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A elevação à vila e suas implicações na configuração do espaço urbano

Com a elevação à categoria de vila, o espaço urbano das antigas povoações de Nossa Senhora do Bom Sucesso (Pombal) e do Jardim do Rio do Peixe (Sousa) chega a um novo estágio evolutivo, quando novos elementos estruturantes do urbano passam a fazer parte da configuração das mesmas. Deste modo, no núcleo urbano passam a ser exercidas novas funções e a autoridade administrativa e judicial vem a se expandir, agora oficialmente pelo reconhecimento das mesmas enquanto vila, ou seja, passa a contar com a presença de juiz – exceção à Povoação de Nossa Senhora do Bom Sucesso (Pombal), onde já existia o Julgado que contava com a presença de juiz –, câmara e do símbolo maior da justiça, o pelourinho.

A configuração urbana dos núcleos em estudo já vinha sendo forjada desde o surgimento dos mesmos enquanto arraial e povoação, e seus espaços estruturados ao longo do tempo. Era o largo o eixo central e estruturante de tais povoados, cuja importância associava-se fundamentalmente à existência dos templos religiosos. O entorno de tais largos foi sendo definitivamente conformado através da edificação do casario que se construía e o delimitava. No caso das cidades mais importantes e mesmo em vilas de menor porte, um desenho precedeu a fundação das mesmas, no entanto, era fato bastante comum o traçado urbano ser orientado pelos povoadores que se fixavam no lugar, tendo por base experiências anteriores ou mesmo a tradição dos seus lugares de origem. E os espaços urbanos dos

“núcleos, anteriores a 1735, em sua grande maioria, eram irregulares, pois, como simples povoações, postos avançados na boca do sertão, pouso de viajantes, passagens de rios, etc., nasceram espontaneamente, sem alinhamentos, sem ordem. Uma vez transformados em vilas – incluindo os núcleos que já nasceram como tal –, passaram a ter a interferência administrativa da Câmara que, necessariamente, promovia os alinhamentos e vistorias, através de peritos especialmente designados. Esses planos podiam ser perfeitamente regulares ou de regularidade aparente. Desta última forma era a grande maioria dos traçados das vilas e cidades barrocas”.234

Com a política implementada pelo marquês de Pombal, as vilas que se fundavam e se constituíam em locais onde o sítio escolhido encontrava-se virgem ou mesmo aquelas que se estabeleciam aproveitando-se as povoações existentes, era comum um plano acompanhando o foral de criação. No dia da fundação da vila, quando se instalava o pelourinho, ocorria também a demarcação do plano traçado, a ser respeitado no decorrer

234 FLEXOR, Maria Helena O. A rede urbana brasileira setecentista. A afirmação da vila regular. TEIXEIRA, Manuel C.

da edificação do casario e da abertura de vias. Ainda neste mesmo plano, estavam assinalados os locais para a implantação da igreja e da casa de câmara e cadeia, a serem edificadas de acordo com a obtenção de recursos financeiros, o que poderia levar muitos anos até a conclusão de tais construções. Porém, nem sempre isso acontecia, isto é, às vezes, uma determinada localidade era elevada ao título de vila sem um projeto, um desenho urbano prévio e sua implementação no terreno. As mudanças ocorriam, normalmente, nestes casos, com a instalação pura e simples da casa de câmara e cadeia e seu pelourinho, assim que, evidentemente, os recursos o permitissem, o que poderia levar muitos anos.

Para as vilas em estudo, de Pombal e Vila Nova de Sousa, não foram identificados os seus forais de criação nem planos para a reformulação das mesmas. No entanto, a regularidade do traçado surge como um elemento significativo na configuração urbana das mesmas, assim como as semelhanças que apresentam são bastante expressivas e facilmente perceptíveis, como será visto adiante. A possível ausência de um plano, portanto, não significa que não houve algum cuidado de planificação dos referidos espaços, sendo a semelhança do núcleo urbano das duas localidades mais um indício nessa direção.

