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A contribuição do rádio para aproximar escola e aluno

No documento 2007RobertaRoos (páginas 91-94)

No contexto atual, receptivos às novas tecnologias, educadores e educandos precisam ampliar seu horizonte intelectual e desenvolver habilidades cada vez mais complexas para agir de forma conseqüente no ambiente em que vivem. Sobre isso, afirma McLuhan: “quando a tecnologia estende ou prolonga um de nossos sentidos, a cultura sofre uma transposição tão rápida quanto rápido for o processo de interiorização da nova tecnologia” (1972, p.70).

Acredita-se que, para realizar um processo educacional, já não basta dominar a língua oral e escrita. É preciso alfabetizar-se nas linguagens tecnológicas, dentre as quais encontra-se a do rádio, capacitando-se para não ser um mero consumidor de informações, mas um crítico, alguém que sabe valorar os suportes do conhecimento para, então, selecionar e contextualizar os saberes veiculados, dando-lhes sentido e transformando-os em saberes pessoal, social e profissional. As tecnologias da informação podem dar um novo impulso ao ensino, auxiliando a atividade dos professores ao estimular o desenvolvimento de competências e capacidades. Mas podem funcionar também como uma fonte de frustração na atual estrutura organizacional da educação, classificada por Delors como bastante estreita e rígida. “A pressão do trabalho, a falta de equipamento e, o que é um fenômeno freqüente, sua má integração nos programas escolares podem ter um efeito negativo” (2005, p. 207).

A escola, portanto, já não pode ausentar-se da complexidade que envolve a formação dos indivíduos. O primeiro passo é, sem dúvida, repensar a operação didática centrada no professor. Nesse sentido, as tecnologias podem e devem atuar na área da

educação e isso não significa que possam substituir o professor, mas sim, “modificar seu papel, possibilitando-lhe dedicar mais tempo e atenção a categorias de alunos que hoje se costuma negligenciar as crianças superdotadas e as que demoram mais para aprender” (DELORS, 2005, p.208). Os meios podem diferenciar o ensino, que não precisam dirigir- se a um público uniforme, mas adaptar-se às necessidades de cada estudante. O professor, diante disso, passa a organizar o processo de aprendizagem como um facilitador, acompanhando as dificuldades e os progressos dos alunos. Ao utilizarem as tecnologias de informação em sala de aula, poderão participar das trajetórias escolares e experiências cotidianas dos estudantes.

O aumento da motivação dos alunos é comprovado através de pesquisas sobre a utilização de técnicas multimídias nas escolas. Resultados, como os obtidos na presente pesquisa Rádio-Educação são interessantes quando se considera a falta de motivação que se constata, em grande parte dos alunos pertencentes ao tradicional processo de ensino, que se torna diante disso, uma profissão bastante difícil.

O reconhecimento por parte dos educadores de que as mídias constituem uma parte muito significativa do universo de seus alunos e que as formas e as técnicas da publicidade que se expressam nas mídias têm o poder de amoldar as preferências estéticas deveria conduzi-los a incorporar essa dimensão ao processo de elaboração de programas escolares. (DELORS, 2005, p. 234)

Uma das condições, portanto, para integrar-se ao mundo contemporâneo é utilizar e entender as tecnologias da comunicação e da informação, em todos os aspectos de desenvolvimento do aluno. As contribuições de Wallon (1979), nesse sentido, são importantes para os professores, uma vez que estes são pessoas completas, afetivas, dotadas de cognição e movimento, estabelecendo uma relação pedagógica com os alunos possuidores das mesmas características. Assim, os docentes tornam-se componentes essenciais do meio do aluno.

É importante, também, referir-se à idéia de Wallon (1975) sobre a formação psicológica dos professores, a qual, segundo ele, não pode limitar-se aos livros, deve ter referência permanente nas experiências pedagógicas que eles mesmos realizam.

Das idéias de Wallon (1975), também se depreende a reflexão de que o desenvolvimento do educando fica impedido de ocorrer se não houver, no ambiente escolar, situações propícias ao aprendizado. Sendo assim, as tecnologias da informação e

da comunicação têm sentido na sala de aula se forem, efetivamente, tecnologias educacionais, ou seja, úteis para educar. Como já fazem parte do ambiente de socialização dos alunos e dos professores, estes necessitam conhecer os materiais e meios para utilizá- los como recurso didático, criando, dessa forma, bons e diferentes ambientes de aprendizagem, nos quais os aprendizes venham a se qualificar para intervir no mundo.

