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A CRISTIANIZACAO DA EUROPA: 500 A.D ATE 1000 A D.

MISSÕES Uma Perspectiva Histórica

II. A CRISTIANIZACAO DA EUROPA: 500 A.D ATE 1000 A D.

1 - A IRLANDA: Durante este periodo da Idade Media a Irlanda comecou a destacar- se dos demais paises da Europa no que tange ao Cristianismo. Do sexto ao oitavo século, a Irlanda tornou-se o ponto mais avancado da fé Crista naquele continente. Livre das invasões dos bárbaros, a igreja ali guardou a luz do saber brilhando sobre toda a Europa, atraindo educadores e lideres cristãos de todo o continente. As grandes escolas monásticas da Irlanda e o zelo pelo saber por parte dos cristãos irlandeses ajudaram em muito a cristianização da Europa.

―Os Celtas, mais conhecidos por irlandeses foram abençoadoramente notáveis na Idade Média, resultado da evangelização da Irlanda por Patrício. Ele nasceu numa famílai cristã na província romana da Bretanha, no ano 389 A.D. Ele chegou a Irlanda no ano 432 A.D. Os objetivos da vida monástica eram: adoração, trabalho, ascetismo, estudo, obediência e cooperativismo. Com o seu desenvolvimento, passou a ter objetivo missionário também: Kenneth Scott Latourette, The First Five Centuries of Christianity, 208.

A missióloga Ruth Tucker, em sua obra Até aos Confins da Terra, declara:

Os Celtas possuíam profunda paixão pelas missões estrangeiras, um entusiasmo impetuoso dos crentes irlandeses, zelo esse incomum em seus dias. Ardendo de amor por Cristo, sem temer qualquer perigo, pondo de lado toda dificuldade, eles iam a toda parte com o evangelho. ―Os monges missionários celtas realizaram uma forma mais pura de trabalho missionário... do que o proveniente de Roma.217

Igualmente importante, o zelo missionário dos irlandeses foi uma outra importante caracteristica da Igreja Cristã. Desde os tempos de Patrício, a igreja ali tornou-se acentuadamente missionária. Durante os seculos VI e VII a igreja de Irlanda tornou-se a maior força missionária do muindo cristão. Com um profundo conhecimento das Escrituras e uma inegável experiência com Deus, os missionários irlandeses espalharam-se por toda a Europa com a mensagem do Cristianismo. Com um santo entusiasmo eles se entregaram a evangelização de outros povos. Os escoceses, os anglo-saxões e os frísios das regiões baixas (hoje Holanda e Bélgica) foram povos que receberam muitos missionarios irlandeses. Patrício foi o modelo de missionário para os cristãos da Irlanda. Não obstante as muitas perseguições, ele agiu com profunda tenacidade no cumprimento de sua tarefa missionária. O historiador Stephen Neill faz a seguinte assertiva sobre Patrício:

Patrício (389 - 474) pagou o mal com o bem e teve um ministério muito frutífero. Era filho de um sacerdote celta, nascido na Inglaterra. Quando tinha 16 anos de idade foi raptado, escravizado e levado para a Irlanda. Após 6 anos de escravidão escapou e voltou para sua família por 10 anos, quando novamente é aprisionado e levado à França. Ao ser libertado voltou ao seu país, mas logo desejou voltar à Irlanda para evangelizar os pagãos. Preparou- se na França para seu retorno à Irlanda onde ficou conhecido como o apóstolo da Irlanda218.

Os métodos missionários de Patrício eram semelhantes de certo modo aos de tantos missionários antes e depois dele. Contudo, ao contrário de grande parte dos missionários católicos da época, os missionários celtas davam grande ênfase á questão da espiritualidade. O historiador Kenneth Scoth Latourette, informa-nos que ―os convertidos recebiam instruções intensas sobre as Escrituras e eram encorajados a envolver-se no ministério da missão e evangelização de seu povo. As mulheres desempenhavam um papel imjportante as Igrejas Celtas, embora Patrício tivesse cuidado em seu relacionamento com elas, na sua condição de solteiro.‖219

Segundo as palavras der Ekstrom, ―estima-se que ele tenha fundado cerca de 200 igrejas com mais de 100.000 convertidos.220 A evangelização da Irlanda por Patrício e outros companheiros seus, resultou em um dos emprendimentos missionários mais esplêndisos da Idade Média. Trava-se de uma expansão missionária séria e responsável, levada a efeito por homens que estavam prontos a sofer o martírio para o cumprimento de sua missão.