Através da análise do espaço urbano, de acordo com a temática que vem sendo desenvolvida no decorrer dos capítulos desta dissertação, será possível compreender as correspondências existentes entre a Vila de Pombal, a Vila Nova de Sousa e as vilas e cidades de origem portuguesa fundadas no decorrer do século XVIII, conforme os autores que tratam do assunto. Deste modo, verifica-se que, entre as características das cidades portuguesas encontradas nas vilas em estudo, está a escolha do sítio, próximo ao mar ou à beira-rio, e a articulação entre as componentes vernácula e erudita – conforme já trabalhado em capítulos anteriores, a predominância da regularidade no traçado urbano, a praça como elemento estruturante, a localização dos edifícios mais relevantes em locais de evidência, os quarteirões estreitos e compridos, entre outros.

A antiga Povoação de Nossa Senhora do Bom Sucesso (Pombal) chega à qualidade de vila com a sua configuração urbana apresentando elementos estruturantes já definidos: a praça e a igreja matriz, de acordo com a evolução da mesma entre os estágios de arraial/povoação/freguesia. Enquanto vila, novos elementos passam a compor o espaço urbano: as edificações para abrigar a casa de câmara, a cadeia e o pelourinho, reforçando mais ainda as funções exercidas na praça, que, provavelmente, se volta também para a administração e para a justiça, revestindo-se de nova autoridade, haja vista que já existia

na povoação o Julgado e a administração civil se dava sob o comando do capitão-mor. Assim, compreende-se que

“vários fatores contribuíam para a plena caracterização destes espaços como praças: por um lado, as funções que neles se exerciam: funções religiosas, funções de mercado, funções políticas e administrativas, funções militares ou outras; por outro lado, a natureza dos edifícios que neles se implantavam, correspondendo a essas funções; finalmente, alguma forma de ordenamento espacial que traduzia e consolidava a importância que esse espaço havia adquirido. Uma característica importante das cidades de origem portuguesa é a multiplicidade de praças, destinadas a funções distintas, que podemos encontrar dentro de um mesmo núcleo urbano”.235

Na Vila de Pombal, a praça exercia as funções religiosa, administrativa e judicial, embora as referências apontem que apenas a igreja e o pelourinho foram instalados no seu entorno e na própria praça, respectivamente. Já a cadeia, cuja edificação encontra-se no entorno da praça, teve sua construção iniciada em 1816, tendo sido, provavelmente, concluída apenas em 1859, de acordo com referências encontradas por Verneck ABRANTES236 (FIGURA 15). Mas alguma edificação deve ter sido utilizada para abrigar a

cadeia, pois era fundamental a existência da mesma no núcleo urbano após a instalação da vila, no entanto, ignora-se o local de tal edificação. O mesmo também ocorrera na Villa Real do Brejo de Areia,237 quando outras edificações serviram de casa de câmara e de

cadeia, enquanto a respectiva sede para abrigar tais funções não eram concluídas, especialmente pela dificuldade em angariar recursos financeiros para a execução de tais obras. Inclusive, a própria escolha do capitão-mor estava atrelada à abastança do candidato a tal cargo, pois o mesmo contribuiria com seus rendimentos para a construção da casa de câmara, da cadeia, do pelourinho e demais oficinas públicas, estando entre elas, provavelmente, o açougue.

Deste modo, acredita-se que, tanto da Vila de Pombal quanto na Vila Nova de Sousa, a câmara e a cadeia foram inicialmente instaladas em casas que serviriam provisoriamente às funções exercidas pelas mesmas. Embora seja ignorado o local exato de tais edificações, é possível que as mesmas tenham se situado – no caso da Vila de Pombal – ou voltadas para o largo da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Bom Sucesso, ou em suas proximidades. Neste sentido, foram encontradas referências a um sobrado que “era a

235 TEIXEIRA, Manuel C. (coord.). A construção... Op. cit., p. 27.

236 ABRANTES, Verneck. A cadeia velha de Pombal. s/l: Prefeitura Municipal de Pombal/Sales Gráfica, 2005. p. 5. 237 ALMEIDA, Elpídio de. Fragmentos da história de Areia. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano. n. 9.

casa oficial dos Juízes que chegavam para trabalhar na cidade”238 (FIGURA 16). No

entanto, não foram encontradas informações mais apuradas sobre tal edificação, impossibilitando precisar a data de sua construção e mesmo se abrigara outras funções do poder civil ou mesmo judicial, ou seja, não é possível afirmar se a mesma fora sede do Julgado ou mesmo da Casa de Câmara. Sabe-se que tal edificação – demolida em 1952 para a construção de um hotel239 – situava-se no sentido Norte da atual rua Coronel José

Fernandes, via paralela ao rio Piancó e que margeia o largo da Igreja Matriz.

