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3. ANÁLISE DOS RESULTADOS

3.3 A Ilegalidade da Cobrança

Ao perito cabe assistir o juiz nas questões técnicas postas no julgamento, assegurar às partes igualdades de tratamento, zelar pela rápida solução de litígio, prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes.

Com esse enfoque, na tabela 2, com a revisional efetuada, é possível demonstrar que as cobranças da taxa de juros apresentadas na tabela 1 foram abusivas, impossibilitando à autora efetuar os pagamentos de modo a quitar sua dívida.

TABELA 2 – REVISIONAL DO CARTÃO DE CRÉDITO

MÊS/ANO HISTÓRICO TRANSAÇÕES SALDO % mensal % anual

out/97 Saldo Anterior R$ 857,46

Compras/Saques R$ 0,00

Juros/Encargos/Mora R$ 8,57 1,0000% 12,6825%

nov/97 Saldo Anterior R$ 566,03

Compras/Saques R$ 0,00

Juros/Encargos/Mora R$ 5,66 1,0000% 12,6825%

Anuidade R$ 18,00

Valor Pago R$ 160,00

dez/97 Saldo Anterior R$ 429,69

Compras/Saques R$ 343,80

Juros/Encargos/Mora R$ 4,30 1,0000% 12,6825%

Anuidade R$ 18,00

Valor Pago R$ 400,00

jan/98 Saldo Anterior R$ 395,79

Compras/Saques R$ 202,56

Juros/Encargos/Mora R$ 3,96 1,0000% 12,6825%

Anuidade R$ 18,00

Valor Pago R$ 400,00

fev/98 Saldo Anterior R$ 220,31

Compras/Saques R$ 471,66

Juros/Encargos/Mora R$ 2,20 1,0000% 12,6825%

Valor Pago R$ 400,00

mar/98 Saldo Anterior R$ 294,17

Compras/Saques R$ 508,20

Juros/Encargos/Mora R$ 2,94 1,0000% 12,6825%

Valor Pago R$ 600,00

abr/98 Saldo Anterior R$ 205,31

Compras/Saques R$ 569,40

Juros/Encargos/Mora R$ 2,05 1,0000% 12,6825%

Valor Pago R$ 400,00

mai/98 Saldo Anterior R$ 376,77

Compras/Saques R$ 310,28

Juros/Encargos/Mora R$ 3,77 1,0000% 12,6825%

Valor Pago R$ 400,00

jun/98 Saldo Anterior R$ 290,82

Compras/Saques R$ 806,24

Juros/Encargos/Mora R$ 2,91 1,0000% 12,6825%

Valor Pago R$ 500,00

jul/98 Saldo Anterior R$ 599,96

Compras/Saques R$ 599,80

Juros/Encargos/Mora R$ 6,00 1,0000% 12,6825%

Valor Pago R$ 700,00

ago/98 Saldo Anterior R$ 505,76

Compras/Saques R$ 15,98

Juros/Encargos/Mora R$ 5,06 1,0000% 12,6825%

Valor Pago R$ 0,00

set/98 Saldo Anterior R$ 526,80

Compras/Saques R$ 0,00

Valor Pago R$ 0,00

out/98 SALDO DEVEDOR = R$ 532,07

Compras/Saques = R$ 4.685,38

Juros/Encargos/Mora = R$ 52,69

Valor Pago = R$ 4.260,00

TOTAL

Anuidade = R$ 54,00

SALDO DEVEDOR S/ ENCARGOS = R$ 52,69

SALDO DEVEDOR c/ ENCARGOS = R$ 532,07

Obs.: a taxa de 12 % ao ano proporcional a 1% ao mês resulta na taxa efetiva de 12,6825% ao ano.

A dívida que a autora tinha com a administradora era de R$ 2.853,10, com encargos. A partir da revisional apresentada, foi possível diminuir a sua dívida para R$ 532,07, possibilitando o seu pagamento. Caso o saldo fosse positivo, a devolução dos valores cobrados a mais, deveriam ser devolvidos com atualização monetária, e muitos casos, juros sobre o valor. Neste caso, não é possível verificar em que a administradora do cartão de crédito se baseou na cobrança da taxa de juros, que variou em mais de 230% ao ano, em todos os meses.

Assim, a presente monografia busca evidenciar a importância da utilização dessas informações para o segmento desta atividade, para que todos possam se beneficiar. Fica a possibilidade de se agregar cada vez mais informações como as que ora são apresentadas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O cartão de crédito é uma ferramenta importante para o varejista, como instrumento de relacionamento e de fidelização. Trata-se de uma plataforma de crédito, também por meio de compras a prazo, crédito rotativo e outros serviços financeiros que tornaram-se indispensáveis para o mundo corporativo de hoje, pois eliminam os riscos associados com a realização em dinheiro e para fazer compras mais fáceis em momentos cruciais e prova ser uma vantagem para as equipes de gestão de negócios na maioria dos estabelecimentos.

