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A favelização e o setor habitacional de Macaé

9. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA

9.4 Análise dos resultados da pesquisa de campo

9.4.3 A favelização e o setor habitacional de Macaé

A pró xima categoria faz menção sobre a favelização e o setor habitacional de Macaé. Sobre esses temas os entrevistados apresentaram diversas visões.

Inicialmente, sobre o processo de favelização no município, o ex- Secretário de Obras e Urbanismo declara o seguinte:

Um dos pontos assim principais, por ser Macaé responsável pela exploração da produção de 82% do petróleo do país, isso atrai pessoas para cá. Muita gente [...] acha que Macaé é o Eldorado [...] e não falta trabalho para ninguém, e todo mundo vai conseguir emprego, essas coisas todas. Então, as pessoas vêm para cá e não é bem assim, porque aqui em Macaé o trabalho requer uma especialização.

O ex-Secretário de Obras e Urbanismo vai mais adiante ao afirmar que:

[...] muitas firmas vêm para Macaé nessa área de petróleo, com contratos e com muitas empregados, quando o contrato termina as firmas vão embora, o que pode acontecer? A maioria dos trabalhadores acaba ficando aqui em Macaé. Cria uma situação. Essas pessoas vão precisar de habitação, vão precisar de emprego, vão precisar de saúde, educação, tudo isso. Ao começa a gerar uma situação. O município está muito atento a essa questão da favelização, tanto que a prefeitura adquiriu, nos anos de 2002, 2003, 2004, principalmente 2003 e 2004, áreas para construção de casas populares.

Segundo o ex-Secretário, há um projeto por parte da Prefeitura Municipal de Macaé para a construção de cerca de 4.000 casas populares. No entanto,

isso pode gerar uma situação de entrada na cidade de um número maior de pessoas carentes, atraídas pela possibilidade de obterem moradias gratuitas, além de usufruírem dos serviços de qualidade nas áreas de saúde e educação prestados pelo município, declara o ex-Secretário:

Aqui em Macaé você não vê uma pessoa com uma receita médica na mão pedindo a você dinheiro para comprar remédio, por quê? Aqui existe uma farmácia municipal que atende às pessoas, basta a pessoa ir no posto médico, fazer a consulta, lá o médico faz o diagnóstico da doença dele, vê qual é o remédio que deve ser aplicado, dá a receita e ela vai lá na farmácia municipal e pega o remédio gratuitamente.

De acordo com a ex-Secretária de Educação, o contingente de pessoas que chegam à Macaé é tão grande, que na área educacional, na primeira gestão em 1997, em 100 dias de governo foram abertas mais de 200 salas de aula, devido à enorme demanda reprimida que havia por vagas, a fila de espera era muito grande. Segundo ela, o sistema de matrícula informatizado registra uma média de 50 a 60 pedidos por dia de matrículas.

O ex-Secretário de Obras e Urbanismo atribui o problema da favelização como sendo nacional, e para ser resolvido efetivamente o governo federal deveria implementar um plano habitacional em todo o território nacional. O ex- Secretário de Indústria, Comércio, Desenvolvimento e Energia corrobora com esse raciocínio e vai adiante ao afirmar que o problema da favelização deveria ser dividido entre as demais esferas de poder, estadual e federal, e ressalta que não há como impedir o ingresso de populações no município, em função do direito constitucional de ir e vir, o que se faz é tentar e vitar ocupações irregulares no município.

Já o ex-Vice-Prefeito relata que a questão de favelização em Macaé ficou mesmo em torno das invasões, citando, um bairro chamado Malvinas, que hoje está totalmente urbanizado, contando com uma estrutura, incluindo escola e

posto de saúde. No entanto, ele alerta que outras invasões ocorreram, mas muitas foram contidas por meio de ordens judiciais. O ex-Secretário de Saúde, a ex-Secretária de Educação e o ex-Secretário de Indústria, Comércio, Desenvolvimento e Energia comentam de invasões em terrenos estaduais, que, no entanto, na época não foram contidas por parte do Governo do Estado.

De acordo com o ex-Secretário de Indústria, Comércio, Desenvolvimento e Energia:

[...] próximo daqui, há uma invasão [...] à margem de uma rodovia estadual [...] Então, eu pergunto a você, por que razão? Por que o estado não vai lá e não intervem? Então, porque é proposital, será que aquilo ali é pra quê? É para chamar atenção? E pra se fazer um fato político? Será que os órgãos governamentais do estado não sabem? Então, de qualquer forma, eu acho que ainda temos tempo, [...] condições de entrelaçar, de discutir, onde, de procurar ter realmente mais amor.

Dentro desse tema, a ex-Secretária de Educação sentencia que nessas áreas ocupadas:

[...] não houve um projeto de urbanização e houve interferência de políticos fora de Macaé para que pudesse fazer aquela área, inclusive políticos que detinham um poder de governo do estado e que provocou uma invasão num espaço em que o município não está ainda tendo [...] a autonomia para interferir, realizando um trabalho de urbanização [...] Então, nós temos essa dificuldade de fazer [...] e acho que nós vamos lutar por um bom tempo para poder reprimir esses avanços.

Quanto ao setor habitacional de Macaé, o ex-Secretário de Saúde afirma que havia antigamente na cidade, residências simples alugadas com preços muito acima dos praticados no mercado, em razão da escassez imobiliária, fato que é ratificado pelos demais entrevistados. Segundo ele, há um grande número de construções na cidade, melhorando o mercado imobiliário e a oferta de imóveis na localidade.

Nota-se a preocupação comum, por parte dos entrevistados, com o crescimento do processo de favelização na cidade e todos apresentaram suas visões a respeito dessa temática. De fato, pode ser constatado o crescimento da favelização em Macaé, sendo os mais diversos fatores mencionados, mas o principal é que a cidade exerce uma grande atração em razão de seu crescimento, graças, principalmente, ao segmento petrolífero. Um grande número de pessoas chega ao município em busca de empregos e melhores oportunidades de vida, sendo que muitos desses indivíduos não dispõem de qualificação e não conseguem oportunidades e acabam se alojando nas favelas.

Ao longo da gestão passada foi feita a urbanização de diversas favelas, a distribuição de casas populares por parte da Prefeitura, porém, o número de pessoas que chegam sem condições de se estabelecerem é cada vez mais crescente, tornado um problema de difícil solução, por parte dos decisores, apesar de existirem, segundo relatos de alguns entrevistados, alguns projetos com relação à favelização em Macaé.

Outro aspecto, do setor habitacional em Macaé: para aqueles que possuem empregos e renda e vêm se estabelecer na cidade, está existindo a construção de diversos empreendimentos imobiliários, para alocar essa população. Porém, pode-se perceber que tanto o preço de aluguel quanto o de aquisição de imóveis na cidade é muito maior, comparando-se com os municípios contíguos.