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A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS A LUZ DA LEGISLAÇÃO

A Lei de Diretrizes e Bases 9394/96, prevê em seu artigo 37 a Educação de Jovens e Adultos (EJA), sendo uma modalidade de ensino voltada para a escolarização dos educandos que por motivos diversos não foram oportunizados a conclusão de sua escolarização no tempo previsto, recorrendo, portanto, aos bancos escolares na idade adulta (PARANÁ. 2006).

A Deliberação nº 05/2010, aprovada em 03/12/2010, estabelece normas para a Educação de Jovens e Adultos no Ensino Fundamental e Médio do Sistema de Ensino do Paraná, em seu artigo 7º, considerando a (...) “idade para matrícula: I - nas séries iniciais do Ensino Fundamental, compreendidas como de 1ª a 4ª séries, a idade mínima de 15 (quinze) anos completos; II - nas séries finais do Ensino Fundamental e Médio a idade mínima de 18 (dezoito) anos completos” (PARANÁ, 2010, p. 8).

Assim sendo, em 2010, a EJA começou a realizar o atendimento no Ensino Fundamental I e II para a população com faixa etária mínima de 15 anos completos. Com a implementação desta lei, a EJA vem se consolidando como um espaço que atende uma significativa quantidade de adolescentes que buscam nesta modalidade, uma ou talvez a única possibilidade em concluir seus estudos e realizar seus projetos de vida. Há indícios de que esse educando adolescente é proveniente de um processo educacional fragmentado, marcado por frequente evasão e reprovação no Ensino Fundamental e Médio da Educação básica.

Notavelmente muitos adolescentes colocam as suas expectativas nesta modalidade pela confiança de que na EJA se apresenta uma proposta pedagógica e organizacional diferente do ensino “regular”. O artigo 37, § 1, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional dispõe que:

[...] Cabe aos sistemas educativos viabilizar a oferta de cursos gratuitos aos jovens e aos adultos, proporcionando-lhes oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos, exames, ações integradas e complementares entre si, estruturados em um projeto pedagógico próprio (BRASIL, 1996).

A ressalva para que estudante da EJA com idade inferior a permitida tenha sua matricula efetivada, está assegurada aos adolescentes que cumprem medida socioeducativa com privação de liberdade, estudando em centros de socioeducaçao na modalidade EJA e respaldados pela Instrução nº 014/2012 – SEED/SUED, estas matriculas, podem ser efetuadas por meio de processo protocolado individualmente, encaminhado à Coordenação de Informações Educacionais - CIE/SUDE para a implantação no Sistema da Educação de Jovens e Adultos – SEJA. (PARANÁ, 2012).

Há indícios de que o atendimento à população juvenil é marcado por processos de exclusões, reprovações e evasão. A EJA vem adquirindo destaque nos últimos anos e nesse sentido, a legislação (BRASIL, 2010) reconhece os desafios do sistema educacional brasileiro e destaca a EJA como o caminho para reparar a dívida social com os adolescentes, jovens e adultos, em defasagem idade-série que, diante de um quadro socioeducacional excludente, não tiveram condições de dar continuidade a sua escolarização em tempo previsto.

Trazendo como pontos positivos na legislação na EJA, tem-se as diretrizes, pareceres e orientações que determinaram, normatizaram e possibilitaram a abertura

de espaços conhecidos com APEDs, nas escolas dos bairros, o que possibilitou o acesso de estudantes que moram na comunidade.

Outro ponto a citar são as APEDs especiais que promovem a escolarização a comunidades indígenas, do campo, assentamentos, quilombolas, de ilhéus, bem como aos educandos em privação de liberdade tanto em estabelecimentos penais, quanto nos Centros de Socioeducação.

2.3.1. Educação Permanente e a Educação de Adultos

Ao apresentar o conceito de educação permanente, Osorio (2003) relaciona esse conceito a educação de jovens e adultos, educação que não se limita apenas a cursos e aulas regulares, mas a toda aprendizagem que acontece na vida humana. Não se restringe a Educação Básica, mas entende-se a vida adulta, sendo um fator importante para a formação do sujeito livre, corajoso e autêntico. Objetivando-se desse modo à formação humana, que não se trata apenas de resolver problemas de ordem técnica, usando determinadas estratégias, mas trata-se de compreender o mundo e os sentidos das ações. Sendo, portanto observada em um processo e não como um fim.

No tocante à relação da educação permanente com a educação de jovens e adultos trata-se de voltar a aprender, e nesse sentido não significa somente do aprendizado tecnológico e/ou científico, mas do aprendizado numa perspectiva integral, indo para além do intelectual e educando afetiva e esteticamente.

Assim, a educação de jovens e adultos é vista de maneira permanente e ininterrupta, ela não se limita às instituições escolares. Dessa forma, trata-se de uma educação globalizada, pois tem relação com a vida cotidiana, não se detendo apenas ao profissional, muito embora, perpasse por essa esfera também. Além disso, propõe- se uma educação que forneça suporte para que o sujeito atue sobre o ambiente, oferecendo uma conexão com a ação política e social, visando o bem-estar e promoção da coletividade. Diante disso, a educação permanente não é uma modalidade de ensino ou um setor educativo, mas trata-se de um princípio.

Partindo do pressuposto que a educação faz parte das atividades humanas, uma vez que os seres humanos se educam através das interações sociais, Osorio (2003) alerta sobre a importância de ficar atento para que a educação permanente

não se transforme em um “sufoco” ou “afogamento”. Portanto, esse processo de formação do educando não pode estar ligado apenas a aspectos da empregabilidade Essa perspectiva tem tomado cada vez mais corpo, a partir da década de 1970, quando capitalismo mudou sem alterar sua essência, passando a ser mais a exploração de mentes e não de mãos. Esse ponto sobre a sociedade capitalista contemporânea levanta a problemática da desigualdade

A partir da década de 70 do século passado, o capitalismo mudou sem alterar sua essência. Se no passado o capitalismo tratava-se da exploração da força, das mãos, na atualidade é a exploração das mentes. Assim, a escola e a educação ganham um lugar de destaque e o volume de pesquisa sobre o assunto cresce.

Mais do que nunca é necessário aprender a aprender, e aprender sempre. No entanto, a educação permanente não se reduz a escola ou a um currículo formal, antes relaciona-se à concepção de direito humano e a perspectiva é contínua e sobre toda a vida do sujeito.

Essa visão desfoca a educação de adultos do cenário limitado de recuperação de ciclo, superando a concepção utilitarista e focalizando a educação numa percepção holística e integral. Assim, a educação permanente trata do desenvolvimento humano em todas as esferas da vida, sendo dessa forma, uma educação libertadora, emancipadora e social.

Abordando a análise histórico-crítica do campo de conhecimento da educação de pessoas adultas, é preocupante a fala do autor sobre o assunto, quando afirma que “(...) as teorias educacionais operam fundamentalmente com a dependência infanto-adolescente, e nas políticas de formação surge a educação de pessoas adultas como uma mera iniciativa transitória de assistência social (caráter compensatório)” (OSORIO, 2003, p.81).

Na década de 70 surgem os conceitos educação permanente e educação recorrente. Nos anos 80 decrescem os discursos globais sobre educação permanente, educação de adultos é sujeita a um auto criticismo. Na década de 90 foi marcada por algumas mudanças que favoreceram a educação de adultos.

2.4 CONSTRUÇÃO, DESCONTRUÇÃO E BUSCA DE RECONSTRUÇÃO DO