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A CONVERGÊNCIA ECONÔMICA E POLÍTICA ENTRE BRASIL E CHINA

5SÉCULO 21: BRASIL E CHINA E A CONSTRUÇÃO DE UM MUNDO MULTIPOLAR

5.2 A CONVERGÊNCIA ECONÔMICA E POLÍTICA ENTRE BRASIL E CHINA

É a partir desta conjuntura nacional que Brasil e China amadurecem suas relações políticas e econômicas e, sobretudo, as lançam para um inédito patamar de bilateralidade. Para o Brasil, isso significou superar um longo período de alinhamento quase automático do país às grandes potências ocidentais para dar favorecimento a um aumento de sua autonomia internacional. Notadamente, o Brasil concretizou o aprofundamento da integração política e econômica com o Mercosul, com o continente africano e, principalmente, ampliou sua área de convergência e ação comum com as potências emergentes do século 21, China, Índia e Rússia (FIORI, 2013).

O Conselho Empresarial Brasil-China (2015a) traz uma análise detalhada sobre as circunstâncias e bases em que essa convergência bilateral ocorreu. Ainda que o estabelecimento das relações diplomáticas entre Brasil e China tenha ocorrido no ano de 1974, no auge da ditadura civil-militar brasileira, para fins de um estudo mais detalhado nos ateremos inicialmente ao período de final da década de 1990 para os anos 2000. Justificativa para tal, concentra-se no fato que este mesmo período representa uma inflexão onde a relação entre ambas as partes realiza um salto qualitativo no que tange o intercâmbio econômico, tecnológico e diplomático.

As relações bilaterais ao longo da década de 1990, sobretudo a partir da declaração da China enquanto Parceria Estratégica no ano de 1993, foram sistematizadas por importantes mudanças em termos quantitativos e qualitativos, sobretudo pelo aumento das trocas comerciais, a diversificação da pauta exportadora e importadora do Brasil e pelo progressivo ingresso de manufaturas chinesas em solo brasileiro. No Gráfico 9 pode-se perceber como o intercâmbio comercial entre Brasil e China permaneceu relativamente estável ao longo da década de 1990.

Gráfico 9 - Intercâmbio Comercial Brasil-China – 1994-2004

Fonte: Conselho Empresarial Brasil-China (2015a, p. 33).

Apesar dessa ampliação positiva, o diálogo Brasil-China ainda carecia de uma arquitetura institucional mais assertiva, que pudesse propiciar a expansão do potencial da cooperação interpaíses.

É somente a partir do ano de 2004, com o estabelecimento da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN)34, que ocorre a maturação e o ganho de maior relevância do intercâmbio bilateral político e econômico sino-brasileiro. Observa-se, progressivamente, a expansão qualitativa do comércio dos investimentos bilaterais, bem como o fortalecimento do diálogo interpaíses com o Conselho Empresarial Brasil-China35 (CONSELHO EMPRESARIAL

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A COSBAN é o mecanismo formal voltado para o acompanhamento e implementação da agenda bilateral entre Brasil e China. Atualmente, a COSBAN conta com onze subcomissões e seis grupos de trabalho dedicados aos principais setores de interesse mútuo. Além disso, a COSBAN foi responsável pelo monitoramento do Plano de Ação Conjunta de 2010-2014, firmado em 2010 pelos Presidentes Luis Inácio Lula da Silva e Hu Jintao, bem como do Plano Decenal de Cooperação Brasil-China (2012-2021), ainda vigente, assinado pela Presidente Dilma Rousseff e pelo Primeiro-Ministro Wen Jiabao, em abril de 2011.O Plano de Ação Conjunta define, para um período de cinco anos, metas e orientações para a cooperação bilateral e busca aprimorar a coordenação e a atuação dos mecanismos existentes, além de ampliar e aprofundar as trocas nas áreas política, econômica, agrícola, industrial, tecnológica e cultural (CONSELHO EMPRESARIAL BRASIL-CHINA, 2015a).

