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A Crise nas Instituições de Ensino Superior Brasileiras

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2.2 O Ensino Superior no Brasil

2.2.6 A Crise nas Instituições de Ensino Superior Brasileiras

públicas como também as privadas. As transformações de várias áreas têm confundido os responsáveis pela gestão das instituições de ensino. Porém, a raiz dos problemas não é apenas de ordem econômica, mas a pertinência e capacidade para responder às exigências da sociedade das ultimas décadas.

Para Araújo e Bittar (2007),

No período de 1996 e 2002, o ensino superior passou por grande alterações, especialmente com a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei n. 9.394/1996. Este período de 1995 à 2002, foi marcado pela gestão do Ministro Paulo Renato de Souza e do Presidente Fernando Henrique Cardoso. Ambos atuaram fortemente para a diversificação do ensino superior, com uma acentuada abertura para a iniciativa privada de cunho empresarial, passando, esta a deter o maior número de alunos e de IES.

Para Teixeira et al. (2006), as reformas implantadas no ensino superior apontam para uma mercantilização da educação em todos os níveis, passando pela ótica privada, do mercado e principalmente do lucro.

Sobre a privatização do ensino, Boaventura (2004) em seu livro “A Universidade no Século XXI”, destaca que no governo Fernando Henrique, o Ministério da Educação em parcerias com o BNDES viabilizou uma linha de crédito aproximadamente de 750 milhões para as IES privadas para recuperação e ampliação dos meios físicos das instituições de educação superior. Com recursos do banco mundial e do BNDES o governo federal já canalizou desde 1999, cerca de 310 milhões para as universidades privadas e apenas 33 milhões forma destinados às instituições de educação superior públicas. Deste dado Boaventura (2004) constata que o Banco Mundial apóia o crescimento acelerado da educação superior privada, principalmente nos países periféricos e semiperiféricos, ajudando financeiramente o setor privado de ensino, para que o país reduza o seu financiamento no setor público de ensino superior e desenvolva um cenário favorável à expansão do ensino privado.

Segundo Teixeira et al. (2006) o governo atual também não se sente comprometido com o ensino superior público, e cria condições jurídicas ainda mais favoráveis para a privatização, permitindo o repasse de verbas da educação superior

pública para o sistema privado, criando modalidades de ensino de acordo com a facilidade do sistema privado.

Segundo Chauí (2003), com a reestruturação do ensino, a educação passou a ser vista no setor de serviços que não é mais do Estado. Desta maneira, a educação deixou de ser um direito e passou a ser vista como um serviço que era responsabilidade do Estado e agora é função do setor privado. Além disso a reforma do Estado denominou a Universidade como organização social e não mais como Instituições Social. Esta concepção está associada a uma nova visão produtivista que considera o crescimento econômico como o mais importante.

Lages (2007, p. 06),

O pensamento neoconservador e neoliberal no âmbito educacional gera algumas distorções no papel da universidade. Se a universidade passa a ser vista como um mercado, o produto universitário passa também a ser visto como um produto industrial. Os produtos são em grande parte intangíveis, como: produção do conhecimento cientifica, produção de trabalhadores qualificados, elevação do nível cultural da sociedade, formação do caráter, também vemos na lógica mercantilista a universidade gerando produtos como cursos curtos, formação unidirecionada, investigação competitiva e reciclagem profissional. Sobre estes produtos, destaca-se a importância da internacionalização solidária da educação superior, porém muitas destas ações visam muito mais aos fins econômicos do que de fato aspectos sociais.

Para Teixeira et al. (2006) as estruturas industriais e comerciais já têm na educação superior uma nova força de conhecimento e entenderam que a universidade vai alavancar seus poderes produtivos.

Para Araújo e Bittar (2007, p. 02)

Acrescenta-se a essa análise o fato de que o movimento privatista- empresarial na educação superior liga-se ao cenário maior da dependência das políticas públicas de educação brasileiras dos organismos internacionais como Banco Interamericano e Desenvolvimento e Unesco e, ainda, ao contexto de “mundialização do capital”. Esta fase nos mostra uma configuração do novo capitalismo, com amplo poder e acumulações para decidir sobre as esferas sociais e econômicas. O fundo de capital, os títulos, a liquidez imediata, a fluidez das aplicações globais e o triunfo do capital financeiro sobre o produtivo são as notas principais dessa nova configuração dos padrões de acúmulo de capital, juntamente com a formação de blocos econômicos, de grandes conglomerados financeiros e empresariais.

Segundo Salmeron (2002), a pressão pela mercantilização da educação superior é mundial, e é gestada em organismos internacionais que são chamados de multilaterais, que defendem os interesses de países grandes e fortes. Uma das estratégicas deste sistema é criar uma ordem que exija a privatização e a profissionalização das universidades em termos de gestão, sistemas financeiros e serviços técnicos, um modelo

que não enfatize o fator humanista. Segundo a OMC, o ensino superior está sendo usado como uma serviço devido à pressão de grupos financeiros, que querem ampliar suas atividades para os países emergentes. Visto que a educação superior é uma mercadoria ou serviço ela pode ser explorada de forma econômica.

Segundo Teixeira et al. (2006), o Brasil esta fragmentado em universidades públicas e privadas, principalmente depois da década de noventa. Em virtude da procura as IES privadas têm se multiplicado. Esta multiplicação traz para a sociedade algumas considerações importantes como o crescimento das IES que se deu nas áreas sociais, no qual o investimento é menor, estão em alta os cursos de Administração e de Direito. Outro fator se direciona à qualidade dos cursos que formam um contingente de profissionais totalmente despreparados devido à formação recebida na universidade e o crescimento desordenado feito por empresas que visam a objetivos associados ao lucro e deixam para trás os projetos políticos e pedagógicos que deveriam ser a carta de navegação das IES.

Além do processo de mercantilização do ensino superior, existe uma crise dentro das universidades, que precisam ser enfrentadas nos dias atuais.

Segundo Boaventura (2004), as universidades estão enfrentando três crises atualmente. Para o autor a primeira se refere à crise hegemônica, que está relacionada ao conhecimento que circula pelo meio acadêmico. Desde a idade média a universidade produzia conhecimentos úteis para a elite, hoje ela produz conhecimentos para a transformação social e forma mão de obra qualificada de acordo com as exigências do desenvolvimento industrial. A segunda crise enfrentada pela universidade se refere à legitimidade. A universidade é uma instituição consensual, hierarquizada pelos saberes e com restrições de acesso. Com as exigências sociais e com as políticas de democratização, as universidades tiveram que adotar um sistema de igualdade de oportunidade para grupos sociais até então excluídos e como terceira crise está a institucional que diz respeito à contradição entre a pressão da autonomia dos objetivos e valores da universidade e a pressão crescente nas buscas de critérios de eficácia e produtividade que são estabelecidos pelo sistema empresarial.

Desta forma as universidades buscam respostas para as crises pelas quais têm passado de forma interna e externa. O que poderemos considerar é que existem muitas questões no cenário atual, porém são poucas as respostas para este momento do ensino superior.

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