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A contribuição da educação ambiental para efetivação do desenvolvimento

Quando se fala em desenvolvimento sustentável é importante entender que esse atinge a comunidade em sua totalidade, e, por isso, deve-se considerar que a chave para esse desenvolvimento é a participação, organização, educação e o fortalecimento das pessoas, como menciona Dias (2004, p. 226). Ainda, entende-se que o desenvolvimento sustentável não é centrado, tão somente, na produção, mas sim nas pessoas, devendo ser apropriado à cultura, história, politica, voltadas ao meio ambiente. Em vista disso, a ideia que Leff (1999, p. 120) destaca é que “os desafios do desenvolvimento sustentável implicam na necessidade de formar capacidades para orientar um desenvolvimento fundado em bases tecnológicas, de equidade social, diversidade cultural e democracia participativa”.

Assim, cabe a educação ser o “Processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral do ser humano” (AURÉLIO, 2001, p. 251) garantido como direito fundamental que contribui no desenvolvimento do indivíduo e também da coletividade. A educação é, portanto, um direito de todos e também um dever do Estado.

É necessário que cada ser humano entenda a importância da educação ambiental na sociedade, ainda que não é somente no ambiente escolar que pode e deve ser debatido quanto ao tema, é preciso, consequentemente introduzi-la em todos os ambientes, atingindo toda a coletividade. Nesse sentido Leff (1999, p. 120)

menciona que “Os valores ambientais se induzem por diferentes meios (e não só dentro dos processos educativos formais), produzindo ‘efeitos educativos’. ”

Pode-se definir, de acordo com a ordem constitucional, como objetivos da educação, visando sempre a proteção do meio ambiente, o pleno desenvolvimento da pessoa humano, o preparo da mesma para o exercício pleno de cidadania, e ainda sua qualificação para o trabalho.

A educação ambiental está evidenciada na lei nº 9.795/1999, como sendo um processo de construção de desenvolvimento humano, por meio do qual garante para todo o ser humano um meio ambiente preservado aliado à qualidade de vida. O 1ª artigo da lei define que:

Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. (BRASIL, 2018)

.

Desse modo, a educação ambiental deve ser entendida como um processo de educação responsável por formar indivíduos preocupados com os problemas ambientais e que busquem a conservação e preservação dos recursos naturais voltados à sustentabilidade, considerando a forma holística, ou seja, que aborde todos os aspectos, econômicos, sociais, políticos, ecológicos, culturais e éticos. Portanto, quando se fala em educação ambiental, fala-se sobre acrescentar uma dimensão que trata o meio ambiente contextualizado e adaptado à uma realidade interdisciplinar, vinculada a diversos temas ambientais e globais.

A educação ambiental é, para Milaré (2011, p. 632), uma atividade-fim, no qual destina despertar e formar a consciência ecológica para o exercício pleno de cidadania, e ainda é um instrumento de grande valor para a criação de hábitos, atitudes e comportamentos que garantem o respeito ao equilíbrio ecológico e a qualidade do ambiente como patrimônio da coletividade.

Resta destacar que a educação ambiental é desenvolvida sob dois aspectos importantes. Nesse aspecto, o artigo 2º da lei 9.795/1999 define: “A educação

ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal”. O aspecto formal, nesse sentido, é aquele diretamente relacionado ao ensino garantido nas escolas, e o aspecto não-formal é aquele voltado para processos desenvolvidos fora do ambiente escolar.

Sob o aspecto formal, é imperioso evidenciar aquilo que aponta o artigo 9, parágrafo 1º da lei da Política Nacional de Educação Ambiental, que prescreve:

Entende-se por educação ambiental na educação escolar a desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições de ensino públicas e privadas, englobando: I - educação básica: a) educação infantil; b) ensino fundamental e c) ensino médio; II - educação superior; III - educação especial; IV - educação profissional;

V - educação de jovens e adultos. (BRASIL, 2018)

Além do mais, o artigo 10 da mesma Lei refere que “A educação ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal” (BRASIL, 2018). Isso, portanto, quer dizer que a educação ambiental deve ser implantada em todos os ambientes escolares como forma de contribuição para o desenvolvimento crítico pretendendo alcançar à qualidade de vida saudável objetivando a não degradação do meio ambiente.

