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A FORMAÇÃO DE CONDUTORES COMO SERVIÇO PÚBLICO

Mister, aqui, analisar a legislação pátria vigente relativa à formação de condutores de veículos automotores a fim de demonstrar que tal atividade consiste em serviço público.

Mormente, necessário conceituar Centro de Formação de Condutores, que, por disposição do art. 9º da Resolução nº. 74 do CONTRAN, com grafia conferida pelo art. 2º da Resolução nº 198 do CONTRAN, “são organizações credenciadas pelos órgãos executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal – DETRAN’s, possuindo administração própria e corpo técnico com curso específico de instrutor de trânsito, objetivando a capacitação teórico- técnica e prática de direção aos candidatos a condutores e especialização de condutores de veículos automotores”.

O instituto utilizado para a outorga do serviço de formação de condutores, segun- do as palavras da Des. Marli Mosimann Vargas, empregadas no corpo da decisão interlocutó- ria proferida nos autos nº. 2007.028649-8, “é a permissão, que admite certo grau de discricio- nariedade por parte do Poder Público, e mesmo com a vedação ao abuso deste poder (como a

apresentação de motivos impertinentes) há que se respeitar essa liberdade atribuída à adminis- tração para o exame meritório”.

A Lei Estadual nº. 13.721/06, acerca do assunto, em seu art. 1º, e § 1º, estatui:

Art. 1º Fica o Poder Executivo autorizado a delegar, em âmbito estadual, a execução dos seguintes serviços públicos:

I - Controladoria Regional de Trânsito;

II - formação de condutores de veículos automotores;

III - registro do contrato da propriedade fiduciária de veículos; IV - lacração de placas de veículos automotores; e

V - fabricação de placas de veículos automotores.

§ 1º Os serviços previstos nos incisos I a IV deste artigo serão delegados sob o re- gime da permissão ou concessão, formalizados mediante contrato, nos termos do art. 137, § 2º, da Constituição Estadual.

A Constituição do Estado de Santa Catarina, neste viés, em seu art. 137, dispõe:

Art. 137 - Ao Estado incumbe a prestação dos serviços públicos de sua competência. § 1º - A execução poderia ser delegada, precedida de licitação, nos regimes de con- cessão ou permissão.

§ 2º - A delegação assegurará ao concessionário ou permissionário as condições de prorrogação, caducidade, fiscalização e rescisão do contrato, garantidas:

I - a qualidade do serviço prestado aos usuários;

II - política tarifária socialmente justa que assegure aos usuários o direito de igual- dade, o melhoramento e expansão dos serviços, a justa remuneração do capital em- pregado e o equilíbrio econômico-financeiro do contrato.

O art. 2º, incisos I, II e IV, da Lei nº. 8.987/95, versa:

Art. 2º Para os fins do disposto nesta lei, considera-se:

I - poder concedente: a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Município, em cuja competência se encontre o serviço público, precedido ou não da execução de obra pública, objeto de concessão ou permissão;

II - concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado;

[...]

IV - permissão de serviço público: a delegação, a título precário, mediante licitação da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou ju- rídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco.

Em consonância, a Constituição Federal, em seu art. 175, expressa: “Art. 175. In- cumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permis- são, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos”.

Por sua vez, o Código de Trânsito Brasileiro, enfoca o tema em seus arts. 5º, 7º e 8º:

Art. 5º O Sistema Nacional de Trânsito é o conjunto de órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que tem por finalidade o exercício das atividades de planejamento, administração, normatização, pesquisa, registro e li- cenciamento de veículos, formação, habilitação e reciclagem de condutores, educa- ção, engenharia, operação do sistema viário, policiamento, fiscalização, julgamento de infrações e de recursos e aplicação de penalidades.

[...]

Art. 7º Compõem o Sistema Nacional de Trânsito os seguintes órgãos e entidades: I - o Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, coordenador do Sistema e órgão máximo normativo e consultivo;

II - os Conselhos Estaduais de Trânsito - CETRAN e o Conselho de Trânsito do Distrito Federal - CONTRANDIFE, órgãos normativos, consultivos e coordenado- res;

III - os órgãos e entidades executivos de trânsito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

IV - os órgãos e entidades executivos rodoviários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

V - a Polícia Rodoviária Federal;

VI - as Polícias Militares dos Estados e do Distrito Federal; e VII - as Juntas Administrativas de Recursos de Infrações - JARI.

Art. 8º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão os respectivos órgãos e entidades executivos de trânsito e executivos rodoviários, estabelecendo os limites circunscricionais de suas atuações.

E, ainda, o art. 22 do Código de Trânsito Brasileiro reza:

Art. 22. Compete aos órgãos ou entidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, no âmbito de sua circunscrição:

[...]

II - realizar, fiscalizar e controlar o processo de formação, aperfeiçoamento, recicla- gem e suspensão de condutores, expedir e cassar Licença de Aprendizagem, Permis- são para Dirigir e Carteira Nacional de Habilitação, mediante delegação do órgão federal competente;

Desta feita, examinada a legislação pertinente, notório é que o serviço de for- mação de condutores é serviço público, que pode ser prestado diretamente pelo Poder Público, ou indiretamente, por delegação, sob regime de concessão ou permissão de serviço público, observados os preceitos delineados no art. 175 da Constituição Federal e art. 137 da Constitu- ição do Estado de Santa Catarina.

4 CENTRO DE FORMAÇÃO DE CONDUTORES: EXIGÊNCIA DE LICITAÇÃO