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A escolha das células tronco mesenquimais da gordura

Grupo 7 neurorrafia, fáscia, gel de plaquetas e células-tronco, previamente manipuladas A neurorrafia foi envolvida por gel de plaquetas

H) Razão G: relação entre o diâmetro do axônio/ diâmetro da fibra nervosa no nervo fibular comum, no segmento N1.

4.3 A escolha das células tronco mesenquimais da gordura

Embora a maioria das pesquisas tenha estudado a influência das células- tronco derivadas da medula óssea na regeneração nervosa periférica (Martins & Siqueira, 2005; Braga-Silva et al., 2006; Lopes et al., 2006; Chen et al., 2006; Chen et al., 2007; Colomé et al., 2008; Walsh & Midha, 2009; Catarozzi et al., 2015) as células-tronco mesenquimais derivadas do tecido adiposo também têm sido fonte de interesse crescente da literatura atual (Zuk et al., 2001; Covas, 2006; Yarak & Okamoto, 2010; Erba et al., 2010; Tsuji et al., 2014).

O tecido adiposo é de fácil acesso e abundante no corpo humano. As células- tronco mesenquimais do tecido adiposo têm potencial de transdiferenciação em célula tipo Schwann ou potencial em auxiliar na regeneração nervosa periférica por outros mecanismos conforme comprovado pela literatura atual (Martins & Siqueira, 2005; Covas et al., 1006; Walsh & Midha, 2009; Yarak & Okamoto, 2010; Erba et al., 2010; Salibian et al., 2013; Hundepool et al., 2014; Tsuji et al., 2014).

Yarak & Okamoto (2010), em revisão da literatura, afirmaram que a frequência de células-tronco no tecido adiposo excede a frequência das células- tronco mesenquimais no estroma medular e que a taxa de proliferação celular das células-tronco mesenquimais da gordura é maior do que a taxa de proliferação das células-tronco mesenquimais da medula óssea. Os autores também afirmam que por meio de lipoaspirado pode-se obter de 2 a 6X108 células em 300ml de tecido

adiposo. Ou seja, a gordura é uma fonte de fácil acesso, com número abundante de células-tronco que por sua vez apresentam taxa elevada de proliferação. Essas afirmações suportam a escolha de usar células-tronco não cultivadas do tecido adiposo na regeneração nervosa periférica no presente estudo.

As células-tronco da gordura foram colhidas da região inguinal do rato, por se tratar de local de fácil acesso, que danificou pouco tecido e permitiu a coleta de material suficiente. O número de células-tronco implantadas de 1X105 foi o menor

um animal. Considerou-se o menor número para que cada amostra fosse igual; garantindo-se um número mínimo possível em cada animal.

O número de células-tronco a ser usado em determinado experimento não está estabelecido na literatura. Em uma revisão de 14 estudos, Walsh e Midha (2009) encontraram estudos usando de 4X103 a 2X107 células-tronco, com pouca

explicação sobre a quantidade de células-tronco usadas.

Outros estudos sobre células-tronco na regeneração nervosa periférica mostram o uso de células-tronco de várias origens e quantidades: células-tronco mesenquimais derivadas da medula óssea, cultivadas e isoladas na proporção de 2X107 células/ml, com a implantação de 1X105 células por tubo de silicone, em

defeitos de nervo periférico em rato (Chen et al., 2006); células-tronco mesenquimais derivadas da medula óssea, não cultivadas, isoladas na proporção de 107 células/ml e implantadas em tubo de silicone que se interpôs em defeito de nervo

ciático em rato (Braga-Silva et al., 2006); células-tronco mesenquimais derivadas da medula óssea, cultivadas, isoladas e implantadas na proporção de 1X105 células-

tronco por animal colocadas em tubos de silicone em defeito de nervo periférico em ratos (Lopes et al., 2006); células-tronco mesenquimais derivadas do líquido amniótico, usadas na proporção de 105 células/ml, em que se injetou 50µl desse

concentrado de células-tronco derivadas do líquido amniótico em 100µl de gel de plaquetas dentro de um tubo de celulose de 5 mm interposto em secção de nervo ciático, em ratos (Pan et al., 2006); células-tronco mesenquimais derivadas da medula óssea, implantadas em tubos de silicone para corrigir defeitos de 15mm do nervo ciático em rato na proporção de 1X106 células por animal (Chen et al., 2007);

células-tronco mesenquimais derivadas da medula óssea, cultivadas, diferenciadas em células de Schwann e injetadas em tubo de silicone de 10mm interposto em defeito do nervo ciático em ratos na proporção de 1-2 X107 células-tronco por rato

(Shimizu et al. 2007); células-tronco mesenquimais derivadas da medula óssea, não cultivadas, implantadas em tubos de silicone, em defeitos de 5mm do nervo tibial em coelho na proporção de 1X106 células por coelho (Colomé et al., 2008); células-

tronco mesenquimais derivadas de tecido adiposo, cultivadas e injetadas em tubo de veia interposto em defeito de nervo periférico, na concentração de 5X106 por animal

O experimento aqui desenvolvido (células-tronco do tecido adiposo na neurorrafia látero-terminal) é condizente com a literatura atual quanto à concentração de células-tronco usadas e vale ressaltar a observação de Walsh e Midha (2009): segundo os autores talvez uma grande concentração de células- tronco implantadas em determinado local gere competição entre as células-tronco transplantadas quanto ao espaço e recursos de sobrevivência no local onde foram implantadas.

Em cirurgias para correção de lesões nervosas periféricas o tempo é sempre crucial. Quando indicada a necessidade, a neurorrafia deve ser feita o mais precocemente possível (Ballance, 1903; Jiao et al., 2009; Lundborg & Sweden, 2000). Portanto esse modelo usou células-tronco não cultivadas, simulando uma situação de trauma agudo de nervo periférico com correção o mais precoce possível.

Levou-se em consideração que são células disponíveis em grande quantidade no humano e de fácil obtenção, que em uma condição real de trauma agudo, poderíamos obter grande quantidade de células-tronco mesenquimais derivadas da gordura autóloga e sem necessidade de cultura.

Outro fator relacionado à cultura de células-tronco é a maior chance de teratogenicidade pela manipulação e pelas diversas passagens das células (Shimizu et al., 2007). Infelizmente a dissociação mecânica, tentada durante o projeto piloto, mostrou-se ineficaz em fornecer um número de células-tronco satisfatório. A colagenase foi usada na dissociação do tecido e assim pode-se conseguir uma média maior de células-tronco. Infelizmente o uso da colagenase no processo de dissociação das células também aumenta a chance de teratogenicidade.

É importante lembrar que nos Estados Unidos da América as células-tronco removidas de tecido adiposo de humano (para uso autólogo) foram consideradas “droga” e, portanto, deverão estar sob as normas regulatórias da “Food and Drug Administration” devido ao uso da colagenase na manipulação dessas células-tronco (Salibian et al., 2013). Concluímos assim que a possibilidade de não usar a colagenase certamente diminuiria o risco de teratogenicidade futura.

Em estudos posteriores, com o aprimoramento da dissociação mecânica das células do tecido adiposo, talvez seja possível o uso de células-tronco em maior número.

Usou-se os 3 critérios para a confirmação de características de células-tronco mesenquimais das células implantadas, em conformidade com a recomendação mínima encontrada na literatura pelo “Mesenchymal and Tissue Stem Cell Committee of the International Society for Cellular Therapy” (Gratama et al., 1998; Cova et al., 2006):

1. Capacidade dessas células de aderência ao plástico.