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SUMÁRIO

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.4 A CONSTRUÇÃO DA REALIDADE SOCIAL NO TERCEIRO SETOR

Cada realidade é construída em um determinado contexto com características da cultura que a permeia. Para Berger e Luckmann (2003) a construção da realidade segue o princípio da relatividade social: o que é real para uma pessoa em determinado contexto e em determinada cultura pode não ser real para outra pessoa em outro contexto e cultura. Assim, a realidade social é composta por suposições e significados compartilhados que formam a essência da vida das pessoas. A realidade da vida cotidiana é partilhada com outros indivíduos que possuem diferentes vivências. Significados subjetivos são trocados nessas relações e fazem com que cada um interprete seus próprios atos. Contém esquemas que os indivíduos aprendem de como devem lidar com outras pessoas e estes esquemas são formados não somente com os que ainda fazem parte de seu convívio social, mas com quaisquer pessoas que em algum dia fizeram parte da vida de um sujeito (BERGER; LUCKMANN, 2004).

Os seres humanos constroem o mundo por meio da interação social. As características que as pessoas conferem a si mesmas e outras fazem parte de uma realidade social que para Collin (1997) deve ser denominada de fatos sociais, já que são produzidos pelas pessoas. Desta forma, para compreender o mundo social é significativo entender a experiência subjetiva das pessoas (BURREL; MORGAN, 1982). Sampaio (2010, p. 125) clarifica que, para analisar a cultura das OTS e a construção de sua realidade, o pesquisador deve entender que este tipo de organização não se reduz somente ao serviço que presta a algum beneficiário. É preciso percebê-la como um espaço de experiências produto da elaboração “consciente dos fundadores ou apenas um pressuposto básico, aceito pela grande maioria dos membros, mas não explicitado nos seus documentos, ritos e processos de socialização”.

Termos como organizações não governamentais, organizações filantrópicas, organizações sem fins lucrativos, organizações assistenciais e organizações do terceiro setor são comumente designados para definir o terceiro setor. Coelho (2005) esclarece que no Brasil o termo mais utilizado tem sido organizações não governamentais e a terminologia terceiro setor é recente. Para a autora a denominação

organizações não governamentais é genérica e se refere apenas a uma parte ou conjunto destas. O termo terceiro setor é mais amplo e nele pressupõe-se implicitamente que as organizações deste segmento não visam o lucro e são não governamentais. Este termo insere as associações e fundações que estão sob a mesma normatização. Embora Coelho (2005) revele que a terminologia terceiro setor é recente, ela já era utilizada por Etzioni (1973) quando descreve que este termo se refere às organizações que não são governamentais ou privadas. Sampaio (2010), assim como Coelho (2005), revela que o termo mais abrangente seria organizações do terceiro setor, por conferir maior precisão e pelo fato de pesquisadores das ciências humanas e sociais sempre o terem empregado em seu real sentido. Os autores não mencionam quais pesquisadores ou pesquisas utilizam este termo.

Ao descrever aspectos do terceiro setor, pressupõe-se então que existe um primeiro e segundo setor. O primeiro setor é o público ou governo, e o segundo setor é o de iniciativa privada. Coelho (2005) argumenta que o setor governamental apresenta ações legitimadas com base no poder coercitivo, utilizando-se do poder para gerir o Estado. O setor do mercado ou de iniciativa privada compreende a troca de bens e serviços para a obtenção do lucro. Já o terceiro setor possui atividades que não são nem coercitivas nem com foco no lucro, mas visam atender necessidades coletivas e por vezes públicas. O terceiro setor não é uma nova realidade, embora a importância a ele conferida tenha se acentuado nos últimos anos frente à ampliação das desigualdades sociais e desastres ambientais. Coelho (2005, p. 17) assevera que embora a construção destas organizações seja antiga na sociedade, recentemente é que a mesma passou a compreender as OTS como um agrupamento que cumpre um papel social relevante e assim ganharam maior “visibilidade junto à opinião pública”. Foi a partir da década de 80 que organizações como o Greenpeace adquiriram maior repercussão na sociedade. Discussões e produções científicas no âmbito acadêmico emergem a partir da década de 90, mas com maior frequência para as organizações americanas.

