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A História é uma Busca

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Lição 7: A História é uma Busca

Visão Geral

Nesta lição, você compreenderá como colocar seu personagem no enredo da história. Você verá como a força motriz por trás da maioria dos enredos é um protagonista, um forte desejo, e vários confli- tos bloqueando este desejo.

Tempo Estimado

Levará algo em torno de 2 horas para completar esta lição.

Objetivos

Após completar esta lição, você:

- compreenderá a necessidade dum protagonista. - compreenderá como dar a seu protagonista um desejo concreto.

- compreenderá como injetar conflito na história. - compreenderá como estes elementos motivarão o enredo.

- começará a desenvolver o enredo de sua pró- pria história.

Atividade

Gotham Writer’s Workshop

- Atividade de Escrita: Encontrando um Protagonista/Desejo/Conflito

Dissertação e Debate

Lição 7: A História é uma Busca

Personagens são cruciais em ficção. Na verdade, eles são o elemento mais crucial. Mas já sabemos isto. Contudo, ficção não sobrevive apenas de personagens. Muitos outros elementos adentram a criação duma história, e um deles é o enredo. Se os personagens são aquilo que nos fazem amar uma história, o enredo é aquilo que nos segura página após página.

Enredo é um tópico intrincado e poderíamos facilmente dedicar várias lições a este tópico. Por enquanto, vamos explorar como personagens po- dem nos levar a um bom enredo. Nós nos concen- traremos em O Grande Gatsby nesta dissertação, enquanto que a tarefa de leitura desta semana apresentará um desmembramento detalhado do enredo de Catedral.

O Protagonista

Geralmente, uma história possui apenas um personagem principal, ou protagonista. Um único protagonista é frequentemente o melhor para os leitores se identificarem com um personagem — para verem o mundo através, e emprenderem esta jornada, daquela pessoa. Sim, há exceções para esta regra de protagonista único. Elas estão pre- sentes nas duas histórias que temos examinado. O narrador sem nome é o protagonista de Catedral, e Jay Gatsby é o protagonista de O Grande Gatsby (mesmo que o narrador da história seja Nick).

O protagonista da história deve ser um persona- gem redondo, quanto mais redondo melhor. Como os melhores personagens, e como pessoas reais, o protagonista não deve ser completamente bom nem completamente mal. Ele ou ela deve ser em- pático; devemos conseguir vincular o protagonista a um ser humano. Mas o protagonista não deve ser uma pessoa perfeita, esta é a fórluma certa para torná-lo tedioso.

Tanto Jay Gatsby quanto o narrador de Catedral cumprem bem este papel. Apesar de Gatsby ser um homem cortês e decente, ele é repleto de falhas. Ele é obcecado por uma mu- lher casada, Daisy, que não é merecedora de toda a esperança e desejo que ele empreende para

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conquistá-la. Ele também mente para aumentar sua posição social e suas transações comerciais não aparentam estar dentro da Lei. O narrador de Catedral é ainda mais falho. Ele é tacanha, desprovido de ambição, ligeiramente maldoso, e seus únicos passatempos parecem ser TV, bebida e drogas. E, mesmo assim, ele não é inteiramente antipático e, gradualmente, nós vemos seu desejo oculto de fugir da rotina se manifestar.

Desejo

Desejo é o que move um protagonista. É habi- tual numa história que o protagonista tenha um desejo principal — necessidade, vontade, ou como você queira chamar. Na verdade, é a partir disto que surge o enredo. No decorrer da história, o pro- tagonista está tentando conseguir algo que queira e, no final na história, ele/a conseguirá ou não obter. Chame isto de uma busca, semelhante às buscas impostas aos heróis e heroínas dos mitos antigos.

Jay Gatsby tem um desejo muito evidente. Ele quer Daisy Buchanan. Ele dedica sua vida intei- ra a esta busca e nunca titubeia através do livro. Ele ganha dinheiro para impressionar Daisy, ele constrói uma mansão dentro do campo de visão da

casa de Daisy, assim ele pode vigiá-la e ela pode ver sua riqueza. Ele se torna amigo de Nick, primo de Daisy, assim Nick pode dar um jeito de ele se encontrar com Daisy. E assim por diante. O desejo de Gatsby por Daisy dá à história um foco defini- do, que é, como vimos na primeira lição, um aspec- to importante da narrativa.

