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CAPÍTULO II- EDUCAÇÃO E PLANEJAMENTO SOCIAL: DA HISTORICIDADE

2.2 A Educação e a Lei de Responsabilidade Fiscal

A função principal do Estado reside em proporcionar ao povo o bem-estar. O Estado coloca-se como intervencionista porque organiza a sociedade de modo a interferir na vida econômica, social e política das pessoas.

O Estado intervém na organização da sociedade de várias formas: no fornecimento de bens, regulação de atividades indispensáveis à sociedade, na prestação de serviço ou na organização de uma política econômica, sendo necessária uma mínima organização, de acordo com suas necessidades. No caso da forma Federativa, através da divisão do poder entre os vários entes do Estado.

O Federalismo surgiu no Brasil a partir da Proclamação da República, no ano de 1889 e da promulgação da Constituição de 1890, adotando como forma de Estado a Federação.

A Constituição da República permite que o Federalismo seja a materialização na qual ocorre a união de várias entidades políticas, com características diversas, sem soberania, amparados pela União, núcleo do Estado Federal, dotada de soberania, considerada como um ente público.

A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende hoje a União, 26 Estados e o Distrito Federal e 5.563 Municípios (IBGE, 2010).

A União representa o governo federal. Os Estados integram o nível intermediário de governo. Os Municípios representam o nível local de governo, onde todos os entes federados gozam de autonomia institucional. A Constituição de 1988 estabelece a distribuição federativa de poderes e competências, possibilitando o exercício e desenvolvimento da atividade normativa de cada uma das três instâncias de governo. Esta autonomia também é estabelecida no campo tributário, ou seja, na legislação e arrecadação de tributos.

O Estado possui competência designada pela Constituição para instituir e arrecadar impostos, sendo que a lei máxima federal também define um sistema de partilha de receitas denominadas de transferências intergovernamentais, na partilha da receita de determinados impostos no país.

As transferências intergovernamentais estão previstas na Constituição Federal de 1988 e têm por objetivo básico corrigir os problemas de desequilíbrios regionais enfrentados em todo o país. São repasses sistemáticos e obrigatórios, mensais, sobre os quais os governos municipais possuem autonomia para decidir sobre a forma de aplicação.

Ligado ao conceito de Federalismo está a descentralização do exercício do poder político, mas guiado por uma ordem jurídica única que deve ser seguida. Essa descentralização se caracteriza pela repartição de poderes como segue de um lado a esfera central, pelo Governo Central e do outro lado as unidades autônomas, pelos estados-membros que possuem relativa independência, autonomia política, organizacional e financeira.

Dentre as exigências o governo brasileiro, ao aplicar recursos nas mais diversas áreas que atendem à população, deve cumprir o preceito constitucional de aplicação das verbas vinculadas à Educação, ou seja, deve aplicar 25% dos impostos mais ganhos com o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) adicionado à receita de convênios e salário-educação. Na Educação o cumprimento desta exigência antecede ao cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal.

A Lei de Responsabilidade Fiscal, denominada de Lei Complementar 101, de 04 de maio de 2000, estabelece normas de Finanças Públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal da União, Estados, Distrito Federal e Municípios brasileiros, mediante ações em que se previnam riscos e corrijam desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas. Para tanto utiliza o planejamento, o controle, a transparência e a responsabilização como

premissas básicas. De acordo com seu artigo 1º, “estabelece normas de Finanças Públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, com amparo no Capítulo II do Título VI da Constituição”, que trata dos Orçamentos. Ainda no parágrafo primeiro do mesmo artigo a lei dispõe que a:

responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar (SILVA, AMORIM, LEÔNCIO DA SILVA, 2007, p. 163).

A LRF cria condições para a implantação de um novo comportamento gerencial na gestão dos recursos públicos e estimula o exercício pleno da cidadania, especialmente no que se refere à participação da população no processo de acompanhamento da aplicação dos recursos públicos e de avaliação dos seus resultados. Como principal instrumento regulador das contas públicas no Brasil, estabelece metas, limites e condições para gestão das Receitas e das Despesas e obriga os governantes a assumirem compromissos com a arrecadação de tributos e principalmente com os gastos públicos.

Nesse sentido, uma administração transparente e democrática deve mostrar claramente, através do orçamento e planos o que vai fazer e de onde obterá seus recursos para que possa contar com a confiança da população, que pagará os seus tributos de uma maneira mais determinada.

A LRF está apoiada em quatro eixos, a saber: planejamento, transparência, controle e responsabilização. No planejamento, são estabelecidos objetivos para garantir uma eficaz administração dos gastos públicos. Na transparência, a ampla e diversificada divulgação dos relatórios nos meios de comunicação, para que todos tenham oportunidade de acompanhar como é aplicado o dinheiro público. O Controle é aprimorado pela maior transparência e pela qualidade das informações, exigindo uma ação fiscalizadora mais efetiva e contínua dos Tribunais de Contas. Já a responsabilização, são sanções que os gestores responsáveis poderão sofrer pela má administração dos recursos públicos. Essas sanções estão previstas na legislação que trata dos crimes de responsabilidade fiscal, através da Lei 10.028, de 19 de outubro de 2000 (BRASIL, 2000).

Baseado no objetivo maior de melhorar a responsabilidade na gestão fiscal dos recursos públicos, com esta legislação em vigência todos os governantes são responsáveis pelo orçamento e pelas metas que possibilitem prevenir riscos e corrigir desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, reforçando os alicerces do desenvolvimento econômico sustentado.

O administrador público precisa ser eficiente, deve planejar o orçamento pautado pela obediência à objetividade e à imparcialidade, inclusive para que produza o efeito desejado da execução orçamentária. As previsões orçamentárias atuais são peças criadas após o advento da Lei de Responsabilidade Fiscal que se propõe a diminuir os riscos que afetam o cumprimento de metas de resultados pelos gastos. Na área da Educação a LRF tem se constituído numa ferramenta para disciplinar o alinhamento de receitas, despesas e metas.