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A importância do patrimônio cultural para a atividade turística

No documento PR CARLA CAROLINE HOLM (páginas 37-40)

2 CULTURA, ETNICIDADE, PATRIMÔNIO E TURISMO: PILARES PARA A

2.3 A importância do patrimônio cultural para a atividade turística

Como dito anteriormente, o patrimônio é um tipo de bem herdado e que serve como uma das fontes de identificação de um grupo. Configuram-se como tal, bens tangíveis e intangíveis que são repassados entre as gerações para que sirvam de

base para a sua formação cultural (INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL – IPHAN, s/d).

De acordo com Camargo (2002, p. 15) o patrimônio pode ser percebido como “(...) herança e identidade cultural que não quer se perder. Ou enquanto identidade nacional que se quer afirmar ou reafirmar, ainda que se desloque e se descentre em nossos dias”. Deste modo, há relação entre aquele que recebe o bem e seu significado e aquele que o repassa, pois o patrimônio só existe caso haja reconhecimento de sua importância mesmo entre as gerações. Para Fulgêncio (2012, p.40)

O patrimônio apenas existe como tal se houver o reconhecimento público do valor de determinado objeto material ou imaterial, sendo importante a existência desses mesmos objetos para a identidade de um determinado grupo de pessoas (...)

Desta feita, o patrimônio pode ser um os instrumentos de reconhecimento do grupo e é o seu significado que o torna importante. Nesta perspectiva, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura - UNESCO (s/d, s/p) conceitua o patrimônio como sendo

o legado que recebemos do passado, vivemos no presente e transmitimos às futuras gerações. Nosso patrimônio cultural e natural é fonte insubstituível de vida e inspiração, nossa pedra de toque, nosso ponto de referência, nossa identidade.

Assim, pode-se evidenciar a estreita relação entre os temas aqui já tratados, a saber, cultura, etnicidade e agora patrimônio, pois de maneira involuntária estes tratam da identidade e do sentimento de pertença de um indivíduo. Como um bem herdado, o patrimônio e seu significado devem ser repassados entre as gerações, pois assim como a cultura, ele pode alterar-se ou perder-se ao longo do tempo, dando lugar a novos bens, novas formas destes serem representados e novos significados.

Este conjunto de significados refere-se à memoria coletiva atribuída ao bem, para Camargo (2002, p.31) “É esta memória que nos impele a desvendar seu significado histórico-social, refazendo o passado em relação ao presente, e a inventar o patrimônio dentro de limites possíveis, estabelecidos pelo conhecimento”. Desta forma, existe fundamental importância para que o significado do patrimônio

seja mantido, de forma que este revele-se salutar para as gerações vindouras. Os bens herdados podem ser subdivididos em categorias de maneira a ser compreendida a abrangência de seu alcance; e assim o patrimônio pode ser: documental, arquitetônico, natural e histórico. Este último contempla o patrimônio cultural , o qual deseja ser explanado no presente trabalho.

O patrimônio cultural é compreendido pelo IPHAN (s/d, s/p) como

imóveis oficiais isolados, igrejas ou palácios, mas na sua concepção contemporânea se estende a imóveis particulares, trechos urbanos e até ambientes naturais de importância paisagística, passando por imagens, mobiliário, utensílios e outros bens móveis.

Barretto (2003) todavia não desconsidera esta definição, mas afirma esta ser reducionista, pois não contempla o patrimônio imaterial de um grupo. Ele pode ser entendido como “(...) conjunto de todos os utensílios, hábitos, usos e costumes, crenças e forma de vida cotidiana de todos os segmentos que compuseram e compõem a sociedade” (BARRETTO, 2003b, p.11).

Deste modo, o IPHAN caracteriza separadamente o patrimônio cultural imaterial como

àquelas práticas e domínios da vida social que se manifestam em saberes, ofícios e modos de fazer; celebrações; formas de expressão cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas; e nos lugares (como mercados, feiras e santuários que abrigam práticas culturais coletivas). (IPHAN, s/d, s/p).

Neste sentido, percebe-se que o patrimônio cultural é a maneira de um grupo identificar-se com a cultura de um povo de forma materializada, uma vez que quando trata-se de cultura há certa abstração em relação à sua aplicabilidade. Para Camargo (2002) o patrimônio cultural compreende os bens culturais e o conjunto de símbolos que estão impregnados neste bem. Para o autor, o patrimônio é uma das formas de identidade e por isto seu mantenimento mostra-se importante para o grupo que o detém.

No que diz respeito ao mantenimento, existem distintas formas disso se dar, como por exemplo o tombamento ou o registro dos bens para que estes adquiram longevidade. Todavia outros fatores externos podem colaborar para o cuidado destes bens e, entre eles, pode-se afirmar que a atividade turística pode ser trabalhada como uma importante aliado nesta tarefa.

Diz-se isto em virtude da atividade mostrar-se capaz de agir positivamente nos locais onde ocorre, cooperando para o mantenimento de manifestações que retratem o patrimônio cultural que esta localidade possui. Para Cardozo e Melo (2009, p. 02) a união entre a atividade turística é de relevância “(...) porque o patrimônio cultural é um dos elementos de atratividade turística, e o turismo chamado cultural é um dos que mais cresce no mundo”. Assim, o fluxo de visitas pode fomentar o desejo do grupo em manter determinado bem ou tradição vivos para que outras pessoas tenham acesso à sua cultura.

Nesta mesma perspectiva, Brusadin e Silva (2007) afirmam que o turismo é uma das maneiras de aproximar o turista do patrimônio cultural de um grupo, pois o turismo depende de um diferencial local para tornar-se atrativo e o patrimônio é uma maneira única disso acontecer. Com a presença de alheios à cultura e a percepção da valorização do patrimônio por estes, é possível que os detentores do patrimônio sintam-se motivados para mantê-lo para as suas gerações vindouras e também para que os bens que possuem tornem-se conhecidos e divulgados para os demais.

No documento PR CARLA CAROLINE HOLM (páginas 37-40)