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A gestão dos stocks

No documento I NDÚSTRIAP ETROLÍFERA E DO (páginas 139-146)

5.3 Logística

5.4.7 A gestão dos stocks

Em Portugal, devido aos altos custos de manutenção das reservas legais, foi feito um consórcio entre os principais revendedores no sentido de criar uma companhia que assegurasse uma parte importante da reserva legal com ganhos de eficiência relativamente ao modelo até então utilizado (tancagem disseminada por diversos pontos do país), que obrigava à presença de um navio tanque de dois em dois dias no Rio Tejo. A organização da Exposição Expo 98 permitiu ao país uma reorganização do modelo de stocks de combustíveis.

O parque de combustíveis foi construído em Aveiras de Cima, em 1994. A Petrogal formou a CLC – Companhia Logística de Combustíveis, com um capital social de 3.000.000 euros, mais tarde passando para 25.000.000 euros. Dois anos depois foram cedidos 15% da CLC à Shell Overseas Holdings, Ltd; 15% à Mobil Oil Portuguesa, Lda; e 5% à BP Portuguesa, Lda. Hoje em dia a BP detém cerca de 20% e a Repsol YPF cerca de 15%.

A CLC, além da maior capacidade de tancagem em Portugal, detém também a gestão do oleoduto Sines-Aveiras (147 km), com capacidade anual de 4Mton. Este oleoduto movimenta 7 tipos de produtos distribuídos a partir do parque de combustíveis: gasóleos; gasolinas; butano; propano; e Jet A1. Este oleoduto (ver figura 5.12) foi o primeiro oleoduto do género construído na Europa com capacidade para deslocar combustíveis líquidos e gases de petróleo liquefeitos.

Figura 5.12 – Oleoduto multiproduto Sines-Aveira (fonte: www.clc.pt)

O parque CLC propriamente dito tem uma área de 60 ha onde decorrem operações de armazenagem de combustíveis e GPL, enchimento e armazenamento de garrafas e enchimento de autotanques. A capacidade instalada é de cerca de 215 milhões de litros de combustíveis, 20 linhas de enchimento de combustíveis (ver figura 5.13) e 10 de GPL. O processo de enchimento é relativamente automatizado e cada carro possui um cartão de leitura digital onde estão informações como o tipo de carga, a identificação do veículo e autorização para a operação e dados para emissão de guias.

Em termos de segurança, cada linha de enchimento está dotada de um sistema de recuperação de gases (V.R.U.), e toda a zona circundante aos tanques está impermeabilizada. Existe um tratamento de efluentes que minimiza os riscos de contaminação a partir da superfície.

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O MERCADO DE PETRÓLEO E GÁS

6.1 Comércio Mundial

Vive-se actualmente uma situação tensa nos mercados energéticos. Nos últimos dois anos houve alterações significativas de preço justificadas por alterações tanto na oferta como na procura. As recentes baixas de preços são consequência de uma grande diminuição da procura devido a receios de um abrandamento económico. A procura teve também um papel preponderante na subida de preços de 2007 e 2008 pelo grande aumento do consumo por parte das economias emergentes.

Figura 6.1 – Peso das economias emergentes na procura (fonte: Christof Rühl, Lisboa, October 2, 2007 - Energy Security and ‘Reciprocity’In Lisbon energy forum 2007)

A dificuldade generalizada em aumentar a produção aliada ao declínio de campos produtivos, como o Mar do Norte e do Alasca, incrementa ainda mais a pressão sobre equilíbrio oferta/procura. A Agência Internacional de Energia na sua publicação de 2006 prevê que até 2030 a procura energética cresça cerca de 30%.

Em termos práticos estes fenómenos por si só não são suficientes para promover no mercado tantos desequilíbrios. A questão da oferta é passível de ser resolvida; no entanto houve a entrada de novos players no mercado de compra e venda. Fundos de investimento que fugindo dos mercados financeiros tradicionais e se especializaram

nos mercados de matérias-primas, promovendo uma escalada de preços (em contra ciclo com o valor do dólar). A solução passa então no lado da oferta por melhorias de eficiência.

