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Como Revelar ao Mostrar

Atividade de Pesquisa

Lição 6: Como Revelar ao Mostrar

Visão Geral

Nesta lição, você compreenderá como revelar personagens "mostrando" — fisicamente, diálogo, ação.

Tempo Estimado

Levará algo em torno de 2 horas para completar esta lição.

Objetivos

Após completar está lição, você:

- compreenderá o conceito de mostrar persona- gens, deixando o leitor "vê-los".

- compreenderá como revelar personagens através do físico.

- compreenderá como revelar personagens através do diálogo.

- compreenderá como revelar personagens através de suas ações.

- terá aprendido sobre um de seus personagens, vendo-o em ação.

Gotham Writer’s Workshop Atividade

Durante esta lição, você completará a seguinte atividade:

- Atividade de Escrita: O que seu personagem faria?

Dissertação e Debate

Lição 6: Como Revelar ao Mostrar

Da última vez, discutimos o "contar" sobre per- sonagens. Não importa quão eficiente o método de contar seja, mostrar é sempre melhor. Mostrar significa apresentar ao leitor os personagens em primeira-mão, à queima-roupa. Isto permite aos leitores "ver" (e ouvir, e, algumas vezes, tocar e até mesmo cheirar) os personagens.

A maioria das amostras será compartilhada através de cenas: palavras-imagens escritas mais ou menos em "tempo real". Pense numa peça de teatro, na Broadway ou num outro palco qualquer. As cortinas se abrem e tchan!

Imediatamente, nós começamos a descobrir sobre os personagens encenados pelos atores da peça. Ninguém nunca os descreve ou os explica

para nós. Simplesmente olhamos, ouvimos e en- tendemos.

Há quatro métodos básicos para mostrar perso- nagens:

- Ação - Fala - Aparência - Pensamento

Uma obra de ficção deve misturar e combinar estes métodos.

Ação

Ações são frequentemente a maneira mais pode- rosa para revelar personagens. Como diria Jean- Paul Sartre: "Nós somos os nossos atos".

Ações podem ser coisas pequenas, como o jeito que o personagem trata um caixa songo-mongo no mercado. Algumas pessoas são pacientes neste tipo de situação, enquanto outras se tornam am- plamente hostis. Outros irão reclamar, mas segu- rando a onda. Cada um reage diferente diante das exigências ordinárias do cotidiano.

Em Catedral, descobrimos sobre ânsia de vida de Robert através de todas as coisas que ele faz,

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que corrobora com as expectativas do narrador em se tratando de cegos. Robert bebe Scotch e entope o cinzeiro com bitucas de cigarro. Ele come "como

se não houvesse amanhã". Robert fica doidão,

então "assiste" TV — ele não tem um, mas dois aparelhos de TV em casa. A despeito de sua defici- ência física, Robert devora com gosto o mundo ao seu redor.

Ações também podem ser grandes coisas, tais como os personagens reagem em momento de cri- se. Há uma razão por que as dinâmicas de grupo em empresas começam designando uma difícil tarefa coletiva, como escalar um muro sem escada ou corda. Tal desafio é, na verdade, uma crise ar- tificial e ela ilustra, imediatamente, quem é quem num grupo — quem é o líder, quem fica reclaman- do, aquele que cuida dos outros, etc.

Os personagens principais de sua história serão, provavelmente, testados por situações difíceis. É aí que descobrimos quem eles são — através do que eles fazem nestes momentos.

O narrador em Catedral parece estar na defen- siva, chegando a ser hostil, no começo da história. Não é claro se ele é capaz de ser generoso, nem mesmo que ele possua inclinação para isto. Mas ele passa por uma situação estressante (para ele) — ter um cego em sua casa durante a noite. No

final da história, a situação estressante trouxe uma mudança em seu comportamento. Quando o observamos fechando os olhos e movendo a mão do cego através do papel, descobrimos que ele possui grande potencial de calor humano e gentileza.

Nós entendemos muito sobre personagens aos vê-los agindo (e interagindo e reagindo). O que eles fazem e como eles fazem isto? O que eles não fazem? Mostrar a ação fornece o mais pró- ximo que há duma informação objetiva sobre os personagens. Como resultado, contar sobre estes personagens torna-se dispensável.