FIGURA 15Pombal/PB – cadeia, 1927. Fonte: ABRANTES, Verneck. Um olhar... Op. cit.

Na Vila Nova de Sousa, a provável localização dos edifícios notáveis relacionados à função administrativa e à justiça, indica a formulação de uma segunda praça, localizada a Leste da Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Remédios e que se comunicava com a mesma através da antiga rua Estreita, atual rua Lindolfo Pires. Esta praça vem a assinalar um dos primeiros eixos de expansão do núcleo colonial referido e que se voltava para o Leste da capitania, cuja articulação se dava com o território, haja vista que tal via interligava essa vila a outras: a Leste, à Vila de Pombal, e, a Oeste, à Vila de Icó, na Capitania do Ceará. No entanto não se verificou uma indicação exata da data do início de

238 ABRANTES, Verneck. Um olhar sobre Pombal antiga (1906 a 1970). João Pessoa: A União, 2002. p. 25. 239 Idem.

tal construção, impossibilitando afirmar que esta expansão teve origem ainda no período colonial.

FIGURA 16Pombal/PB – antiga casa dos juízes, 1935. Fonte: ABRANTES, Verneck. Um olhar... Op. cit.

Deste modo, verifica-se, novamente, a presença da componente vernácula no traçado urbano na evolução da estruturação viária do núcleo urbano, pela própria articulação com o território. Neste novo largo que, provavelmente, se constituía, e acolhia as funções relativas à autoridade civil e judicial, as edificações destinadas à câmara e à cadeia devem ter sido implantadas, embora se ignore quando se começou a construção e quando foram as mesmas instaladas, sabendo-se apenas, de acordo com informações publicadas por João de Lyra TAVARES que, a “casa de Câmara, antiga Cadeia, e o Cemitério Público, foram edificados no tempo da monarquia, assim como o Açougue”, quando estava sendo construída uma nova cadeia na cidade.240 Portanto, considera-se esta uma questão ainda

bastante obscura, pois na documentação pesquisada não foram identificadas informações mais precisas acerca da abertura de tal largo e das edificações mais notáveis edificadas em seu entorno, assim como não foram encontrados dados que identifiquem a localização dos imóveis que serviram provisoriamente como casa de câmara e cadeia quando da instalação da vila.

Para as duas vilas em estudo, tem-se a praça como elemento estruturante do espaço urbano, juntamente com as suas articulações com o território, e seus desdobramentos através da configuração expressa em ruas, quadras e na própria disposição do casario, cujo desenvolvimento se deu através de um traçado de cunho regular. Essa regularidade, presente no projeto urbanizador do marquês de Pombal, era definida em planos pré- estabelecidos ou advinda da própria tradição dos povoadores, identificando-se “o conhecimento urbano fruto de um saber acumulado”.241

Fundadas à beira-rio e em sítio de predominância plana, tanto a Vila de Pombal quanto a Vila Nova de Sousa tiveram, possivelmente, as suas configurações urbanas geradas a partir da escolha do sítio, definição da localização das edificações dos templos religiosos e dos largos à frente dos mesmos. E em sua componente vernácula, ou seja, a partir da articulação com o território, foram sendo definidas as ruas que interligavam os núcleos urbanos entre si e com as demais povoações tanto na própria capitania da Paraíba quanto com as capitanias vizinhas, conforme discutido anteriormente. Sendo que,

