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A FORMAÇÃO CONTINUADA E O COORDENADOR PEDAGÓGICO

Atualmente, por conta das constantes mudanças em nosso mundo globalizado e das reformas na área da educação, há a necessidade de um novo olhar sobre a Educação.

De acordo com o Regimento Escolar da Rede de Escolas Adventistas do Rio Grande do Sul, uma das funções da coordenação pedagógica é promover o aperfeiçoamento do corpo docente. E por que não dizer que é também a coordenação pedagógica, quem visa o sucesso e capacitação permanente dos seus educadores?

Segundo Clementi, cabe ao coordenador “acompanhar o projeto pedagógico, formar professores, partilhar suas ações, também é importante que compreenda as reais relações dessa posição."

É oportuno a coordenação pedagógica orientar, acompanhar o professor e acreditar na possibilidade de que podem mudar sua visão e postura em relação à prática pedagógica. Trabalhar neste sentido, desarmar preconceitos, buscar soluções e desfazer esta crença é trabalho do coordenador. Pois assim como o professor não pode desistir do aluno, o coordenador pedagógico não pode desistir

do professor. Parte-se sempre do pressuposto de que todo ser humano pode aprender.

Quando o coordenador pedagógico trabalha formação continuada com o corpo docente, contribui para que haja maior entrosamento entre todos. Favorece um processo coletivo para discutir a prática pedagógica, permitindo e favorecendo uma reflexão e intervenção na prática dos professores, além de contribuir para que o trabalho da coordenação pedagógica se torne mais significativo e concreto.

Essa formação continuada tem como ponto de partida as necessidades reais dos professores, dos problemas de seu dia a dia e favorece o processo de pesquisa- ação. Por meio da ação continuada o professor se sentirá mais valorizado.

O professor de hoje, não pode preocupar-se exclusivamente em ensinar o ABC, ele precisa ser o mediador, quem conduz seus alunos a desenvolver um espírito critico, consciente e capaz de fazer mudanças positivas na sociedade.

Para que isso seja possível é necessário que o professor também tenha um espírito critico, reflexivo sobre o seu trabalho. Deseja-se um professor de bem com a vida, humano, solidário, feliz, capaz de dar sentido à vida e ao que faz. Que tenha compromisso, com os valores e a ética, com a sensibilidade, a cidadania, a solidariedade, a verdade, o respeito e o bom senso.

Ser professor hoje não é mais difícil nem mais fácil do que era há algumas décadas atrás. É diferente. [...]. Ser professor hoje é viver intensamente o seu tempo, com consciência e sensibilidade. Eles não só transformam a informação em conhecimento e em consciência crítica, como também formam pessoas (GADOTTI, 2003, p. 21).

A mudança educativa muitas vezes pode vir imposta pelo governo, mas o aperfeiçoamento profissional é algo inerente ao próprio profissional.

Assim, existe uma grande necessidade e urgência em investir na formação contínua dos professores. Para isso é necessário prover meios e condições aos educadores para que se convertam em pesquisadores e co-autores de uma pedagogia que venha prepará-los para desempenhar seu papel social. Pois Hendricks (1991, p. 91) diz que “o ensino que realmente causa impacto em quem o recebe não é o que passa de uma mente para outra, mas de um coração para o outro”.

Diante dessa realidade, e do imenso e diversificado universo escolar, dentre os muitos atores que nele atuam, temos a figura do Professor Coordenador

Pedagógico, o profissional que atua na gestão da escola e que tem como uma de suas funções, propiciar um ambiente democrático e participativo.

O Professor Coordenador Pedagógico precisa se despir de sua imagem de "chefe" para tornar-se igual, para criar um clima em que todos participem coletivamente.

Por isto, creio que o Professor Coordenador Pedagógico seja o profissional que atuando democraticamente (e internamente), leve o professor à reflexão da sua prática, gerando assim, questões para o debate constante a que podemos chamar de formação continuada docente.

