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A Faculdade Teológica Batista de São Paulo no ano de 1999

A oficialização do curso de Teologia é uma realidade que a FTBSP já buscava em seus primórdios. As primeiras turmas já apontaram isso no final dos anos 50. Em 1970, com o Decreto lei 1051, novamente o tema da oficialização está registrado em documentos. Por fim, no ano de 1999, a possibilidade de oficialização surge como algo concreto de se alcançar, com o Parecer CES 241/9997, que será analisado abaixo.

A situação na instituição, no ano de 1999, é a seguinte: o Diretor desde 1997 é Lourenço Stelio Rega. Na função de deão está Itamir Neves de Souza, que atua até o final do 1º semestre do ano de 1999. A partir do final de junho, assume a deania Elton de Oliveira Nunes.

Em relação à mantenedora, inicialmente recebeu suporte da Junta do Colégio Batista Brasileiro; em 1965, foi criada a Junta Administrativa da Faculdade Teológica Batista de São Paulo; em 1969, foi criada a Junta de Educação Teológica – JET, em 1993, foi criado o Conselho de Educação Teológica e Ministerial – CETM; em 2003,

96 A existência da Capela de Olinda, erguida por Duarte da Costa em 1551, tem sido aceita por

historiadores como um centro educacional desde sua fundação. Quando houve o incêndio, em 1630, pelos holandeses, foi destruída e reerguida perto de 1661. Mais tarde também sofreu revezes com a expulsão dos jesuítas. Mas, somente em 1800, com o bispo Azeredo Coutinho, é instalado um curso considerado de nível superior. Para mais informações: http://www.pedagogiaemfoco.pro.br e ALVES. Gilberto Luiz. O Pensamento burguês no Seminário de Olinda (1800 a 1836) Ibitinga : Humanidades, 1993.

é criado o Conselho Batista de Administração Teológica e Ministerial de São Paulo – CBA - por força de regulamentação para o MEC.

4.2.1 Mudanças a partir do Parecer CES 241/99

Sem dúvida o Parecer CES 241/99 trouxe uma série de mudanças na vida das instituições de Teologia de uma maneira geral. Rega (2011) narra algumas das decisões tomadas nessa ocasião informando que Clóvis Pinto de Castro, então reitor da Faculdade de Teologia da Igreja Metodista, chamou-o para um encontro com diretores de instituições de Teologia, no qual apresentou o Parecer CES 241. Nesse encontro, estava presente Ulisses de Oliveira Panisset, então membro do Conselho Nacional de Educação – CNE - que narrou aos presentes o ‘trabalho nos bastidores’ da comissão que trabalhou na elaboração de tal documento. Após publicação no DOU, Rega chama Antonio Carlos Magalhães, professor do Programa de Pós graduação em Ciências da Religião da UMESP, para falar aos diretores e professores de instituições batistas, reunidos no encontro anual da ABIBET, na cidade de Manaus, no mês de julho de 2000, sobre o novo Parecer. Dessa forma, os batistas começaram a se inteirar dos processos de oficialização dos seus cursos de bacharelado em Teologia (REGA, 2011, p. 249).

Na FTBSP, a notícia é bem-recebida, os sentimentos são expressos pela alegria, temor e desafios. Alegria por ver realizado um sonho antigo; temor por não ter certeza do que estava por vir em relação à oficialização, bem como às mudanças que acarretariam esse processo; e desafios, porque a instituição inicia as providências para tal oficialização. Seguem as palavras de Rega, em seu relatório anual referente ao ano de 1999:

A partir da homologação do Parecer CES 241/99 pelo Ministro da Educação, ocorrida no mês de julho de 1999, estamos evidando todos os esforços para elaborar o Projeto Pedagógico para ser encaminhado ao MEC. Estamos revisando todo nosso sistema educativo de modo a aperfeiçoá-lo e atender às demandas de nossas igrejas e denominação, sem contudo nos esquecermos do preparo de nossos alunos para que possam saber conduzir suas igrejas por este revoltoso mar de tendências de virada de século e milênio. Depois de reconhecidos nossos cursos, os alunos poderão prosseguir seus estudos em quaisquer universidades e faculdades, sem necessidade de fazer nova graduação. Esta foi uma conquista que os seminários do Brasil conseguiram depois de muitos anos de espera, especialmente do ponto de vista dos

seminários filiados à ABIBET (RELATÓRIO DO DIRETOR DA FTBSP - LIVRO DO MENSGEIRO, 2000, p. 142).