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O Conselho Empresarial Brasil-China é uma instituição bilateral sem fins lucrativos formada por duas seções independentes, no Brasil e na China, e dedicada à promoção do diálogo entre empresas dos dois países. O CEBC

BRASIL-CHINA, 2017) agindo concomitantemente ao COSBAN. Posteriormente, em junho de 2012, durante a visita do Premiê Wen Jiabao ao Brasil, as relações foram elevadas ao nível de "Parceria Estratégica Global", resultado da crescente dimensão internacional da relação sino-brasileira.

Ao mesmo tempo, essa parceria converge em interesses comuns em espaços de diálogo internacionais como o G-20 e os BRICS ao agremiar visões semelhantes sobre o papel e a força das economias emergentes, sobretudo no que tange as reformas de governança global. Especialmente, os BRICS36, que agremiam Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul em um único bloco político-econômico, representaram a iniciativa diplomática mais expressiva do Brasil na primeira década do século 21. Formados no ano de 2008 enquanto BRIC (o ―S‖ de África de Sul seria agregado ao acrônimo somente em 2010), partiram da visão em comum das partes envolvidas da necessidade de fortalecimento da segurança e estabilidade internacionais, do fortalecimento do multilateralismo e a necessidade de reforma do Conselho de Segurança.

Desta forma, o embaixador Amaury Porto de Oliveira (2015)37 pontua que a China, cada vez mais, tem ajudado os países em desenvolvimento e promovendo relações de cooperação econômica e política. O embaixador chega a falar na existência de um ―Plano Marshall chinês‖, no qual o país asiático utiliza suas reservas cambiais para financiar projetos de infraestrutura em países emergentes. No continente latino-americano, bancos estatais chineses concederam empréstimos, entre 2005-2015, em valores maiores que os concedidos por instituições clássicas como o Banco Mundial ou o Banco Interamericano de Desenvolvimento: ―os financiamentos chineses para governos e companhias latino-americanos somaram, em 2013, US$ 15,3 bilhões‖ (CONSELHO EMPRESARIAL BRASIL-CHINA, 2015a, p. 83).

concentra sua atuação nos temas estruturais do relacionamento bilateral sino- brasileiro, com o objetivo de aperfeiçoar o ambiente de comércio e investimento entre os países. (CONSELHO EMPRESARIAL BRASIL-CHINA, 2017).

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Entre o ano de 2003 e 2007, o crescimento do grupo representou 65% da expansão do PIB mundial; em 2003, os BRICS respondiam por 9% do PIB mundial e, em 2009, o valor havia aumentado para 14%. Em 2010, o PIB conjunto dos cinco países – considerado pela paridade do poder de compra – havia alcançado já 19 trilhões de dólares, ou seja, 25% do PIB mundial (FIORI, 2013).

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Embaixador do Brasil em Cingapura entre 1987 e 1990 e membro do Instituto de Estudos Avançados da USP.

Se durante a década de 1990 o comércio sino-brasileiro pode ser caracterizado como de relativa estagnação, entre 2000 e 2011 a corrente comercial de bens importados e exportados mais do que quadruplicou38, representando uma taxa de crescimento anual na ordem de 15% em termos nominais em dólares (US$). Essa expansão ocorreu concomitante à uma expansão significativa da participação de mercados emergentes no comércio mundial, em especial da China (BANCO MUNDIAL, 2014). Tal fato resultou na subida do preço das commodities em nível muito alto durante os anos de 2004 a 2008, sobretudo, de produtos relacionados a metais preciosos e energia, como observado no Gráfico 10.

Gráfico 10 – Valores do comércio brasileiro no cenário inflacionário de preços de commodities)

Fonte: Banco Mundial (2014, p. 41).

A grande demanda da China por alimentos e produtos da indústria intensiva em recursos naturais, necessária para suprir seu processo de aceleração de desenvolvimento a partir dos anos 2000, proporcionou ao Brasil a possibilidade de inserir-se neste mercado previsível e com demanda constante. Consequentemente, ocorre um

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No ano de 2009, a China se torna o primeiro parceiro comercial do Brasil, substituindo os Estados Unidos.

salto considerável a partir do ano de 2004 nas exportações para a China – em especial, nos produtos de minério de ferro, soja, carnes, petróleo bruto e celulose –, assim como nas importações de produtos chineses, como ilustrado no índice da corrente comercial sino-brasileira no Gráfico 11.