O coordenador pedagógico, através de observações, conversação, discussão e reflexões do dia a dia da sala de aula, percebe temas importantes e salutares para estudos e discussões na formação continuada.

Conforme Almeida (2003), na formação docente "é muito importante prestar atenção no outro, em seus saberes, dificuldades, sabendo reconhecer e conhecer essas necessidades propiciando subsídios necessários à atuação”.

A relação entre professor e coordenador, à medida que é permeada pela confiança, e respeito se estreita e ambos crescem em sentido prático e teórico (práxis), estabelece-se um ambiente profissional, ético e agradável. O que permite a constituição de profissionais felizes e bem sucedidos.

O papel do coordenador favorece a construção de um ambiente democrático e participativo, onde se incentive a produção do conhecimento por parte da comunidade escolar, promovendo mudanças atitudinais, procedimentais e conceituais nos indivíduos.

As reuniões de conselho de classe participativo e de colegiados também são espaços que proporcionam essa formação à medida que, a participação, o compromisso e o protagonismo de seus componentes, pais, alunos, professores, coordenação e direção, ocasionem transformações significativas nesse ambiente.

O coordenador pedagógico é peça fundamental no espaço escolar, pois busca integrar os envolvidos no processo ensino-aprendizagem mantendo as relações interpessoais de maneira saudável, valorizando a formação do professor e a sua, desenvolvendo habilidades para lidar com as diferenças com o objetivo de ajudar efetivamente na construção de uma educação de qualidade.

Coordenar como ensinar, não é uma ação que se faça sozinho, é uma ação coletiva que consiste em dialogar, discutir, partilhar, aceitar, ouvir, motivar, ceder a

idéia do outro, fazer com que seus liderados comprem e participem de suas ideias, aceitem e façam críticas.

A formação dos educadores será mais rica se os saberes, de cada um, forem levados em conta pelos professores das escolas normais, que saibam enriquecê-los ou encaminhá-los para melhores possibilidades de conhecimento, sempre estimulando a criação de cada um. Será assim, realmente, uma posição ética, estética e, portanto de cidadania. Se o educador não for um criador, ele repetirá o programa imposto, a cartilha que chegar à escola, e atuará segundo modelos (WERNECK, 1996, p. 222).

Por isto, o coordenador pedagógico quando bem aceito e agindo de modo equilibrado pode levar seus professores à uma prática reflexiva e conscientizá-los da necessidade de uma constante formação continuada.

Uma formação continuada deve ser concebida como uma ajuda aos professores para que possam modificar e rever a relação estabelecida na sua prática, percebendo-se como profissionais da educação, ou seja, como docentes atuantes que diagnosticam e compreendem os processos pedagógicos e que, por isso mesmo, detém melhores condições de fazer a escola transformar-se pela qualidade dos serviços oferecidos.

“Os professores reflexivos estão sempre questionando-se sobre o seu saber, sobre o seu fazer em sala de aula, indo além das atitudes imediatistas, tendo presente o tipo de homem que se quer formar.” (Ribas e col., 1995, p.4)

Por isso, para ter uma formação continuada em serviço, o coordenador pedagógico pode dirigir, influenciar, motivar e favorecer seus professores na tomada de consciência para que vejam e sintam a importância desses estudos e discussões que influenciam diretamente as ações em sala de aula e o conhecimento do contexto escolar em que atuam.

O início da carreira caracteriza-se pela expressão “choque com a realidade”, que é caracterizado pelo “... impacto por eles sofrido quando iniciam a profissão e que poderá perdurar por um período de tempo mais ou menos longo” (SILVA, 1997, p.50).

É no contexto escolar que o professor iniciante irá procurar superar suas dificuldades, elaborando, em conjunto com outros profissionais da escola, um projeto de formação em serviço que ajude a transpor suas dificuldades, rompendo com o individualismo e o isolamento, aspectos presentes na conduta de muitos

professores. No início da carreira, o professor deverá apropriar-se de seu projeto de formação, o que terá a supervisão do professor coordenador pedagógico, ajudando- o a vislumbrar as carências do momento. É importante que o Professor Coordenador Pedagógico propicie momentos de aprofundamento teórico, para subsidiar a prática pedagógica de troca de experiências, relacionando a teoria com problemas reais e diários da escola.