Percebe-se certa inquietação quando da afirmativa “sem contudo nos

esquecermos do preparo de nossos alunos para que possam saber conduzir suas igrejas por este revoltoso mar de tendências de virada de século e milênio”. A intervenção do governo na tranquilidade e na organização das instituições era o fenômeno mais temido. Poderiam elas continuar com seus objetivos educacionais? Poderiam manter convicções e dogmas próprios de suas crenças e doutrinas? Quais seriam as exigências?

Uma das dificuldades que foram colocadas na entrevista com Rega diz respeito à formação pós-graduada no programa de Pós graduação em Ciências da religião da UMESP, realizada por alguns professores. Como já afirmado, na ausência de cursos oficializados com formação pós-graduada em Teologia, os professores procuraram outros cursos para conseguir uma titulação. Grande parte deles foi para o curso de Ciências da religião, na UMESP. Este fato, de procurar um curso, ainda que evangélico, mas com convicções voltadas por uma teologia ‘mais aberta’98, trouxe preocupação a algumas lideranças de São Paulo, bem como no

Brasil. Outros professores de instituições batistas filiadas à ABIBET também procuravam esse curso. Rega também expressa preocupação e assim se pronuncia:

... eu comecei a notar uma dificuldade, porque não era Ciências da Religião o curso de lá, era um curso na realidade misturado em Ciências da Religião e Teologia. Me preocupei porque eles tinham uma visão de uma Teologia Neo-ortordoxa, diferente da visão que nós tínhamos, de uma fundamentação bíblica. Comecei a alertar os professores. “Estudem, se preparem, mas não vão buscar sua fé lá.” [ ...] “vão lá aproveitem, valorizem os estudos, participem das aulas, mas tomem cuidado com isso, isso e aquilo ..”.

... Mas nesse período começou já surgir algumas dificuldades com o público externo da Faculdade. Que, alguns obstáculos e desafios que a gente estava enfrentando porque alguns professores de outras escolas acabaram se envolvendo com uma Teologia diferente da Teologia Batista e começaram a trazer estas dificuldades... (ENTREVISTA CONCEDIDA POR LOURENÇO STELIO REGA A PESQUISADORA NO DIA 27/04/2011)99.

98 Por uma teologia mais aberta entenda-se, entre outros pontos doutrinários, a Revelação das

escrituras não como “inspiradas” por Deus. Ainda que a UMESP não expusesse tais doutrinas em documentos institucionais, foram percebidas essas colocações nas entrevistas. 

Quando lhe foi perguntado se ele achava que esta situação dos preconceitos, em relação ao pessoal da UMESP, iria passar, ele respondeu:

... Eu acho que isso vai melhorar, porque eu acredito que o problema não seja exatamente esse [...]. quando a gente vai e explica, as pessoas dizem: “Ah, tá bom.” Voltam a falar, existem outras razões que não são essas propriamente.. eu falei: “Já estou cansado de publicar isso no livro do mensageiro, publicar em jornal da Convenção etc.”. E, o problema é outro, não é esse. Entendo o problema realmente pode ser atribuído a ciúmes, inveja a outras questões mais passionais do que propriamente estas racionais (ENTREVISTA CONCEDIDA POR LOURENÇO STELIO REGA À PESQUISADORA NO DIA 27/04/2011).

É certo que o intervalo de tempo em que os professores procuraram a UMESP e a realização desta entrevista ultrapassa dez anos. Entretanto, pelas respostas, é possível afirmar que a preocupação não é somente em relação aos professores que lá foram estudar, mas sim ao chamado ‘público externo’. As razões apontadas por Rega como ‘questões mais passionais’ só poderiam ser investigadas nesta pesquisa com outro referencial de análise. Parece, nas palavras de Rega, que a cobrança não atinge os professores tanto quanto a ele, como diretor:

... os professores nossos que ficaram lá, não tiveram problemas na parte de envolvimento com a denominação, mais aí conseguimos habilitação deles [...] dentro dos professores [...] havia ânimo, havia uma grande busca de estudar, nesse ponto que a escola deu uma decolada muito grande na área de estudo, pesquisa, busca para aperfeiçoamento (ENTREVISTA CONCEDIDA POR LOURENÇO STELIO REGA À PESQUISADORA NO DIA 27/04/2011).

