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2.2 As transformações do conceito de Competência em Informação e as suas correlações com o

2.2.3 A década de 1990 e as perspectivas para a sociedade da informação

A década de 1990 é marcada pelo fortalecimento da filosofia do Movimento de Competência em Informação, principalmente devido à ampla aceitação do conceito apresentado pela ALA nos demais países do mundo. Os bibliotecários perceberam a relevância da temática nas práticas profissionais voltadas para a formação de usuários que buscam constantemente o aprendizado. Além das vantagens decorrentes da vinculação entre a Biblioteconomia e a Competência em Informação, Behrens (1994, p.317) ressaltou três tendências a partir dessa década: a educação para a formação de usuários competentes em informação; a Competência em Informação como um segmento do complexo processo de ensino-aprendizagem e o papel do bibliotecário diante do Movimento.

Ao discorrer sobre o paradigma da educação para a formação de usuários competentes em informação, Behrens (1994, p.317) demonstrou que as principais abordagens tratavam do modo de inserção da temática nos currículos acadêmicos. Conforme verificado no panorama histórico-conceitual, os programas e os cursos de Competência em Informação elaborados a partir de uma perspectiva curricular são resultados da influência do relatório produzido pela ALA. A outra tendência está relacionada com o uso adequado dos recursos tecnológicos para que os educandos possam organizar e utilizar as informações diárias, viabilizando a tomada de decisão ou a resolução dos problemas. Salienta-se que a dimensão prática da Competência em Informação consiste em proporcionar aos indivíduos a atuação ativa em todos os setores da sociedade da informação, tais como: saúde, transporte, governo, educação, economia, meio ambiente, entre outros. Sendo assim, constata-se que a mudança necessária na filosofia de ensino compreende o aprendizado para a vida e não somente para as salas de aula. Os discentes devem ocupar o centro do processo de construção do conhecimento, alicerçado nos princípios de igualdade de oportunidades e de liberdade intelectual.

Para exemplificar as tendências a partir da década de 1990, Behrens (1994, p.317) apontou que as iniciativas holandesas de formação de usuários competentes em informação abandonaram o foco estritamente voltado para o uso dos recursos tecnológicos. Além de dominar as tecnologias de acesso às informações disponíveis, é preciso adquirir a habilidade intelectual de apropriação e de aplicação do conhecimento. Esta premissa aproximou o paradigma holandês com o norte-americano.

Apesar das dificuldades de prever as futuras abordagens, é possível verificar que as estratégias adequadas de inserção da temática no ensino deverão ser retratadas na literatura da área. Através do trabalho cooperativo com o corpo docente, os bibliotecários universitários

precisam adotar as iniciativas formadoras de Competência em Informação que contemplem o uso efetivo da biblioteca universitária, como forma de possibilitar aos usuários a atuação consciente em quaisquer contextos informacionais. Nesse sentido, torna-se imprescindível o alinhamento das práticas profissionais com as particularidades da comunidade universitária, visto que o êxito em determinado ambiente pode não garantir o mesmo resultado em outra estrutura organizacional.

A Competência em Informação como um segmento do complexo processo de ensino- aprendizagem, segunda tendência prevista por Behrens (1994, p.318), representa a contribuição do Movimento para erradicar os problemas educacionais vivenciados no período, tais como: o elevado índice de analfabetismo; o déficit de atenção dos discentes e o baixo rendimento escolar. Na perspectiva da temática, o desenvolvimento do aprendizado é realizado por meio da utilização dos diferentes tipos de documentos. Destaca-se o estímulo da capacidade criativa dos educandos, visto que a transmissão dos conteúdos apreendidos pode ser efetuada por intermédio de: músicas, desenhos, peças teatrais, jogos, apresentações orais, poesias, dentre outras possibilidades. No paradigma da Competência em Informação integrada ao processo de aprendizado, é possível observar que as práticas são destinadas ao desenvolvimento das habilidades intelectuais de avaliação crítica das informações recuperadas.

