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2 O PERCURSO TEÓRICO-METODOLÓGICO DA PESQUISA

2.2 A FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA

2.2.3 A empiria e os sujeitos do Campus Natal Central do IFRN

Importante ressalvar que para a consecução da etapa empírica desta pesquisa foi coletada assinatura do Diretor do IFRN-CNAT no Termo de Anuência para realização da pesquisa.

O lócus da pesquisa empírica foi o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), Campus Natal Central (CNAT). Embora

a Instituição seja centenária12, o atual prédio deste Campus foi inaugurado em 1967,

projetado e construído especialmente para abrigar a então chamada Escola Industrial de Natal (PEGADO, 2010, p. 42).

Com a II e III fase de expansão da Rede Federal de Educação em 2007 e 2010, respectivamente, as unidades do IFRN se capilarizaram no Estado do RN e, atualmente, conta com 21 Campi, sendo 3 avançados e, ainda, uma unidade de Educação à Distância (EAD), que somados totalizam 3.10113 servidores em

atividade, sendo o CNAT o que resguarda maiores proporções de trabalhadores, com 521 servidores ativos14, 4.27015 estudantes, e também a maior estrutura física,

construída em um terreno de 90 mil m², na avenida Senador Salgado Filho, no bairro do Tirol.

A estrutura administrativa do CNAT é composta por 1 direção geral e 12 diretorias, com suas respectivas coordenações e secretarias, conforme Figura 2

Figura 2 – Organograma do Campus Natal-Central

Fonte: IFRN-PDI, p. 142, 2014-2018

12 A escola centenária funcionou em outros prédios. Em 1909, a então chamada “Escola de Aprendizes Artífices situava-se na Rua Presidente Passos, Cidade Alta, no prédio onde atualmente funciona a Casa do Estudante do RN” (PEGADO, 2010, p. 34). Em 1914, a Escola transfere-se para o prédio da Av. Rio Branco, 743, Cidade Alta, onde atualmente é o Campus Natal Cidade Alta do IFRN (PEGADO, 2010). Com a aquisição do terreno em 1947, começou a ser construído o atual prédio do CNAT, concluído e inaugurado somente em 1967.

13 Dados do Sistema Unificado de Administração Pública (SUAP) em 16 de julho de 2015.

14 Dados da Diretoria de Administração de Pessoal do Campus Natal Central – DIAPE, em 30 de setembro de 2015, em resposta ao processo nº 23057.034167.2015-17.

15 Dados do Sistema Acadêmico do IFRN – em 19 de novembro de 2015, referente ao calendário acadêmico de 2015.2, fornecido pela Diretoria de Ensino, em resposta ao processo nº 23057.034166.2015-64.

Nessa estrutura estão lotados16 308 servidores docentes e 213 servidores

técnicos. Dentre estes últimos, existem cargos com níveis distintos de exigência de escolaridade (superior; técnico, médio e fundamental completo; e fundamental incompleto), enquadrados em 5 níveis de classificação de A à E, sendo A e B cargos com fundamental incompleto em processo de extinção e gradativa substituição por terceirizados; C e D cargos de nível técnico, médio e fundamental; e E cargos com nível superior (IFRN, 2014, p. 150). Importante destacar que alguns servidores poderão ter nível de escolaridade para além do exigido pelo cargo de ingresso.

Dessas 12 diretorias, 5 delas estão dirigidas por servidores técnicos, as demais, inclusive, a direção geral é ocupada por servidor docente. Assim, considerando que o informante privilegiado da pesquisa é o técnico-administrativo, optou-se por agrupar as diretorias em 2 blocos: TA- conduzidas por técnico- administrativo, D- conduzidas por docente, inclusive o diretor geral.

O bloco “TA” é composto por cinco diretorias dirigidas por técnico- administrativos: de gestão e tecnologia da informação, administração de pessoal; de ensino, de assistência estudantil e a de administração; e o bloco “D” é composto por 5 diretorias acadêmicas (ciências, recursos naturais, gestão e tecnologia da informação, indústria e construção civil); 1 de pesquisa e inovação; e 1 de extensão.

As cinco diretorias conduzidas por técnicos, segundo o regimento interno dos campi, possuem diversas competências, que de forma sucinta são: 1) gestão e tecnologia da informação; 2) administração de pessoal; responsável por planejar, coordenar, executar e avaliar a política de desenvolvimento dos recursos humanos do Campus e promover ações de formação e capacitação; 3) de ensino; coordena e articula as demais diretorias acadêmicas do Campus; desenvolve atividades relacionadas ao ensino e à gestão dos serviços de apoio ao ensino, e promove ações que contribuem para a integração do ensino com a pesquisa e a extensão no âmbito do Campus; 4) de assistência estudantil, executa a política de assistência estudantil; coordena equipes de Serviço Social, Psicologia, Saúde e Nutrição, elabora relatórios e acompanha os serviços, programas e projetos de assistência estudantil; 5) de administração planeja, coordena, propõe, executa e avalia a gestão

16 Dados coletados do Sistema Unificado de Administração Pública (SUAP), no dia 30 de novembro de 2015.

administrativa, orçamentária e financeira do Campus, supervisiona, gerencia e acompanha as atividades nas áreas de Administração da Sede e Manutenção, Almoxarifado, Comunicações e Segurança, Contabilidade e Finanças, Contratos e Convênios, Limpeza e Urbanismo e Patrimônio (IFRN, 2011).