No que tange o aspecto não-formal, Milaré (2011, p. 634) sistematiza que:

tem grande aplicabilidade na educação popular, contribuindo para aperfeiçoar a consciência dos problemas ambientais e para buscar soluções práticas para eles a partir de reflexões e debates dentro da própria comunidade em que o cidadão tá inserido.

A lei de educação ambiental assegura no artigo 13 que “entendem-se por educação ambiental não-formal as ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente” (BRASIL, 2018).

Portanto, quanto ao aspecto não-formal, deve-se entender como sendo a educação adquirida na comunidade, na família, na cultura em que cada ser humano vive. Pode-se definir como o espaço que a educação ambiental não-formal tem as casas de cultura, as diferentes associações civis, entidades, igrejas, dentre todos os ambientes que o ser humano frequenta e está inserido.

Castro e Canhedo Junior (2005, p. 406) destacam que,

Cabe à educação ambiental, como processo político e pedagógico, formar para o exercício da cidadania, desenvolvendo conhecimento interdisciplinar baseado em uma visão integrada de mundo. Tal formação permite que cada indivíduo investigue, reflita e aja sobre efeitos e causas dos problemas ambientais que afetam a qualidade de vida e a saúde da população.

Sendo assim, a educação ambiental é o processo de capacidade de desenvolvimento humano, onde o indivíduo adquire conhecimentos e visões para a formação de senso crítico, que permitem a reflexão sobre os efeitos e causas dos problemas que afetam o meio ambiente. Quanto a isso, determina Leff (1999, p. 112) que “a educação se converte em um processo estratégico com o propósito de formar os valores, as habilidades e as capacidades para orientar a transição na direção da sustentabilidade”.

Há que se falar que a educação ambiental deve atingir toda a coletividade, como menciona Dias (2004, p. 211),

Constitui um modo de transformar e renovar a educação o desenvolvimento de uma EA orientada para a busca de soluções para os problemas concretos, que os analise sob um marco interdisciplinar e que suscite uma participação ativa da comunidade para resolvê-los.

Por meio da educação existe a garantia de desenvolvimento social, econômico e cultural do cidadão com participação ativa na sociedade, baseado pelo processo de aprendizagem permanente firmado pelo respeito a valores que contribuem para a formação do senso crítico e transformação humana e social com o intuito de preservar a natureza. Fiorillo (2009, p. 58), nesse sentido, menciona em sua obra que,

Educar ambientalmente significa: a) reduzir os custos ambientais, à medida

que a população atuará como guardiã do meio ambiente; b) efetivar o princípio da prevenção; c) fixar a idéia [sic] de consciência ecológica, que buscará sempre a utilização de tecnologias limpas; d) incentivar a realização do princípio da solidariedade, no exato sentido que perceberá que o meio ambiente é único, indivisível e de titulares indetermináveis, devendo ser justa e distributivamente acessível a todos; e) efetivar o princípio da participação, entre outras finalidades.

A educação é um direito que cada um tem de adquirir conhecimentos, sejam eles escolares, culturais, sociais, políticos que possam contribuir para o desenvolvimento humano e para o meio ambiente, ou seja, é a maneira como desenvolver o senso crítico e criativo por meio de aquisição de conhecimentos voltados ao meio ambiente de tal modo que se verifique a redução de impactos ambientais. Observa Sachs (2004, p. 82) que,

A educação é essencial para o desenvolvimento, pelo seu valor intrínseco, na medida em que contribui para o despertar cultural, a conscientização, a compreensão dos direitos humanos, aumentando a adaptabilidade e o sentido de autonomia, bem como a autoconfiança e a auto-estima. É claro que tem também um valor instrumental com respeito à empregabilidade. Porém, a educação é condição necessária, mas não suficiente, para se ter acesso a um trabalho decente. Deve vir junto com um pacote de políticas de desenvolvimento, mesmo que alguns prefiram apresentá-la como uma panaceia. Um dos paradoxos que prevalecem hoje é o desemprego maciço de adultos existindo lado a lado com o intolerável fenômeno do trabalho infantil.

