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A figura da adjudicação nos processos de execução e nos de inventário e

CAPÍTULO VI: UM PERFIL DA RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA DOS

6.2 A figura da adjudicação nos processos de execução e nos de inventário e

A leitura do Código Tributário Nacional revela dois artigos específicos sobre a responsabilidade tributária imobiliária e mobiliária, o artigo 130 e o inciso I do artigo 131. O primeiro disciplina que o crédito tributário referente a impostos cuja hipótese de incidência seja a propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis sub- rogam-se na pessoa do respectivo adquirente, salvo quando conste do título a prova de sua quitação. O segundo determina que é pessoal a responsabilidade do adquirente e do remitente pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou remidos.

Apesar de não expressamente posto no artigo 130, a responsabilidade tributária é pessoal, vale dizer, quem adquire um bem imóvel assume o dever de honrar os tributos incidentes sobre o bem. Enfim, quem adquire bem imóvel ou bem móvel assume o dever pessoal de pagar os tributos incidentes sobre os bens.

Por expressa determinação legal (art. 131, inciso I), o remitente, da mesma forma, assume uma responsabilidade pessoal pelos tributos remidos, porém não é a mesma regra referente ao arrematante, posto que o parágrafo único do artigo 130 dispõe que a sua responsabilidade sub-roga-se no preço.

No que se relaciona com a adjudicação é necessário analisar esta figura jurídica, antes de adentrar no exame da lei, da doutrina e da jurisprudência.

O credor, por meio de uma ação executiva, busca o patrimônio do devedor para satisfazer o seu direito de crédito ameaçado pelo descumprimento deliberado da obrigação assumida entre as partes, ou seja, quando o devedor espontaneamente não cumpre a obrigação assumida, o credor vai buscar no Estado, por meio dos órgãos de prestação jurisdicional, a tutela para compeli-lo a honrar com o compromisso entabulado.

Dessa feita, quando o credor promove o processo de execução ele se vale dos procedimentos judiciais para fazer valer o seu direito contra o devedor inadimplente e este, por sua vez, tem o dever de submeter-se aos atos coordenados de execução.

Como o patrimônio do devedor é que responde pelo cumprimento da obrigação, ele é objeto dos atos expropriatórios visando a satisfação do direito do credor-exeqüente.

Assim, a penhora dos bens do devedor é o meio de preservar a ação

executiva promovida, evitar que ela seja desprovida de conteúdo116, ou seja, no que

pertine ao objetivo almejado, o cumprimento da obrigação e, por conseqüência, a satisfação do credor.

Após o trâmite da execução e comprovado o direito do credor, o bem que garantiu o feito normalmente é transformado em moeda corrente para permitir a

liquidação da dívida117.

116

THEODORO JÜNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. Rio de Janeiro: Forense, 1992. p. 180. Vol. 2.

117 SILVA, Sérgio André Rocha Gomes de. Responsabilidade pessoal dos sócios por dívidas fiscais da pessoa jurídica. In: Revista Dialética de Direito Tributário, São Paulo, n. 76, ano VI, p. 12, dez./2002.

Dessa feita, na chamada fase de satisfação, o exeqüente recebe normalmente o dinheiro resultante da arrematação do bem penhorado ou ainda pela sua remição, porém existem situações delineadas no Código de Processo Civil em que o credor recebe o próprio bem penhorado, em substituição ao dinheiro, pela

quitação do crédito, vale dizer, o credor adjudica o bem dado em garantia do feito118.

Adjudicação é uma figura jurídica semelhante à dação em pagamento, pela

qual o credor recebe um bem pelo pagamento da respectiva obrigação119.

A adjudicação dos bens penhorados é um direito do credor que se materializada através da observância de alguns pressupostos legais (art. 714 do Código de Processo Civil): a) ocorrência de praça ou leilão sem lanço; e b) valor da adjudicação não inferior ao preço da avaliação:

Art. 714. Finda a praça sem lançador, é lícito ao credor, oferecendo preço não inferior ao que consta do edital, requerer lhe sejam adjudicados os bens penhorados.

§ 1° Idêntico direito pode ser exercido pelo credor hipotecário e pelos credores concorrentes, que penhorarem o mesmo imóvel.

§ 2° Havendo mais de um pretendente pelo mesmo preço, proceder-se-á entre eles à licitação; se nenhum deles oferecer maior quantia, o credor hipotecário preferirá ao exeqüente e aos credores concorrentes.

Portanto, finda a praça sem que houvesse ocorrido qualquer lance, o credor já fica autorizado a pleitear a transferência do bem para o seu patrimônio acompanhado da oferta de valor não inferior ao que foi avaliado pelos serventuários de justiça.

118 DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil. São Paulo: Malheiros, 2004. p. 333. Vol. 4.

119 Como diz MARQUES, José Frederico. Instituições de direito processual civil. Campinas: Millennium, 2000. p. 238. Vol. 4. A adjudicação é “ato executivo de expropriação, em que figura o credor como adquirente de bens penhorados. Como na arrematação, se trata de ato jurisdicional que o juiz exercita no processo executivo, determinando a entrega da coisa ao credor, para que assim fique satisfeita a pretensão deste. Destarte, a adjudicação constitui, só por si, a própria satisfação da pretensão executiva do credor”.

Assim sendo, a transmissão do bem por meio da adjudicação em muito se assemelha à transmissão realizada através da arrematação. A diferença é que na arrematação o interessado formaliza o lanço e na adjudicação o credor formaliza o pedido para a autoridade judiciária. Além disso, o bem adjudicado acresce o patrimônio do credor e o bem arrematado adiciona-se ao patrimônio de um terceiro.

E ainda deve ser registrado que a adjudicação não apenas se refere aos bens imóveis, mas também aos bens móveis, senão vejamos.

O Código de Processo Civil disciplina a adjudicação em dois dispositivos, os arts. 714 e 715, cujo título da subseção é adjudicação de imóvel. Na redação do art. 714 reforça-se a idéia trazida no título da subseção porque o legislador expressamente menciona que encerrada a praça sem lançador o credor pode exercitar seu direito de adjudicar o bem. Ora, como cediço, o termo praça é utilizado comumente para hastas públicas voltadas à arrematação de bens imóveis e leilão para bens móveis.

Entretanto, ao dispor sobre as regras gerais sobre o pagamento do credor, onde estão inseridas as regras pertinentes à adjudicação, o legislador estabeleceu que o pagamento ao credor poderia ser feito, dentre outros, pela adjudicação de bens penhorados (art. 708, inciso II), sem qualquer referência a bens imóveis ou bens móveis; o que permite concluir que ela não se aplica tão somente aos imóveis.

Por outro giro, a execução é o meio que o credor possui para a satisfação do seu direito à prestação, cujo cumprimento não foi honrado pelo devedor. E o patrimônio do devedor é quem vai suportar o adimplemento da obrigação. Dessa forma, se a adjudicação é um meio permitido na lei processual para satisfazer o direito do credor, não se poderia restringir a utilização deste direito apenas aos bens

imóveis, mas também para os bens móveis, posto que a somatória deles é que vai representar o patrimônio do devedor.

No caso de sucessão causa mortis a herança responde pelos pagamentos das dívidas do falecido e feita a partilha as dívidas serão exigidas de cada um dos herdeiros de acordo com a parte que foi reservada a cada um (art. 1.997 do Novo Código Civil Brasileiro).

A lei processual civil autoriza que o único herdeiro possa adjudicar os bens do espólio (§ 1° do art. 1.031) e será homologada pelo juiz mediante a quitação dos tributos.

6.3 Os adjudicantes de bens em inventários ou partilhas e a responsabilidade