F.F. Bruce belamente registra a confissão de Patrício antes de sua morte:

Oro para que os que crêem e temem a Deus, quem quer que se tenha dignado a examinar e aceitar as Escrituras, que tenha sido preparado por Patrício, o pecador, homem inculto como se sabe, para que ninguém jamais diga que foi minha ignorância que realizou qualquer coisa que fiz ou mostrei conforme a vontade de Deus; mas, julguem e seja verdadeiramente crido, que foi dom de Deus. E esta é a minha confissão antes que morra.221

Ruth Tucker. Tucker Até aos Confins da Terra. (São Paulo, SP: Edições Vida Nova, 1999), 41. 218 Stephen Niell, História das Missões Cristãs. (São Paulo, SP: Edições Vida Nova, 1997). 58. 219 Kenneth Scoth Latourette, The First Five Centuries of Christianity, 219.

220 Bertil ~Ekstrom. História de Missões. (Campinas, SP: CEMIBI, 1993) 16.

2 - A Britânia (Inglaterra): A origem do Cristianismo na Britânia é um tanto obscuro. Nós não sabemos exatamente como o evangelho foi introduzido naquela região. Que as Igrejas Cristãs já existiam ali desde o século III é completamente plausivel. A primeira autêntica informação relata a presença de três bispos de Londres, York e Lincoln no Concilio de Arles no sul da França em 314 depois de Cristo. Quando os Anglo-Saxões invadiram a Britânia no quinto século, muitos dos primeiros cristãos foram perseguidos e mortos, deixando um pequeno remanescente deles isolados e inacessiveis a outros povos do continente. Foi a Irlanda, que muito antes havia sido cristianizada pelos cristãos da Britânia, e que agora envia para a Escocia e Britânia seu primeiro grande missionário chamado ―Colombo.‖ Ele nasceu no ano 521 da era Cristã, de uma nobre família irlandesa e possuia vasto conhecimento. Colombo fundou muitas Igrejas e monastérios em seu país natal. Descrito por seus biógrafos como de ―aparencia angelical, gracioso na fala, santo no viver, com talentos da mais alta ordem e prudência consumada,‖ ele saiu da Irlanda para a Escócia com doze companheiros para ser o maior missionario daquele periodo. Em Iona na Escócia, ele fundou um monastério que tornou-se um dos mais famosos centros de atividade missionária de todos os tempos. Segundo Raymond Edman em sua obra The Light in Dark Ages, Os membros do monastério foram divididos em três categorias:

1) Os que se devotavam as atividades puramente espirituais e a cópia das Escrituras; 2) Os que se devotavam ao trabalho manual;

Colombo e seus companheiros viajaram extensivamente por toda a Escócia e Britânia ensinando os novos convertidos, construindo igrejas e estabelecendo monastérios, todos sob o controle central de Iona. Como um cristão de profundo zelo e piedade, Colombo deixou marcas indeléveis na vida dos povos por ele alcançados e cristianizados. Ele morreu no ano 596 A.D., mas o monastério de Iona continuou por mais duzentos anos a enviar missionários para todas as partes da Britânia e Escócia.

A Missióloga e historiadora Ruth Tucker, em sua obra Até aos Confins da Terra, comenta: Colombo (521 - 597) foi um dos mais famosos missionários celtas. Nasceu na Irlanda e fundou um centro celta no litoral da Escócia, no qual fez sua base de trabalho. Na primeira fase de sua vida, foi uma pessoa contraditória. Ele era tanto um lutador quanto um santo, homem de proporções avantajadas e voz poderosa; seu gênio violento provocou muitas brigas e finalmente o levou a uma guerra com o rei da Irlanda.223

Após essa drástica experiência, Colombo mudou radicalmente, decidido a converter tantas almas quantas as que caíram nesta peleja (5.000 mortos). Foi um multiplicador. Buscava alto grau de piedade na vida monástica praticada em seu mosteiro. Ele preparava os evangelistas que eram enviados à Escócia para pregarem o evangelho, construírem igrejas e estabelecerem novos mosteiros. Os frutos do seu trabalho se espalharam por todo o país e em outros países da velha Europa.

