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2.4 FORMAS DE INTERVENÇÃO DO ESTADO NA ORDEM ECONÔMICA

2.4.2 Meios interventivos

2.4.2.4 Monopólio

O Monopólio pode ser definido como a exploração privativa de um negócio, em decorrência da concessão de um privilégio. (CARVALHO FILHO, 2007, p. 819).

Cumpre dizer que o monopólio é o poder de agir com a exclusividade no mercado, como único vendedor. É a eliminação da concorrência e a imposição do preço pela vontade unilateral do vendedor único. (MEIRELLES, 2005, p. 622).

Monopólio, em termos econômicos, é, pois, a abolição da concorrência. Em ter- mos jurídicos, é a erradicação de uma atividade do regime da livre iniciativa, atribuída pelo Estado em proveito do interesse coletivo. Do texto constitucional, pinça-se ser a exploração, pela União, de uma atividade monopolizada, como acontece com as indicadas em seu art. 177. Não há, portanto, monopólio privado (a exclusividade da atividade está nas mãos de particu- lar) e, mais, fora desse rol não cabe falar em monopólio. (GASPARINI, 2007, p. 760).

Tem-se, destarte, que monopólio é o desenvolvimento, em caráter exclusivo, pelo Estado, de dadas atividades de natureza econômica, em decorrência de expressa imposição normativa, no caso, de prestígio constitucional, que assim a considere. (PESTANA, 2010, p. 578).

2.4.2.5 Fiscalização

A interferência fiscalizadora consiste no acompanhamento das atividades desem- penhadas na esfera da ordem econômica pelo Estado, por meio de seus agentes igualmente credenciados, com o objetivo de constatar a regularidade de seu exercício, assim como para apenar as condutas que possuam desconformidades. (PESTANA, 2010, p. 572).

A fiscalização importa na constatação dos setores econômicos para o escopo de serem evitadas formas abusivas de comportamento de alguns particulares, acarretando grava- mes a setores menos beneficiados, como os consumidores, os hipossuficientes etc. (CARVA- LHO FILHO, 2007, p. 802).

Registra-se que tal fiscalização não pode ir além desses aspectos e atingir os eco- nômicos (quantidade da produção, obrigatoriedade de produzir certo bem) em razão da liber-

dade de iniciativa garantida pela Constituição Federal, em seu art. 170. (GASPARINI, 2007, p. 760).

2.4.2.6 Incentivo

O incentivo consiste no estímulo que o governo deve proporcionar para o desen- volvimento econômico e social do país, estabelecendo medidas como as isenções fiscais, o aumento de alíquotas para importação, a abertura de créditos especiais para o setor produtivo agrícola e outras do gênero. Representa o estímulo para a realização da atividade econômica. São instrumentos de incentivo os benefícios tributários, os subsídios, as garantias, os emprés- timos em condições favoráveis, a proteção aos meios nacionais de produção, a assistência tecnológica e outros mecanismos análogos que se preordenem ao mesmo fim. (CARVALHO FILHO, 2007, p. 802-803).

Salienta-se que qualquer das entidades federadas pode incentivar determinada ati- vidade econômica que se mostrou insuficiente ao atendimento do mercado, que não vem sen- do explorada segundo a tecnologia almejada pelo interesse público. (GASPARINI, 2007, p. 760-761).

A interferência incentivadora, pois, para Pestana (2010, p. 572), é o fornecimento pelo Estado de “determinados benefícios e favores àqueles que se insiram nas situações passí- veis de receber tais estímulos, como que se passa no campo das isenções tributárias.

2.4.2.7 Planejamento

A Constituição consagrou o planejamento como instrumento de intervenção no domínio econômico, em seu art. 174. Ele é determinante para o setor público, enquanto para o setor privado é tão-somente indicativo. (GASPARINI, 2007, p. 761).

A interferência planejadora, portanto, para Pestana (2010, p. 572) é aquela na qual o Estado “realiza diagnósticos em relação às situações postas, estabelece prognósticos com vocação prospectiva, e assenta diretrizes e metas a serem atingidas, atividade esta que permite

ao particular animar-se a empreender, e a Constituição Federal diz ser indicativa, a rigor do art. 174 da CF”.

Tecidos os comentários necessários para o estudo acerca da Administração Públi- ca, avança-se na análise do tema em estudo.

3 SERVIÇOS PÚBLICOS

3.1 DEFINIÇÃO

O serviço público, conforme atenta Medauar (2006, p. 314), apresenta-se “como uma dentre as múltiplas atividades desempenhadas pela Administração, que deve utilizar seus poderes, bens e agentes, seus atos e contratos para realizá-lo de modo eficiente”.

Tem-se por serviço público a atividade de oferecimento de utilidade ou comodi- dade material voltada à satisfação da coletividade, todavia desfrutável singularmente pelos administrados, que o Estado toma como concernente a seus deveres e presta por si mesmo ou por quem lhe faça as vezes, sob um regime de Direito Público, instituído em prol dos interes- ses tidos como públicos no sistema normativo. (MELLO, 2007, p. 652).

O serviço público é, pois, uma intervenção estatal no domínio econômico. Isto porque a prestação de serviço público implica no emprego de recursos limitados à satisfação de necessidades entre si excludentes, ou seja, envolve o dispêndio de recursos econômicos. Ademais, a qualificação de uma atividade como serviço público afasta a aplicação do regime próprio do direito privado. A subordinação de uma atividade ao domínio do serviço público ocasiona a diminuição da órbita da livre iniciativa. (JUSTEN FILHO, 2005, p. 483).

Ressalta-se que três são os sentidos da expressão serviço público, quais sejam, or- gânico, material e formal. Em sentido orgânico ou subjetivo, o serviço público é um conjunto de órgãos, agentes e recursos da Administração Pública, designados à satisfação das necessi- dades dos administrados. Corresponde, pois, a um organismo ou parte do aparelho estatal com tal precípuo objetivo. Em sentido material ou objetivo, o serviço público é uma tarefa, uma função, uma atividade da Administração Pública, voltadas a atender necessidades de interesse geral dos administrados. Em sentido formal, serviço público é a atividade realizada pelo Poder Público ou seus delegados, sob regras do Direito Comum, para a satisfação dos interesses dos administrados. É a subordinação de certa atividade a um regime de Direito Público. (GAS- PARINI, 2007, p. 291).

Carvalho Filho (2007, p. 289), por seu turno, de forma concisa, considera serviço público “toda atividade prestada pelo Estado ou por seus delegados, basicamente sob o re-

gime de direito público, com vistas à satisfação de necessidades essenciais e secundárias da coletividade”.

Conceituado o serviço público, necessário se faz discorrer acerca de sua distinção da atividade econômica.