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3.3 Caracterização da pesquisa

3.4.2 O Diagrama Belluzzo®

O Diagrama Belluzzo® foi o segundo instrumento de pesquisa aplicado junto aos 9 bibliotecários pesquisadores da RBP através, também, da realização do workshop, no laboratório de informática do INT, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), em 21 de junho de 2016. Escolheu-se este tipo de instrumento de pesquisa, como forma de coletar dados de natureza qualitativa e exploratória, considerando-se ser ele o resultado de estudos teóricos e práticos que foram apoiados na abordagem da aprendizagem significativa e na concepção decorrente do uso de diagrama/mapa conceitual, tendo como foco de atenção a Competência em Informação (CoInfo) e formas de sua avaliação. Assim, vale lembrar que para a concepção

desse Diagrama, em um primeiro momento, considerou-se a existência de inúmeras questões a serem debatidas ainda sobre o tema “competência”, porém, em síntese, apenas para levar a tais reflexões e para efeito de melhor compreensão a respeito, destacou-se que toda competência é um composto de duas dimensões distintas: a primeira, um domínio de saberes e habilidades de diversas naturezas que permite a intervenção prática na realidade e, a segunda, uma visão crítica do alcance das ações e o compromisso com as necessidades mais concretas que emergem e caracterizam o atual contexto social. Fundamentando-se nessa concepção de competência, em dupla dimensão, conseguiu-se situar a CoInfo no espectro de fatores que compõem a sociedade contemporânea, especialmente como uma das áreas em que o processo de ensino e aprendizagem esteja centrado (BELLUZZO, 2003).

Em um segundo momento, foi efetuado estudo teórico ao princípio básico da abordagem de Ausubel (1963, 1968), da aprendizagem significativa, para verificar a sua aplicabilidade ao desenvolvimento da CoInfo. Desse modo, considerou-se que a partir de uma nova informação ancorada (assimilada) em conhecimentos preexistentes na estrutura cognitiva de quem aprende (que são significativas para ele) é que ocorrerá efetivamente a aprendizagem. A título de esclarecimento, a aprendizagem significativa acontece quando um conceito implica em significados claros, precisos, diferenciados e transferíveis. A partir desse princípio, verificou-se que a aquisição e a organização de significados na estrutura cognitiva poderiam estar conectadas ao uso de mapas conceituais criados por Novak e Gowin (1999) da Universidade de Cornell nos Estados Unidos da América que, na década de setenta, os acrescentaram a essa aprendizagem como um recurso pedagógico, criando-se a necessidade de associá-los aos cenários de mudança da sociedade atual, em que se torna imprescindível a especialização dos saberes, a colaboração inter e transdisciplinar e o acesso e uso inteligente da informação para a construção do conhecimento. (BELLUZZO, 2007).

Além disso, a escolha do Diagrama Belluzzo® nesta pesquisa, deveu-se também ao fato de considerar, conforme sua autora, que os mapas conceituais são representações de relações entre conceitos, ou entre palavras que substituem os conceitos, através de diagramas, nos quais as pessoas podem utilizar sua própria representação, organizando hierarquicamente as ligações entre os conceitos que ligam problemas a serem resolvidos ou pesquisas a serem realizadas. Não obstante, esses mapas são recursos esquemáticos utilizados para representar um conjunto de significados conceituais incluídos em uma estrutura de proposições. Eles servem para tornar claro o pequeno número de ideias-chave em que devem se centrar para qualquer atividade de pesquisa, tanto em modelos tradicionais quanto nos virtuais.

Nesse contexto, uma vez que a aprendizagem significativa se produz mais facilmente, quando os novos conceitos ou significados conceituais são englobados sob outros conceitos mais amplos, mais inclusivos, os mapas conceituais devem ser hierárquicos (NOVAK; GOWIN, 1999). Sendo assim, mais do que a relação entre o linguístico e o visual, está uma interação entre os seus códigos. Ao dispor os conceitos conhecidos sob a forma gráfica de um mapa conceitual, relacionando esta noção inicial com outras também já conhecidas, estabelece-se uma hierarquia e/ou podem ser determinadas propriedades, sendo que as pessoas podem organizar o seu conhecimento de maneira autônoma. Ressalta-se, ainda, que para a elaboração desse instrumento de pesquisa, foram utilizados instrumentos de natureza pedagógica, envolvendo um “Roteiro de Aplicação e Avaliação”, cujos procedimentos compreenderam duas etapas.

A primeira etapa concentrou-se na apresentação e na explicação do Diagrama para os 9 bibliotecários pesquisadores da RBP. Salienta-se que, nessa etapa, não deveria haver preocupação com acertos ou erros nas respostas, permitindo a colocação do que pensa cada um, o que sabe e o que conhece, lembrando que o número de círculos, quadrados e triângulos poderia ser ampliado pelos participantes, caso fosse julgado necessário. Ainda, foram apresentadas e explicadas algumas noções gerais concernentes às dimensões de Conhecimentos, Habilidades e Atitudes, mediante a apresentação e leitura do texto básico de apoio (APÊNDICE B). Para tanto, nessa etapa, buscou-se a conscientização acerca da contribuição dos bibliotecários das Unidades de Pesquisa para a construção e o desenvolvimento do perfil de pesquisador do bibliotecário universitário, enquanto protagonista e engajado nas iniciativas formadoras de Competência em Informação, atendendo ao universo de dimensões, subtemas e domínios prospectados como fator crítico para o alcance da missão e objetivos dessa Rede.