Gráfico 11 – Intercâmbio Comercial Brasil-China – 2004-2013

Fonte: Conselho Empresarial Brasil-China (2015a, p. 17).

Segundo o Conselho Empresarial Brasil-China (2015a), neste período (2004-2014), o saldo do comércio bilateral foi majoritariamente superavitário ao Brasil, tendo a balança comercial atingido o pico de US$ 11,5 bilhões em 2011, com desfavorecimento apenas nos anos de 2007 e 2008, consequência direta da crise econômico-financeira internacional.

Em especial, o setor agropecuário brasileiro foi o que mais se beneficiou da expansão do mercado chinês. Negri (2005) aponta que a maior parte do crescimento das exportações brasileiras para a China se deve ao setor de produtos agrícolas e pecuários, dando um salto de cerca de US$ 5 milhões em 1996 para mais de US$ 1,3 bilhão em 2003. Dados mais recentes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento citados pelo Conselho Empresarial Brasil-China (2015a) atualizam os valores de US$ 32 bilhões em 2006 para US$ 111,5 em 2012, ou seja, um crescimento positivo de 250% em seis anos. A pauta de produtos do setor de agronegócio exportados para a China é altamente concentrada em grãos de soja. Em segundo plano, ressalta-se

o açúcar de cana bruto, óleo de soja, algodão, carne de frango, fumo não manufaturado e suco de laranja processado.

O saldo comercial entre Brasil e China totalizou US$ 53,8 bilhões no período do mês de janeiro a setembro de 2015, de acordo com dados divulgados contabilizados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) disponíveis no relatório do Conselho Empresarial Brasil-China (2015a). Esse resultado indica uma queda de 14% em relação ao mesmo período do ano anterior (2014), refletindo a retração das exportações, em grande medida explicada pelos menores preços das commodities, e a redução das importações brasileiras, em decorrência da desaceleração da atividade doméstica. Assim, as exportações apresentaram um declínio, em dólares, de 17%, enquanto as importações advindas do país asiático recuaram 11%. Mesmo com variações negativas, o saldo comercial entre os dois países encerrou o período com US$ 3,9 bilhões favoráveis ao Brasil, ainda que esse montante corresponda a uma queda de 40% se comparado a 2014 (CONSELHO EMPRESARIAL BRASIL-CHINA, 2015d).

Novamente, no ano de 2015 a pauta de exportação para a China se manteve significativamente concentrada em commodities intensivas em recursos naturais, sendo soja, minério de ferro e óleos brutos de petróleo responsáveis por 77,8% de todas as vendas do país para o parceiro asiático. O volume de soja brasileira enviado ao mercado chinês foi ampliado, tendo apresentado acréscimo de 17%, em linha com o consumo das famílias chinesas que segue firme, a despeito do enfraquecimento observado na indústria e no setor imobiliário. Ressalta- se, também, a expansão da exportação de carne de aves, ferro-ligas e cobre, apresentando, respectivamente, crescimento de 22%, 26% e 121%, em dólares, e de 38%, 60% e 179%, em toneladas de acordo com o relatório do Conselho Empresarial Brasil-China (2015d).

Há de se fazer destaque para o setor de carne bovina, que apresentou rápido crescimento das vendas desde a abertura oficial do mercado chinês ao produto brasileiro (NOVAES, 2015)39, negociada e formalizada entre maio e junho de 2015. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX, 2016 apud FREITAS), até o final do ano de 2015 foram exportados US$ 476,4 milhões no montante total.

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A China havia embargado a importação de carne bovina brasileira no ano de 2012 após episódios de surtos da doença encefalopatia espongiforme transmissível (comumente conhecida como doença da ―vaca louca‖) no estado do Paraná. Somente três anos depois, em maio de 2015, o embargo foi suspendido definitivamente. (NOVAES, 2015).

