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A Junta das Missões de Pernambuco: o início de sua institucionalização

Estabelecida na carta régia de 07 de março de 1681, a Junta das Missões de Pernambuco tinha como principal função zelar pela prosperidade das missões “para que elas vão em aumento com grande fruto da propagação da Fé Católica”. Devendo atentar e considerar “com toda atenção” o papel “sobre o bem espiritual das Missões da Índia” encaminhado junto com a carta régia que a instituía, determinou o monarca que a Junta deveria ter o cuidado de “promover as missões” sendo subordinada à Junta das Missões do reino. Dispõe o texto da carta:

“Fui servido resolver que nessa Capitania se erija uma Junta de Missões com subordinação a que há neste Reino, a qual terá cuidado de promover as Missões na forma, que o papel aponta, e que na dita Junta assistais (e a convoqueis aonde vos parecer) ou quem vosso cargo servir, o Bispo, e em sua falta o Vigário Geral do Bispado, o Ouvidor Geral, o Provedor da Fazenda, encomendo-vos muito e mando que nesta conformidade disponhais este negócio e o façais presente às pessoas referidas, para que nele se obre com o zelo, que de todos espero por ser tanto do serviço de Deus e minha obrigação.”164

Encontramos na lei de 10 de setembro de 1611 que delibera sobre os casos em que o cativeiro indígena seria legítimo – vale pontuar, nos casos em que os índios fossem presos em „guerra justa‟ e quando fossem “resgatados” do domínio de „tribos inimigas‟ – , a primeira configuração de uma Junta especializada em julgar quando uma guerra empreendida contra os índios seria ou não considerada „justa‟. Esta Junta, que seria formada na Bahia e da qual participariam o governador do dito Estado, o bispo, o chanceler e desembargadores da Relação, e todos os prelados das ordens religiosas atuantes no local onde seria realizada a dita Junta, deveria ser convocada quando “os ditos gentios movam guerra, rebelião e levantamento”, se averiguando “se convém, e é necessário ao bem do Estado, fazer-se guerra ao dito

164“Sobre se erigir a Junta das Missões”, 07 de março de 1681. In: Anais da Biblioteca Nacional,

“Informação geral da capitania de Pernambuco”, n.28, 1906, p.379. A mesma carta pode ser encontrada no Arquivo da Universidade de Coimbra, Fundo Conde dos Arcos, livro 33, “Ordens reais para o Governo de Pernambuco (1654-1713)”, tomo I, fl.108, e no Instituto dos Arquivos Nacionais -

gentio, e se ela é justa”.165 O governador, quando a Junta votasse pela realização da guerra, era encarregado de encaminhar ao monarca os assentos decorrentes da reunião para que ele julgasse se os motivos expressos para a realização da guerra se verificavam de fato „justos‟. Só após o aval do monarca, se daria início à dita guerra. Mesmo a Junta possuindo caráter extraordinário – se reunindo apenas em casos de levantes e rebeliões indígenas – e tendo seu campo deliberativo restrito ao julgamento de uma única matéria o qual deveria posteriormente ser apreciado pelo monarca antes de executado – deliberar a respeito da justiça de uma possível guerra – o governador do Estado tinha autorização de iniciar a guerra caso fosse constatado iminente perigo em aguardar o parecer régio.166

Poucos anos antes da carta régia de 1681 que previa a criação da Junta das Missões de Pernambuco, o príncipe regente D. Pedro II ordenou que o governador de Pernambuco Aires de Souza de Castro realizasse uma Junta da qual participariam, ao seu lado, o bispo, “dois Prelados das religiões”, sem identificar a qual ordem religiosa eles pertenciam, e o procurador dos índios. A provisão que pedia a reunião desta Junta foi passada em 06 de maio de 1678 e teve como motivação uma carta de fevereiro do mesmo ano enviada ao príncipe regente por D. Pedro de Almeida, antecessor de Aires de Souza de Castro no governo daquela capitania. A Junta, que deveria ser convocada pelo então governador, tinha por incumbência deliberar sobre as proposições presentes na carta enviada ao reino pelo governador D. Pedro de Almeida. Nela propunha o governante que na capitania houvesse religiosos em número suficiente para assistirem nos aldeamentos indígenas – governando e doutrinando os índios – e que fossem criadas duas novas aldeias de índios ficando os missionários da Companhia de Jesus delas encarregados.167