2.4.1 Conceitos e perspectivas de estudos sobre o terceiro setor

A crise mundial de uma concepção de Estado, conhecida como

welfare state ou Estado do Bem-Estar, surge em função dos governos

que preconizavam a burocratização e a centralização dos processos de trabalho nas organizações. Isto atrelado ao crescimento econômico, inflação, envelhecimento da população e sua dependência do sistema previdenciário, desemprego e desigualdades sociais existentes (COELHO, 2005). Este período ocorreu na primeira metade do século XX e estreitou o vínculo entre o consumo e a produtividade, pois o consumo era visto como essencial à prosperidade da sociedade. A racionalidade econômica, a noção de progresso e o foco em eficiência e produtividade na busca lucro criam novas demandas para as ciências humanas. Este modelo de Bem-Estar instaura uma nova visão de progresso que deveria ter relação direta com o bem-estar social (BORGES; YAMAMOTO, 2004). Neste período há um distanciamento da visão de instrumentalidade do trabalho e de que o trabalho árduo é essencial. A valorização passa a ser de aspectos como qualidade das relações interpessoais e bem-estar. No Brasil, nesta época, houve a regulamentação de leis trabalhistas a partir da década de 40 por meio da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, que estabeleceu direitos aos trabalhadores. Para Borges e Yamamoto (2004, p. 43), foi a carência de um Estado de Bem-Estar no Brasil influenciado pelo regime ditatorial pós-1964 que impôs repressão aos trabalhadores e fez com que partidos políticos e organizações clandestinas surgissem. A Igreja Católica também desempenhou uma função importante neste período, pois fomentava movimentos em busca de uma “espiritualidade engajada social e politicamente, os quais eram simultaneamente estimuladores da crítica e da fé na transformação no mundo”.

A história das organizações do terceiro setor no Brasil remete à colonização portuguesa por meio da Igreja Católica Romana. Voluntários das chamadas Irmandades de Misericórdia em meados de 1543 prestavam serviços à comunidade e fundaram orfanatos, asilos e hospitais que denominaram de Santa Casa. É em 1930, no governo de Getúlio Vargas, que o Estado financia estas organizações, que passam a ter a característica de utilidade pública (LOUBACK; TEIXEIRA, 2008). Este mesmo governo regulamentou a CLT no período do Estado de

Bem-Estar. As Igrejas tinham obrigação de prestar auxílio às pessoas que solicitavam e para Coelho (2005, p. 31) “na realidade, os valores religiosos sempre foram um bom terreno para o desenvolvimento do setor voluntário”. O terceiro setor emerge como uma alternativa à reforma do Estado e à sua ineficácia na tentativa de solucionar problemas sociais e ambientais existentes. Por ter uma forte ideologia religiosa e pressupostos que vinham de encontro às políticas públicas vigentes, o terceiro setor foi percebido como um antiestado até a década de 80, período de repressão e ditadura militar (MELO, 2009).

As OTS ao longo dos anos se tornaram uma das formas que as organizações privadas encontram para programar ações de responsabilidade socioambiental, marketing e assim terem incentivos fiscais para reduzir os impostos pagos ao Estado (SAMPAIO, 2010). Definem-se por atividades desenvolvidas pelas pessoas, que compõem a sociedade civil e que não se enquadram no setor público ou privado e sua característica central é não visar o lucro (LOUBACK; TEIXEIRA, 2008). Podem ter o foco de atuação nas mais diversas áreas como cultura, educação e defesa de direitos, saúde, assistência social ou ambiental. Segundo dados de pesquisa realizada em 2008 pelo o Instituto Comunitário da Grande Florianópolis – Icom (2008) as OTS da área da assistência social na região totalizavam oitenta na época, sendo 54 organizações representando o meio ambiente, três voltadas para a defesa de direitos, 16 da área da saúde, 10 da educação e 12 com ações voltadas para a cultura. Aponta-se que as OTS que atuam na cidade de Florianópolis são em sua maioria pequenas e frágeis no sentido de possuírem uma melhor estruturação de suas atividades a fim de garantir a sua sustentabilidade. As principais necessidades das OTS descritas no relatório foram a carência de investimentos na infraestrutura, e a falta de recursos financeiros e ações que promovam a capacitação das equipes. Um dado que corrobora o exposto é que das OTS de Florianópolis até o ano de 2008, 40% trabalhavam somente com voluntários sem empregados no corpo funcional e 56% possuíam até cinco profissionais celetistas.

