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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.4 A EXPERIMENTAÇÃO ATRAVÉS DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS

O Ensino das Ciências Naturais não é uma tarefa fácil. Há diversas críticas a respeito e sabe-se que a falta de interdisciplinaridade, e a falta de relação dos conceitos com o cotidiano são os principais motivos para este descontentamento, além do próprio grau de dificuldade dos conteúdos que gera uma hostilidade nos alunos.

Como mencionado anteriormente, muitos docentes expõem suas aulas de forma estritamente teórica, fazendo com que o aluno seja um objeto passivo da aprendizagem. Segundo Guimarães (2009), quando o conhecimento não se relaciona com os conhecimentos prévios construídos ao longo da vida do aluno, a aprendizagem não se torna significativa. Uma estratégia que pode ser adotada para tornar as aulas mais dinâmicas e interessantes é a experimentação, embora ela seja

apenas uma das muitas alternativas possíveis para que ocorra uma aprendizagem significativa.

A experimentação não pode ser vista como uma aula onde os alunos seguem um roteiro, ela deve ser associada à resolução de problemas para despertar o interesse dos alunos, onde estes serão objetos ativos pensantes que buscam respostas e estratégias para resolver o que foi solicitado.

De acordo com Reginaldo, et al. (2012, p.7):

É responsabilidade do professor perceber a importância do processo de planejamento e elaboração de registros relativos à atividade experimental proposta, e assim buscar a incorporação de tecnologias, estimulando a emissão de hipóteses como atividade central da investigação científica e mostrando a importância da discussão das hipóteses construídas durante a realização da atividade.

Assim, a atividade experimental no ensino tem a necessidade de ser contextualizada, planejada de acordo com o ambiente e público a ser atendido, além de ocorrer de maneira investigativa, para que os estudantes sejam instigados a colocar seus questionamentos, discutir e formular hipóteses para os fenômenos apresentados. A abordagem da experimentação exige uma preparação prévia do professor, onde ele deve selecionar com cuidado o que será executado. É imprescindível que se deixe claro os objetivos do experimento para que o aluno não realize uma técnica sem significado. (AZEVEDO, 2004).

A Experimentação, como qualquer outra metodologia de ensino, tem seus pontos fracos, e de acordo com Giani (2010, p.34):

[...] muitas críticas são feitas às diversas formas de sua aplicação no Ensino de Ciências em geral. Como exemplo destacamos as concepções simplistas de muitos colegas sobre o potencial pedagógico desse tipo de trabalho; dicotomia entre teoria e prática; falta de equipamentos adequados; problemas na formação inicial e continuada de professores.

Por isso, ao planejar uma atividade experimental, o professor deve levar em considerações esses pontos citados por Giani (2010) e tentar contorna-los, trazendo a atividade para a realidade da escola, do corpo docente e dos alunos.

De acordo com Silva e Zanon (2000), a teoria deve estar sempre relacionada com a prática, sendo contextualizada, investigada, questionada, e o experimento deve sempre retomar os conhecimentos adquiridos. A prática de reflexão após a

atividade tem um caráter extremamente importante, pois é através desse exercício que o aluno terá a oportunidade de relacionar a atividade em laboratório com o que foi aprendido em sala de aula, é nesse momento que o aluno irá associar o que ele já sabia com o que foi experimentado, e assim consolidar seu conhecimento sobre determinado assunto.

As práticas experimentais desenvolvem um melhoramento na compreensão dos conceitos, no aprimoramento de habilidades, facilitam a expressão seja na forma escrita ou oral, ajudam o aluno a trabalhar em equipe desenvolvendo as relações interpessoais. É através desta metodologia que o professor tem a oportunidade de provar que as atividades práticas, quando bem empregadas e planejadas, podem ultrapassar as expectativas e deixar de ser uma simples ilustração teórica.

Giani (2010) sinaliza que “não deveria haver distinção entre sala de aula e laboratório, uma vez que, diante de um problema, o estudante deve fazer mais do que simples observações e medidas experimentais, pois as possíveis hipóteses por eles criadas, na tentativa de solucionar o problema, deveriam ser discutidas com o objetivo de se avaliar a pertinência, a viabilidade e, se for o caso, propor procedimentos que possam verificar as diferentes propostas de solução”, ou seja deve-se empregar teoria e prática como um processo único que proporciona aprendizagem de conceitos científicos e aprimoramento intelectual, onde o aluno experimenta, busca, pesquisa e cria.

A Experimentação é uma metodologia usada para demonstrar e reiterar os conceitos trabalhados em sala de aula, porém ao utilizar a experimentação associada a resolução de problemas torna-se a ação do educando mais ativa. Para isso acontecer, é fundamental desafiar o aluno com problemas da sua realidade (SALESSE, 2012) e fazer com que ele busque propostas de solução a partir de pesquisas.

Uma atividade de caráter investigativo demanda do aluno a tomada de decisões sobre qual será o melhor caminho para a resolução de problemas, ou seja, é um processo de reflexão e raciocínio, que faz o aluno identificar o problema, pensar em métodos de desenvolvimento e resolução, para assim, ao final chegar a conclusões sobre o que foi feito ou observado. (SILVA, 2016)

A utilização da investigação nos leva a resultados imprevisíveis, como os obtidos em uma atividade de verificação. O professor questiona e motiva os alunos a concluir sobre os fenômenos observados (WILSEK, TOSIN, 2012), mas a resposta que o aluno irá construir ou buscar depende do seu próprio raciocínio e visão.

Para Silva (2016), para que uma atividade experimental apresente uma abordagem investigativa, ela deve apresentar as seguintes características apresentadas no Quadro 3:

Quadro 3: Características de uma atividade experimental Ser guiada a partir de um problema levantado;

Ter o envolvimento dos alunos nas elaborações e testes de hipóteses experimentais;

Propiciar que os alunos coletem e analisem os dados; Motivar os alunos a explicar a partir de evidências;

Discussão das ideias entre os alunos, com o auxílio do professor como orientador das discussões.

Fonte: Silva, 2016.

Quando se tem um problema bem definido que motiva os alunos a buscarem a sua solução, a partir de pesquisas e levantamento de hipóteses que geram discussões, se tem uma atividade investigativa.

Taha (2016, p.14) no diz que:

Para o primeiro momento o professor deve apresentar as situações com admissão a um conhecimento teórico que permite fazer problematizações através de questionamentos. No segundo momento o aluno precisa organizar o conhecimento através de registros, para utilizar o último momento analisando e interpretando o conhecimento. Nesse momento é necessário fazer uso da reflexão e criticidade aos resultados da experimentação para que possa ser discutida e avaliada no grupo, possibilitando uma leitura do fenômeno estudado.

Assim, a Resolução de Problemas é o principal fator para tornar a experimentação uma prática com sentido e de qualidade. É investigando possíveis soluções de um problema que o aluno vai buscar informações, analisar, interpretar e fazer críticas sobre sua própria pesquisa, e em discussões terá a oportunidade de mostrar o que aprendeu. O ensino baseado na solução de problemas pressupõe

promover nos alunos o domínio de procedimentos, assim como a utilização dos conhecimentos disponíveis, para dar resposta a situações variáveis e diferentes (POZO, ECHEVERRÍA, 1988).