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1.3 A rede estadual de ensino em Barcelos

1.3.1 A Escola Estadual Angelina Palheta Mendes

1.3.1.1 A gestão na Escola Estadual Angelina Palheta Mendes

Com o intuito de conhecer as ações desenvolvidas pela gestora da Escola Estadual Angelina Palheta Mendes e sua equipe de trabalho, estivemos na escola, analisamos o PPP, conversamos com os membros da equipe gestora e, ainda, aplicamos um questionário composto de 34 perguntas – entre questões fechadas e abertas – aos integrantes dessa equipe. Por meio dessas ações, descobrimos que há uma gestora, a qual foi indicada politicamente ao cargo, que pertence ao quadro efetivo da SEDUC/AM e tem autonomia para montar sua equipe com profissionais da educação pertencentes à Secretaria Estadual de Educação ou à Secretaria Municipal de Educação a partir de permutas (trocas de funcionários entre as esferas estadual e municipal).

Diante dessa autonomia, a gestora, formada em Ciências Sociais e especialista em Gestão Escolar, convidou a secretária da escola, que está cursando Licenciatura em Matemática, um pedagogo e um professor (presidente da Associação de Pais, Mestres e Comunitários), formado em Normal Superior e especialista em Gestão Escolar, para comporem sua equipe, totalizando quatro integrantes (GESTORA 1, 2014).

De acordo com o questionário aplicado à equipe gestora, a secretária da escola declarou que atua na equipe gestora há mais de cinco anos e está inteirada das atividades da instituição. A funcionária informou que já passou por curso de formação específico para secretária, promovido pela SEDUC/AM, e que acompanha os dados de frequência, evasão, retenção e distorção idade-série todos os dias. Quanto à questão de utilização dos dados das avaliações internas e externas para pensar a proposta pedagógica da escola, afirmou que utiliza uma vez por bimestre. A respeito do questionamento sobre a quantidade de horas semanais dedicadas as atividades pedagógicas, a secretária expressou que usa o tempo integral, entretanto disse que gasta o mesmo tempo (integral) para questões administrativas. Logo, houve uma falta de entendimento quanto à questão, ou a funcionária não divide bem o tempo de trabalho, ou não realiza uma divisão desse tempo, ou, ainda, pode não ter respondido o questionário com atenção. A profissional também informou no questionário que a escola pede a opinião dos alunos, pais, professores e funcionários, por meio de reuniões, antes de tomar decisões importantes.

Quanto ao pedagogo da escola, este informou por meio do questionário que atua na função há mais de dez anos, mas nunca passou por um curso de formação promovido pela SEDUC/AM. Disse que acompanha diariamente os dados de frequência, evasão, retenção e distorção idade-série, mas só os utiliza para repensar metas e estratégias para escola uma vez por bimestre. O pedagogo declarou também que utiliza quatro horas do dia para as questões pedagógicas e outras quatro para as questões administrativas. Informou, ainda, que a escola realiza reuniões regulares com toda a comunidade escolar sempre que necessário e que pede opinião dos alunos, pais, professores e funcionários antes de tomar decisões importantes. Os dados das avaliações internas e externas são utilizados pelo pedagogo uma vez por bimestre para pensar em propostas pedagógicas.

O presidente da Associação de Pais, Mestres e Comunitários da escola, terceiro membro da equipe gestora, é professor e responsável direto pela parte financeira da escola. Esse profissional informou no questionário que está no cargo há quase cinco anos e somente acompanha os dados de frequência, evasão, retenção e distorção idade-série uma vez por bimestre. Não soube informar se passou por algum curso de formação para atuar na equipe gestora e também afirmou não utilizar os dados das avaliações internas e externas para pensar propostas pedagógicas com os docentes da escola. Não respondeu quanto tempo dedica às questões pedagógicas e burocráticas na escola e disse que a escola realiza reuniões com a equipe escolar bimestralmente. Ademais, relatou que a instituição pede a opinião de alunos, pais, professores e funcionários, por intermédio de reuniões, antes de tomar decisões.