De acordo com o Relatório Sinais Vitais desenvolvido pelo ICOM (2010) sobre a situação de crianças e adolescentes em Florianópolis, tem-se que no período de sua realização habitavam a cidade 114.000 crianças e adolescentes. Os dados indicam que uma em

cada cinco crianças vive em situação de pobreza na região, sujeita a riscos sociais e pessoais. Estes riscos são definidos como situações de negligência, exploração, crueldade e opressão em relação à criança e adolescente. Crianças e adolescentes nestas situações totalizam 22.000. Das organizações que compõem o terceiro setor e que atendem este público-alvo, tem-se hoje 85, número mais elevado que o do relatório do ICOM (2008), quando existiam 80 OTS registradas. Todas as OTS têm capacidade para atender em média 11.000 crianças e adolescentes. O custo anual em média para cada criança e adolescente é de R$ 1.500,00 e estima-se que no ano de 2009 as OTS investiram cerca de 20 milhões para o atendimento de seu público-alvo (ICOM, 2010). No referido relatório é enfatizado que em geral as OTS atendem regiões mais centrais e há poucos atendimentos voltados para áreas mais periféricas da cidade. Assim, é possível observar por meio dos dados trazidos pelo ICOM (2008, 2010) que existe uma grande parcela da população de crianças e adolescentes em situação de risco na região de Florianópolis. Não foram apresentados relatórios de cidades próximas a fim de verificar se esta condição também persiste. O que fica evidente é a grande quantidade de pessoas atendidas que não supre a necessidade real de atendimento, aliado ao alto investimento realizado para garantir o bem-estar social. Isto de certa forma representa a ineficiência do Estado. Os dados vêm ao encontro da afirmação de Coelho (2005) ao argumentar que o terceiro setor é uma resposta à ineficácia do Estado em solucionar problemas sociais. Sendo assim, é cada vez mais importante que as OTS consigam delimitar estratégias que garantam sua sustentabilidade para conseguirem com êxito atenuar problemas sociais e assim auxiliar no bem-estar da sociedade.

Para que as OTS possam alcançar os resultados que almejam é necessária a delimitação de estratégias a serem alcançadas. Para Drucker (1992, p. 3) “a organização sem fins lucrativos existe para provocar mudanças nos indivíduos e na sociedade”. Este tipo de organização por não visar o lucro apresenta uma tendência das pessoas que dela fazem parte em considerar todas as ações que fazem como justas, éticas e morais. Não prestam um serviço, mas utilizam este serviço para provocar mudanças nas pessoas e sendo assim necessitam de estratégias eficazes para garantir sua continuidade. O autor depreende que ideias não faltam nestas organizações, mas sim disposição e capacidade para

convertê-las em resultados. É a estratégia que “converte a missão e os objetivos da instituição sem fins lucrativos em desempenho” (DRUCKER, 1992, p. 73). Drucker (1992) entende que as OTS carecem de um melhor planejamento estratégico que garanta sua sobrevivência. Cabe ressaltar que já se passaram onze anos da afirmação do autor. Em um estudo recente, Sampaio (2010) demonstra que são raros os estudos que contemplem a lógica interna do terceiro setor, sendo comum encontrar na literatura afirmações de que estas organizações carecem de profissionalização no nível técnico e gerencial e de melhores estratégias para a sobrevivência, mas há carência de comprovação empírica.

