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Após meio século dedicado aos estudos da Cartografia Antiga, entre os quais pontuava uma década de reconhecimentos provenientes das mais variadas instituições, com títulos honoris causa, participação e colaboração em fóruns internacionais da especialidade (como a Imago Mundi e a Reunião Internacional de História da Náutica), actividade académica na Universidade de Coimbra e um já extenso número de artigos e publicações sobre temáticas abrangentes, mas sobretudo relacionados com as suas investigações nos domínios da historiografia da expansão portuguesa e da cartografia renascentista, Cortesão, quase octogenário, entraria numa fase de concretização de um sonho antigo, desde há muito idealizado, ou seja, publicar uma obra com a sua visão global sobre a História da Cartografia Portuguesa511.

Com a publicação dos Portvgaliae, o corpus documental da cartografia renascentista portuguesa tinha sido substancialmente aumentado e o seu enquadramento historiográfico, proveniente de Cartografia e cartógrafos, encontrava-se necessitado de actualização, não só porque tinham decorrido mais de trinta anos sobre a sua vinda a público, mas também porque tinham surgido novos dados e abordagens históricas. O contexto da investigação tinha mudado, novos interesses e recursos organizados no âmbito da Junta de Investigações do Ultramar, polarizados em Lisboa e Coimbra, nos Agrupamentos de Estudos de Cartografia Antiga, indiciavam outras potencialidades, justificadas por parte das autoridades e pela produção de novos estudos levados a cabo não só por Armando Cortesão, mas também por Avelino Teixeira da Mota e Luís de Albuquerque.

Em 1962, fica acordado com a Junta de Investigações do Ultramar que a História da

Cartografia Portuguesa, seria um projecto bilingue, com dois volumes em português e dois

em inglês, a concluir em três anos512. Rapidamente Cortesão se apercebe das suas limitações para a elaboração da obra, quer em tempo quer na dimensão projectada. Assim, o plano editorial em que estavam previstos apenas dois tomos seria alargado, face ao progresso da

511 Desde que deixara as funções de Agente Geral das Colónias, em 1932, ambicionava escrever, o que à época

designaria por uma “[…] «História da Administração colonial portuguesa», obra cuja falta se faz sentir e onde poderíamos satisfazer a predilecção que sempre tivemos pelos assuntos históricos, sem nos afastarmos muito do campo costumado da nossa actividade profissional. Para tal obra é indispensável começar pela Empresa dos Descobrimentos, fase inicial da administração colonial portuguesa. Vimos então a importância que, na história dos descobrimentos portugueses, tem o estudo da cartografia antiga, e como à míngua de trabalhos nacionais, correspondia a abundância de publicações estrangeiras sobre o assunto, nem sempre exactas e justas”. Cf. A. Cortesão, Cartografia e cartógrafos […], vol. I, p. xxxvii.

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escrita e à quantidade de informação a tratar, para um terceiro volume, onde seriam apresentados os capítulos IX a XIV, bem como os sempre importantes conjuntos pós-textuais, índices e bibliografia gerais513. Segundo Cortesão, que de certo modo se lamentava, não seria possível incluir “todo o século XV no cap. vi (segundo do Vol. II), mas depressa me dei conta de que ficaria tão descompassado, sobretudo por causa do estudo da vasta quantidade de cartografia do século XV, que tive de deixar uma grande parte do assunto – tal como os muitos problemas respeitantes aos descobrimentos naquele importantíssimo período de transição do século XV para o XVI – para o cap. ix (segundo do Vol. III), já começado a preparar”514

