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A Instauração do Euro em Associação ao Cumprimento das Regras de

3. APRESENTAÇÃO DO EURO-SISTEMA SOB A ÓTICA

3.3 A Institucionalização do Euro

3.3.2 A Instauração do Euro em Associação ao Cumprimento das Regras de

De acordo com Costa (2001, p. 50 - 57), o estabelecimento dos critérios de convergência para a edificação de uma moeda única , como descrito nos itens anteriores, bem como o ambiente institucional, foram preparados com a formação de instituições de controle e instrumentais desse processo de convergência até o Tratado de Amsterdã (1997), que, com a lógica do Tratado de Maastrichit, articulou e ampliou os Tratados e Protocolos anteriores .

O instrumental fundamental do sistema consistiu na criação de um sistema alargado de taxas de câmbio fixas em que cada moeda teve uma taxa central expressa em termos da Unidade Monetária Européia (ECU), conforme descrito no primeiro capítulo.

Nesse sentido, o ECU desempenhou um papel central no novo sistema, funcionando como numeraire no mecanismo da taxa de câmbio; ou seja, como moeda em que se expressaram as operações tanto nos mecanismos de intervenção, como de crédito, como ponto de referência para o indicador de divergência e como um meio de pagamento e de reserva para os Bancos Centrais do Sistema Monetário Europeu.

Mas como Costa (2001, p. 56 - 9) afirma, é importante destacar que ECU não era propriamente uma moeda, tratava-se de uma unidade de conta criada em março de 1979 simultaneamente ao Sistema Monetário Europeu, o qual era utilizado nos mercados particulares para emissão de títulos, créditos interbancários e contratação de créditos entre particulares. No mercado obrigatório internacional, ele era parte do grupo de moedas principais, em companhia do dólar, yen, marco alemão e libra esterlina. Ou seja, o ECU funcionava como instrumento liberatório no orçamento comunitário europeu, sendo, assim, o precursor do Euro.

Entretanto diante da preocupação para a implantação e pleno funcionamento da moeda única, criou-se um sistema de pagamentos denominado - TARGET : Trans- European Automated Real Gross Settlement Express Transfer. Tratava-se de um sistema interbancário

de pagamentos que buscava contribuir para a integração do mercado monetário e da política monetária, após a implantação da moeda única.

Nesse sistema, havia a determinação de uma faixa de variação das moedas em relação ao ECU (European Currency Unit), cujo valor era estabelecido a partir de uma cesta de moedas européias34, conforme detalhado no primeiro capítulo.

Ao serem recapituladas essas informações, é possível associar essas taxas centrais a uma “grelha” de taxas centrais bilaterais, que permitiam uma margem de flutuação de mais ou menos 2,25% (6% para a libra irlandesa e a lira italiana, moedas mais fracas). Nessas margens, a intervenção dos Bancos Centrais participantes era obrigatória e ilimitada. Se uma moeda ultrapassasse um limiar de divergência fixado em 75% do máximo de variação permitida, o país em causa devia tomar medidas corretivas que podiam incluir a intervenção, medidas de política monetária interna, alterações nas taxas centrais ou outras medidas de política econômica35.

Diante do temor da inflação, os países com baixas taxas passaram a exigir garantias dos outros países de que esses não incorreriam em indisciplina fiscal. Para tanto, foi criado o Pacto de Estabilidade e Crescimento em 1997, o qual, segundo Krugman e Obstfeld (2001), representou uma “camisa-de-força fiscal”, definindo um “cronograma para a imposição de

penalidades financeiras aos países que não corrigissem suas situações de déficits e dívidas excessivas com a devida rapidez”36.

A margem de inflação aceita era até 2% por ano, e nenhuma outra consideração, tal como, a necessidade do crescimento econômico ou o desemprego poderia prevalecer sobre o objetivo de estabilidade dos preços.

34 Há que acrescentar que durante todos esses anos o marco alemão tinha a posição mais forte, e que os outros

países precisam definir suas políticas monetárias em relação àquela do Banco Central alemão.

35 Para maiores informações ver Peter ROBSON (1985) ; pg. 110 - 87.

36

Para maiores informações ver KRUGMAN, Paul R.; OBSTFELD, Maurice (2001); pg. 623 - 57;

Em maio de 1998, o Conselho, reunido com os chefes de Estado ou de Governo, reconheceu que onze Estados-Membros candidatos à moeda acatavam os critérios de convergência . Em 1º de janeiro de 1999, as taxas de conversão do Euro ante as moedas dos Estados-Membros participantes foram fixadas de maneira irrevogável e o Banco Central Europeu começou a funcionar. As moedas nacionais permaneceram, apenas, como formas diferenciadas de uma mesma moeda comum até o inicio de 2002, quando as notas e moedas em Euro as substituíram.

A designação “Euro” foi adotada pelo Conselho Europeu em dezembro de 1995, em Madrid. A implantação dessa moeda ocorreu de forma gradual, visto que, de janeiro de 1999 até dezembro de 2001, as moedas nacionais e o Euro circularam conjuntamente. Mas as operações interbancárias, as operações entre o Banco Central Europeu e os Bancos Comerciais e os lançamentos de títulos da dívida pública eram feitas sempre em Euros, respeitando-se a taxa de câmbio fixa entre ele e as moedas nacionais.

Essa conduta deu-se até julho de 2002, período esse considerado como limite para os países efetuarem as reformas monetárias e bancárias necessárias em seus sistemas financeiros, para que as moedas nacionais fossem, definitivamente, substituídas pela nova moeda. (GRAUWE, 1997)

Diante do exposto, o Euro passou a funcionar enquanto uma moeda internacional à Comunidade Européia, com participação no sistema de reservas internacionais, nos fluxos de capitais e no comércio exterior, cumprindo as funções monetárias em seus desdobramentos como moeda oficial ou privada. Tal fato vale-se claramente dada a base institucional do Sistema, a qual será descrita a seguir.