Parece que essas questões não incomodavam e não traziam preocupação ao corpo docente, que se apresentava animado, estudando, preparando-se e buscando novas áreas de formação.

Deixando tais questões e dificuldades de aceitação desse novo momento ao

lado, internamente a instituição caminha em seu propósito de buscar a oficialização. Uma das primeiras providências na área jurídica foi constituir o Conselho Batista de Administração Teológica e Ministerial de São Paulo como ‘Pessoa jurídica,’ para se tornar de fato e de direito a mantenedora das instituições de ensino teológico a ele subordinadas, atendendo exigências legais para as mantenedoras (LIVRO DO MENSAGEIRO, 2000, p. 271). O ano de 2000 apresenta-se nos relatórios como o

ano de preparativos do Projeto Pedagógico, bem como de mudanças na área da didática e da organização dos planejamentos de ensino, o que foi expresso nas entrevistas com os professores atuais para essa investigação. Os cursos oficializados trazem exigências para a área acadêmica, que não constavam da rotina dos professores até então. Nesse sentido, a contribuição para uma atuação mais profissional do professor, a exemplo de outros cursos superiores no Brasil, é apontada pelos professores como algo positivo.

O Parecer CES 241/99 merece a partir desse momento algumas observações quanto ao seu conteúdo. Segue abaixo o texto, na íntegra.

PARECER CES 241/99 – RELATÓRIO DOS RELATORES

Introdução:

O ensino da Teologia nas universidades tem uma longa tradição, que remonta à própria origem destas instituições.

Na origem, a Teologia, constituída como uma análise efetuada pela razão sobre os preceitos da fé, estava estreitamente subordinada a uma única orientação religiosa – de início, o catolicismo. Depois da Reforma, as universidades protestantes desenvolveram seus próprios cursos teológicos. De uma forma ou de outra, os cursos estavam ligados à religião oficial do Estado.

A separação entre Igreja e Estado, estabelecida pela grande maioria dos regimes republicanos e pelas monarquias constitucionais, alterou esta situação, permitindo pluralidade de orientações teológicas. Isto, entretanto, não criou nenhum conflito com o Estado ou entre as diversas orientações religiosas, por não haver, na organização dos sistemas de ensino da quase totalidade desses países, a instituição de currículos mínimos ou de diretrizes curriculares.

Estabeleceu-se, desta forma, uma pluralidade de orientações.

No Brasil, a tradição de currículos mínimos ou, mais recentemente, de diretrizes curriculares nacionais, associada à questão da validade dos diplomas de ensino superior para fins de exercício profissional pode interferir no pluralismo religioso.

De fato, o estabelecimento de um currículo mínimo ou de diretrizes curriculares

oficiais nacionais pode constituir uma ingerência do Estado em questões de fé e ferir o princípio da separação entre Igreja e Estado. Talvez, inclusive, seja esta a razão pela qual os cursos de Teologia não se generalizaram nas universidades brasileiras, mas se localizaram preferencialmente nos seminários.

Em termos da autonomia acadêmica que a constituição assegura, não pode o

Estado impedir ou cercear a criação destes cursos. Por outro lado, devemos reconhecer que, em não se tratando de uma profissão regulamentada não há, de fato, nenhuma necessidade de estabelecer diretrizes curriculares que uniformizem o ensino desta área de conhecimento. Pode o Estado portanto, evitando a regulamentação do conteúdo do ensino, respeitar plenamente os

princípios da liberdade religiosa e da separação entre Igreja e Estado, permitindo a diversidade de orientações.

Algumas considerações devem ser feitas sobre o conteúdo dessa introdução dos relatores, que são importantes para a compreensão do documento. Ao mencionar os cursos de Teologia como de longa data, infere-se que os relatores reconhecem a contribuição que os cursos de Teologia trazem para a humanidade em geral. A questão da separação Igreja – Estado, legítima e constitucional, permite que as diversas formas de se abordar Teologia ganhem liberdade.