. Continuava ainda, descrevendo o plano do novo volume “Espero que os caps. x e xi abranjam toda a cartografia portuguesa dos séculos XVI e XVII [trabalho simples que estaria já feito nos PMC]” e mais adiante “também pedi ao Professor Avelino Teixeira da Mota para escrever os caps. XII e XIII (quarto e quinto do Vol. III) sobre história da cartografia portuguesa dos séculos XVIII e XIX, em que a sua competência não tem rival”515. Na realidade, o Volume primeiro seria na sua quase totalidade dedicado aos aspectos enquadrantes do estudo analítico que se pretendia fazer da Cartografia portuguesa. O Capítulo inicial abre com definições instrumentais de conceitos chave como geografia, geodesia, mapa, carta, cartografia, etc., seguindo-se a apresentação de uma classificação temporal, por períodos, da cartografia mundial e em particular da cartografia portuguesa, onde é notória uma evolução conceptual e analítica do autor, desde as primeiras “arrumações” efectuadas ainda nos finais da década de vinte e posteriormente publicadas em Cartografia e

cartógrafos516. Ainda neste capítulo, o Visconde de Santarém encabeça com destaque uma longa lista de personalidades que Cortesão colocaria no seu panteão reservado aos historiadores da cartografia. Nota-se a ausência de S. E. Morison, seu declarado opositor e umas escassas linhas apenas sobre R. Almagià, crítico de algumas posições de Cortesão. Nos textos seguintes são condensadas a evolução dos conhecimentos e da representação cartográficas, desde a mais remota Antiguidade aos contributos de Eratóstenes e Ptolomeu no Capítulo II e uma resenha histórica dos posteriores desenvolvimentos desde a cartografia romana, passando pela Idade Média até ao surgir da carta-portulano mediterrânica, no Capítulo III. Na parte final deste livro, no Capítulo IV, será feita uma retrospectiva das grandes viagens, reais ou imaginárias, levadas a cabo desde tempos antigos até às expedições

513

Vide idem, ibidem, vol. I, pp. xxii-xxiii.

514 Vide idem, ibidem, vol. I, p. xxii. Refira-se que Cortesão escreve a Introdução da H.C.P., em Novembro de

1968.

515 Vide idem, ibidem, vol. I, p. xxii. 516

atlânticas do século XIV. Uma Bibliografia actualizada, um Índice remissivo e uma Errata, aspectos organizativos de evidente utilidade, características já notadas em Cortesão, encerram este Volume inicial.

O segundo dos dois volumes que chegaram ao prelo compreende quatro capítulos, os dois primeiros da responsabilidade de Cortesão, os dois últimos da autoria de Luís de Albuquerque que constituem um importante ensaio sobre náutica e navegação desde as suas origens, aperfeiçoamento, utilização e divulgação de técnicas e métodos usados pelos navegadores portugueses até ao século XVII. Antes (Capítulos V e VI), Cortesão aborda detalhadamente o panorama das navegações atlânticas nos séculos XIV e XV e a evolução do conhecimento através da cartografia do imenso espaço oceânico que se apresentava novidade aos olhos dos europeus até à viragem de 1500. O Autor lamenta a não conclusão do estudo pela não inclusão de tabelas e cartas importantes, remetendo o leitor para o próximo volume (cap. ix, Vol. III), que como hoje sabemos, não chegaria a ser editado517. Registe-se a presença, ainda que em perspectiva sintética, da sua tese sobre a carta náutica de 1424518 e uma breve alusão à política do Sigilo, a propósito do quase total desaparecimento das mais antigas cartas náuticas portuguesas, apesar da abundante prova documental da sua existência519.

A obra ficar-se-ia pelo duplo volume que acabamos de referir; no entanto o trabalho de mais de uma década estaria em fase de publicação, conforme testemunho do próprio autor quando em Fevereiro de 1977, refere que:

