• Nenhum resultado encontrado

5. A importância da Fotografia nas Revistas de Moda

5.1 Fotografia – A descoberta

“A descoberta da fotografia é uma das realizações mais extraordinárias que o génio do Homem tem conseguido. Por meio dela eternizamos o que é passageiro, tornamos a ver o que já passou, continuamos vivos depois de mortos.” (CARVALHO, 1990:1)

Desde sempre que o homem sentiu a necessidade de retratar aquilo que os seus olhos veem. Antes do aparecimento da fotografia, o método de representação mais realista conseguido foi a pintura, apesar de se poder inserir em diferentes estilos, a pintura realista, como o seu nome indica, tentou retratar pessoas, paisagens, entre outras coisas, com a máxima perfeição que o homem pôde atingir.

Mesmo com a pintura realista, houve sempre a procura da perfeição e de uma maior facilidade na representação dos retratos, fosse por motivos artísticos ou científicos, por isso, muitos foram aqueles que buscaram novos elementos que ajudassem a essa reprodução absoluta do que se vê, através da invenção de novos engenhos para este fim. Foi essa necessidade que nos trouxe a fotografia, essa que “não inventa, é a própria autenticação.” (BARTHES, 1989:121).

Um maior entendimento do funcionamento da nossa visão e da função da luz naquilo que vemos, levou a mais descobertas feitas no âmbito dos mecanismos necessários para gravar uma cópia daquilo que os nossos olhos captam.

Com vários anos de investigação e com a união e aperfeiçoamento dos métodos conseguidos ao longo dos tempos, e das descobertas químicas relativas à revelação e fixação de imagens, conseguiu-se aquilo a que hoje chamamos de “fotografias”. Inúmeros foram os estudos realizados para o melhoramento dos processos e equipamentos, bem como, da qualidade da imagem obtida, muitos nomes se podem pronunciar aquando da história da fotografia. Dois dos seus grandes percursores, indissociáveis à génese da fotografia foram Nicéphore Niépce e Louis Daguerre.

A primeira fotografia propriamente dita aparece em 1822. “Nicéphore NIÉPCE chamou, ao seu processo, heliografia. O nome actual – fotografia – só foi criado alguns anos depois.” (CARVALHO, 1960:32). Essas “Fotografias” de Niépce careciam de melhorias técnicas, pois necessitavam de estar expostas à luz por um longo período de horas e visualmente as imagens não eram perfeitas a nível de contrastes. Eram gravadas em placas de cobre cobertas de prata e a sua conservação era mínima.

Daguerre, pintor francês aclamado da altura, também ele interessado neste ramo, juntou-se a Niépce, com quem assinou um contrato de associação, em 1829, com o objetivo de unirem as suas investigações de forma a conseguirem mais e melhores resultados.

Niépce morre em 1835 mas os estudos de Daguerre não param e, paulatinamente, este foi concretizando algumas melhorias técnicas como a redução do tempo de exposição da

55

fotografia à luz, que agora se conseguia em minutos, bem como, melhores contrastes e uma melhor fixação da imagem.

Estes progressos resultaram no daguerreótipo, derivado do nome Daguerre, o aperfeiçoador das heliografias de Niépce, criador de um dos primeiros aparelhos fotográficos que “pesava uns cinquenta quilos e custava, em 1839, 400 francos-ouro.” (SOUGUEZ 2001:61).

Apesar de serem incontáveis os nomes e feitos que contribuíram para a existência da fotografia como a conhecemos, existem alguns que se evidenciam. Posto isto, outro acontecimento merecedor de referência é a invenção dos negativos, que chegaram até aos dias de hoje e que a sua descoberta de deve ao estudos de Bayard e Talbot.

“Entre os numerosos investigadores que rondavam a descoberta definitiva, há que destacar dois deles, que se ergueram como antecessores na invenção de Daguerre e cuja importância é inegável: Bayard e Fox Talbot.” (SOUGUEZ 2001:83)

Estes foram os dois principais responsáveis pela possibilidade de ter fotografias impressas em papel e de se poder copiar várias vezes a mesma fotografia. Hershel, astrónomo inglês amigo de Talbot teve também um papel importante nesta evolução pelos seus contributos no âmbito da química e pela invenção dos termos “negativo” e “positivo”.

No decorrer do século XVIII, o progresso inerente à fotografia foi infindável. Muitos se interessaram e colaboraram no melhoramento das soluções químicas e mecanismos técnicos que resultaram em menor tempo de exposição à luz, maior durabilidade e mais qualidade visual da fotografia.

Em 1888, com a criação de uma “máquina muito barata: a Kodak n. 1” (AMAR, 2010:32), mais prática e fácil de manusear e que permitia captar 100 fotografias com formato redondo, a fotografia tornou-se mais comercial e universal.

George Eastman foi quem lhe deu o nome “Kodak” e quem tornou a criação desta máquina possível tendo inventado, com a ajuda de Walker, a película fotográfica que a viria a integrar.

Ainda em meados de 1870, dois homens distintos obtinham já resultados relativos à adição de cores na fotografia, Charles Cros e Louis Ducos du Hauron. Para além destas personalidades, houve outros que estudaram as múltiplas possibilidades da introdução de cor nas imagens reproduzidas e assim foram descobertos vários métodos que levaram à perfeição da cor conseguida nas fotografias de hoje.

A fotografia teve um grande impacto no mundo, esta interferiu em vários campos, na arte, na ciência, na sociologia, na história do homem.

Atualmente, a fotografia, bem como o audiovisual, reinam o dia-a-dia das pessoas, pelo menos, daquelas que vivem em locais mais desenvolvidos onde os meios de comunicação são como o ar que se respira.

56

Com as ferramentas de manipulação de fotografias disponíveis, estas chegam a tornar- se mais “reais” do que nós mesmos, porque com ela é possível representar uma versão mais “perfeita” daquilo que existe.

“Perante os clientes de um café, alguém me disse precisamente: «Veja como são insípidos; hoje em dia, as imagens são mais vivas do que as pessoas.» Uma das características do nosso mundo é talvez essa reviravolta: vivemos segundo um imaginário generalizado.” (BARTHES, 1989:162)

O poder que a fotografia acarreta, faz dela um instrumento informativo de valor. Esse valor é reconhecido também pela indústria da publicidade, que faz uso desta arma visual manipulável, cujo poder ultrapassa os limites do céu.

Documentos relacionados