Os bibliotecários universitários devem formar usuários que saibam avaliar a informação adquirida, tendo como base determinada necessidade informacional. Para tanto, as iniciativas voltadas para a consolidação do Movimento nas instituições acadêmicas precisam fomentar o desenvolvimento do pensamento crítico dos usuários, a fim de viabilizar o diálogo com os profissionais da informação responsáveis pelo processo de pesquisa.

A terceira tendência relatada por Behrens (1994, p.318) é de suma importância para esta investigação, pois aborda o papel do bibliotecário diante do Movimento de Competência em Informação. Conforme verificado na perspectiva histórica da temática, os bibliotecários reconheceram a importância de formar usuários que saibam lidar com o enorme volume de informações disseminadas, principalmente pela oportunidade de fortalecimento da função educativa do profissional. Todavia, o momento de euforia também estava acompanhado de profundas reflexões quanto às práticas realizadas no âmbito da educação dos usuários. Os profissionais da informação perceberam que deveriam transformar os cursos e os programas das bibliotecas, para permitir o aprendizado proporcionado pelo Movimento. Além da necessidade de aproximação com os profissionais das diferentes áreas do conhecimento, os

bibliotecários precisavam desenvolver um conjunto de Conhecimentos, de Habilidades e de Atitudes referentes à temática.

Diante dessa conjuntura, é possível inferir que o perfil do bibliotecário universitário nas iniciativas formadoras de Competência em Informação é de um profissional pesquisador. Ele deve estar constantemente atualizado mediante o desenvolvimento e o compartilhamento de Conhecimentos, de Habilidades e de Atitudes que permitam a formação de usuários competentes em informação. Nesse prisma, trata-se de um sujeito articulador que exerce as suas ações de forma conjunta com os demais profissionais do setor educacional, principalmente com o corpo docente das instituições acadêmicas. É preciso que esse profissional da informação conheça os meios para encontrar, de modo eficiente e eficaz, as informações relevantes para as áreas do conhecimento pertencentes à estrutura universitária. Conforme a abordagem histórica, o domínio dos recursos tecnológicos viabiliza o contato com as práticas profissionais realizadas pelos demais bibliotecários pesquisadores, integrantes de outras unidades de informação.

No que tange às contribuições para o perfil do bibliotecário universitário nas iniciativas formadoras de Competência em Informação, vislumbra-se a possibilidade de articulação com os Conhecimentos, as Habilidades e as Atitudes dos bibliotecários pesquisadores das bibliotecas especializadas. Em razão de lidar com as fontes de informação das diferentes áreas do conhecimento, os bibliotecários universitários devem estar em contato com os profissionais especializados, a fim de permitir que o conhecimento de cada área seja aprofundado e, consequentemente, garantir o aperfeiçoamento das práticas profissionais realizadas nas universidades.

A Figura 3 demonstra as principais características referentes ao perfil do bibliotecário universitário no contexto do Movimento de Competência em Informação na década de 1990, sem negligenciar as futuras tendências da temática para a atual sociedade da informação. Ressalta-se a disseminação do conceito nos diferentes países do globo, além do perfil de pesquisador do bibliotecário universitário para atuar, de forma ética e ativa, nas redes de compartilhamento e nos diversos setores da sociedade contemporânea:

Figura 3 - Perfil do bibliotecário universitário e o Movimento de Competência em Informação na década de

1990 e nas perspectivas contemporâneas da temática.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

Considerando as transformações conceituais da CoInfo e a identificação do perfil de pesquisador do bibliotecário universitário diante das iniciativas formadoras e multiplicadoras de usuários competentes em informação, as próximas subseções abordam os Conhecimentos, as Habilidades e as Atitudes referentes à temática.

2.3 Mapeamento, sistematização e descrição dos Conhecimentos, das Habilidades e das