“várias circunstâncias, porém, levaram-me à conclusão de que melhor seria o cap. ix ocupar-se dos descobrimentos e evolução da sua antiga representação cartográfica, dividido em três secções: Atlântico, Oceano Índico e Pacífico — um tema fascinante. Embora desde há muito tivesse começado a escrever sobre o assunto, a verdade é que tive de atender a tantas e tão prementes solicitações, que não pude ir muito longe. Ainda consegui ocupar-me de três arquipélagos atlânticos - os mais importantes debaixo do ponto de vista português - e da costa africana desde o Cabo Bojador até o Cabo Verde, ou antes até o rio Senegal. Julgo, não obstante, que o que ainda consegui escrever possa ter algum interesse para os estudiosos destes

517 Vide idem, História da Cartografia Portuguesa, vol. II, p. 223. 518 Cf. idem, ibidem, vol. II, pp. 126-141.

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assuntos, e é por isso que decidi prepará-lo para publicação, embora não esteja certo de que se venha a achar valer a pena publicá-lo ou de que para tal alguma vez haja oportunidade”520.

Faria também parte de um previsto terceiro volume da História da Cartografia, ou como o próprio autor revela seria o capítulo de abertura do referido tomo521, o ensaio monográfico que viria a ser dado à estampa em 1973, com o singular e não menos enigmático título, O Mistério de Vasco da Gama522. O livro é “fraternamente dedicado à memória” do irmão Jaime, e embora se aborde a problemática da abertura da passagem Sudeste, no contexto da transição do Atlântico para o Índico, centrada na figura de Vasco da Gama, parte da argumentação é sustentada em torno do postulado do Sigilo, teoria originalmente defendida por Jaime e que Armando subscreverá, com sucessivas alusões a prova documental, quer na leitura dos mapas, quer na constância ou não, em manuscritos e crónicas. A questão sempre foi controversa, o Autor admite, quando discute conceito e significado de “Descobrimento”, analisa a estratégia da Coroa à luz das políticas joaninas nas negociações que conduziram ao Tratado de Tordesilhas e acabará por sugerir a existência de viagens exploratórias não conhecidas, depois de Bartolomeu Dias ter encontrado a passagem pelo Cabo e antes da expedição bem-sucedida de Gama, às costas do subcontinente Indiano. A biografia, perfil e nomeação de Gama para liderar a armada, ocupam a parte final da exposição. A propósito dos problemáticos e controversos, “significado de Descobrimento”, que levara Cortesão a escrever um artigo em 1972523, “política de sigilo”, e “D. João II, Tordesilhas e Colombo”524, este voltaria à já antiga polémica com Morison, mantendo a crítica sobre as suas posições de 1940, reflectidas em Portuguese Voyages to America in the Fifteenth Century e novamente presentes no seu último livro publicado em 1971, The European Discovery of America. Conhecidas eram as firmes mas obsessivas, manifestações de Cortesão em defesa da fórmula que girava em torno da prioridade portuguesa, sobretudo em relação à realidade colombina,

520 Idem, Descobrimentos no Atlântico e evolução da sua antiga representação Cartográfica, Coimbra, J.I.C.U.,

1981, separata do C.E.C.A., nº CXLII, p. 3. Este texto foi publicado a título póstumo baseado em cópia dactilografada encontrada no seu espólio, conforme referido em nota na página 3.

521 Vide comentário de Cortesão: “Muito do que se contém neste livro foi escrito para o primeiro capítulo do

Volume III da minha História da Cartografia Portuguesa, mas o capítulo ia-se tornando tão longo que eu decidi, com a aprovação do Presidente da Junta de Investigações do Ultramar, por onde a obra é publicada, apresentar num pequeno volume em separado e com um pouco mais de desenvolvimento o que havia escrito […]”, idem, O

Mistério de Vasco da Gama, Coimbra, A.E.C.A., J.I.U., Lisboa, 1973, p. 21.

522 Idem, ibidem. Também em editado em inglês, The Mystery of Vasco da Gama, 1973. 523

Vide idem, “Descobrimento” e Descobrimentos, Coimbra, J.I.U., 1972, separata do A.E.C.A., nº LXXII.