Os aumentos de eficiência estão intimamente ligados a melhorias de tecnologias existentes e mesmos novas tecnologias. Até há 30 anos não era económico explorar petróleos extra pesados do Canadá ou Venezuela. Hoje em dia estes produtos representam uma parte significativa dos fluxos petrolíferos actuais devido a melhorias nas técnicas de refinação. A exploração em águas profundas poderá a curto prazo ultrapassar as profundidades de mais de 2.000 m, onde actualmente se encontra, permitindo explorar reservas que no passado estavam inacessíveis. Por outro lado, técnicas de EOR cada vez mais sofisticadas poderão mesmo permitir a exploração em campos abandonados no passado.

6.1.1 Comércio de refinados

O petróleo, gás natural, produtos refinados e produtos petroquímicos são vendidos através de mercados de commodities como outros produtos de massa não especializados. Isto deve-se ao facto de um barril produzido no Texas e outro produzido na Arábia Saudita terem valor equivalente e serem interrelacionáveis produzindo um mix semelhante se processados na mesma refinaria.

A quase a totalidade das refinarias estão localizadas perto dos centros populacionais, normalmente em clusters industriais, onde aparecem associadas a grandes oleodutos, grandes portos de mar, complexos petroquímicos e centrais geradoras de electricidade (exemplo de Sines). O petróleo é expedido dos vários centros produtores em grandes navios petroleiros para ser refinado em produtos derivados nos clusters, onde são processados e de novo comercializados sob a forma de produtos refinados de maior valor acrescentado e expedidos para todos os países em navios de menor dimensão. Sempre que um novo poço é aberto, normalmente a logística obriga ou à construção de um porto de mar ou à construção de um oleoduto. Na Europa e Estados Unidos, é comum uma companhia petrolífera expedir o produto em navios próprios, mas é cada vez mais comum que o produto seja encaminhado para um porto de mar, onde “entra” no mercado, sendo o seu transporte e venda assegurado por terceiros. Assim, a venda é efectuada no porto a intermediários. Os traders das companhias, encarregues pela

mais óbvio o dos Estados Unidos) é comum um produtor, ao realizar um poço produtivo, contratar um oleoduto, sendo pago por barril por um “preço-lista” publicado pelo dono do oleoduto, composto de um preço indexado ao WTI acrescido de um

spread.

6.1.2 Procura

Os Estados Unidos consomem cerca de ¼ do petróleo mundial (20 milhões de barris por dia). Embora produzam cerca de 8 milhões de barris por dia, necessitam de importar mais 12 milhões para suprir as suas necessidades. Os E.U.A são o maior consumidor per capita mundial com cerca de 5% da população. Só no sector dos transportes, consomem 1 em cada 7 barris da produção mundial.

Figura 6.2 – Evolução do consumo de petróleo por sector nas ultimas 4 décadas (fonte IEA, Energy Outlook 2006)

A tendência global é difícil de definir e entender. São demasiados os factores a afectá- la como a fiscalidade, a disponibilidade dos produtos, etc.. Na figura 6.2 mostra-se um claro reforço da dependência do petróleo em sectores como os transportes e uma pequena diminuição em sectores industriais, onde a alternativa do eléctrico e do gás diminuiu a dependência do petróleo. O sector dos transportes é responsável pelos maiores volumes movimentados.

6.1.3 Oferta

Os derivados do petróleo são hoje a principal e mais importante fonte de energia mundial; além de serem também uma fundamental fonte de matérias-primas. Existem alternativas energéticas como o carvão, nuclear e energias renováveis, mas nenhuma reúne as condições de armazenamento, disponibilidade e rendibilidade que tem actualmente o petróleo.

Os Estados Unidos, Europa e Japão, representam cerca de 45% do consumo energético mundial e o petróleo é responsável por 60% da energia nestas regiões. Hoje em dia, os fluxos mundiais de produtos refinados são incrivelmente maiores do que a capacidade total de armazenamento existente. A indústria funciona por isso de um modo muitíssimo eficiente estando a oferta sempre adaptada à procura, não promovendo normalmente nem falhas de abastecimento nem excessos. Estas operações decorrem sobretudo da informação transparente e da facilidade com que esta flui entre traders.

Logo no início, as companhias petrolíferas começaram a vender nas suas redes de retalho produtos refinados não pelas suas refinarias, mas produtos refinados pelas refinarias mais baratas e com custos unitários mais baixos, promovendo assim a separação entre os negócios de upstream e downstream. Esta boa gestão foi iniciada pelas próprias companhias com fins economicistas e é hoje uma prática nos mercados.

6.2 Mercado do Crude

No documento I NDÚSTRIAP ETROLÍFERA E DO (páginas 139-146)

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