Entretanto, chama a atenção nesse documento a não exigência de currículos mínimos ou de diretrizes curriculares para os cursos de Teologia, uma vez que em cursos oficializados no Brasil, definir currículos mínimos é uma prática (DCNs). Para o sistema da Educação Brasileira, a obrigação dos currículos mínimos para esse curso é vista pelos relatores como uma possibilidade de ‘ingerência do estado’, quebrando assim uma liberdade religiosa garantida constitucionalmente. Outra lembrança interessante é que as Universidades Brasileiras Federais ou Estaduais não possuem cursos de Teologia como se vê em países na Europa e nos Estados Unidos. Entende-se que uma das razões para o não estabelecimento de diretrizes curriculares é a falta do ‘profissional teólogo’, que não existe como categoria, não sendo necessária assim uma direção uniformizada para sua formação. O Estado pode então respeitar “a liberdade religiosa” diante da “separação entre Igreja e Estado, permitindo as diversas orientações”. Tal argumento também pode ser compreendido por haver no Brasil um pluralismo religioso bastante característico do povo brasileiro. Coloca o texto ainda a questão da “autonomia acadêmica que a constituição assegura” fechando assim, o argumento de que o Estado não pode “impedir ou cercear a criação destes cursos” (PARECER CES 241/99).

Após essa parte inicial, o Parecer apresenta o ‘Voto dos relatores’, que consiste em quatro itens, a saber:

a) Os cursos de bacharelado em Teologia sejam de composição curricular livre, a critério de cada instituição, podendo obedecer a diferentes tradições religiosas.

b) Ressalvada a autonomia das universidades e Centros Universitários para a criação de cursos, os processos de autorização e reconhecimento obedeçam a critérios que considerem exclusivamente os requisitos formais relativos ao número de horas-aula ministradas, à qualificação do corpo docente e às condições de infraestrutura oferecidas.

c) O ingresso seja feito através de processo seletivo próprio da instituição, sendo pré-condição necessária para admissão a conclusão do ensino médio ou equivalente.

d) Os cursos de pós-graduação stricto ou lato sensu obedeçam às normas gerais para este nível de ensino, respeitada a liberdade curricular.

Diante da realidade da instituição em estudo observa-se algumas questões contidas no voto dos relatores que permitem alguns comentários agora e que posteriormente serão revisitados com novos elementos, a partir dos dados das entrevistas.

a) Os cursos de bacharelado em Teologia sejam de composição curricular livre, a critério de cada instituição, podendo obedecer a diferentes tradições religiosas.

Esse item coloca as instituições numa posição bastante confortável em relação à inquietação sobre a ingerência do governo nos assuntos da igreja. Se é possível manter uma composição curricular que atenda aos princípios doutrinários e dogmáticos das instituições de Teologia, não existem motivos para inquietações sobre esse assunto. Assegurada a confessionalidade da instituição, fica assegurada também sua natureza religiosa. Hoje, no Brasil, há cursos de Teologia das mais diversas naturezas e confissões religiosas, como católicas, protestantes, umbandistas, espíritas, messiânicas, etc.

Rega (2011)100, ainda falando sobre os momentos históricos e iniciais da oficialização do ensino teológico, aborda a discussão das DCNs para os cursos de Teologia. Narra um período vivido pelas instituições de Teologia no Brasil, chamado por ele de ‘turbulência’. Foi um período dos anos de 2009 e 2010, quando da promulgação dos Pareceres CNE/CES 118/2009 e CNE/CES 51/2010101. Esses documentos versam sobre a inclusão de ‘eixos norteadores’ para servirem como um ‘parâmetro’ na questão curricular. O Parecer 118/2009 surgiu na tentativa de dar alguma uniformidade ao currículo de Teologia. Neste Parecer, propõe-se que os cursos de Teologia observem seis ‘eixos norteadores’ para seus cursos: Eixo

100 Para aprofundamento vide capítulo 6 escrito por REGA, Lourenço Stelio Diretrizes curriculares

Nacionais para os cursos de graduação em Teologia: história e alguns critérios in OLIVEIRA, Pedro A Ribeiro de e MORI, Geraldo De. Religião e educação para a cidadania. São Paulo : Paulinas e Belo Horizonte: SOTER, 2011.

Filosófico, Eixo Metodológico, Eixo Histórico, Eixo Sociopolítico, Eixo linguístico e Eixo interdisciplinar.

