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A contemplação da problematização de pesquisa deu-se numa primeira iniciativa, com a descrição da função e o sentido da Moeda na economia monetária desde o padrão-ouro até os dias atuais, buscando elucidar as correlações entre tais evoluções monetárias e as respectivas crises financeiras sistêmicas vigentes nos últimos trinta anos, com a intenção de apresentar o debate, na ótica pós-keynesiana, no que se refere à dinâmica do sistema financeiro internacional e suas necessidades de reestruturação. A concepção eleita, pós- keynesiana estruturalista, justifica-se a partir da mesma constituir uma referência central das concepções de oferta de moeda entre os pós-keynesianos, especialmente no que se relaciona à discussão sobre o caráter endógeno da oferta de moeda e de crédito e suas conseqüências para o andamento da economia.

A construção do referencial teórico pós-keynesiano deu-se a partir do método qualitativo descritivo comparativo que procura descobrir e classificar a relação entre variáveis, assim como na investigação da relação de causalidade entre os fenômenos. Isso possibilitou uma reflexão analítica abrangendo aspectos gerais e amplos de um contexto social que possibilitou identificar as diferentes formas dos fenômenos, sua ordenação e classificação.

Para tanto, tornou-se necessário resgatar a fundamentação teórica envolvida no papel da incerteza nas economias monetárias e compreender, ainda, como a estruturação do Euro-sistema pode ser associada a possíveis condições de administração da “incerteza” na concepção pós-keynesiana, buscando sintetizar as convergências e divergências da referida concepção à tal ótica de correlação.

Assim, analisou-se o papel das variáveis: endogeneidade da moeda, grau de integração do Sistema Financeiro Internacional e as condições de interferência da “Incerteza” na dinâmica das Economias Monetárias. Esta elaboração colocou a pesquisa diante de um

privilegiado aprofundamento da fundamentação teórica da evolução e das premissas da abordagem pós-keynesiana diante do paradigma do funcionamento e da funcionalidade do sistema financeiro nas economias monetárias e suas respectivas alternativas referenciadas: reforma monetária internacional e moeda internacional.

Posteriormente, contextualizaram-se os fatos relativos ao processo histórico e aos aspectos econômico-institucionais que articularam a convergência para o surgimento do Euro, identificando-se as Instituições que sustentam as relações do Euro-sistema. Nesse sentido, a complexa contextualização histórica do Euro buscou destacar como a construção institucional foi capaz de compreender, administrar e re-equilibrar a dinâmica sistêmica em que está inserido.

Diante das contextualizações apresentadas, tornou-se possível analisar se a Moeda Internacional e o Sistema Financeiro Internacional Unificado, na concepção pós-keynesiana estruturalista, podem ser associados às finalidades do processo de formação da União Européia, centrando-se na análise do papel institucional desempenhado pela moeda única – o Euro, através do Euro-sistema.

A execução dessa análise não se conteve em buscar fatores de associação e/ou de incongruência que permitissem concluir pela perfeita associação ou desassociação entre a concepção pós-keynesiana e o Euro-sistema; mas sim desenvolver uma ampla contemplação reflexiva do desenvolvimento do papel da moeda nas economias monetárias, bem como, associá-lo à segmentação de pesquisa do campo macroeconômico (pós-keynesiano), o qual preocupa-se em compreender e sistematizar a dinâmica destas economias e suas fragilidades diante das respectivas capacidades de integração e circulação monetária internacional.

Assim, a reflexão, por exemplo, diante dos fatos teóricos e históricos que marcaram a constituição da União Européia, torna possível transceder alguns antigos conceitos de Estado Nacional, tais como: a primeira lição desse acontecimento histórico é um processo nada

improvisado. Visto que todos os países participantes passaram por todas as fases de um processo de integração. Posteriormente, com a descrição do processo de integração resultando na criação de um Banco Central Europeu e de uma moeda única, reforçam-se as reflexões sobre as necessidades de mecanismos de coordenação de políticas econômicas a nível supranacional. E, finalmente, a constatação de que a implementação do Euro está ligada com a coesividade que deve existir entre os países constitutivos da União Européia.

Entretanto, as mesmas bases reflexivas abrem pontos de expectativas não tão “assertivas” na condução dessa economia integrada, inflando, novamente, expectativas de incerteza. Primeiramente, a entrega de parte de sua soberania ao BCE pelos governos nacionais cria expectativas quanto às suas conseqüências e sugere indagações, tais como : O que acontecerá com a estabilidade monetária e financeira e com as taxas de juros? Como ficará a condução da política econômica nacional diante das restrições impostas pelo Tratado de Maastricht e quais os seus efeitos sobre o mercado de trabalho? Quais os efeitos da unificação cambial sobre a balança comercial e os movimentos de capital para com os países membros?

A eliminação do mercado cambial intrazona reduziu os custos de transação e tornou mais rápido o deslocamento de capitais e mercadorias entre os países-membros, pois, ao mesmo tempo, desapareceram custos cambiais e de intermediação nas operações de câmbio. Em função disso são esperados grandes aumentos no número de investimentos internacionais. Para tanto, os Bancos europeus sofreram alterações com o desaquecimento de certas operações como o comércio de divisas estrangeiras e voltaram às atividades de Banco de Investimento, com administração de ativos, subscrições de ações, fusões e aquisições.

Com a taxa de câmbio e a taxa de juros de curto prazo fixada pelo Conselho Europeu, seguindo as recomendações do BCE que saem da esfera nacional para a regional, apesar de terem efeitos diferenciados sobre as economias que compõem a área do Euro. Ante essa

situação, diante de uma moeda valorizada não é surpresa o aumento de desemprego, já que sem a tradicional arma da desvalorização cambial para resolver os problemas ligados ao setor externo, tanto os governos quanto as empresas terão de aumentar seus esforços para captar recursos do exterior e garantir saldos comerciais positivos. Ao mesmo tempo, deverão diminuir os custos e os déficits orçamentários, apresentar estabilidade, oferecer aos investidores externos um retorno atraente e ganhar competitividade por outras vias fora da esfera cambial.

Adicionalmente, diante da limitação do poder dos governos (em matéria fiscal- monetária), no que se refere em afetar as condições de empregos e os gastos sociais, muitos países membros são obrigados a promover adaptações em suas legislações, não só para flexibilizar o mercado de trabalho, como reduzir as despesas com bem-estar social, o que tem provocado conflitos.

Entretanto, diante do Euro como moeda de livre curso, vários fatores contribuem para seu eficaz desempenho como moeda internacional junto ao seu espaço co-delimitado integrado, como por exemplo: a dimensão da economia que a sustenta; a força e a estabilidade da economia européia, com ausência de riscos de hiperinflação ou de qualquer incerteza quanto à manutenção do status de ambiente estável; e finalmente, para o mercado de capitais, a aceitação do Euro como dinheiro mundial deve ter a amplitude e a liquidez exigida para a convergência de uma moeda nacional em moeda global.

Portanto, o Euro-sistema, através do Euro, nas suas devidas dimensões e limites, abre caminho para reflexões futuras acerca da criação de um organismo, de um sistema de gestão supra-nacional, capaz de tentar direcionar políticas comuns para vários segmentos e países- membros do sistema vigente.