O principal objetivo de investir em um cartão de crédito é ser capaz de cuidar das despesas relacionadas com a ausência ou a falta de verbas. A maioria das empresas de cartão de crédito utiliza-se deste para fazer ofertas atrativas aos seus clientes, para atraí-los a fazer os investimentos com a instituição financeira.

O cartão é uma alternativa segura para o dinheiro, é um meio de pagamento que permite, de forma muito rápida e prática, adquirir produtos e/ou serviços através do débito ou crédito direto na conta corrente. A utilização do cartão permite ao portador um controle mais adequado das despesas, além de evitar quaisquer problemas com cheques ou riscos de portar dinheiro, pois seu uso sempre requer a digitação de uma senha pessoal para que qualquer transação de compra seja efetivada.

Por outro lado, a expansão da concessão de crédito para pessoas físicas e/ou jurídicas, a sua proliferação nas camadas mais carentes financeiramente resultam na contrapartida, que é o endividamento. São diversos os serviços de crédito e, cada vez mais, aumentam em número e modalidades, no mercado de consumo.

Cumpre ressaltar que o percentual de juros exigido pelas instituições financeiras por mês supera o que se paga, por ano, ao poupador, pois o rendimento de uma caderneta de poupança gira em torno de 6% ao ano. Até mesmo os investimentos que têm maior rentabilidade hoje em dia, como o CDB e os fundos de renda fixa, não superam a taxa dos

13% ao ano, mais atualização monetária pela TR, conforme se verifica nos informativos econômicos dos jornais.

Assim, o lucro da instituição é enorme, pois as pessoas sempre tentam buscar a quitação, até em acordos pagando, mais que os 12% ao ano, juros remuneratórios que estão em consonância com o entendimento deste trabalho.

Quanto maior for o endividamento da população pela contratação de crédito, maior será o crescimento da inadimplência. Como num círculo vicioso, o endividamento com a aquisições a prazo ou tomada de empréstimo, quando mal planejado, conduz à impontualidade. Nesse momento, deflagra-se o maior lucro das instituições que concedem crédito, porque fazem incidir encargos exorbitantes sobre a parcela em atraso, impossibilitando sua quitação e alterando o valor de todas as demais parcelas em um efeito dominó.

Com a capitalização mensal dos juros, vedada por lei, a dívida, em poucos meses, se torna impagável. Para fazer frente a esse endividamento, os consumidores apelam para novos empréstimos e limite de cheque especial ou cartão de crédito, o que, por fim, poderá conduzi- los a um endividamento crônico, sem volta.

Nas compras efetuadas a prazo, o consumidor compromete sua renda sem prever o advento de alguma situação inesperada, que demande dispêndio monetário ou interrupção da renda percebida, gerando endividamento.

Em verdade, a popularização do crédito, com o acesso de pessoas de baixa renda a esse serviço, não atende aos interesses destas, mas as torna reféns de uma estratégia para obter maior lucratividade. O crédito nas mãos de pessoas sem educação para utilizá-lo é tão perigoso como entregar um revólver nas mãos de uma criança para que ela se defenda de um assalto.

Vivemos na época da velocidade, quando as relações entre as pessoas ocorrem com uma imensa rapidez e complexidade. A cada dia, o consumidor se depara com inúmeras novidades, e muitas vezes anseia por elas. Novos produtos e serviços são lançados e envolvem novas técnicas e estratégias.

Defender o consumidor, nesse contexto, é sempre um grande desafio, seja para os órgãos públicos, seja para as entidades civis de defesa do consumidor. Dentre todas as políticas públicas possíveis na nossa sociedade, a prevenção me parece ser a mais adequada. Evitar um dano é sempre mais eficaz que buscar a reparação. A prevenção é compatível com a velocidade vertiginosa da nossa sociedade, pois nos dá respostas rápidas e eficazes.

O trabalho visou a contribuir para a discussão em torno de mudanças, com certezas necessárias, para que a indústria brasileira de cartões, considerada ainda jovem, quando comparada com outros mercados mais desenvolvidos, continue crescendo e beneficiando de forma consistente os consumidores, o comércio e o governo. Para tanto, entende-se que o diálogo entre todas as partes envolvidas é fundamental para que as ações de melhorias sejam adequadas ao atual estágio da indústria, caminhando, assim, a um bom termo para todos.

O resultado desta investigação contribuiu para melhor identificar e analisar os riscos que este mercado apresenta. Como acadêmico do curso de Economia, e na busca de poder inserir meu nome no rol dos peritos o que o curso que ora estou concluindo me permite, tenho me empenhado cada vez mais na busca de maior conhecimento. E este estudo representou novos conhecimentos, de grande valia.

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