Isto posto, nota-se que educação ambiental é fundamental para o desenvolvimento sustentável e além disso é imprescindível para contribuir na formação de capacidade de desenvolvimento intelectual, cultural dentre tantos outros atributos garantidos pelo ser humano.

O principal eixo de atuação da educação ambiental deve buscar, acima de tudo, a solidariedade, igualdade e o respeito às diferenças culturais como medida democrática de atuação. Entende-se que objetiva criar novas atitudes e comportamentos à fim de estimular mudanças de valores individuais e coletivos de forma que a educação passa a ser vista como um processo de permanente aprendizagem que valoriza diversas formas de conhecimento contribuindo para a formação da consciência crítica do cidadão.

É nesse momento que se destaca a importância da educação ambiental na sociedade, pois esta é a prática que deve estar presente no cotidiano todos, além de colaborar para uma construção diária de formação crítica do ser humano e como Leff (1999, p. 115) expõe:

A educação ambiental requer a construção de novos objetos interdisciplinares de estudo através da problematização dos paradigmas dominantes, da formação dos docentes e da incorporação do saber ambiental emergente em novos programas curriculares.

Portanto, a educação pode ser considerada a maneira mais segura de contribuição para o desenvolvimento sustentável. Constitui ao cidadão um processo de aprendizagem que possibilita a participação ativa na sociedade, como parte dela, tornando a maneira mais eficiente e viável de evitar que sejam causados danos ao meio ambiente.

CONCLUSÃO

Discutir aspectos relevantes à sociedade em diversos contextos é de suma importância, dessa maneira, pode-se observar que o desenvolvimento e a sustentabilidade propõem debates acerca de variadas áreas de conhecimento, dando ênfase à harmonização do desenvolvimento e a conservação do meio ambiente, visto que o cenário atual marcado pelos problemas ambientais é resultante de uma crise antropogênica.

A destruição e devastação do meio ambiente, a precariedade dos recursos naturais, os índices crescentes de poluição do ar, da água, da destruição de florestas e biodiversidade, e muitos outros problemas presentes são gerados pela crise que hoje é perceptível aos olhos de cada cidadão. Seus impactos afetam nossa condição de bem-estar e de existência, comprometendo em grande parte a qualidade de vida.

O desenvolvimento sustentável caracteriza-se como uma visão transformadora das condutas e dos processos produtivos de desenvolvimento. Ao tratar de desenvolvimento sustentável pode-se verificar a importância de se ter um meio ambiente ecologicamente equilibrado, visto este ser considerado fundamental e bem de uso comum do povo, razão que determina ao indivíduo e ao Poder Público responsabilidades e deveres de cuidado e de preservação assegurando o uso consciente da natureza para as presentes e futuras gerações.

A preservação dos recursos ambientais é fundamental para a melhoria da qualidade de vida e sobretudo é necessário uma mudança urgente de paradigma e saberes. É imprescindível destacar, dessa maneira, a importância da educação

ambiental como um instrumento de grande relevância para o desenvolvimento sustentável levando em consideração a preservação ambiental com o intuito de que cada ser humano entenda a sua importância nesse processo de desenvolvimento, lembrando a necessidade de viver em um meio sadio.

A educação ambiental, ainda, contribui na formação da conscientização de cada cidadão, objetivando a preservação do meio ambiente, além de ser um processo que busca despertar, tanto no indivíduo quanto na coletividade, a preocupação quanto as questões que dizem respeito ao meio ambiente, garantindo acesso a informação e principalmente para o desenvolvimento de uma consciência crítica que busca trabalhar questões culturais, sociais, éticas e políticas.

A presente pesquisa, no entanto, é apenas preliminar e merece mais leituras, debates e tempo tendo em vista sua relevância. Contudo, é perceptível que cada ser humano é fundamental no processo de desenvolvimento sustentável tendo em vista, o desenvolvimento econômico, social, ambiental como fatores de contribuição para a busca constante de viver saudavelmente em um ambiente ecologicamente equilibrado onde cada um tem seu papel essencial nesse processo, e por meio disso, percebe-se a importância da educação ambiental como processo de aprendizagem que forma cidadão com valores de respeito ao meio ambiente, valorizando diferentes formas de conhecimento.

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