F. F. Bruce. The Spreading Flame: The Rise and Progress of Christianity First Beginnings to the Conversion of the English (Grand Rapids, Michigan: Erdmans, 1979), 381.

Raymond Edman. The Light in Dark Ages (Wheaton, Illinois: Van Kampen Press, 1949), 150.

Ruth Tucker Até aos Confins da Terra (São Paulo, SP: Edições Vida Nova, 1996),. 42.

Aida, um dos mais ilustres sucessores de Colombo na cristianização daqueles povos, estabeleceu um monastério em Lindsfarne, na costa ocidental da Inglaterra, e por 17 anos, ele e um grupo de monges, evangelizaram tenazmente os Anglos-Saxões com grande efeito. Ao mesmo tempo, uma segunda invasão Cristã da Inglaterra teve lugar. No ano em que o grande missionario Colombo morreu (596 A.D.), o papa Gregorio o Grande, enviou Agostinho com quarenta monges beneditinos para a Inglaterra. Enqujanto Agostinho e seu contingente de monges evangelizavam a Bretanha e batizavam milhares de pessoas, eles enfrentaram problemas complicados relativos às tradições pagãs. As cerimônias pagãs poderiam coexistir com a Crsitianismo católico e o que deveria ser feito com os templos os templos pagãos? Foi em resposta a essas questões que o papa Gregório estabeleceu certas regras de condutas para os missionários católico-romanos e insistiu em um padrão que foi seguiio durante séculos. Stephen Neill informa-nos:

Os templos pagãos desse povos não precisam ser destruídos, apenas os ídolos neles encontrados. Se os templos forem bem construídos, será interessante desliga-los do serviço do diabo e adapta-los para o serviço de Deus. Como o povo está acostumado, quando se reúnem para o sacrifício, a matar muitos animais para oferta-los aos demônios, parece razoávelmarcar uma festa popular para substituir essa celebração. O povo precisda aprender a matar o gado em honra a Deus e para o seu alimento em lugar de homenagear ao diabo. Se lhes concedermos essas alegrias exteriores, terão maior possibilidade de descobrirem a verdadeira alegria interior. É sem dúvida, impossível cortar todos os abusos de uma só vez desses corações embrutecidos, da mesma forma que o homem que se decide a subir uma montanha não avança aos saltos, mas passo a passo, com regularidade.224

Conhecendo a selvageria dos Anglo-saxões, Agostinho foi com seus companheiros, mas logo retornou para a Gália, contudo o papa ordenou que retornassem para a Inglaterra, e agora, reduzidos a um grupo de sete monges, eles retornam e são bem recebidos pelo rei

Etelberto, que já possuia algum conhecimento do evangelho através de sua esposa francesa, chamada Bertha, que era uma cristã. Ethelberto concedeu liberdade para pregar a nova religião e providenciou comida e morada para os monges em Canterbury. Dentro de um ano, em reposta a persuasao de sua esposa, Ethelberto tornou-se um cristão. Pouco tempo depois, o seu parlamento adotou a sua fé e dez mil pessoas foram batizadas em um só dia. Por um tempo, as formas de cristianismo do povo da Britãnia e de Roma estavam em conflito. Contudo, sob a liderança de Wilfrid, bispo de York (634-709), a forma romana prevaleceu. Theodoro de Tarso organizou a Inglaterra numa provincia eclesiástica regular de Roma, com a autoridade do arcebispo de Canterbury (Cantuária) sobre toda a Britânia. 3 - A GALIA: Desde o início, as missões católicas se ligaram intimamente às explorações políticas, sendo as conversões em massa o fator principal no crescimento da Igreja. Foi esse o caso do rei Clóvis, rei dos Francos, no quinto século. Ele casou-se com um princesa cristã, mas recusou deixar suas divindades pagãs,a te estar prestes a sofrer uma grande derrota. Nesse momento, afirma-se que fez Nesse momento, afirma-se que fez um voto de que serviria a Deus caso seu exército fosse vitorioso. No dia de natal de 496, ele comemorou a vitória recebendo o batismo cristão. A razão de sua conversão, conforme informa-nos Norman Cantor em sua obra Medieval History: The Life and Death of a Civilization, foi a seguinte: ―O rei Clóvis viu que se aceitasse a religião Cristã Católica, ele seria o único rei cristão na Gália, e como paladino desta fé, ele teria maior possibilidade de ganhar a lealdade dos galo-romanos à medida que prosseguisse nas suas conquistas.‖225 A conversão em massa do rei Clóvis foi a primeira dentre muitas durante a Idade Média, sendo este um dos métodos que converteu a Europa Medieval. O conceito de conversão individual com ênfase no novo nascimento foi o métodlo utilizado pelas missões Protestantes , com especial ênfase na transformação individual do coração.

