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A Importância da Gestão de Políticas de Saneamento Ambiental

As políticas de saneamento ambiental têm, em sua origem, a preocupação com o crescimento populacional que acarreta o crescimento na demanda dos serviços de infraestrutura. Neste contexto, tais políticas visam garantir a universalização na prestação destes serviços e assim minimizar os impactos negativos causados ao meio ambiente e à saúde humana.

Tucci, Hespanhol e Cordeiro Neto (2001) consideram que a concentração urbana é a geradora de vários problemas comumente encontrados nas cidades do país, tais como, a degradação ambiental dos mananciais, aumento do risco em áreas de abastecimento. Tais eventos ocorrem pela ocupação irregular do espaço e pelo gerenciamento inadequado da drenagem urbana e ausência de coleta e disposição adequada dos resíduos sólidos urbanos.

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Para Silva Júnior (2013), um dos grandes desafios da atualidade, é o de

garantir a sustentabilidade do crescimento das cidades, conciliando o desenvolvimento econômico e social, com o processo de urbanização. Neste sentido, devem ser adotadas políticas públicas em consonância com o princípio constitucional do desenvolvimento sustentável, notadamente quanto à concretização de direitos humanos básicos de infraestrutura, como saneamento básico ou ambiental e obras de drenagens.

As políticas nacionais de saneamento preconizam a sustentabilidade como um dos princípios básicos e assumem que os serviços de saneamento ambiental devem considerar pelo menos quatro dimensões: a ambiental, relativa à conservação e gestão dos recursos naturais e à melhoria da qualidade ambiental; a social, relacionada à percepção dos usuários em relação aos serviços e à sua aceitabilidade social; a da governança, envolvendo mecanismos institucionais e culturas políticas, com o objetivo de promoção de uma gestão democrática e participativa, pautada em mecanismos de prestação de contas; e a econômica, que concerne à viabilidade econômica dos serviços (PLANSAB, 2013).

Do ponto de vista ambiental os recursos hídricos afetam e são diretamente afetados por duas ações principais de saneamento: a captação de água para abastecimento público e a diluição dos esgotos. O processo de captação e devolução da água por sucessivas cidades numa bacia hidrográfica resulta em uma reutilização indireta das águas. Sendo assim, a água está presente em todas as fases do ciclo de operações da indústria do saneamento. Inicia-se com a coleta de água bruta em reservatórios naturais ou construídos; em seguida passa pelas atividades de tratamento, distribuição aos pontos de consumo residenciais, industriais e outros, e após uso pelo processo de descarte em uma rede de esgotamento, tratamento do esgoto; e termina com a devolução da água tratada ao ciclo natural (TUROLLA E OHIRA, 2005).

A qualidade dos corpos hídricos, por sua vez, está diretamente relacionada às atividades humanas, tudo o que ocorre em uma bacia hidrográfica será refletido na qualidade das águas do corpo hídrico receptor. Por ser capaz de diluir e solubilizar praticamente todas as substâncias, a água atua como elemento de ligação entre os compartimentos ambientais (BOLLMANN; CARNEIRO; PEGORINI, 2005). Tucci (2005) considera que o despejo de esgotos sanitários e seus poluentes nos rios,

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acima de sua capacidade depurativa, são os principais responsáveis pela deterioração da qualidade da água no ambiente urbano, uma vez que, além da drenagem de águas pluviais contaminadas, ocorre a contaminação das águas subterrâneas por dejetos industriais e domésticos, bem como, o depósito inadequado de resíduos sólidos e ocupação do solo sem controle do seu impacto sobre os corpos hídricos.

Dependendo da forma como os poluentes atingem o corpo hídrico, as fontes de poluição podem ser classificadas em: pontual e difusa (Quadro 2).

Quadro 2 - Principais fontes de poluição de águas superficiais

FONTES PONTUAIS FONTES DIFUSAS

Esgotos domésticos

Fontes naturais: decomposição de

vegetais; materiais resultantes da erosão do solo; salinização.

Esgotos industriais Águas do escoamento superficial.

Galerias de águas pluviais Lixiviados de depósitos de lixo não

controlados.

Lixiviados de sistemas de disposição de resíduos sólidos coletados em valas de drenagem

Carreamento de fertilizantes e pesticidas aplicados no solo.

Águas subterrâneas com poluentes.

Fonte: Perreira (2004)

A poluição pontual refere-se àquela onde os poluentes são lançados em pontos específicos dos corpos d’água, sendo que as emissões ocorrem de forma controlada, podendo-se identificar um padrão médio de lançamento. Na poluição difusa, os poluentes atingem os corpos d’água de forma aleatória, não havendo possibilidade de estabelecer qualquer padrão de lançamento, seja em termos de quantidade, frequência ou composição (PEREIRA, 2004).

A influência do lançamento de esgotos domésticos na qualidade da água de rios urbanos pode ser observada nos trabalhos desenvolvidos por Silva, Almeida e Monteiro (2010) e Damasceno (2005). Nas duas pesquisas, os autores avaliaram a qualidade da água do rio Poti, na região de Teresina-PI, e observaram uma redução significativa da qualidade da água na medida em que o rio adentra a área urbana e

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passa a receber o lançamento de esgotos in natura expondo a população a diversas doenças.

A proliferação de doenças é outro grande problema decorrente da degradação da qualidade ambiental das cidades e segundo Philippi Júnior e Malheiros (2007), modificações ambientais, como a disposição inadequada de resíduos sólidos e o lançamento de efluentes sem tratamento adequado nos corpos d’água, podem criar ambientes propícios à existência de vetores de interesse para a saúde pública.

A possibilidade de transmissão de doenças por meio do contato com a água contaminada restringe o uso dos corpos hídricos urbanos. Isso porque cada categoria de uso requer padrões específicos de qualidade da água. Frente a este cenário, impõe-se um grande desafio a ser enfrentado na gestão dos recursos hídricos: suprir a demanda por água em quantidade e condições sanitárias adequadas às diversas categorias de uso.

Neste contexto, a escassez qualitativa, resultado da degradação da água no meio urbano, tem demandado dos governos e prestadores de serviços esforços que visem o fortalecimento das políticas públicas para ampliação do acesso dos serviços de esgotamento sanitário. Para tanto, se faz necessário o aumento nos investimentos de infraestrutura e a definição de padrões ambientais.