Fala

A fala refere-se ao que o personagem diz, seu diálogo. Aqui há um exemplo de mostar através da fala em Catedral:

— Você teve uma boa viagem de trem? — eu per-

guntei — Falando nisto, em qual lado do trem você se sentou?

— Que pergunta é essa, que lado! — minha espo-

sa respondeu — Que importa qual lado?

— Só estou perguntando. — eu disse.

— Do lado direito — o cego disse — Fazia quase

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de quando eu era menino. É muito tempo. Quase me esqueci da sensação. Tenho até inverno na barba — ele disse — Bem, é que o me disseram. Eu pareço ser distinto, querida? — o cego perguntou à minha esposa.

- Você parece ser distinto, Robert — ela respon- deu - Robert, é tão bom vê-lo.

Muito é mostrado através deste diálogo. O tre- cho nos revela que, apesar do narrador e de sua esposa estarem extremamente nervosos com a presença do cego em sua casa, Robert está tran- quilo. Além disto, nas primeiras duas linhas, há um vislumbre de animosidade entre marido e esposa. Por fim, há um toque poético em "inverno

na barba". A esposa do narrador e Robert são poé-

ticos, enquanto que o narrador não.

Agora, Carver poderia simplesmente ter nos contado esta informação. Mas é mais dinâmico se nós pudermos descobrir por nós próprios, neste caso, através do diálogo.

Finalmente, preste atenção às entrelinhas — o sentido oculto — do diálogo. Novamente, a linha

"Que pergunta é esta, que lado!" dá intensidade à

tensão entre marido e esposa em Catedral, quando Robert vem visitá-los.

Aparência

Aparência refere-se a alguns ou a todos os as- pectos físicos dos personagens. Aparência é, geral- mente, “contada” pelo narrador e, assim, recai na categoria “contar”. Mas aparência também recai no mostrar do personagem, pois aparência literal- mente nos mostra como é o personagem.

Como um exemplo, voltemos à descrição física de Robert em Catedral:

“Este homem cego estava na casa dos cinquenta anos, constituição pesada, careca, ombros caídos, como se carregasse um grande peso. Ele vestia calças marrons, sapatos marrons, camisa marrom- claro, gravata, um casaco esporte. Ajeitado. Ele também tinha uma espessa barba.”

O físico também pode se estender aos gestos e ações físicas. Por exemplo, Robert é um cara amis- toso e podemos vislumbrar isto apenas pelo modo como ele cumprimenta:

“O cego deixou sua valise e ergueu a mão. Eu a acolhi. Ele apertou com força, segurando minha mão, e então a liberou.”

Contudo, escritores deve tomar cuidado para não confiar demais na descrição física. O físico fornece frequentemente um vislumbre superficial

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sobre a pessoa, assim como a capa fornece apenas um vislumbre do livro. Em Catedral, curiosamen- te, temos uma ampla visão do narrador e de sua esposa, mesmo que não nos seja dada praticamen- te descrição física alguma deles.

Pensamento

Em ficção, comumente temos acesso à mente de certos personagens. Obviamente, um dos melhores meios para conhecer alguém é entrever seus pen- samentos mais íntimos.

O narrador em Catedral não é o tipo que revela seus pensamentos, mas ele acaba revelando um pouco deles no decorrer da história. Por exemplo, este homem não é autoconsciente o bastante a ponto de saber que é um tacanha. Mas nós, leito- res, apreendemos isto quando o pegamos pensan- do coisas como esta:

Um cego em minha casa não era algo que eu esperava.

Posteriormente, nós descobrimos que o narrador não está completamente em paz consigo mesmo através deste pensamento:

Quando vou dormir, eu tenho estes sonhos. Às vezes, eu acordava por causa de alguns deles, meu coração disparado.

Em pensamento, personagens costumam revelar coisas que eles nunca revelariam abertamente a outros personagens, e isto concede ao pensamento uma profundidade especial dentre as categorias de “mostrar”.

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