Stephen Neill. History of the Christian Missions (New York, USA: Penguin, 1964), 68- 69.

Norman F. Cantor. Medieval History: The Life and Death of a Civilization (Londres, England: McMilan,, 1969), 130.

Assim, a cristianização da Gália ficou tolhida e impedida de tornar-se realidade até o século sexto.

Aquela região foi evangelizada e cristianizada por Columbano, que junto com os seus companheiros, ele com a idade de quarenta anos, entraram na Gália. Após vinte anos de árduo trabalho, semelhante a João batista, ele caiu na ira da corte ao denunciar a imoralidade da alta sociedade da Gália. Expelido dali, Columbano e seus monges celtas, cruzaram o rio Reno e pregaram o evangelho para os antigos habitantes da atual Suiça. Ele promoveu uma verdadeira guerra contra o paganismo, queimando imagens e templo pagãos, e, ao mesmo, promovendo a fé cristã, ensinando os conversos e construindo monastérios. É dito que Columbano estava sempre ―aprendendo, ensinando, vagando, e pregando.‖

4 - A FRÍSIA (HOLANDA E BÉLGICA): O primeiro contacto das missões cristãs com as terras baixas, conhecidas como Frísia, aconteceu quando o bispo Wilfrid parou naquela região, numa de suas viagens para Roma. Ele pregou o cristianismo com grande poder e batizou muitos dos líderes frísios e milhares do povo.

Em 692 (A.D.) o missionário Willibrord, que tinha sido treinado por Wilfrid, cruzou o mar do norte juntamente com onze companheiros para se tornar o primeiro missionário entre os Frísios. Ele trabalhou durante quarenta anos através da Frísia e, mesmo suportando muitas vississitudes, ele fundou monastérios em Utrecht (Na atual Holanda) e Antwerp (Antuérpia, na atual Bélgica). Apesar das perseguições e procelas, as missões Cristãs foram bem sucedidas e uma igreja forte foi estabelecida entre os Frísios.

5 - A ALEMANHA: O Cristianismo veio para a Alemanha através dos monges Irlandeses e Ingleses. Reconhecido por muitos como o maior de todos os missionários da Idade Media, Bonifácio (680-754), um nobre Inglês e monge beneditino, foi para a Alemanha na metade da vida. Sua brilhante carreira missionária por quarenta anos na Alemanha, concedeu-lhe o título de apóstolo da Alemanaha. Em 722 (A. D.), ele foi

consagrado pelo papa Gregorio II como bispo da Alemanha.

Sendo um brilhante missionario de grande piedade, vasto conhecimento e ardor evangelístico, Bonifacio lançou os fundamentos da Igreja na Alemanha. Grandes monastérios foram estabelecidos em Reicenau (724), Fulda (744) e Lorsch (763).

Em 741 (A. D.) Bonifácio foi nomeado Arcebispo de Mainz e dez anos mais tarde (751) ele presidiu a coroação de Pepino quando este se tornou rei dos Francos.

Em seus últimos dias, o espirito de pioneirismo estava ainda nele. Deixando a Alemanha, ele foi para uma região da Holanda onde os Frísios ainda não tinham sido alcançados. Pregando ainda com grande poder ele ganhou muitos frísios para a fé Cristã. Como sucedeu muitas vezes antes, os pagãos promoveram a violéncia e em 05 de Junho de 755 (A. D.), Bonifácio e cinquenta de seus companheiros monges foram mortos.

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III. A EXPANSÃO MISSIONARIA DO CRISTIANISMO NA SAXÔNIA E NOS