Com a breve análise do saldo comercial sino-brasileiro exposta anteriormente, a China, nos dias atuais, continua sendo o principal parceiro comercial do Brasil. Inegavelmente, esta expressiva ampliação da participação do país asiático no comércio brasileiro reflete a tendência das mudanças que estão se processando estruturalmente no sistema econômico internacional, em que a Ásia, especialmente a China, assume cada vez mais um papel preponderante como principal polo produtivo mundial.

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Outro ponto que merece destaque é o significativo aumento da presença de investimentos externos chineses no Brasil ao final da primeira década dos anos 2000, sobretudo a partir da eminência da estratégia chinesa de internacionalização de seu capital (Going Global Strategy). Oliveira (2016) pontua que, embora haja um consenso em torno da ideia de que os IEDs chineses são maciçamente destinados à estratégia de assegurar fontes contínuas e seguras de acesso a recursos naturais, ―aparentemente esta não é a regra geral, como se observa nos investimentos recentemente direcionados ao Brasil‖ (OLIVEIRA, 2016, p. 157).

Inicialmente, até o ano de 2010, os investimentos chineses estiveram relativamente mais concentrados em commodities intensivas em recursos naturais, como minérios e hidrocarbonetos. Destes investimentos, a maior parte tem origem nas empresas chinesas de tipo estatal, embora essa tendência esteja mudando gradualmente. O Banco Mundial (2014) estima que 93% do capital investido por empresas chinesas no ano de 2010 veio de empresas deste tipo.

Todavia, posteriormente entre 2011 e 2013 o capital chinês inseriu-se em novos setores da área industrial brasileira, sobretudo nos setores de máquinas e equipamentos, aparelhos eletrônicos e automotivos, voltados para o mercado doméstico. Destes, destacam-se o estabelecimento da montadora automotiva CheryAutomobile40; a indústria de construção civil Sany41; além de outras empresas dos setores eletrônicos e comunicação, como a Huawei e Lenovo (Conselho Empresarial Brasil-China, 2016). Ressalta-se também os investimentos chineses no setor petrolífero brasileiro, sobretudo a partir do primeiro

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Inaugurou sua fábrica em 2014 no município de Jacareí, no Vale do Paraíba (SP).

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leilão de pré-sal no Campo de Libra42: em outubro de 2013, as estatais Corporação Nacional de Petróleo da China (CNPC) e China National Offshore Oil Corporation (CNOOC) obtiveram sinal verde para a exploração do petróleo brasileiro43. Desta maneira, entre 2007 e 2013 foi contabilizado um montante de US$ 56,5 bilhões em investimentos chineses anunciados no Brasil.

Um novo ponto de inflexão ocorre no perfil de investimentos entre 2014 e 2015, com a inserção chinesa na área de produção e transmissão de energia elétrica no Brasil. Empresas como as estatais Companhia Nacional da Rede Elétrica da China44 (State Grid) e Companhia das Três Gargantas da China45 (China ThreeGorges) venceram importantes licitações para a construção e/ou aquisição de usinas hidrelétricas e linhas de transmissão no Brasil.

Além disso, observam-se primeiras evidências de investimentos que começam a dirigir-se ao setor de serviços, sobretudo no setor financeiro, o que acompanha um padrão típico dos investimentos chineses que busca a diversificação. Recentemente, bancos chineses se estabeleceram no Brasil e adquiriram participação acionária em bancos brasileiros. Essa movimentação parte com o intuito de apoiar o comércio e os investimentos bilaterais, assim como viabilizar a estratégia de internacionalização da moeda chinesa, o yuan (CONSELHO EMPRESARIAL BRASIL-CHINA, 2016).

Por fim, o período que vai do ano de 2014 a 2015 registrou 33 projetos anunciados de investimentos chineses no Brasil somando um total de US$ 11,4 bilhões. Desses, 25 projetos, no montante de US$ 9,2 bilhões, estão confirmados, segundo a apuração do CEBC em contato

42Localiza-se na Bacia de Santos, entre o litoral do estado do Rio de Janeiro

e São Paulo.