A formação continuada do professor ou a também chamada formação do professor ‘em serviço’, rompendo com a visão anterior de ‘cursos de reciclagem’ reforça a idéia de legitimidade de um saber, o ‘saber docente’, que se constrói a partir do ingresso dos sujeitos no mercado de trabalho, ou seja, reafirma-se a autenticidade de uma formação que se processa em um contexto prático. Essa discussão faz explicitar a natureza transitória e provisória dos cursos de formação inicial, oferecidos pelas instituições de ensino superior, porém, não descartando sua importância na formação docente (PEREIRA, 2000, p. 50).

Todo o trabalho entre o Coordenador Pedagógico e o professor iniciante deve-se apoiar numa relação de colaboração e confiança, sentindo o docente que tem no Coordenador Pedagógico uma pessoa que poderá ajudá-lo e não um “xerife” que estará apenas apontando os erros sem apresentar alternativas ou abrir espaços para reflexão.

Conclui-se que a escola deve ser um lugar de eterna formação, pois segundo Canário (1998) “a escola é o lugar onde os professores aprendem. É o lugar onde os saberes e as experiências são trocadas, validadas, apropriadas e rejeitadas”.

Para contribuir com o crescimento dos professores o Coordenador Pedagógico necessita também, manter-se atualizado, fazendo leituras direcionadas em sua área, ou seja, ele também está inserido no processo de formação continuada.

Enfim, o coordenador pedagógico é um profissional indispensável na escola, profissional que além de todas suas atribuições contribui de maneira eficiente na formação de seus professores.

Com isso, podemos ver e identificar a função formadora, articuladora e transformadora do papel do coordenador pedagógico no ambiente escolar. A proposta de tomar a prática docente em seu contexto, promovendo a reflexão sobre

o trabalho, vem sendo defendida por autores como Porto (2000), Santos (2002), Canário (2000), Pimenta (1998), Sacristán e Pérez Gómez (1998), entre outros.

Considerando a função formadora, o Coordenador precisa programar as ações que viabilizem a formação do grupo para a qualificação continuada desses sujeitos. Na função articuladora o coordenador intervêem na escola como o articulador de todo o processo de formação dos professores na escola, possibilitando essa atividade em serviço enquanto a função transformadora é aquela que possibilita a troca do saber ou fazer descontextualizado pelo fazer reflexivo.

Santos (2002) diz que:

Também concorda que o esteio da formação continuada é a experiência que os professores constroem sobre a docência e que a reflexão sobre essa experiência é que faz diferença nesse processo, pois professores têm oportunidade de explicitar sua compreensão da realidade. Isso porque “ao buscarem construir hipóteses explicativas para as situações problemáticas com que se defrontam na relação didática com os alunos, obrigam-se a trazer à tona suas leituras da realidade imediata, o que em certa medida reflete as referências teóricas que, de fato, orientam seu trabalho educativo (SANTOS 2002 p. 218).

2 METODOLOGIA

Esta pesquisa caracteriza-se como bibliográfica e de campo. Trata-se da pesquisa que é "dedicada a reconstruir teoria, conceitos, ideias, ideologias, polêmicas, tendo em vista, em termos imediatos, aprimorar fundamentos teóricos" (DEMO, 2000, p. 20).

A pesquisa é orientada no sentido de rever teorias, condições explicativas da realidade, polêmicas e discussões pertinentes, em relação ao desenvolvimento da competência leitora de alunos da Escola Adventista de Ijuí, no decorrer do ano de 2012. A presente pesquisa implica na intervenção na realidade, pois seu papel é decisivo na criação de condições para a intervenção, buscando qualificar