“as próprias ruas eram hierarquizadas do ponto de vista urbanístico e arquitectónico. A sua inserção no plano, a sua relação com outros elementos urbanos ou arquitectónicos, o seu perfil e as suas cérceas, bem como as características dos edifícios que ao longo delas se construíam eram elementos definidores da sua importância e da sua posição hierárquica no conjunto do plano. A partir do século XVII, e ao longo do século XVIII, a regularidade da cidade passa a estar associada não só a regularidade do traçado, mas também à adopção de modelos arquitectônicos uniformes aos quais deveriam obedecer a construção de ruas, de praças, ou mesmo de toda uma cidade. As cartas régias e os Autos de fundação de núcleos urbanos brasileiros deste período testemunham esta relação cada vez mais afirmada entre a formosura da cidade e a regularidade do traçado e da arquitectura”.242

De fato, os diversos autos de criação de vilas, assim como as cartas e alvarás régios, mencionavam, freqüentemente, que as casas deviam ter uniformidade na parte exterior, embora no interior haja liberdade para se edificar.243

Verifica-se no traçado das ruas a busca pela regularidade e pelo traçado ortogonal, deixando implícita a idéia de um plano. Por outro lado, a lógica da construção da cidade portuguesa que primava pela regularidade e a implantação das vilas referidas em sítio plano, levaria quase que, necessariamente à formulação de uma configuração regular, mesmo que não tenha existido um plano pré-concebido. Igualmente, tais vilas já vinham sendo forjadas desde o final dos seiscentos e início dos setecentos, tendo passado para o estágio de vila, quando

241 FLEXOR, Maria Helena O. A rede urbana brasileira setecentista. A afirmação da vila regular. TEIXEIRA, Manuel C.

(coord.). A construção... Op. cit., p. 216.

242 TEIXEIRA, Manuel C. (org.). A construção... Op. cit. p. 29. 243 TEIXEIRA, Rubenilson B. De la Ville… Op. cit.

então os planos eram formatados, quase um século depois, já estando os espaços urbanos com suas diretrizes iniciais definidas. Deste modo, acredita-se que a existência de um plano iria dar prosseguimento ao que já havia sido definido ao longo dos anos, orientando os passos do desenvolvimento dos núcleos em estudo sem, contudo, reformulá-los por completo. E mesmo nos casos em que há plano para a fundação de determinada vila, este deveria adaptar-se ao sítio, assim,

”na estruturação dos traçados urbanos regulares existe sempre à partida uma malha conceptual regular que posteriormente se pode traduzir, de diversas formas, no traçado. Nalguns casos, essa estrutura conceptual – geralmente um sistema ortogonal ou uma quadrícula – traduz-se literalmente na estrutura física do traçado. Noutros casos, essa malha conceptual sofre mutações, traduzindo-se de uma mais subtil e mais complexa na estrutura da cidade. Nas cidades construídas no Brasil do século XVI ao XVIII é mais comum encontrar-se o segundo caso, traduzindo em formas urbanas que, embora com uma base regular, são difíceis de apreender na sua complexidade e – por vezes – aparente irregularidade. Muitas vezes a plena compreensão destes traçados só pode ser feita no sítio, já que frequentemente é a resposta a condições particulares do local ou a preexistências que determinam as mutações a que o esquema conceptual inicial é sujeito. O resultado são traçados urbanos que, simultaneamente, conseguem ter uma base regular e responder, valorizar e tirar proveito das particularidades locais”.244

Deste modo, embora não se possa afirmar que não existiu um plano para as vilas em estudo, acredita-se que houve uma idéia de planejamento materializada na demarcação de ruas, quadras e lotes, além da própria localização das edificações notáveis. E a adaptação do mesmo a um sítio de predominância plana teria possibilitado uma configuração urbana em que o caráter de regularidade poderia ser preponderante.

