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A Escola Estadual “Francisco Barreto” e sua história

Capítulo 4 – A educação no Estado de São Paulo

5.1 A Escola Estadual “Francisco Barreto” e sua história

A Escola Estadual “Francisco Barreto”, como todas as demais escolas da rede estadual de ensino, no estado de São Paulo, conta com dois colegiados, o Conselho de Escola e os Conselhos de Classe e Série. O termo colegiado vem sempre associado ao funcionamento dos conselhos, uma vez que estes só assumem poder e só podem deliberar no coletivo, com mem- bros dotados da mesma dignidade, com o mesmo poder, independentemente das categorias que representam. Como todo órgão colegiado, o Conselho de Escola toma decisões coletivas. Ele só existe enquanto está reunido e ninguém tem autoridade fora do colegiado só porque faz parte dele. (MEC, SEB, 2004).

Neste Capítulo nos voltaremos, especificamente, para o Conselho de Escola da EE “Francisco Barreto”, que constitui o foco de nosso estudo de caso. A partir dos registros exis- tentes no âmbito desta unidade escolar, com especial destaque para as atas de eleição dos con- selheiros e de reuniões do colegiado, propondo-nos a refletir sobre a eleição de seus membros nos anos 2003, 2004, 2005 e 2006 e o papel desempenhado por este colegiado, considerando alguns pontos especificamente: a importância que o processo eletivo representou para a práti- ca da democracia no interior da escola e construção de uma gestão participativa; a atuação do Conselho de Escola no acompanhamento e avaliação do projeto político-pedagógico, a partir do encaminhamento de ações que se fizeram necessárias para correção de trajetória, no perío- do de janeiro de 2003 a junho de 2006; e, ainda, a pertinência e a relevância dos temas que foram objeto de discussão durante as reuniões do colegiado, ordinárias e extraordinárias.

5.1 A Escola Estadual “Francisco Barreto” e sua história

A Escola Estadual “Francisco Barreto” vem construindo sua história há mais de três décadas. No início de 1970, nascia na cidade de Barretos o Ginásio Estadual de Barretos74 para, mediante o oferecimento do curso ginasial, hoje correspondente às quatro últimas séries do ensino fundamental, atender 280 alunos excedentes de outra unidade escolar. Isto ocorreu com a ocupação do prédio do Grupo Escolar “Anastácio Oliveira” que apresentava ociosidade no período noturno, por destinar-se apenas aos quatro anos iniciais de escolarização. No final

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do mesmo ano, o Ginásio Estadual de Barretos passou a denominar-se Ginásio Estadual “Francisco Barreto”, em homenagem ao fundador da cidade.

Em meados de 1971, com o estabelecimento de diretrizes e bases para a educação de 1º e 2º graus, o ensino primário, até então obrigatório para todos, dos sete aos catorze anos, passou a ser entendido como a escolaridade correspondente ao ensino de primeiro grau, com 8 (oito) anos de duração, tornando necessária a expansão de vagas, para atendimento à explosão das matrículas. As oito séries do ensino de 1º grau foram, então, oferecidas em uma única escola, mediante a reorganização dos grupos escolares e dos ginásios, que se constituíram em escolas de 1º grau, denominação adotada a partir da Lei nº. 5.692/ 71.

Em janeiro de 1976, da fusão do Grupo Escolar “Anastácio Oliveira” e o Ginásio Es- tadual “Francisco Barreto” teve origem a Escola Estadual de 1º grau “Anastácio Oliveira”, deixando de ser patronímico de escola da rede estadual, o nome do fundador da cidade. A demanda escolar exigia a construção de maior número de prédios e, no ano seguinte, na cida- de de Barretos, uma nova escola de 1º grau foi criada sob a denominação de Escola Estadual de Primeiro Grau “Francisco Barreto”75, para garantir o atendimento da demanda já existente ao seu redor, ocupando um prédio escolar construído pelo governo estadual. Iniciou suas ati- vidades com 18 (dezoito) classes de 1º grau, o que hoje corresponde ao ensino fundamental, sendo 12 (seis) de 1ª a 4ª séries e 8 (oito) de 5ª a 8ª, conforme Gráfico 1, funcionando em três turnos (manhã, tarde e noite).

Gráfico 1 75 Decreto nº. 9.491, de 11 de fevereiro de 1977. 12 6 15 8 15 8 0 5 10 15 1977 1978 1979

Total de classes, mantidas durante os anos 1977 a 1979 pela EE “Francisco Barreto”, cidade de Barretos/SP

1ª a 4ª séries 5ª a 8ª séries

Total de classes mantidas pela EE “Francisco Barreto”, cida- de de Barretos/SP, durante o período 1977 – 1979.