Nas OTS são depositadas expectativas dos mais diversos indivíduos que nela interagem. Por depender muitas vezes de recursos de organizações privadas, incentivos do poder público e colaboração dos voluntários, este tipo de organização pode representar para muitas pessoas um espaço sem dono. Isto porque muitas vezes cada pessoa coloca sua visão de mundo de como a OTS deve ser. Para Sampaio (2010) este fato ocorre pelas expectativas que o primeiro e segundo setor depositam sobre as práticas do terceiro setor, excluindo suas características peculiares. Assim, cada indivíduo que interage direta ou indiretamente com as OTS espera que ela apresente determinadas características. Heckert e Silva (2008, p. 327) concluem que os voluntários buscam a satisfação de suas necessidades psicológicas e a convivência, e os financiadores esperam que os recursos doados sejam aplicados de forma correta. As expectativas dos stakeholders5 podem

trazer conflitos à organização, pois se por um lado sua missão é voltada ao atendimento das mais diversas necessidades de seu público-alvo, do outro há a necessidade de sobrevivência. Este fator pode levar os gestores das OTS a atender as necessidades de seus financiadores, seja o setor público ou privado e levar a organização a um distanciamento efetivo de sua missão. Os autores pesquisaram uma organização do terceiro setor para identificar as práticas de gestão. Utilizaram entrevistas com dirigentes e stakeholders além de observação e análise documental. Empiricamente foi demonstrado que os stakekolders apresentam expectativas e necessidades heterogêneas em relação às OTS

5 Stakeholders são públicos ou indivíduos que interagem com a organização e possuem interdependência, como comunidade, governo, empregados, consumidores, investidores e acionistas (CARROL; BUCHHOLTZ, 2008).

e que isto leva a diferentes “critérios de avaliação da qualidade e diferentes graus de exigências”.

Além da influência dos stakeholders nas políticas e práticas de uma OTS, os gestores também repercutem na realidade organizacional. Por meio de estudo empírico realizado por Melo (2009), é possível compreender duas realidades distintas em OTS: uma organização com alto grau de profissionalização e outra com baixo grau de profissionalização. A alta ou baixa profissionalização estão relacionadas ao que os gestores das OTS preconizam como sua missão central. A pesquisadora estudou qualitativamente por meio de entrevistas semiestruturadas, observação participante e análise documental as relações entre a profissionalização e a missão de duas OTS da área de defesa dos direitos das crianças e adolescentes. Para a autora a missão de uma OTS envolve desde a construção humanitária até valores morais compartilhados. Já a profissionalização é definida como aspecto técnico de planejar, administrar e executar as ações de uma OTS. Por meio da pesquisa pode ser clarificado que uma das OTS apresenta pouco planejamento das ações e predominam relações informais entre os trabalhadores. Há poucas ações para captação de recursos e os gestores esperam doações e intenções de pessoas que queiram promover o bem. As ações também tinham um baixo grau de profissionalização por parte dos educadores. Preconizavam que devia-se ajudar as crianças que frequentavam a OTS e não eram necessários aparatos pedagógicos para melhorar o trabalho. A missão da organização nunca era debatida entre as pessoas, pois o pressuposto central era de que a OTS deveria fazer o bem e capacitações a fim de melhorar o trabalho prestado não se faziam necessárias. A outra OTS que a autora pesquisou já possui ações voltadas à profissionalização, há participação em fóruns de discussão e ações delimitadas para a captação de recursos. Existe uma alta especialização dos profissionais para a realização de suas funções e delineamento de estratégias de planejamento para o futuro da organização. No que concerne à sua missão, esta era vista como objeto de discussão periódica e base para projetos que visassem a captação de recursos e capacitação constante das pessoas e para o alinhamento à missão.

Em estudo, constatou-se que algumas pessoas que trabalham em uma organização do terceiro setor possuem mais experiências de prazer

do que de sofrimento no trabalho, pela forte vinculação aos seus objetivos e missão. Tal fato foi evidenciado em pesquisa de Viana e Machado (2011), que entrevistaram seis trabalhadores de uma OTS de Belo Horizonte a fim de identificar a relação de sentido positivo e de prazer e de sentido negativo ou de sofrimento no trabalho. Verificou-se que situações de aprendizagem, criação e transformação do trabalho realizado fornecem prazer às pessoas. A estrutura da organização era flexível, sem uma divisão fixa de tarefas e as pessoas apresentavam liberdade para participar dos projetos que gostavam. Havia o incentivo à participação de todos e, por desenvolverem um trabalho coletivo, sentiam que poderiam preservar suas diferenças e buscar objetivos comuns. Quanto aos aspectos negativos do trabalho, identificou-se que as pessoas em geral não tinham recursos financeiros e materiais para a realização das atividades, havia carência de apoio de empresas e governo e não remuneração por muitas de suas atividades. Entretanto, o que ficou evidenciado é que as vivências de prazer no trabalho superam as de sofrimento, pois a escolha em trabalhar na OTS está relacionada com a expectativa de poder promover uma transformação de si mesmo e da comunidade.