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Além da CNPC e da CNOOC, obtiveram sua parte através do primeiro leilão do pré-sal a Petrobras, a anglo-holandesa Shell e a francesa Total. A Petrobras ficou com 40% de participação na exploração de petróleo, Shell e Total ficaram com 20% cada uma, e as estatais chinesas ficaram com 10% de participação respectivamente. O grupo se dispôs a ofertar para a União 41,56% do óleo produzido no local, percentual mínimo exigido pela lei brasileira Nº 12.351 que regulamenta e dispõe sobre o regime de partilha de produção e de royalties em áreas do pré-sal e em áreas estratégicas.

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A State Grid venceu o leilão realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) para a construção da segunda linha de transmissão da usina de Belo Monte.

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A estatal arrematou a concessão das usinas de Jupiá (SP) e Ilha Solteira (SP), que anteriormente pertenciam à estatal paulista Cesp.

direto com as empresas chinesas e seus parceiros brasileiros (CONSELHO EMPRESARIAL BRASIL-CHINA, 2016).

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Em relação aos investimentos brasileiros direcionados para a China, o Conselho Empresarial Brasil-China (2015b) aponta que houve um salto qualitativo na inserção de capital brasileiro em território chinês a partir da primeira década dos anos 2000, ainda que de forma relativamente tímida quando comparada às iniciativas chinesas. Estima- se que existam, atualmente, 80 empresas brasileiras presentes no mercado chinês em três categorias diferentes: 1) prestadoras de serviço (escritórios de advocacia, consultorias de negócios e bancos); 2) empresas produtoras de manufaturas (como Embraer, Embraco e WEG); e 3) empresas intensivas no uso de recursos naturais (como a BRF, Marfrig, Petrobras e Vale). O que chama a atenção é a diversidade dos setores de atuação das empresas brasileiras: há companhias em 34 diferentes segmentos46, como demonstra a Figura 2.

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Recentemente, dá-se destaque para o aumento da diversificação dos setores de investimentos brasileiros na China, como é o caso da presença das empresas BRF e Suzano no agronegócio, da WEG S. A. na área de maquinário e, por último, na área de serviços com o Banco do Brasil, primeira instituição financeira da América Latina a inaugurar uma agência bancária em território chinês.

Figura 2 – Segmentos com a presença de empresas brasileiras na China (% do total de empresas)

Fonte: Conselho Empresarial Brasil-China (2015b, p. 12).

A localização geográfica das empresas brasileiras no território chinês concentra-se nas províncias e municípios da costa leste chinesa, seguindo o chamariz do processo inicial de desenvolvimento chinês via ZEEs em que se concentram de forma majoritária os grandes centros urbanos e de negócios da China (CONSELHO EMPRESARIAL BRASIL-CHINA, 2015b), como podemos visualizar na Figura 3.

Figura 3– Localização geográfica das empresas brasileiras em território chinês

Fonte: Conselho Empresarial Brasil-China (2012a, p.8).

Os investimentos brasileiros na China se mantiveram estagnados nos últimos anos, ao contrário da rápida expansão dos investimentos chineses que se inicia no ano de 2010 no Brasil. Esse fato se atribui, em primeiro lugar, pela dificuldade das empresas brasileiras de servir o mercado doméstico chinês, que é consideravelmente protecionista e fechado. Leva-se em consideração, igualmente, a ausência por parte das empresas brasileiras de estratégias claras com vistas à criação e consolidação de marcas no mercado global e de políticas públicas definidas para a facilitação de investimentos no exterior relatório (CONSELHO EMPRESARIAL BRASIL-CHINA, 2015b).

Segundo o Ministério do Comércio da China, do ano de 2000 a 2010, US$ 572,5 milhões foram investidos por empresas brasileiras no país, o que representou apenas 0,04% do estoque de IED no país asiático. Todavia, há perspectivas recentes de empresas como a BRF Brasil e a Marfrig de investir em projetos de distribuição e planos de

abertura de fábricas em território chinês, sugerindo um novo impulso nos investimentos brasileiros na China47.

5.3COMPLEMENTARIDADE, DEPENDÊNCIA E CONCORRÊNCIA