Também de caráter extraordinário, esta Junta deveria ser convocada para julgar duas questões específicas, diretamente relacionadas ao empreendimento missionário na região: o aumento do número dos aldeamentos indígenas – se era conveniente a criação de duas novas aldeias conforme havia proposto a carta do

165 “Carta de lei – declara a liberdade dos gentios do Brasil, excetuando os tomados em guerra justa”,

10 de setembro de 1611. In: José Oscar Beozzo. Leis e Regimentos das Missões – política indigenista no Brasil. São Paulo: Edições Loyola, 1983, p.184.

166 Ibidem.

167 “Provisão de 06 de maio de 1678”. Arquivo Histórico Ultramarino, Conselho Ultramarino, Códice

256, “Livro de Registro de cartas régias, provisões e outras ordens para Pernambuco, do Conselho Ultramarino”, fl.25-25v.

governador D. Pedro de Almeida – e o monopólio do governo espiritual e temporal por parte dos missionários. Ainda que não fosse uma Junta de caráter permanente, vemos que os dois pontos que deveriam ser alvos de seu julgamento eram mais amplos que a simples análise da justiça ou não de uma „guerra justa‟. Para além da simples ampliação do campo de julgamento desta Junta extraordinária, transparecem também neste caso indícios de uma prática decisória que se concretizaria com a criação da Junta das Missões quase três anos depois: a percepção de que a política missionária poderia ser melhor administrada e efetivada com uma instituição que localmente aconselhasse o monarca, ou mesmo julgasse as questões nascidas naquele espaço. Vale notar que tanto a criação de novos aldeamentos como a administração dos mesmos, problemas que deveriam ser propostos na Junta extraordinária de 1678, passaram posteriormente a incorporar o rol de competências da Junta das Missões de Pernambuco.

Através de uma consulta de 08 de janeiro de 1691 emitida pelo Conselho Ultramarino curiosamente chegamos ao conhecimento da decisão da Junta extraordinária de 1678 no tocante às duas matérias referidas acima. Estima-se que tenha sido em 1689 que o bispo de Pernambuco recebeu um “papel” de “uma pessoa zelosa do serviço de Deus”, na qual esta discorria sobre aspectos importantes da atividade missionária naquele Bispado, principalmente no que dizia respeito aos índios aldeados. Remetido ao reino, o monarca encaminhou o referido “papel” tanto ao Conselho Ultramarino como ao governador de Pernambuco, determinando em carta de 08 de janeiro de 1690, que este lhe enviasse um parecer a respeito do conteúdo presente no documento oferecido ao bispo.

O autor do “papel” propõe-se a apresentar “caminhos” possíveis para se conservar “a cristandade dos índios”. O conteúdo deste girava basicamente em torno de duas questões centrais: a determinação do número de aldeamentos indígenas presentes no Bispado de Pernambuco e a escolha dos responsáveis pelo governo espiritual e temporal daqueles. Vale notar que estas duas questões já haviam sido objeto de análise da Junta extraordinária que o regente D. Pedro II tinha mandado o governardor Aires de Souza de Castro erigir na capitania de Pernambuco em 1678. Considerava a “pessoa zelosa”, no entanto, ser necessário diminuir o número de aldeamentos daquele Bispado. Neste, segundo o autor do “papel”, não havia quantidade suficiente de missionários a ponto deles estarem presentes em todos os aldeamentos. Como conseqüência, alguns destes acabavam ficando sob a

administração de pessoas seculares. No juízo desta “pessoa zelosa”, acarretava a administração secular grande dano à política missionária, uma vez que “se qualquer sacerdote, sendo sacerdote não basta para conservar uma cristandade dos índios, como há de bastar um indivíduo com capa e espada que não busca nos índios mais que o corpo?”.168