Na sequência, com o uso do Diagrama Belluzzo®, apresentou-se a questão de pesquisa, definida previamente, a saber: quais são os Conhecimentos, as Habilidades e as Atitudes necessários para um bibliotecário pesquisador? Após a leitura do texto de apoio, a plataforma para a construção dos Diagramas Individuais foi disponibilizada nos computadores do laboratório do INT aos 9 participantes, contendo cada qual essa questão na elipse ao centro. A partir da construção dos Diagramas Individuais, os 9 participantes foram divididos em 3 grupos compostos por 3 integrantes, que utilizaram a técnica de brainstorming, considerada uma técnica de criatividade de grupo pensada para gerar um grande número de ideias para a solução de um problema (OSBORN, 1963).

Nesse sentido, a utilização do Diagrama Belluzzo® permitiu detectar os atributos desses 9 profissionais pesquisadores em cada uma das três dimensões, tendo como base o preenchimento conjunto do Diagrama com palavras-chave para a identificação dos principais conceitos envolvidos. Para o preenchimento das palavras-chave, aplicou-se a seguinte estrutura do Diagrama: os círculos para os atributos profissionais relacionados com a ação individual como agente de pesquisa. Os quadrados com os atributos profissionais relacionados com a ação de apoio para outro pesquisador. Os triângulos com os atributos profissionais relacionados com a ação estratégica voltada para as diretrizes institucionais ou para as políticas de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I).

A título de esclarecimento, definimos as três ações do bibliotecário pesquisador a partir da análise do referencial teórico adotado e da experiência com a Rede de Bibliotecas das Unidades de Pesquisa (RBP) do MCTIC. Nesse prisma, constatamos que a ação desse profissional da informação pode ser dividida, didaticamente, em três planos: individual, apoio e estratégico. O bibliotecário, enquanto profissional pesquisador, tem como característica fundamental a capacidade de acompanhar, com consciência e criticidade, os pesquisadores durante todo o processo de busca, recuperação e uso das informações disponíveis, principalmente no que tange aos resultados obtidos da prática de pesquisa. Consequentemente, esse profissional da informação reconhece que a sua ação individual contribui para que determinada Unidade de Pesquisa possa alcançar os seus objetivos institucionais. Nesse sentido, torna-se imprescindível estender essas ações bibliotecárias nas universidades, visto que são instituições de pesquisa em sua essência e necessitam de profissionais comprometidos com o seu progresso de forma estratégica.

Ainda, para fins de padronização, as seguintes cores foram fixadas: verde para os círculos; vermelho para os quadrados e laranja para os triângulos. Estabeleceu-se, também, que os 9 bibliotecários pesquisadores da RBP deveriam identificar as palavras-chave utilizadas da seguinte forma: C (para o atributo profissional que consideram integrante da dimensão de Conhecimentos); H (para o atributo profissional que consideram integrante da dimensão de Habilidades) e A (para o atributo profissional que consideram integrante da dimensão de Atitudes). Como exemplo, a Figura 6 representa a estrutura do Diagrama utilizado no âmbito dessas três dimensões:

Figura 6 – Exemplo da utilização do Diagrama Belluzzo® na perspectiva da dimensão de Conhecimentos, Habilidades e Atitudes necessários para um bibliotecário pesquisador.

Fonte: Adaptado de Belluzzo, 2007, p.81. Legenda:

C (Conhecimentos); H (Habilidade); A (Atitudes)

Quais são os Conhecimentos, as Habilidades e as Atitudes

necessários para um bibliotecário pesquisador?

Conhecimentos, Habilidades e Atitudes relacionados à ação individual como agente de pesquisa (autor, coordenador de projetos ou consultor de pesquisa).

Conhecimentos, Habilidades e Atitudes relacionados à ação de apoio para outro pesquisador ou para as equipes vinculadas a projetos de pesquisa.

Conhecimentos, Habilidades e Atitudes relacionados à ação estratégica voltada para as diretrizes institucionais ou para as políticas de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I).

Na segunda etapa, os 3 grupos compartilharam os três diagramas construídos e observaram a hierarquia dos significados apresentados, procedendo à consolidação das reflexões e discussões em um único Diagrama Belluzzo®, de teor coletivo e consensual, como forma de identificar a relação existente entre os atributos necessários para a atuação do bibliotecário como agente promotor da prática de pesquisa. Para tanto, estabeleceu-se que cada grupo deveria eleger um relator para o processo de construção e compartilhamento do Diagrama Geral Consolidado com os demais bibliotecários da Rede presentes no workshop, ou seja, 3 relatores ficaram incumbidos de tal tarefa.

Paralelamente, com o apoio de um formulário (APÊNDICE C), solicitou-se a identificação dos pontos fortes e fracos da Rede aos 9 bibliotecários pesquisadores, considerando os conceitos consolidados nesse Diagrama de construção coletiva, a fim de verificar quais seriam as principais necessidades que poderiam envolver o desenvolvimento da CoInfo nessa ambiência.

Na sequência, procedeu-se à interpretação dos conceitos consolidados e sua inter- relação mediante o uso da técnica de “Análise de Conteúdo” de Bardin (2010), vislumbrando- se a possibilidade de identificar novos atributos em relação àqueles mapeados, sistematizados e descritos na literatura científica, visto que as dimensões de Conhecimentos, Habilidades e Atitudes abrigam atributos cumulativos e mutáveis, o que resultou na elaboração e apresentação de um quadro-síntese conceitual.