A própria regularidade da definição das quadras e divisão dos lotes também traz em si este sentido de regularidade. Retomando as características da cidade lusa, verifica-se que, segundo TEIXEIRA,

“a estrutura de quarteirões e a estrutura de loteamento caracterizam igualmente as formas urbanas portuguesas, apresentando três tipos fundamentais que se desenvolvem ao longo do tempo, mas ao mesmo tempo coexistindo em várias situações. O primeiro tipo de quarteirão é o quarteirão medieval, estreito e comprido, com lotes que vão de lado a lado do quarteirão, definindo uma alternância de ruas de frente e de traseiras. O segundo, mais tardio, é o quarteirão em que existem lotes dispostos costas-com-costas virados para faces opostas do quarteirão. O terceiro tipo de quarteirão é quadrado, ou tendendo para o quadrado, e tem lotes virados para as suas quatro faces; este último, permitindo uma melhor utilização do espaço urbano, surge a partir do século XVI”.245

244 TEIXEIRA, Manuel C. (coord.). A construção... Op. cit., p. 30. 245 Ibidem, p. 29.

Nas vilas de Pombal e Nova de Sousa, assinala-se marcadamente a presença do primeiro tipo de quarteirão, existente nos núcleos urbanos brasileiros do quinhentos ao setecentos.246 Na vila de Pombal, os quarteirões localizados no largo em frente à igreja

matriz, especificamente nas ruas atualmente denominadas Coronel José Fernandes e José Américo, assim como nas ruas João Carneiro e Cândido de Assis, localizadas na lateral da igreja matriz seguindo na direção Oeste. Assinala-se que, assim como os quarteirões, também os lotes eram compridos e estreitos, cujos fechamentos de frente e de fundos voltavam-se para ruas, sendo que a posterior era a chamada rua de servidão, por onde os excrementos e o lixo saíam da casa, bem como por onde se dava a entrada de animais e de produtos agrícolas (FIGURAS 17 E 18).

FIGURA 17Pombal/PB – mapa do núcleo urbano

Fonte: Acervo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba/IPHAEP.

246 Idem.

Escala aproximada 1:5.000

Igreja de Nossa Senhora do Bom Sucesso Rua Cândido de Assis

Rua João Carneiro

Rua José Américo

FIGURA 18Pombal/PB – vista aérea, com o sítio histórico em primeiro plano. Fonte: ABRANTES, Verneck. Um olhar... Op. cit.

Na Vila Nova de Sousa, também há a presença de quarteirões compridos e estreitos e dos lotes subdivididos apresentando as mesmas características, especialmente nos quarteirões do entorno do largo da igreja matriz e aqueles da antiga rua Estreita, atual Lindolfo Pires, sendo esta mais uma característica que aproxima o espaço urbano das vilas em estudo das cidades portuguesas (FIGURAS 19 E 20).

E, enquanto arquitetura propriamente dita, definiam-se para as edificações mais notáveis os pontos de dominância para serem implantadas, bem como a arquitetura do casario deveria ter uniformidade, definida pela escala das edificações e das aberturas, através da qual se buscava dar à arquitetura do local um aspecto esteticamente agradável, ou seja, reconhecidamente civilizado. E este é o caráter que se observa em fotografias que retratam os núcleos urbanos em estudo no início do século XX, quando os mesmos, possivelmente, ainda mantinham características de tempos pretéritos sem significativas alterações.

Diante das questões expostas acima, compreende-se que o espaço urbano das atuais cidades de Pombal e Sousa, foi sendo forjado aos poucos, ganhando, provavelmente, novo impulso a partir da elevação à vila, quando novas funções urbanas passam a ser exercidas e o Reino português passa a ter uma visibilidade mais ampla, especialmente

FIGURA 19Sousa/PB – mapa do núcleo urbano - 1934.

Fonte: Acervo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/IBGE.

FIGURA 20Sousa/PB – vista aérea, com o sítio histórico em primeiro plano. Fonte: Acervo TORTORELLO, Dirceu.

Igreja de Nossa Senhora dos Remédios

Escala aproximada 1:5.000

Rua Estreita (atual rua Lindolfo Pires) Praça relacionada às funções administrativa e judicial

pela presença de autoridades legitimamente constituídas. Portanto, a Vila de Pombal e a Vila Nova de Sousa, revelam-se neste estudo enquanto representativas do urbanismo português na América pelas significativas características que apresentam em analogia às cidades de origem portuguesa fundadas entre os séculos XV e XVIII. No mais, serão retomados, nas considerações finais deste trabalho, alguns itens referentes às relações que se desenvolveram entre as diferentes categorias político-administrativas e a evolução físico-espacial e social dos núcleos urbanos abordados que se buscou estudar ao longo deste trabalho.