Os dados nos mostram que na Escola Estadual “Francisco Barreto”, criada com classes de 1ª a 4ª séries em número 100% superior às de 5ª a 8ª, a predominância das primeiras man- teve-se durante os anos 70, o mesmo ocorrendo na década seguinte, porém, com acentuada redução das classes de 1ª a 4ª séries e crescente aumento das outras, conforme demonstrado no Gráfico 2.

Gráfico 2

Na EE “Francisco Barreto”, as classes de 1ª a 4ª séries, predominaram até 1991, po- rém, em percentuais menos expressivos. Ressaltamos que no primeiro ano de seu funciona- mento (1977), estas representaram 66% (sessenta e seis por cento) do total de classes da esco- la enquanto que, em 1991, das dezenove classes apenas 10 eram de 1ª a 4ª séries, o que cor- respondia a 53% (cinqüenta e três por cento), conforme Gráfico 3.

15 8 15 8 14 8 14 8 12 8 11 9 11 9 11 9 10 7 11 8 0 5 10 15 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989

Total de classes, mantidas durante os anos 1980 a 1989 pela EE “Francisco Barreto”, cidade de Barretos/SP

1ª a 4ª séries 5ª a 8ª séries

Total de classes mantidas pela EE “Francisco Barreto”, cidade de Barretos/SP, durante o período 1980 - 1989.

Gráfico 3

Embora na Escola Estadual “Francisco Barreto” as classes de 1ª a 4ª séries do ensino fundamental se encontrassem em processo de redução desde a década anterior, a extinção dessas ocorreu em 1996, com a implantação do Programa de Reorganização das Escolas da Rede Pública Estadual, no governo Mário Covas - PMDB, (1995 / 1998),

No início do ano 2000, contando esta escola apenas com classes dos anos finais do En- sino Fundamental, a comunidade escolar se mobilizou para a implantação da Educação de Jovens e Adultos com Atendimento Individualizado e Freqüência Flexível76, o que se concre- tizou em março do mesmo ano. Sob a liderança de membros da Associação de Pais e Mestres, partiu novamente a comunidade em busca do Ensino Médio, que passou a ser oferecido logo no ano seguinte, 2002 (Gráfico 4).

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A modalidade de Educação de Jovens e Adultos com atendimento Individualizado e Presença Fle- xível foi instituída no sistema estadual de ensino de São Paulo pela Deliberação CEE nº. 9/ 99, homo- logada por Resolução da Secretaria da Educação, de 17 de dezembro de 1999.

11 8 10 9 8 10 8 11 8 8 9 10 0 24 0 23 0 22 0 25 0 5 10 15 20 25 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 Total de classes, mantidas durante os anos 1990 a 1999 pela

EE “Francisco Barreto”, cidade de Barretos/SP

1ª a 4ª séries 5ª a 8ª séries

Total de classes mantidas pela EE “Francisco Barreto”, cidade de Barretos/SP, durante o período 1990 – 1999.

Gráfico 4

Criada sob a denominação de Escola Estadual de 1º Grau “Francisco Barreto” passou a denominar-se Escola Estadual “Francisco Barreto” a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 20 de dezembro de 1996 e, hoje, oferece o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, regular, e na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA).

É o estudo do Conselho de Escola desta Unidade Escolar, durante os anos 2003 a 2006/ primeiro semestre, que nos propusemos realizar. Nesse período, foco de nossa análise, alterações significativas ocorreram no âmbito da unidade escolar, destacando-se a ampliação das dependências físicas e a inclusão da escola em um Projeto Educacional a Escola em Tem- po Integral.

No ano de 2003, mediante recursos provenientes de convênio celebrado entre a Secre- taria Estadual de Educação e a Associação de Pais e Mestres – APM, através da Fundação para o Desenvolvimento da Educação – FDE, o número de salas de aulas foi ampliado em 50%, passando de 08 (oito) para 12 (doze). Durante os anos 2004 e 2005, a Escola Estadual “Francisco Barreto” deu um grande salto no processo de integração com a comunidade. O Programa Escola da Família, lançado em agosto de 2003, apresentou um envolvimento sem- pre crescente de pais, alunos e da comunidade, em sua totalidade. A abertura da escola aos finais de semana com atividades esportivas, culturais, de saúde e qualificação para o trabalho, vem transformando esta unidade escolar em um centro de convivência e lazer. Em 2006, a Escola Estadual “Francisco Barreto” incluiu-se em um novo projeto educacional, lançado no

0 21 0 0 19 0 0 14 8 0 15 12 0 1214 0 1213 0 11 9 0 5 10 15 20 25 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Total de classes, mantidas durante os anos 2000 a 2006 pela EE “Francisco Barreto”, cidade de Barretos/SP

1ª a 4ª séries 5ª a 8ª séries Ensino Médio

Total de classes mantidas pela EE “Francisco Barreto”, cida- de de Barretos/SP, durante o período 2000 – 2006.