O presidente da APMC informou, ainda, que, ao longo dos 27 anos de existência dessa escola, ela foi administrada por nove gestores, sendo que o período no qual permaneceram no cargo variou, pois houve profissionais que ficaram por nove anos, outros por quatro e, até mesmo, por um ano, dependendo do interesse do gestor e/ou do prefeito (APMC 1, 2014).

De acordo com as informações obtidas com o questionário aplicado, a Gestora 1 (atual) está no cargo na Escola Estadual Angelina Palheta Mendes há sete anos, participa do Encontro de Gestores na capital do estado todos os anos, acompanha os dados de frequência, evasão, retenção e distorção idade-série uma vez por bimestre e utiliza os dados das avaliações internas e externas para pensar em propostas pedagógicas uma vez por bimestre. Ela também relatou que dedica

sete horas do seu tempo para questões pedagógicas e tempo integral para questões administrativas. Quanto às reuniões com a equipe escolar, respondeu que realiza, mas não especificou com que frequência. Mesmo assim, informou que a opinião de alunos, pais, professores e funcionários é solicitada antes de se tomarem decisões importantes.

Em conversa durante um dos momentos de observação da escola, a Gestora 1 nos disse que, desde 2008, trabalha praticamente com os mesmos profissionais, pois a rotatividade de professores tem sido pequena. Segundo ela, isso ocorre em função da diminuição dos docentes contratados, pois muitos professores efetivos estão aceitando a Carga Complementar já mencionada, e participando de Processo Seletivo Simplificado oferecido pela SEDUC/AM. Este último dá direito a uma nova matrícula, em outro turno, quando o profissional é aprovado. A Gestora 1 informou, ainda, que acompanha de perto as atividades pedagógicas desenvolvidas no ambiente escolar, pois está presente de maneira integral nos três turnos, e o fato de a instituição ser relativamente pequena, em termos de espaço físico, favorece o acompanhamento (GESTORA 1, 2014).

De acordo com a gestora, os problemas com indisciplina são específicos em cada segmento: no turno da manhã – turmas do 6º ao 9º ano do ensino fundamental, a indisciplina é própria de jovens adolescentes; à tarde – turmas do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, é recorrente entre as crianças; já à noite – turmas da EJA, os contratempos ligados à indisciplina são próprios do universo de estudantes jovens e adultos. Assim, a equipe pedagógica da escola tem mais facilidade no enfrentamento dos desafios educacionais de acordo com a modalidade de ensino e da faixa etária, apesar de algumas distorções de idade-série que ocorrem (GESTORA 1, 2014).

Todavia o pedagogo, no dia da aplicação do questionário, queixou-se sobre um problema corriqueiro nas escolas: os pais dos alunos, justamente aqueles que mais precisam estar presentes na instituição de ensino para o acompanhamento da aprendizagem de seus filhos, não aparecem quando convocados – salvo quando a escola comunica a ausência da família ao Conselho Tutelar, e os conselheiros procuram os familiares (PEDAGOGO 1, 2014).

Todos os membros da equipe de gestão informaram no questionário que a escola realiza um Conselho de Classe bimestral. Também relataram que a instituição não tem Conselho Escolar nem Grêmio Estudantil. Em conversa sobre a

criação desses órgãos, a Gestora 1 informou que não há nada em andamento para isso. Destacou, ainda, que a parceria com a prefeitura municipal é uma relação importante, mas não é reconhecida legalmente, sendo apenas um acordo verbal entre a gestora da escola e o prefeito, o que faz com que o número de funcionários concedidos pela prefeitura para atuar na escola não seja constante. Segundo a Gestora 1, a prefeitura, no ano de 2014, disponibilizou três profissionais – dois professores com formação em nível superior e um auxiliar de serviços gerais, porém essa quantidade varia de ano em ano e de um governo para outro. Ainda de acordo com seu relato, a equipe gestora tem uma boa relação com os professores e alunos da escola, pois trata-se de profissionais que já estão lotados no mesmo ambiente de ensino há mais de cinco anos pelo menos, o que gera uma relação mais próxima e confiável com os alunos e professores.

Assim, finalizamos a apresentação da Escola Estadual Angelina Palheta Mendes, e a próxima seção aborda a Escola Estadual Padre João Badalotti.

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