O “terceiro caminho” indicado pela “pessoa zelosa do serviço de Deus” para a manutenção da cristandade dos índios era justamente a diminuição do número de aldeamentos. É exatamente na argumentação deste ponto que temos a informação a respeito do que teria sido decidido na Junta extraordinária de 1678. Conforme o texto do papel, seu autor propunha que as “vinte e tantas aldeias que Pernambuco tem se reduzam a oito, ou a menos, que será melhor conforme o tinham ordenado Aires de Souza por Provisão sua passada a 3 de setembro de 1678”.169 De acordo com o autor do “papel”, este governador, tendo “presidido uma Junta de Prelados Religiosos e Ministros de Guerra”, percebeu “os inconvenientes que esta multidão de aldeias” poderia acarretar ao Bispado, uma vez que “os prelados das religiões não tem sujeitos para os ocupar em tantos lugares, e com tão pouca gente nem os mesmos missionários querem missões donde hão de estar ociosos com vinte ou trinta casais somente”170

A diminuição do número de aldeamentos no Bispado de Pernambuco foi proposta repetidas vezes, tanto pela Junta extraordinária de 1678, como no papel oferecido ao bispo pela “pessoa zelosa do serviço de Deus”, e ainda no parecer oferecido ao monarca pelo governador de Pernambuco Antônio Félix Machado da Silva e Castro em julho de 1690171. No entanto, o parecer final do Conselho Ultramarino foi contrário a tal decisão. Consideraram os conselheiros “haver grande inconveniente em os tirarem [os índios] das terras em que atualmente habitam, e

168“Papel oferecido por uma pessoa zelosa do serviço de Deus ao Bispo de Pernambuco”. Arquivo Histórico Ultramarino, Conselho Ultramarino, Pernambuco, cx.15, doc.1538.

169 Ibidem. 170 Ibidem.

171 Carta do governador da capitania de Pernambuco, Marquês de Montebelo, [Antônio Félix Machado

da Silva e Castro], ao rei [D. Pedro II], sobre as aldeias e missões indígenas da dita capitania, 20 de julho de 1690. Arquivo Histórico Ultramarino, Conselho Ultramarino, Pernambuco, cx.15, doc.1508. Provavelmente este parecer do governador de Pernambuco é a resposta à convocação feita por D. Pedro II em 08 de janeiro de 1690 para que ele avaliasse as proposições presentes na carta da “pessoa zelosa do serviço de Deus”.

donde nasceram para hirem em tão grande distância buscar novos domicílios”, [...] “sendo outrossim a maior defesa daquele sertão terem muitas aldeias domésticas, que as defendam das entradas dos brabos; e quanto o inconveniente dos missionários se deve escrever que o Bispo deve mandar aqueles que entender são necessários para assistir nestas aldeias”172.

Quanto à efetiva redução, nos parece que o monarca considerou que tal medida poderia resultar em benefícios à administração dos aldeamentos do Bispado, contribuindo para o sucesso da catequização dos índios já reduzidos, tendo em vista o restrito número de missionários em comparação ao número de aldeamentos, desvantagem apontada nas três ocasiões acima explicitadas. Em decreto de março de 1691 dirigido ao bispo de Pernambuco, D. Pedro II declara ter lhe encaminhado através da Secretaria de Estado uma carta contendo o procedimento a ser por ele seguido para “se reduzirem a menos número as aldeias”.173 De fato, parece que se intentou realizar tal desígnio, uma vez que passados quatro meses, o governador de Pernambuco notifica o monarca que o bispo daquele Bispado, conforme a ordem régia de 28 de janeiro que mandava serem reduzidas a oito o número de aldeias “com o fundamento” de serem “mais bem assistidas de missionários”, já estava dando prosseguimento a tais mudanças. Informa o governador que tendo o bispo já visitado as capitanias do norte e indo inspecionar as do sul, “examinará com a vista, e ouviria os missionários que assistem nelas, e com toda a madureza, e circunspecção, elegeria os sítios mais convenientes, para se estabelecerem, e fundarem as ditas, oito Aldeias”174.

Apesar da política de redução do número de „aldeias‟ ter sido o caminho considerado mais viável naquele momento para o êxito da catequização dos povos indígenas, o monarca continuou incentivando a criação de novos aldeamentos conforme fossem descidas outras nações indígenas. A criação de novos aldeamentos poderia garantir a estabilidade dos espaços já conquistados bem como o controle

172 Consulta do Conselho Ultramarino de 08 de janeiro de 1691. Arquivo Histórico Ultramarino,

Conselho Ultramarino, Pernambuco, cx.15, doc.1538.

