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4. Apresentação do material de análise

4.3. A estrutura da missa e do culto: comparação

Quanto à estrutura da Missa da igreja Católica e do Culto da Assembleia de Deus, observamos pontos comuns e pontos divergentes.

A Missa possui uma duração menor (aproximadamente, uma hora e treze minutos) em relação ao Culto (duas horas e três minutos, aproximadamente).

A Missa é iniciada com um comentarista (pessoa que pertence à equipe de liturgia, grupo responsável pelas leituras da celebração) dizendo as intenções da celebração e o que se celebra, já o Culto assembleiano é iniciado por um diácono que saúda os presentes.

Na Missa, há um “Canto de Entrada”, o qual ocorre durante a caminhada do padre e dos ministros ao altar. Isso não acontece no Culto da Assembleia de Deus. O diácono se posiciona no altar minutos antes do culto se iniciar. Ele introduz o culto

cumprimentando os fieis primeiramente, e logo em seguida faz uma oração pelo pregador da noite, pelos louvores. Já o padre, invoca a Santíssima Trindade fazendo, posteriormente, o cumprimento e a apresentação do tema da missa.

O Culto se segue com cânticos de louvor, leitura da Bíblia, oração de intercessão (na Missa ocorreu no início) e já sob o “comando” do líder de louvor, o qual chama os fieis para louvarem o nome de Jesus, mais três cantos. Tem-se aí o momento de Louvor.

A Missa segue-se com o “Ato Penitencial” – o padre chama a assembleia a confessar seus pecados a Deus. No Culto da Assembleia de Deus, há um momento equivalente a este – Confissão dos pecados – aqui o diácono também convida os fieis a confessarem seus pecados a Deus. Tanto na Missa quanto no Culto há louvor após a confissão dos pecados. Na Missa foi recitado, enquanto no Culto, foi cantado. O louvor do Culto é mais extenso que na missa. Enquanto, no Culto, ocorrem 5 cantos que louvam o nome de Jesus, no momento de Louvor; na Missa ocorre um louvor, o qual foi recitado.

Na igreja Assembleia de Deus há um líder de louvor que mantém uma interação com os fieis: convida-os para louvar e adorar Jesus; interroga-os; conversa sobre os cantos. A igreja Católica tem um coral que canta com o público o hino de louvor, mas aquele não convida esta para cantar; não a interroga, ou seja, o coral da igreja Católica não solicita a participação efetiva dos fieis.

Na Missa, o padre ou o comentarista não buscam tanto a participação/interação do fiel na Celebração. Já no Culto, o pastor ou outro participante (diáconos, presbíteros e jovens) que está conduzindo a Celebração busca mais a participação/interação do fiel: “Quantos mais querem, carecem das orações? Dêem um sinal com as vossas mãos.” (Momento de Louvor); “Cumprimento a igreja com a paz do Senhor. Amém?” (Momento dos Testemunhos).

Depois que termina o “Hino de Louvor”, tem-se na Missa a “Oração Coleta” – aqui são anunciadas as intenções (na Missa gravada foram ditas no início da Celebração) da Celebração e em seguida o padre ora por elas. No Culto, a oração de intercessão é realizada no momento de Louvor pelo pastor, após a Leitura da Bíblia. Os fieis da igreja da Assembleia de Deus participam mais da oração que os da igreja Católica. Estes somente respondem “Amém!” quando o padre finaliza a oração. Aqueles não só apresentam tal resposta como também dizem “Aleluia!”; “Glória a Deus!” durante a oração. As falas, na Missa, são marcadas; já no Culto, elas são, majoritariamente, espontâneas.

Na Missa, ao finalizar a “Oração Coleta”, proclama-se a “Primeira Leitura” que geralmente é retirada do Antigo Testamento, mas existem missas que colocam textos do Novo Testamento, como foi o caso da Missa gravada – a “Primeira Leitura” era do Livro dos Atos dos Apóstolos. No Culto, é feita a leitura da Bíblia (Tiago 4, 1-10) no primeiro momento (Louvor) por um diácono, que alterna os versículos com um integrante do grupo da Mocidade e a assembleia. Após a “Primeira Leitura”, dá-se o “Salmo Responsorial”, cujo refrão foi cantado. Sucedendo o “Salmo Responsorial”, ocorre uma “Segunda Leitura”. Em geral, ela é de um livro do Novo Testamento. Posteriormente, há a “Monição para o Evangelho” (na Missa gravada não ocorreu), o “Canto de Aclamação ao Evangelho” e a “Proclamação do Evangelho” – quando o padre faz uma leitura de uma parte do Novo Testamento. Dentre essas três partes, só há correspondente para a “Proclamação do Evangelho”, que, no Culto, antes do início da Pregação, o pregador lê uma passagem (do Antigo Testamento) da Bíblia e em seguida faz a Pregação, o que na Missa se denomina “Homilia”. A Homilia e a Pregação se assemelham. Tanto o padre quanto o pastor (no Culto gravado foi um jovem que pregou), de pé, comentam as leituras e defendem algumas teses/posições. Os fieis das duas igrejas permanecem sentados neste instante do Culto e da Missa.