Às cinco diretorias acadêmicas do bloco “D”, compete em suma: acompanhar a realização das atividades acadêmicas previstas no calendário acadêmico, e aquelas dos setores vinculados administrativamente à Diretoria; coordenar a elaboração, execução, acompanhamento e avaliação do Plano de Ação anual da Diretoria, a partir das diretrizes estabelecidas no Projeto Político-Pedagógico da Instituição e no Plano de Desenvolvimento Institucional, elaborar o planejamento estratégico do ensino, participar na elaboração das políticas educacionais; planejar e acompanhar a capacitação dos docentes e técnico-administrativos. Por último, a diretoria de extensão compete: acompanhar a execução dos projetos/atividades de extensão com financiamento institucional e/ou externo no âmbito do Campus; acompanhar e avaliar as atividades de extensão, atuar, em conjunto com as Diretorias Acadêmicas.

Dessa forma, os sujeitos escolhidos para a pesquisa foram, portanto, todos os 5 diretores do bloco “TA” (de gestão e tecnologia da informação; administração de pessoal; de ensino; de assistência estudantil e a de administração); e 4 diretores do bloco “D” (pesquisa, extensão e 2 acadêmicos); inclusive o diretor geral, num total 10 sujeitos. Dessa forma, todos os diretores técnicos foram contemplados. Para esses sujeitos que ocupam cargos de direção, optou-se por utilizar a técnica de entrevista, que foi realizada no período de 04 a 11 de setembro de 2015. Na seção empírica, alguns trechos das falas foram apresentados com a seguinte identificação: no caso das entrevistas; Gestor e bloco ao qual pertencente “TA” (gestor técnico- administrativo) ou “D” (gestor docente); e no caso do grupo focal, o nome Técnico com os pseudônimos escolhidos por estes.

Elegeu-se nesta pesquisa, também, a técnica de grupo focal, como forma de fazer emergir, num ambiente interativo, uma multiplicidade de pontos de vista e processos emocionais dos técnicos-administrativos. Sua composição visava contemplar um servidor técnico lotado em cada uma das 12 diretorias. Para a

escolha desses técnicos foi adotada a técnica do snowball17, baseada nas indicações sucessivas de informantes. É, portanto, uma técnica de amostragem intencional que utiliza cadeias de referência, uma espécie de rede, que permite que o pesquisador se aproxime dos sujeitos que detenham mais informações sobre o tema em investigação (GOODMAN, 1961, apud ALBUQUERQUE, 2009). Foi convidado para participar do grupo focal o sujeito mais indicado, após consultar 3 servidores do mesmo setor.

Com essa breve caracterização, é possível pontuar as razões da escolha deste campo empírico: primeiro, como o CNAT é a unidade com estrutura física mais antiga e muitos servidores com maior tempo de serviço na Instituição, sua cultura está sendo produzida por gerações distintas, aspecto que permite, pela historicidade das relações sociais, melhor compreensão das mediações constituintes do fenômeno; segundo, como sua organização hierárquica é mais vascularizada, abrange um maior número de sujeitos e, portanto, cargos, funções e concepções distintas acerca do trabalho do técnico.

Diante dessas razões, o perfil dos sujeitos do grupo focal desenvolvido nesta pesquisa também fica clarificado. Os critérios básicos para a escolha do técnico- administrativo partícipe da técnica do grupo focal, além, é claro, dos que concordaram em participar e que são lotados em uma das 12 diretorias, foram definidos considerando o aspecto homogêneo que é o fato de serem todos técnicos e o heterogêneo com relação ao tempo de lotação no setor e/ou no Campus. Essa variação no tempo de serviço, foi observada para assegurar a manifestação de concepções distintas, arraigadas culturalmente ou não.

No dia do encontro do grupo focal, em 28 de setembro de 2015, quatro sujeitos comunicaram a ausência e foram substituídos por três voluntários convidados. O grupo, portanto, foi realizado com 11 sujeitos, preservando os mesmos critérios básicos definidos inicialmente.

Sendo assim, o perfil dos 11 sujeitos com relação ao tempo de serviço no IFRN, ficou entre 4 e 28 anos18, sendo 6 deles com menos de 10 anos e 5 com mais

de 15 anos de serviço na Instituição; todos com nível de escolaridade de ingresso no

17 Conhecida no Brasil como “amostragem em Bola de Neve”, ou “Bola de Neve” ou, ainda, como “cadeia de informantes” (PENROD, et al 2003) e GOODMAN (1961, apud ALBUQUERQUE, 2009). 18 Dados do Sistema Unificado de Administração Pública (SUAP), em 01/12/2015.

cargo nas classes C e D19 (técnico, médio e fundamental), ocupantes de cargos na

área de saúde e segurança, técnico de laboratório, auxiliar e assistente administrativo, lotados em 9 das 12 diretorias. Apesar do cargo exigir o nível técnico, médio e fundamental, muitos desses servidores, excedem esses níveis, como exemplo, 1 desses técnicos é mestrando e 3 deles são mestres.

Essa diferença no tempo de serviço permitiu um debate mais amplo com inúmeras questões trazidas pelos próprios participantes, com experiências diversas.

19 Ficou sem representação a classe E (nível superior), em virtude da ausência de quatro sujeitos voluntários no dia da realização do grupo focal, e entre os substitutos voluntários não havia nenhum com cargo na classificação E.

3 O TRABALHO NO ESTADO CAPITALISTA E OS DESAFIOS AO PRINCÍPIO