173 Decreto de 13 de março de 1691. Arquivo Histórico Ultramarino, Conselho Ultramarino, Códice

256, “Livro de Registro de cartas régias, provisões e outras ordens para Pernambuco, do Conselho Ultramarino”, fl.118v-119.

174 Consulta do Conselho Ultramarino de 12 de julho de 1691. Arquivo Histórico Ultramarino,

inicial de novas áreas ainda não alcançadas pelos colonizadores. Menos de um ano depois da notícia da viagem do bispo aos aldeamentos do sul com a finalidade de decidir o lugar aonde seriam fixados os oito aldeamentos, o monarca escreve ao governador de Pernambuco ressaltando a importância de se constituírem novas „aldeias‟ “dos índios que forem reduzidos ao grêmio da Igreja”, ficando elas, para “se conservarem e doutrinarem”, sob responsabilidade de missionários.175

As proposições apontadas e as soluções indicadas nas questões relatadas acima traduzem uma prática comum na época, alvo constante das preocupações metropolitanas em relação aos seus espaços ultramarinos: a criação de aldeamentos missionários nos territórios de conquista e a dedicação das ordens religiosas no trabalho de catequização dos „gentios‟. É justamente esta a maior preocupação que transparece na carta “sobre o bem espiritual das missões da Índia”. Tal papel, enviado ao monarca pelo vice-rei do Estado da Índia, trazia uma série de proposições relacionadas ao desenvolvimento da atividade missionária. Provavelmente, tratava-se de uma resposta do vice-rei ao decreto real passado ao Conselho Ultramarino em 30 de março de 1678. Este, intitulado “Sobre as Missões das conquistas” estabelecia que “o Conselho Ultramarino vendo a cópia do papel incluso da Junta das Missões, com que me conformei, faça acrescentar nos Regimentos e instruções dos Vice-reis e Governadores das conquistas capítulo particular sobre a matéria de que trata, como se fez de próximo no Regimento do Governador de Angola”176. O decreto transformava em lei uma solicitação disposta em carta régia do dia anterior – de 29 de março de 1678 – ao governador da capitania do Rio de Janeiro, solicitando que este enviasse notícias das missões e da cristandade dos missionários e religiosos atuantes na catequização da capitania em todas as ocasiões possíveis, através da Junta das Missões do reino.177

175 Decreto de 28 de março de 1692. Arquivo Histórico Ultramarino, Conselho Ultramarino, Códice

256, “Livro de Registro de cartas régias, provisões e outras ordens para Pernambuco, do Conselho Ultramarino”, fl.138.

176“Sobre as missões das conquistas”, 30 de março de 1678. Arquivo Nacional - Torre do Tombo,

Fundo Manuscritos do Brasil, livro 33, “Decretos, 1663 / 1702”, cota atual “Conselho Ultramarino, livro 01 de decretos”, fl.54v.

177 O decreto real de 30 de março de 1678, bem como a carta régia de 29 de março do mesmo ano,

encontram-se mencionados em Márcia Eliane Alves de Souza e Mello. Pela propagação da fé e

conservação das conquistas portuguesas. As Juntas das Missões – século XVII-XVIII. Tese de

O decreto do monarca ao Conselho Ultramarino prescrevia a necessidade de ser acrescentado nos Regimentos e Instruções aos governadores das conquistas um capítulo especial que fixava o dever deles prestarem informações sobre o estado das missões em sua capitania. Nele se dispunha ainda que a apresentação por parte da Junta das Missões do reino de uma “certidão” assinada pelo secretário da instituição, com a confirmação “de que assim procederam”, seria a maneira dos governadores comprovarem, perante o monarca, o zelo com que procederam para o cumprimento da nova obrigação que passava a integrar seus Regimentos.178 É evidente, neste período, a preocupação do príncipe regente D. Pedro com o estado espiritual do Império. A provisão régia que ordenou a reunião da Junta extraordinária em Pernambuco em 1678 acima trabalhada, foi expedida menos de dois meses após a carta dirigida ao governador da capitania do Rio de Janeiro e do decreto ao Conselho Ultramarino que oficializava a obrigatoriedade dos governadores e vice-reis prestarem conta da atividade missionária em seus espaços de governabilidade através da Junta das Missões do reino.

