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A evolução da internacionalização das fontes de suprimento da empresa

4.2 DADOS DA ENTRADA E EXPANSÃO EM MERCADOS INTERNACIONAIS

4.2.18 A evolução da internacionalização das fontes de suprimento da empresa

A empresa importou maquinários, pela primeira vez, em 1934. Por volta de 1937, passou a fabricar chocolates e desde essa época importa máquinas e suas respectivas peças de reposição. Em um determinado momento, passou a importar matérias-primas, como frutas secas, da Argentina, não sabendo precisar a data.

Após abertura de mercado, começou a pesquisar alternativas de suprimento que atendessem a três requisitos básicos: primeiro, atender às especificações técnicas, como qualidade; segundo, ter uma composição de custos que melhorasse a composição final; e por último, melhorar a qualidade do produto final. O suprimento tinha que atender a pelo menos dois desses requisitos. Passou a importar diversos insumos. Segundo o diretor comercial, foi um trabalho importante, agregou valor ao negócio e gerou lucro. A importação chegou a R$ 12 e 15 milhões, em 1992 e 1993.

A partir da abertura de mercado, a Garoto passou a ter uma política mais voltada à importação. Em 1994 e 1995, a empresa foi procurada por produtores de leite da Nova Zelândia e passou a importar leite. A partir dessa época, passou a intensificar as importações. No período do Plano Real, importou diversos produtos como banana, leite, cacau.

Atualmente, reduziu, significativamente, a pauta de itens importados, buscando no mercado externo apenas produtos que não tenham similares nacionais ou que seu custo seja significativamente menor. As exceções são alguns itens que a empresa não consegue adquirir

no Brasil, por não atenderem suas especificações. Por uma questão de segurança, cerca de 30% da quantidade dos itens importados são adquiridos no mercado local.

As três principais matérias-primas da empresa: leite, cacau e açúcar, em sua maioria são adquiridos, no mercado interno. Nunca importou açúcar. A maioria do cacau é comprado na Bahia, entretanto, parte dele é importado em função do Brasil não ser auto-suficiente. A aquisição de leite em pó é concentrada no Brasil, entretanto, em determinadas épocas, importa porque os fornecedores abrem mão da venda do leite em pó por ser mais vantajoso comercializarem o leite in natura. Atualmente, importa itens tradicionais, equipamentos e peças. O percentual de importação em relação à matéria-prima nacional é pequeno. O gasto com importações de matéria-prima soma R$ 20 a 25 milhões, por ano, e gira em torno de 30% do total de matéria-prima consumida.

Na busca de fonte de suprimento, não há diferenciação quanto à matéria-prima ser para produção direcionada para o mercado interno ou externo. No processo de compra de insumos, a aquisição é feita para o global da empresa e, em momento algum, considera a exportação. Segundo a gerente de importação, a exportação ainda não tem prioridade nos negócios da empresa.

Atualmente, a empresa não está utilizando o drawback por questões burocráticas com a Secex/MDIC, originada de uma negligência da empresa, mas pretende continuar utilizando. Os únicos benefícios que utiliza, normalmente, no processo de internacionalização são o drawback, o ex-tarifárico e o Fundap, que é um incentivo ao comércio exterior do Espírito Santo. Esses mecanismos são complexos e a empresa só tem duas pessoas para atuar na parte operacional da documentação. Segundo a Gerente de Importação, a empresa pode estar deixando de ser competitiva por esses entraves.

Em relação ao comprometimento da administração na importação, a Garoto é aberta à importação desde sua origem. É intrínseco para a empresa a credibilidade do produto importado. Entretanto, a área de importação tem buscado desenvolver mais insumos no Brasil, porque o processo de importação é complexo e pode onerar o produto. Não pelo custo, que, normalmente, é mais competitivo do que o produto brasileiro, mesmo depois de todo o trâmite, mas pelo volume de mercadoria a ser adquirido de uma só vez em função da disponibilidade do produto e custo.

Uma das vantagens é que se pode comprar com prazos dilatados, entretanto, para ficar menos vulnerável, a empresa tem reduzido os prazos para 180 a 150 dias. Outro aspecto a ser observado é que a programação é difícil de ser concretizada porque o mercado interno oscila muito, em função das condições econômicas. Em contrapartida, a empresa não pode adquirir grandes quantidades de determinadas mercadorias que necessitam de refrigeração, pois câmaras frigoríficas têm que estar disponíveis para diversas matérias- primas. É avaliada a relação custo-benefício na tomada de decisão de compra.

Apesar dos insumos importados terem excelente qualidade em comparação com os nacionais, a área de importação está orientando que a área de pesquisa e desenvolvimento privilegie o fornecimento local.

A empresa busca fornecedores que atendam seus requisitos. Eles têm um nível de exigências elevado. A Garoto procura estabelecer parcerias com seus fornecedores inclusive em nível de exclusividade, como exemplo, a Cargill, que fornece o cacau, chegando a suprir cerca de 50% a 60% da demanda da empresa. Existe um sistema de controle de qualidade de fornecedores que avalia o fornecedor na íntegra, periodicamente, julgando sua eficiência.

O desenvolvimento de um fornecedor local é complicado sob diversos aspectos. Uma das grandes barreiras no Brasil é a visão imediatista de obter retorno em curto prazo que o estrangeiro não tem. Segundo a gerente de importação, a empresa acredita que deve buscar fornecedores internos para produtos que existem localmente e fornecedores externos para os que não existem.

Atualmente, a Garoto importa diversos produtos: cartuchos, trigo, soro, avelã, gorduras, coco, ameixa, banana, cookies, vanilina, brinquedos, buteroil entre outros.

Observa-se que, historicamente, a empresa sempre buscou as melhores tecnologias para produção de seus produtos e muitas dessas tecnologias originavam-se de países mais desenvolvidos, principalmente em relação a bens de capital.

No período após abertura de mercado, a empresa evoluiu significativamente suas fontes de suprimento, através da busca de melhores mercadorias e menor preço no mercado mundial.

Atualmente, a empresa está utilizando uma estratégia um pouco diferenciada. Voltou a direcionar suas fontes de suprimento para o mercado interno, em função de alguns fatores, como dificuldade de programação pela oscilação do mercado interno.

Entretanto, para que a empresa possa atuar de forma eficiente no mercado interno, há que se analisar todas as fontes possíveis que possam tornar o produto mais competitivo em relação a seus maiores concorrentes atuais e futuros. As empresas devem estar preparadas para uma abertura cada vez maior da economia, em face dos acordos que o Brasil vem estabelecendo como a ALCA.

Para atuação no mercado externo, é fundamental encontrar as melhores fontes de suprimentos que permitam dispor de produtos e preços competitivos. A utilização do drawback permite redução significativa no custo da exportação.

Registra-se que a empresa poderia ter utilizado há muito tempo, de forma direta, o incentivo do FUNDAP, entretanto, o fazia através de uma empresa fundapiana externa. Apenas recentemente, a empresa tornou-se fundapiana e passou a utilizar diretamente os benefícios.

Cabe à empresa aprofundar estudos verificando se uma maior internacionalização das fontes não poderia gerar benefícios significativos, tanto para o mercado interno como para o mercado externo.