Este foco também faz com que seja mais fácil escrever. Assim que você conhecer seu protagonis- ta e seu desejo, você já terá um caminho traçado para percorrer.

Contudo, comumente há mais no desejo dum personagem do que os olhos podem alcançar. Suspeita-se que Gatsby deseja Daisy porque ela representa "classe" e "sucesso". No fundo de seu coração, Gatsby anseia por ser aceito e admirado pela elite. Talvez ele queira isto por que ele ame de fato Daisy. De certo modo, ela é um meio para um fim. Assim, geralmente, em ficção há um dese- jo por detrás do desejo.

Isto não faz as coisas ficarem mais complicadas do que o necessário? Bem, não, isto pode fazer com que as coisas ficam mais simples de serem escri- tas. É difícil construir um enredo sobre alguém perseguindo um desejo abstrato como "classe" ou "sucesso". Como se obtém "classe" ou "suces- so"? Isto não são coisas que você pode pegar com

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a mão ou capturar ou escrever cenas sobre isto. Na verdade, é mais fácil tornar o desejo imediato algo específico e concreto. Um sábio enredo, Daisy Buchanan funciona bem como um objeto de dese- jo. Ela dá ao mais profundo desejo de Gatsby um rosto humano.

Esta é uma fórmula simples e que você pode seguir. Pegue um protagonista, dê-lhe um desejo específico e concreto. Se houver camadas de signi- ficado sob este desejo, melhor ainda, mas mante- nha o protagonista focalizado neste objetivo tangí- vel. Certifique-se de que ele/a queira isto com todo o coração. Então, faça com que conseguir isto seja difícil pra caramba.

Conflito

Suponha que quando Gatsby se encontra com Daisy, para tomar um chá na casa de Nick, Daisy diga a Gatsby que ela nunca deixou de amá-lo e que ela deixará imediatamente seu marido. E suponha que ela cumpra a promessa, indo morar com Gatsby no dia seguinte. Estas seriam novi- dades gloriosas para Jay Gatsby, mas não dariam uma boa história. Algo grandioso estaria faltan- do, e isto é o conflito. Sem conflito, uma histó- ria está destinada a ser muito curta ou tediosa,

provavelmente os dois. Não há alternativa para isto, conflito é essencial.

O Grande Gatsby possui uma porção de confli-

tos. Sim, Daisy parece possuir algum afeto por Gatsby e ela rapidamente se entrega a ele. Mas ela também tem um marido maldoso e vingativo bloqueando seu caminho. Além disto, Daisy é eli- tista o suficiente para reconhecer que seu marido, apesar dum grosseirão, é um “socialite”, enquanto Gatsby faz parte duma classe menos atrativa, um “emergente”. E o pior de tudo, falta coragem e de- cisão para que Daisy termine seu casamento. Não importa quão longe Gatsby vá para conquistar Daisy — e ele percorre um longo caminho — ele está lutando uma dura batalha. Esta dificuldade, este conflito, é parte daquilo que faz a história tão irresistível. Não sabemos se Gatsby será bem sucedido nesta jornada ou não. Temos que con- tinuar lendo para descobrir. Complementando, nada ilumina melhor um personagem do que uma boa luta.

Apesar dum progatonista dever estar concen- trado num único desejo, não há limite de conflitos para interferir neste desejo. Quanto mais, melhor (ao menos para o leitor). A luta eterna entre dese- jo e conflito é parte do que faz uma história dra- mática e que mereça ser lida, não importando se

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uma história é trágica, cômica ou algo no meio do caminho.

Por fim, assim como deve haver conflito, este conflito precisa ser, em algum momento, resolvido. Em outras palavras, no final da sua história, seu protagonista deve alcançar um objetivo concreto, ou não. Você não pode escrever uma conclusão para sua história que deixe seus leitores coçando a cabeça, divagando sobre o que pode ter acontecido. Afinal de contas, quando um leitor começa a ler uma história, eles o fazem com a noção de que o escritor concluirá a história que está sendo conta- da. E isto significa resolução, para melhor ou para pior.

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