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A formação de professores para o exercício da gestão escolar

3. FORMAÇÃO DE GESTORES NAS ESCOLAS PÚBLICAS

3.2 A formação de professores para o exercício da gestão escolar

Na atual conjuntura da Gestão Escolar, tem-se discutido a importância da administração responsável e participativa dos Diretores na gestão das instituições públicas de ensino. Assim, acredita-se que com a adoção de um modelo de gestão participativa, que pressuponha a cooperação entre professores, alunos, coordenadores, diretores e comunidade, as metas estabelecidas pela escola possam ser alcançadas.

Ao ingressar na função administrativa o professor, que até então trabalhava com a gestão da sua sala de aula e do seu campo específico de conhecimentos passa a assumir o papel de agente de desenvolvimento da organização e funcionamento da instituição. Ao mesmo tempo, a sua função requer o acompanhamento das pessoas, que compõem o quadro de profissionais, nas suas diferentes instâncias de atuação no coletivo escolar.

De acordo com Libâneo (2006, p.19) “formar o profissional da educação exige um investimento competente e crítico nas ofertas do conhecimento da ética e da política”. Dessa forma, passa a necessitar uma mobilização da capacidade de analisar e discutir criticamente os contextos em que atua, bem como da habilidade de criar situações de observação, investigação e reflexão, a capacidade de movimentar os saberes e conhecimentos do coletivo.

O docente como gestor assume papeis que ultrapassam o controle da atividade pedagógica, exercida em sala de aula, além desta responsabilidade, o diretor de escola éo encarregado por funções de cunho administrativo.

De acordo com o MEC (2006, p.58), “para atingir os objetivos para os quais foi criada, a escola precisa, por meio dos atores nela envolvidos, planejar suas ações e estabelecer prioridades”. Cabe o gestor promover a redistribuição das responsabilidades como forma de aumentar a legitimidade do sistema escolar. Partindo desse pressuposto, podemos perceber as funções formadora, articuladora e transformadora desse profissional no ambiente escolar. Seu papel é fundamental para a formação dos docentes envolvidos no processo educacional. Dessa forma, a direção não tem como objetivo único o desenvolvimento do conhecimento. Somam- se a esta dimensão, o desabrochar da capacidade e o repensar da atitude coletiva.

É a direção e a coordenação pedagógica que devem proporcionar um espaço de reflexão e investigação colaborativa entre todos os atores da escola. Portanto, é fundamental que o docente esteja em constante processo de formação, em contínua prática de qualificação. Acredito que a formação é elemento necessário ao desenvolvimento do professor, pois é através dela que ele pode melhorar sua prática docente e seu conhecimento profissional. Cabe ao gestor buscar integrar os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem, valorizando a formação de professores e a sua, propiciando um ambiente favorável à construção de uma educação de qualidade em que todos são sujeitos.

É através de uma reflexão colaborativa que os docentes tornam-se capazes de problematizar, analisar e compreender suas próprias práticas, produzindo significados e conhecimentos que orientem o processo de transformação das práticas escolares. Dessa forma o educador irá gerar mudanças na cultura escolar, criando comunidades de investigação que contribuirá para práticas participativas e democráticas.

De acordo com Davis e Grosbaum (2005), o gestor deve ser alguém que tenha uma visão global dos problemas da escola e incentive o grupo a pensar e a executar o previsto, apoiando e apontando a equipe a direção certa para superar as dificuldades. É tarefa do diretor despertar o interesse e a vontade de todos, propondo atividades instigantes e motivadoras. Por

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sua vez, essas atividades devem ser viáveis, pois, dessa forma, o gestor transmitirá a confiança necessária para se alcançar o sucesso.

Por isso, a necessidade de haver antes de tudo, pesquisas nessa área de estudos, visando o questionamento sobre as possibilidades e limites de uma formação capaz de habilitar esses docentes ao ingresso da atividade administrativa de uma instituição, já que essa função tem suas especificidades e necessidades a serem supridas. A formação que o professor adquire durante a graduação em licenciatura, não é suficiente para transformá-los em gestores, se considerarmos a Pedagogia como ciência da educação, enquanto prática social, um campo de conhecimentos que não se resume no praticismo e nem em questões técnicas e administrativas.

Os professores de sala e os docentes que assumem o cargo de gestor devem trabalhar juntos para melhorarem a qualidade do ambiente escolar. Dessa forma, carregam a responsabilidade de buscar intervir na resolução de problemas em grupo, trabalhando com o corpo docente em busca de identificar as necessidades formativas de cada um em relação ao coletivo. De acordo com Luck (2001), a motivação, o ânimo e a satisfação são responsabilidades exclusivas de todos os que fazem parte da escola e não apenas dos gestores. Cabe a ele envolver a comunidade escolar em todas as atividades na escola e pelas atividades que ocorrem ao seu redor e afetam diretamente o trabalho da instituição, proporcionando um ambiente escolar favorável a participação coletiva.

A formação como um projeto coletivo necessita da contribuição pessoal de cada envolvido e se materializa na realização de atividades que resultem em uma vida melhor para todos os sujeitos, visíveis em uma qualidade melhor de ensino.

A legislação propõe que os professores habilitados para exercer a gestão tenham uma formação que lhe garanta condições de administrar uma escola, todavia, levando em consideração todas as etapas desse processo. É o que afirma a LDB de 1996:

Art. 64º. A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em Pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional.

Apesar da lei determinar uma formação especifica para o gestor, esse fenômeno não é observado, pois ainda existem profissionais da educação que não são habilitados para exercer a função administrativa e, no entanto, estão no cargo de diretor. Conforme Libâneo (2006) para que o profissional da educação possa enfrentar as várias situações de ensino é necessário que possua conhecimento, sensibilidade ética e uma consciência política.

Para Davis e Grosbaum (2005, p.39), a LDB amplia a flexibilidade na condução dos assuntos escolares e o objetivo disso é “colocar a qualidade do ensino acima de qualquer formalidade burocrática, criando condições legais para que cada escola possa se organizar para alcançar os objetivos da escolarização”. É preciso práticas que colaborem para o aperfeiçoamento dos conhecimentos dos profissionais da educação. O PNE (Plano Nacional da Educação) propõe uma formação inicial e continuada, em especial dos professores através de programas de formação e de qualificação de professores, além de ofertas de cursos para a habilitação de todos os profissionais do magistério.

Através dessa perspectiva de desenvolvimento profissional, haverá a possibilidade da reflexão sobre as atividades que desenvolve, no sentido de transformá-las em possibilidade de formação contínua, as quais deverão permitir aos formandos e formadores a realização do projeto pessoal e profissional.

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