professores,

81 que tem um longo caminho a percorrer. Há iniciativas governamentais e privadas – exemplos “Rede do Saber”, “Nem um a menos” e “Ação Cidadã”, cuja continuidade adquire fundamental importância para a solução de problemas relacionados à capacitação profissional.

No documento A atividade de avaliar no SARESP (páginas 78-81)