Em algumas organizações do terceiro setor, em especial aquelas vinculadas a causas sociais e ambientais, valores como compaixão e solidariedade em relação à sociedade são evidentes e demonstrados por muitas pessoas que delas fazem parte. Este fator ocorre também pela própria história das OTS, que em um momento histórico estavam vinculadas a ideais religiosos. Salvatore (2004) revela que os valores cristãos, a generosidade e a solidariedade com base em princípios assistencialistas e paternalistas sempre permearam as OTS desde sua construção histórica. Heckert e Silva (2008) clarificam que no terceiro setor outros valores não financeiros como gratidão, reconhecimento e satisfação das necessidades dos indivíduos fazem parte da sua cultura. No estudo que realizaram em uma OTS demonstraram que valores referentes a justiça, solidariedade, promoção da cidadania e democracia faziam parte de princípios defendidos no trabalho pelas pessoas. Os autores concluem que não é possível avaliar a qualidade dos serviços em uma OTS em termos de resultados quantitativos, mas sim pela forma que estes valores são postos em prática pelas pessoas que a compõem.

Uma pesquisa para analisar as ofertas de vaga de trabalho por OTS foi realizada por Muller, Alves, Vicente Gonçalves (2009). Coletaram-se dados de 2004 a 2006 em websites de organizações tidas como referência na área6 e ao total 1.097 anúncios foram avaliados. A exigência em termos de competências para a atuação no terceiro setor mais frequente foi a qualificação técnica, ou seja, cursar ensino superior, ter conhecimento de relatórios, projetos sociais e legislação trabalhista. Ainda encontrou-se nos anúncios a demanda por pessoas com facilidade em trabalhar em equipe, prontidão, criatividade, capacidade de relacionamento com área acadêmica, compromisso ético, disponibilidade e flexibilidade de horários, domínio de novas tecnologias sociais, motivação em trabalhar para uma causa social, dentre outras. Entretanto, mais do que perfil alinhado ao cargo e mercado de trabalho, a maior necessidade é que as pessoas se identifiquem com a missão organizacional, o que pode facilitar o desenvolvimento dos indivíduos no trabalho.

Ações que visem o desenvolvimento de pessoas são importantes em todas as organizações, independentemente de seu foco de atuação, mas no terceiro setor algumas vezes os líderes as negligenciam, o que pode interferir na sua sustentabilidade. Tal fato pode ser explicado tendo como base o estudo de Melo (2009) em duas OTS. A autora comprovou que em uma das OTS ações para o desenvolvimento das pessoas que nela trabalhavam não ocorriam, já que o objetivo central era apenas fazer o bem para o outro. O que muitas vezes os gestores das OTS não concluem é que para fazer o bem para a sociedade uma equipe qualificada é necessária, além de um gerenciamento adequado de processos e pessoas. Para Drucker (1992, p. 108) toda organização deve desenvolver as pessoas, “ou ela as ajuda a crescer, ou impede seu crescimento”. No terceiro setor é necessária a capacitação dos indivíduos além de uma liderança que esteja alinhada aos seus valores e missão. Uma dificuldade de muitas OTS é que as pessoas estão propensas para olhar dentro de si mesmas e inferir que estão comprometidas com uma boa causa. Isto faz com que aspectos como a educação dos empregados muitas vezes fiquem em segundo plano, o que

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Grupos de Institutos, Fundações e Empresas – GIFE e Rede de Informações para o Terceiro Setor – RITS.

pode prejudicar a sustentabilidade deste tipo de organização. O aspecto positivo é que as pessoas que nela trabalham se envolvem com uma causa e fazem com que o trabalho não seja apenas um emprego. A problemática é que muitas vezes na contratação de um funcionário os