524 Sobre a qual escreveu o artigo em resultado de uma comunicação ao I Colóquio Luso-Espanhol de História

do Ultramar e das II Jornadas Americanistas da Universidade de Valladolid, decorrido em Tordesilhas de 25-29 de Setembro de 1972. Vide idem, “D. João II e o Tratado de Tordesilhas”, Coimbra, J.I.U., 1973, separata do

mas também não deixa de ser razoável considerar a intransigência de S. E. Morison que, semântica aparte, roçava a idolatria relativamente a Colombo525.

De raiz cartográfica são as interrogações levantadas por Cortesão acerca da muito boa representação das costas índicas do continente africano, por comparação com os contornos atlânticos que são patentes no chamado planisfério de Cantino, considerado por amplo consenso, de 1502 e de origem portuguesa. Ora, se apenas três expedições portuguesas oficialmente conhecidas tinham chegado a paragens mais nórdicas do Índico, e mesmo essas em difíceis missões, nem sempre com preocupações exploratórias, como seria possível um levantamento e registo toponímico, tão denso como real, do litoral africano oriental, quando por comparação, o conhecimento da costa oeste de África levara aos cartógrafos portugueses, mais de meio século e dezenas de viagens realizadas para obtenção de informação fidedigna? Daí ser plausível, ainda que insuficientemente estudada e comprovada, a questão da existência de eventuais viagens de exploração e reconhecimento, para além das oficiais e documentadas missões que se dirigiram ao Índico e ao Oriente em busca das tão ambicionadas oportunidades de trato mercantil de especiarias. Cortesão não terá conseguido convencer a comunidade historiográfica com os seus argumentos. O problema, neste caso, na sua vertente cartográfica, carece ainda hoje de sustentado estudo e clarificação.

Francisco Contente Domingues, embora reconhecendo as qualidades que colocam Armando Cortesão como autoridade mundial nos domínios da Cartografia, refere o alinhamento dos irmãos Zuzarte Cortesão no que concerne à defesa das bases teóricas da chamada Política do Sigilo, questiona e refuta o argumento estabelecido neste ensaio de Armando, onde se evoca prévia experiência marítima como condição determinante para a escolha de Vasco da Gama para o comando da armada526. Mais do que uma expedição marítima, onde a condução dos navios estaria assegurada pela mestria dos melhores pilotos, tratava-se de uma missão político-diplomática, militar e comercial, cujo êxito dependeria das qualidades de liderança, experiência e confiança que pareciam estar reunidas, até no estatuto da ascendência nobre de Vasco da Gama. Em síntese e seguindo Domingues, o contraditório

525 Entre outros qualificativos, Cortesão assim classificava o professor de Harvard “[…] um dos mais

entusiásticos panegiristas do Genovês [entenda-se Colombo]”. Cf. idem, ibidem, p. 11.

526 Cf. F. C. Domingues, “Vasco da Gama’s Voyage: Myths and Realities in Maritime History”, Portuguese

Studies, vol. 19, 2003, p. 4. “Some historians argue that information about masterships in navigation was

effectively protected by a so-called policy of secrecy. This theory was developed by the brothers Jaime and Armando Cortesão. Armando Cortesão, a world authority on cartography, wrote The Mystery of Vasco da Gama, based on Jaime’s theories. He argued that it was impossible for a man with no apparent experience as a navigator to be chosen as chief captain of such a voyage as this; and as the full details of Gama’s career are not known, he may well have been an experienced navigator involved in the secret voyages during missing ten years”.

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assentará na premissa elementar “[…] that sea captains did not need to be seamen”527, como ficaria evidenciado em situações similares verificadas desde a exploração atlântica até ao estabelecimento posterior da Carreira da Índia.