Na busca da melhora na aprendizagem dos educandos, o rádio é um suporte novo a tratar os conteúdos selecionados pelo currículo da escola, cujo valor é atribuído em razão dos propósitos do ensino. Estão de acordo com essa idéia os autores Barbosa Filho, Piovesan e Baneton, como se pode observar nesta afirmação:

Antes de cumprir seu papel educativo, um programa precisa cumprir seu papel comunicativo, pois a comunicação – independentemente dos meios utilizados – é a base sobre a qual se planta a educação. Se a comunicação não for agradável, fluente, prazerosa mesmo, o espaço para que a educação ocorra será muito pobre. E o rádio, por si, já é um meio que traz associada à sua própria natureza a noção de prazer, começando pelo fato de que as pessoas gostam de ouvir rádio (2004, p. 48-49)

Entende-se, portanto, que o instrumento rádio constituiu-se um elemento mediador, conforme idéias de Vygotsky (1984), entre o professor e o conteúdo a ser apropriado pelos alunos.

O rádio é antigo, mas está possibilitando às pessoas diferentes utilizações. Uma delas, bastante motivadora verifica-se em sala de aula, pelos professores, para auxiliar no ensino de conteúdos para alunos com necessidades educativas especiais, conforme se comprovou através desta pesquisa. Os efeitos dessa utilização geram muito interesse no público receptor, principalmente, quando esse público é chamado a participar e a interagir com o emissor.

A interação através de um programa gravado pode ser feita de diversas maneiras. No caso deste estudo, os alunos da turma de classe especial foram convidados a responder questões, a repetir alguns macetes e, ainda, utilizou-se o nome deles na formatação do programa. Esta atividade, proposta para a revisão de conteúdos no processo de alfabetização, despertou nos estudantes muita expectativa e um interesse maior pelo conteúdo apresentado. Essa reação dos alunos, aos programas radiofônicos, pode ser melhor entendida à luz das idéias dos autores Barbosa Filho, Piovesan e Baneton, ao dizerem que: “o rádio alcança as pessoas por meio de estímulos sonoros que entram pelos

ouvidos, mas que permeiam o corpo todo e afetam todos os sentidos. Sendo assim, trata-se de uma experiência envolvente, holística, total e apaixonante” (2004, p. 47).

A socialização de conhecimentos gera um vínculo entre professor e aluno, ainda mais quando o conteúdo consegue ser trabalhado de forma diferente, atraindo a atenção e conseguindo maiores resultados no aprendizado. Os programas de revisão realizados no processo de alfabetização para a classe especial, conseguiram interagir com os alunos, ensinar o conteúdo para alguns e reforçar para outros, atingindo o objetivo inicial, como propõe Bordenave:

A troca de mensagens, com seus correspondentes processos de percepção, decodificação, interpretação, tem como resultado a formação de novos significados, já compartilhados parcialmente com outra pessoa. Estes novos significados entram em interação com os significados iniciais e os modificam, ou não, segundo diversos fatores (1995, p.19).

Conforme esse autor, na comunicação, ao transmitir uma mensagem, todo emissor tem uma intenção. Mas também o receptor tem o seu objetivo. No caso da utilização do programa de rádio em sala de aula, teve-se a intenção de levar a revisão do conteúdo até os alunos de uma forma diferente, fazendo com que eles tivessem mais uma chance de compreender o que estava sendo trabalhado. O aluno, por sua vez, também teve uma intenção ao receber a mensagem, desejava assimilar informações, selecionar o que considerava importante e aplicar o que aprendera.

Neste propósito, o objetivo do emissor, no caso da pesquisadora, foi atingido através da análise da compreensão dos alunos ao conteúdo apresentado pelo rádio com uma intensidade superior ao ensino convencional. Os estudantes, por sua vez, demonstraram curiosidade e atenção ao conteúdo proposto de forma diferente, assimilando informações, como são as intenções de um receptor.

No documento 2007RobertaRoos (páginas 91-94)