Retomemos, neste ponto, a análise concernente ao efetivo conteúdo do papel “sobre o bem espiritual das missões da Índia” que foi enviado juntamente com a carta de criação da Junta das Missões de Pernambuco, citado nela, e cujo conteúdo é indispensável para a compreensão das expectativas em torno da função projetada para esta instituição no momento de sua criação. O “papel” tinha como pressuposto que os missionários eram os responsáveis imediatos pela conversão dos “gentios” e propagação da fé católica. O primeiro aspecto que merecia cuidado era, portanto, garantir que houvesse número suficiente de missionários para se dedicarem à conversão dos „gentios‟ nas conquistas. O segundo aspecto a ser zelado, de acordo com o “papel”, era cuidar para que, uma vez estando os missionários em Goa, que lhes fossem garantidas condições de sobrevivência independente dos convertidos, tendo eles subsídios suficientes para suprirem suas necessidades, incluindo a côngrua. Passa então o vice-rei da Índia a indicar suas proposições para a melhor satisfação do sagrado ministério. Aponta, primeiramente, que “houvesse em Goa pessoa ou Junta que, na falta de missionários nos territórios indicados, informasse os Institutos religiosos para colocarem lá novos missionários”. Essa Junta ficaria

178 Márcia Eliane Alves de Souza e Mello. Pela propagação da fé e conservação das conquistas portuguesas. As Juntas das Missões – século XVII-XVIII. Tese de Doutorado. Porto: Universidade do

responsável por cuidar para que todas as ordens religiosas tivessem “as respectivas missões a seu cargo”. Zelaria ainda a Junta para que nos domínios ultramarinos portugueses apenas adentrassem missionários que chegassem de Portugal, portando autorização para missionarem nas ditas terras. E, por fim, deveria ela “atribuir uma côngrua a cada missionário, e estes deveriam apresentar um relatório anual, ou no mínimo trienal, de suas atividades”.179

Considerando os pontos presentes no papel remetido pelo vice-rei da Índia, o príncipe regente D. Pedro encaminhou ao Conselho Ultramarino uma carta ordenando que se erigisse no Estado da Índia uma Junta de Missões com subordinação a do Reino. Datada de 26 de fevereiro de 1681, o texto desta é exatamente o mesmo texto da carta de instituição da Junta das Missões de Pernambuco. Nesta, apenas são trocados os nomes das autoridades que participariam de suas reuniões. No caso da Junta do Estado da Índia foram identificados como participantes o vice-rei, o arcebispo, que deveria ser representado pelo bispo coadjutor em sua falta e, em caso da ausência dos dois, ocuparia o lugar do arcebispo o vigário geral do Arcebispado. Além destas duas dignidades, comporiam a mesa de reunião da Junta o presidente da Inquisição de Goa, o chanceler, e na sua ausência o desembargador que desempenhasse o seu ofício e, por fim, o Secretário de Estado. D. Pedro finaliza esta carta, que foi igualmente nomeada “Sobre o bem espiritual das Missões da Índia”, determinando os locais nos quais haveriam de ser fundadas Juntas de Missões :

“E o Vedor da Fazenda e o Conselho Ultramarino o tenha entendido e passe nesta conformidade as ordens necessárias; e a esta imitação as passará para as mais conquistas de Pernambuco, Angola, Rio de Janeiro, Maranhão, Cabo Verde, sendo os da Junta os Governadores, Bispos, e Ouvidores gerais, e Provedores da Fazenda substituindo-se na forma referida”180.

179 Os trechos citados foram extraídos da tese de doutorado de Márcia Eliane Alves de Souza e Mello,

segundo a qual, o referido papel oferecido pelo vice-rei do Estado da Índia – “Sobre o bem espiritual das missões da Índia” – ao Príncipe regente D. Pedro encontra-se no Arquivo Histórico de Goa, no fundo “Monções do reino”. Conferir em: Márcia Eliane Alves de Souza e Mello. Pela propagação da