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3. Promoção e Publicidade na Moda

3.1 A Imprensa de Moda

“A revista de moda tornou-se uma peça fundamental numa das indústrias que movimenta mais capital no mundo.” (GOMES, 2010:39)

Segundo Cristina L. Duarte (2004)20 as primeiras revistas de moda apareceram no final do século XVIII, em França, desde aí a imprensa de moda tornou-se um ramo em rápida ascensão.

A importância que a moda tem na nossa história, na nossa cultura, na nossa sociedade, na nossa identidade enquanto seres individuais e coletivos, eleva as revistas desta temática a marcos cronológicos de tendências, de fases comportamentais de um grupo cada vez mais global e, portanto, faz destas documentos dotados de importância histórica, não sendo somente um registo no âmbito da estética, mas também no âmbito cultural, visto ser um reflexo de uma sociedade numa determinada altura retratado sobretudo através de imagens.

A criação das revistas de moda consiste num processo circulatório onde a revista é feita para a sociedade e ao mesmo tempo é inspirada e elaborada com base na mesma.

19 Tradução livre: “Alguns dos veículos de promoção de moda mais conhecidos são a publicidade nas revistas de

moda de renome, como Vogue, Harper’s Bazaar, Grazia e Marie Claire; (…)”.

20 “Pouco tempo antes da Revolução Francesa, as duas revistas que inauguram no século XVIII a era das publicações

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“A imagem impressa, pelo menos a que é difundida pelos jornais, revistas e magazines, mantém relações muito estreitas com a sociedade contemporânea, da qual parece ser mais a flor do que a raiz. Recordemos a sua função constante de espelho, reflexo, resposta a uma expectativa do público.” (RODRIGUES; DIONÍSIO e NEVES; 1982:17)

E como espelho da nossa cultura, a imprensa, neste caso, de moda, resulta numa evolução não só quantitativa mas também qualitativa, ao longo dos tempos.

Originalmente, uma revista de moda era sobretudo informativa e, mais técnica. A moda do século XVIII era ainda muito restrita e o elemento distintivo do vestuário feminino incidia sobretudo nos materiais, cores, padrões. Nesta época a indumentária, os cabelos e a maquilhagem eram elementos comunicativos, mas não tanto expressivos, em que serviam principalmente para distinguir classes sociais e não tanto para individualizar o estilo de cada indivíduo, a moda era mais semelhante de pessoa para pessoa.

Com o decorrer do tempo a moda ganhou uma diversidade infindável, uma dimensão muito mais ampla, um carácter mais expressivo e individualista e, consigo, a imprensa da moda cresceu também – esta passou de meramente informativa a difusora de tendências, de comportamentos, de estilos de vida.

Como Lipovestky (2010, p. 131) declara: “A moda do ano só surge quando os sufrágios de uma certa clientela e da imprensa tiverem convergido para um tipo de modelo.” Não obstante, as tendências são determinadas por gabinetes de estilo e tendências (ex.: Promostyl), que através de pesquisas intensivas e estudos de mercado fazem uma previsão do que vai estar em voga daqui a dois anos, são os chamados “caçadores de tendências”. A essa previsão, geralmente apresentada em formato de caderno, têm acesso empresas e marcas privadas que se guiam por algumas diretrizes desses “estudos” para fazer as suas criações, utilizando elementos lá definidos como as cores, as formas, os materiais, etc. (isto acontece em vários sectores: moda, arquitetura, design industrial, entre outros). Essa informação acaba por chegar a todos nós atempadamente - dois anos após ter sido identificada.

Na área da moda especificamente, chega-nos através dos media, onde a revista de moda é a protagonista. Posto isto, a imprensa de moda não cria a tendência em si, mas tem um forte papel na sua implementação no mercado.

Por existirem variados tipos de revistas de moda, dedicadas a diferentes estilos e tipos de pessoa, a identificação do seu género é feita, principalmente, através da linguagem imagética de cada uma: da capa, do tipo de fotografia, do tipo de publicidade; contudo o tipo de linguagem escrita é também fundamental e também se insere na identidade e elemento de diferenciação entre as variadas revistas de moda.

“A produção visual das publicações pode ser então analisada deste ponto de vista, quer pelo levantamento de temáticas visuais de fotografias, através das capas, quer nos editoriais. Ambos são os principais responsáveis pela disseminação da moda a nível visual numa revista.” (ROCHA, 20011:22)

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Apesar de as temáticas visuais serem o núcleo da imprensa de moda, deve ter-se em atenção que muitas das imagens que as revistas contêm são publicitárias, deixando de parte o cunho artístico que se pode encontrar, por exemplo, nos editoriais da revista, produzidos pela própria.

O facto de grande parte das páginas, na imprensa de moda, serem dedicadas à promoção publicitária de variadas marcas, incide na seguinte realidade: as revistas são maioritariamente “compradas” pelas marcas que publicitam, este é grande parte do seu rendimento, para além das vendas ao público. Cada página das revistas tem um preço e, para a marca “x” poder ter o seu anúncio impresso ali, tem de pagar o lugar. Se contarmos, podemos perceber a quantidade de páginas que compõem as revistas, que estão “ocupadas” pela publicidade.

“A publicidade tornou-se praticamente a única fonte de receitas da imprensa, o que não põe em causa a sua independência financeira e moral. A droga da publicidade põe a imprensa na sua dependência.” (RODRIGUES, 1981:18)

Como referido na presente citação, esta “invasão” publicitária não implica que a criação de uma revista seja feita de forma dependente da publicidade, esta é um apoio, por vezes limitador, mas não impeditivo da elaboração de uma revista fiel à temática e conceito da sua identidade. Cabe sempre aos responsáveis (editores, diretores criativos, etc.), conceber um trabalho que faça justiça à linguagem e estatuto da revista em questão. Continuam a ser estes a ter a palavra final relativa às escolhas das peças que vão aparecer como sugestões de compra, são estes que escolhem as temáticas abordadas em cada edição, são estes que escolhem as imagens que acompanham os artigos escritos, e sobretudo, são estes que criam, de raiz, fotografias de editorial – o auge das revistas de moda.

Posto isto, o papel dos diretores artísticos, editores e diretores de moda, é equiparável ao dos criadores de moda, no sentido em que os criadores, como o nome indica, criam a moda, os “diretores artísticos, editores e diretores de moda” trabalham em função da sua disseminação, uns sem o trabalho dos outros não sobreviveriam, pelo menos, não da mesma forma.

Em suma, a imprensa de moda é um ramo essencial a toda a indústria e, um elemento crucial na análise sociocultural de uma época. As revistas de moda orientam a sociedade e, a sociedade é a sua base de criação. Uma das revistas mais influentes desta área é a Vogue, da qual a discente falará seguidamente, no âmbito de ter efetuado o seu segundo estágio na redação da edição portuguesa desta revista.

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Capítulo

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de Janeiro de 2014. Imagem para a capa escolhida com o parecer da discente. Fonte Própria.

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