último ano do governo Geraldo Alckmin – PSDB (2003 – 2006): “Escola em Tempo Inte- gral”. Implementado a partir de 13 de fevereiro de 2006, data prevista para o início do ano letivo, objetiva o prolongamento da permanência dos alunos do ensino fundamental na escola, de modo a ampliar as possibilidades de aprendizagem, com o enriquecimento do currículo básico, a exploração de temas transversais e a vivência de situações que favoreçam o aprimo- ramento pessoal, social e cultural (Resolução SE nº. 89/2005). Ressalte-se que a implantação deste projeto exigiu um intenso trabalho para esclarecimentos e conscientização da comuni- dade escolar sobre a sua importância, o envolvimento do Conselho de Escola na manifestação de adesão pela comunidade escolar77, além de adequação de instalações e equipamentos para a nova realidade educacional, seleção de recursos humanos, preparação do pessoal docente para implementação de um currículo diferenciado, além de outros. Assim, a Escola Estadual “Francisco Barreto” mantém os quatro últimos anos do Ensino Fundamental e o Ensino Mé- dio, ambos em regime regular e na modalidade Educação de Jovens e Adultos. Funciona com 9 (nove) classes de Ensino Fundamental, abrigando 315 alunos em tempo integral, e 290 de Ensino Médio, divididos em 07 (sete) classes, 03 (três) no período diurno e 04 (quatro) no noturno. Somando-se aos 605 (seiscentos e cinco) alunos do ensino regular, os 235 (duzentos e trinta e cinco) alunos da Educação de Jovens e Adultos, garantem o total de 20 (vin- te) classes e 840 (oitocentos e quarenta) alunos.

A Escola Estadual “Francisco Barreto” vem construindo a sua história em sintonia com aquela que é escrita cotidianamente por suas instituições auxiliares, que têm como fun- ção o aprimoramento do processo de construção da autonomia da escola e das relações de convivência intra e extra-escolares; pelas inúmeras histórias escritas pelos núcleos existentes em sua organização técnico-administrativa, e, ainda, através das histórias escritas pelos cole- giados escolares.

Quanto aos núcleos a que acima nos referimos, são quatro os que se incluem na orga- nização técnico-administrativa da escola, com funções específicas, além do Corpo Docente e do Corpo Discente. O Núcleo de Direção constitui o centro executivo de planejamento, orga- nização, coordenação, avaliação e integração de todas as atividades desenvolvidas no âmbito da unidade escolar, sendo integrado pelo diretor da escola e o vice-diretor. Ao Núcleo Técni-

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“São critérios para adesão ao Projeto: 1- espaço físico compatível com o número de alunos e salas de aula para funcionamento em período integral e 2 - intenção expressa da comunidade escolar em aderir ao Projeto, ouvido o Conselho de Escola.” (Resolução SE nº. 89/ 2005, artigo 3º, parágrafo úni- co).

co-Pedagógico cabe proporcionar apoio técnico aos professores e alunos, na elaboração, de- senvolvimento e avaliação da proposta pedagógica, a coordenação pedagógica do processo educacional e, também, a supervisão de estágios. Ao Núcleo Administrativo cabe dar apoio ao processo educacional através de atividades relativas à vida funcional do corpo docente e pes- soal técnico-administrativo, documentação e escrituração escolar, registro de bens patrimoni- ais, registro e controle de recursos financeiros, além de outros igualmente importantes para o bom funcionamento da instituição escolar. E, por último, o Núcleo Operacional também com função de apoio a atividades complementares, tais como: zeladoria, vigilância e atendimento aos alunos, limpeza, manutenção e conservação de áreas interna e externa do prédio, conser- vação e preparo da merenda escolar, além de outras. Assim, com atribuições bastante diferen- ciadas, porém, todas voltadas para o desenvolvimento do processo educacional, cada um tem uma história diferente para ser escrita.

Durante o período abrangido por este estudo (2003 – 2006), a direção da escola esteve sob a responsabilidade da mesma diretora, cabendo a esta a presidência do Conselho de Esco- la.