Na Missa, leram-se três passagens de Livros distintos do Novo Testamento e se cantou uma do Antigo. Ao passo que no culto da Assembleia de Deus, leram-se uma passagem do Novo Testamento (mais precisamente Livro de Tiago) e cinco passagens de Livros diferentes do Antigo Testamento (Isaías, Gênesis, Salmos, Reis, Provérbios). Na Missa, as passagens escolhidas do Novo Testamento são lidas por duas comentaristas (na Liturgia da Palavra) e pelo padre (na Proclamação do Evangelho); o trecho do Antigo Testamento (Salmos) selecionado é, em parte, recitado por uma comentarista e, outra parte, cantado pelo coral. No Culto, a leitura do trecho escolhido do Novo Testamento é feita, alternadamente, por diácono e jovem e fieis (no Momento de Louvor) e as leituras selecionadas do Antigo Testamento são realizadas por jovens em seus testemunhos e também pelo pregador da noite.

Terminada a Homilia, o padre inicia o “Credo” e logo todos o proferem. No Culto da Assembleia tal oração não é rezada, assim como a “Oração dos Fieis” que sucede o “Credo”.

A “Oração dos Fieis” é a última subdivisão da Liturgia da Palavra (segunda parte da Missa). Então a Missa prossegue-se com a Liturgia Eucarística. Primeiramente, há a “Preparação das Oferendas” – momento em que o altar é preparado para receber o

pão e o vinho. No Culto, não há uma parte que corresponderia a esse momento. Excetuando o “Ofertório” (na missa e no culto ocorre com canto), os ritos que ocorrem durante a “Preparação das Oferendas” não se verificam no culto da Assembleia de Deus. A segunda parte da Liturgia Eucarística é a “Oração Eucarística” ou “Anáfora”, a qual é composta por Diálogo; Prefácio; Santo; Invocação do Espírito Santo; Narrativa da

Ceia; Consagração do pão e do vinho; Eis o Mistério da Fé!; Lembrança da Morte e Ressurreição de Jesus; e Ato de Louvor. Esta parte e a seguinte (Rito da Comunhão),

exceto o momento “Saudação da Paz” do Rito da Comunhão, também não têm correspondentes no Culto da Assembleia. No Rito da Comunhão, após a oração do Pai- Nosso, o padre ora pela paz – “Senhor Jesus Cristo, dissestes aos vossos apóstolos (...)” – oração preestabelecida seguida também de resposta já prevista – “Amém.”. No entanto, em seguida, espontaneamente diz “Então, como prova da nossa fraternidade, da nossa união, nós vamos, em silêncio, sem sair dos lugares, cumprimentar quem está perto de nós” para cada um cumprimentar o outro com a “Paz do Senhor!”. No Culto, o diácono também diz “Vira para o seu irmão do lado e dá a ele a paz do Senhor!”, para o fiel cumprimentar o “irmão do lado”. No Culto, além de dar a “Paz do Senhor!”, o diácono diz para cada um elogiar “Você está muito bonito hoje!” a pessoa que está ao lado. Notamos então que o padre se vale de uma oração preestabelecida, mas também produz fala espontânea. Já o pastor não utiliza oração preestabelecida, sendo, por conseguinte, mais espontâneo. Percebemos ainda que esse momento na Missa é contido, enquanto no Culto é mais livre.

Na última parte da Missa gravada, houve uma coroação (por ser mês de maio), seguida da saudação, bênção final, despedida e canto final. No final do Culto, verificamos somente a bênção como ponto comum.

Ainda podemos ressaltar alguns momentos do Culto da Assembleia de Deus que não notamos na missa: no momento dos Testemunhos, há os testemunhos (jovens falam o que Deus está fazendo em suas vidas); o cumprimento aos visitantes, oração pelo ouvinte que segue o culto pela rádio; no momento da Pregação da Palavra, ocorre a oração pelo pregador; o apelo; oração por aqueles que aceitaram Jesus e oração de agradecimento.

Vale ressaltar um aspecto sobre as orações, as quais estão muito presentes tanto no Missa quanto no Culto. Elas são mais espontâneas no Culto que na Missa, onde temos “formas litúrgicas”, orações preestabelecidas. O padre faz poucas alterações nessas formas.

O quadro abaixo reúne os momentos da Missa e do Culto que teriam objetivos semelhantes.

Missa Culto Objetivo

Acolhida e Saudação Saudação Acolher e saudar os

presentes.

Ato Penitencial Confissão dos pecados Pedir perdão a Deus pelos

pecados.

Hino de Louvor Cântico após a confissão Agradecimento a Deus pelo

perdão recebido.

Oração Coleta Oração de intercessão Orar por aqueles que

necessitam de algo.

Proclamação da 1ª Leitura Leitura da Bíblia Ler e refletir sobre a

passagem bíblica.

Proclamação do Evangelho Leitura da Bíblia (antecede a

Pregação)

Ler e refletir sobre a passagem bíblica.

Homilia Pregação da Palavra Levar a “mensagem” de Deus

aos fieis.

Ofertório Momento das Ofertas Ofertar ao Senhor.

Saudação da Paz “Paz do Senhor!” Cumprimentar um ao outro

com a Paz do Senhor.

Bênção Final Bênção Apostólica Abençoar os fieis.

QUADRO 5

5. ANÁLISE DA HOMILIA E DA PREGAÇÃO DA PALAVRA

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