A inacabada História da Cartografia Portuguesa parece ter suscitado alguma curiosidade em periódicos anglo-saxónicos da especialidade, mas ainda assim longe do interesse por anteriores publicações de Cortesão. No The Geographical Journal, em Junho de 1970528, Axelson daria nota da edição do primeiro volume, com apreciação globalmente positiva, revelando aos leitores que se aguardava com expectativa o lançamento dos próximos dois tomos. Aquando da publicação do segundo volume em nota informativa referia-se que uma recensão à globalidade da obra seria feita depois de recebido o terceiro e último volume529, que como sabemos não viria ao prelo. Na Geographical Review, publicação da American Geographical Society, de Abril de 1973, em recensão crítica de George Kish, será registada elogiosa apreciação do duplo conjunto da obra e do erudito corpus informativo que faz jus ao status de Cortesão como reconhecido académico530, tão activo no seu octogésimo aniversário que só por si, faria dele o “[…] justly considered the dean of historians of Cartography”531

. De referir, algum empolgamento às menções “patrióticas” de Cortesão ao Visconde de Santarém, enquanto percursor dos estudos de Cartografia, bem como a procura insistente do Autor em destacar a contribuição portuguesa para a evolução da ciência náutica e da cartografia532.

Apesar de incompleta, a História da Cartografia Portuguesa, reflexo das posições mais actualizadas do Autor, constitui pelo seu vasto repositório de informação cartográfica e estabelecimento de doutrina na atribuição de créditos à “escola de cartografia portuguesa” e pelo papel decisivo na ciência da representação cartográfica, constitui, dizíamos, um marco incontornável na historiografia da Cartografia. Em capítulo introdutório da History of

Cartography, Harley ao traçar uma perspectiva do desenvolvimento da história da cartografia,

enquanto disciplina objecto de abordagem historiográfica e que, enquanto tal, teria começado a ser estudada na segunda metade do século XIX, refere que:

527 Vide idem, ibidem, p. 5.

528 Vide Eric Axelson, Crítica a “History of Cartography: vol. 1 by Armando Cortesão”, T.G.J., vol. 136, nº 2,

Jun. 1970, pp. 309-311.

529

Cf. T.G.J., vol. 138, nº 3, Sep. 1972, p. 400.

530 Vide George Kish, “History of Cartography by Armando Cortesão”, G.R., vol. 63, nº 2, April 1973, pp. 295-

296.

531 Idem, ibidem, p. 295. 532

“twentieth-century historians of cartography have so far done little, except perhaps at a national level, to assess this crucial period in the development of their subject. Only two, Armando Cortesão and R. A. Skelton, even attempted a general historiographical treatment. Both laid much stress on the seminal contributions of a number of leading scholars and on the landmarks in publication thus created. Both singled out atlases of facsimiles of early maps that they saw as holding a preeminent place in the literature of the subject from the mid-nineteenth century onward. The main emphasis of Cortesão’s approach was bio bibliographic. For him, writing in the 1960s, the systematic study of the history of cartography had started about a century earlier, and its subsequent development was best explained by the contributions of a procession of leading scholars. Thus he listed over ninety individuals in his chapter “Cartography and Its Historians” although he admitted that even so he had “not mentioned all who have, directly or indirectly, contributed to the advancement of this important and enthralling branch of the history of science””533.

Pioneiro na abordagem historiográfica integrada e interrelacionada, Cortesão estabeleceu (não sem algum sentimento patriótico) as ligações entre a História da Cartografia e os vários domínios num contexto mais alargado da História dos Descobrimentos, das Navegações e da Ciência Náutica. Desse referencial e ainda neste livro, nos dará conta Campbell, quando afirma que “more recently, Armando Cortesão considered the “advent of the portolan chart ... one of the most important turning points in the whole history of cartography””534

. São inúmeras as referências a Cortesão ao longo da History of Cartography.

533 Cf. J. B. Harley, “The Map and the Development of the History of Cartography”, The History of

Cartography, vol. 1, 1987, p. 13.

534 Cf. Tony Campbell, “Portolan Charts from the Late Thirteenth Century to 1500”, The History of