A principal argumentação, nos dizeres dos relatores desse Parecer, é que algumas instituições, ao serem avaliadas, apresentavam uma composição curricular de caráter exclusivamente confessional. Tal fato contradiz a razão de ser de uma instituição de ensino superior, que se caracteriza como um lugar de produção de conhecimento, de pesquisa em que se comprove a característica acadêmica. As reações das instituições foram das mais diversas. Rega faz uma crítica ao Parecer 118/2009 afirmando que foi deixado de lado o eixo principal para a natureza desses cursos, que é o próprio campo da Teologia. Faltava um Eixo Teológico (REGA, 2011, p. 252-253). Reuniões com representantes do MEC e de diversas Instituições de Teologia no Brasil terminaram por incluir mudanças que estão descritas no Parecer 51/2010, que inclui mais um Eixo, compondo assim sete eixos norteadores: Eixo Teológico, Eixo Filosófico, Eixo Metodológico, Eixo Histórico-cultural, Eixo Sociopolítico, Eixo linguístico e Eixo interdisciplinar. A avaliação que se faz diante dessa mudança é que tais Eixos norteadores permitem a qualquer instituição com oferta de curso superior de Teologia, ter em sua matriz curricular a inserção de temas relativos aos diversos campos e áreas do saber Teológico, trazendo assim uma abertura ou um maior ‘leque’ de possibilidades na elaboração de disciplinas.

b) Ressalvada a autonomia das universidades e Centros Universitários para a criação de cursos, os processos de autorização e reconhecimento obedeçam a critérios que considerem exclusivamente os requisitos formais relativos ao número de horas-aula ministradas, à qualificação do corpo docente e às condições de infraestrutura oferecidas.

Em sua primeira parte, esse item apresenta um dos mais emblemáticos problemas em relação à oficialização e que diz respeito à qualificação docente. Para instituições de Teologia que durante anos criaram seus próprios critérios para escolha de professores, a qualificação docente que traz a exigência de formação pós-graduada passou a ser um alvo a alcançar. Para formação de um mestre, são necessários ao menos dois anos de estudo e pesquisa. Para se formar um doutor, mais quatro anos. Ao todo são necessários pelo menos seis anos. A FTBSP, em 1999, tinha 39 professores, dos quais seis tinham a titulação de mestre e um a

titulação de doutor. Havia 34 brasileiros e cinco americanos. Para os critérios de avaliação do MEC, havia três problemas nesse quesito: a quantidade de professores excedia em muito os critérios avaliativos; as titulações eram poucas, algumas realizadas em mestrados e doutorados não oficiais ou fora do Brasil; não havia professores de dedicação integral ou parcial. Buscar formação pós-graduada demandaria pelo menos dois anos, e nos relatórios lidos, a maioria dos professores começa a buscar curso de mestrado, nos anos de 2000 e 2001. Dessa forma, havia necessidade de enquadrar esse requisito ao corpo docente. Como fazer isso com um professor com mais de 10 ou 15 anos de magistério, lecionando com base em seu curso de Teologia, competente de fato, mas não habilitado? A transposição de professor ‘não habilitado’ para professor ‘habilitado’ é demorada, trabalhosa e representou a essa instituição não pouca luta. As entrevistas trazem dados discutidos no capítulo cinco que incluem preconceito e medo. Por outro lado, os professores apontam mudanças significativas em sua maneira de pensar e de agir, não somente com novas concepções de mundo e homem, mas como professores com diferentes posturas em relação ao conhecimento e às ações em sala de aula.

As condições de infraestrutura também tiveram de ser repensadas, principalmente no que diz respeito ao acesso de pessoas com deficiência, já que o projeto de construção, elaborado nos anos 60, não trazia tal exigência. Por essa razão, a biblioteca foi colocada no 4º andar do edifício, tendo a instituição de procurar uma solução para tal problema. Os requisitos formais relativos ao número horas/aula, não se apresentavam como um problema, visto que a instituição possuía uma carga horária condizente com quesitos avaliativos, porém, com um cálculo baseado em hora/aula de 45’, e não hora relógio de 60’. Somente depois da aprovação do Parecer CNE/CES 261/2006, que previa a hora/aula baseada em hora relógio, é que foi realizada uma adequação. Isto ocorreu por ocasião do pedido de reconhecimento.

c) O ingresso seja feito através de processo seletivo próprio da instituição, sendo pré-condição necessária para admissão a conclusão do ensino médio ou equivalente.

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