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A Lei do Trabalho

No documento A Grande Síntese Pietro Ubaldi (páginas 112-121)

Os caminhos da evolução no nível humano são ciência e trabalho. Para preparar o reino do espírito é indispensável, antes, transformar a Terra, para que as construções superiores tenham suas bases em continuidade. É necessário, antes de pensar no progresso futuro, amadurecer o progresso presente. Maravilhoso é vosso dinamismo trabalhador e criador, não o tomeis, todavia, como meta absoluta, como tipo definitivo e completo de vida, mas apenas como meio para atingir um estado mais distante e algo superior. Aprendei a ver seus pontos fracos e a querer superá-los, porque neles também estão as culpas, os males e as dores que vos afligem. Admirai e, acima de tudo, aperfeiçoai; mas não tomeis a sério demais vossa civilização mecânica, que vos prepara um amanhã bem triste se não ”completar-se” pelos caminhos do espírito. Não é inútil, mesmo praticamente, conhecer o universo, sua lei, a linha do destino, as forças do bem e do mal que nele agem, corrigi-las, dominar a dor e as provas para a própria felicidade numa vida sem limites. Aceitai o trabalho e a ciência, mas colocai-os no nível que lhes compete: o de apenas arar o campo em que deverá florescer um jardim. Mesmo o tipo médio terá de esperar sua ascensão e preparar-se para as superconstruções sutis do espírito. Vosso dinamismo violento exprime vosso tipo dominante, vosso trabalho de criação nos níveis mais baixos da vida humana é apenas a base do grande edifício, cujo vértice se perde no céu.

Se o trabalho, tal como o entendeis, transforma a terra, não modifica, porém, o homem. O homem é o valor máximo, o centro dinâmico que sempre retorna. É a fase de consciência alcançada, a matriz de todas as construções futuras. Não basta criar o ambiente, indispensável agir também no âmago e criar o homem. Vossa atividade humana ilumina-se, então, com luz interior; valoriza-se com significado imensamente mais alto. Vossa mentalidade utilitária fez do trabalho uma condenação, transformasteis o dom divino de plasmar o mundo à vossa imagem num tormento insaciável de posse. A lei “do ut des” (Dou para que tu dês), que impera no mundo econômico, fez do trabalho uma forma de luta e uma tentativa de furto. É uma dor que pesa sobre vós, mas isso é justo e cabível, porque exprime exatamente o que sois e o que mereceis. Todos os vossos males são devidos à vossa imperfeição social e à vossa impotência de saber fazer melhor.

Por isso, tantos males, como a guerra, são ocasionados pelo que sois e pelo que eles são, inevitáveis, até que vos transformeis. O trabalho não é uma necessidade econômica, mas uma necessidade moral. Ao conceito de trabalho econômico tem que substituir-se o de trabalho função-social. Direi mais: função biológica construtora. Tem a função de criar novos órgãos exteriores (a máquina), expressão do psiquismo; a função de fixar, com a repetição constante, os automatismos (sempre escola construtora de aptidões); a tarefa de coordenar o indivíduo no funcionamento orgânico da sociedade. Ao conceito limitadíssimo, egoísta e socialmente danoso, de trabalho-lucro, é preciso substituir o conceito de trabalho-dever e de trabalho-missão. Isto é um encaminhamento ao altruísmo, não um altruísmo sentimental e desordenado mas prático e ponderado, cujas vantagens são calculadas. Dado o tipo humano dominante, o altruísmo só pode nascer como utilidade coletiva. Utilidade que, pela lei do menor esforço, coloca-o, inexoravelmente, na linha da evolução. Limitar o trabalho, mesmo material, com a única finalidade egoísta do lucro, é diminuir-se, abdicando da consciência do próprio valor de que o trabalho é prova e confirmação; é um mutilar-se, uma renúncia à função de célula social, de construtor, que por menor que seja, tem seu lugar no funcionamento orgânico do universo. Concebei o trabalho como instrumento de construção eterna, mas cujo fruto vos pertence, em forma de capacidade conquistada para a eternidade e não como lucro de vantagens imediatas e caducas. A verdadeira recompensa está em vosso valor, que o trabalho cria e mantém; não vos pode ser roubado. Amai o trabalho como disciplina do espírito, como escola de ascensões, como absoluta necessidade da vida, correspondente aos imperativos supremos da Lei, que impõe vosso progresso mediante vosso esforço. Ele dará um sentido de seriedade, de dever, de responsabilidade perante a vida, fazendo dela um campo de exercícios, ao invés de um carnaval de gozadores; evitará o espetáculo de tantas leviandades que insultam o pobre; dará alto valor ao dinheiro que deve ter sabor de esforço e que é o único honesto.

Assim, o trabalho não é uma condenação social dos deserdados, mas um dever de todos, a que não é lícito fugir. Na minha ética é imoral quem se subtrai à própria função social de colaborar no organismo coletivo, em que cada um tem de estar em seu posto de combate. O ócio não é lícito, mesmo se permitido pelas condições econômicas. Esta é a moral mais baixa “do ut des”. Moral selvagem que tendes de ultrapassar. Assim, não é apenas por dever social, mas também por si mesmo; para não morrer, pois, o espírito deve nutrir-se cada dia de atividades; cada dia reconstruir-se, realizando-se no mundo da ação. Parar além do repouso indispensável é culpa de lesa-evolução. Quem vadia rouba à sociedade e a si mesmo. O novo mandamento é: trabalhar.

Estas são as bases do mundo econômico do futuro, em que urge introduzir os conceitos morais de função e de coordenação de atividades. Em nenhum campo se pode ser agnóstico, amoral, espiritualmente ausente, numa sociedade consciente, orgânica e decidida a progredir. Só assim se eliminará tanto atrito inútil, de classes; tantos antagonismos de indivíduos e de povos. É necessário formar esta nova consciência de trabalho, porque só então ele se elevará à função social, à coordenação solidária (colaboracionismo) de forças sociais. Os conceitos do velho mundo econômico são absolutamente insuficientes. Temos que purificar a propriedade, tornando-a filha do trabalho. É necessário consolidar e não demolir essa instituição, reforçando-a nas bases, no momento da formação, que deve corresponder de modo absoluto a um princípio de equidade.

Em minha ética, rouba aquele que, por vias transversas, pouco importa se legais, acumula rapidamente, enriquecendo de um golpe; rouba quem vive de bens hereditários, no ócio; rouba quem não dá à sociedade todo o rendimento de sua capacidade. Para evitar esses males, temos que cortar o mal pela raiz, que está na alma humana. Este o primeiro passo a dar no campo das ascensões humanas: fazer um homem que saiba quem é, qual é seu dever, qual sua meta na Terra e na eternidade; um homem que se mova não no círculo estreito de um separatismo egoísta, mas num mundo de colaborações sociais e universais; um homem mais

evoluído, que saiba acrescentar às suas aspirações materiais, as mais poderosas, de caráter espiritual; que faça do trabalho não uma condenação, mas um ato de valor e de conquista. Se ao retrocedermos no passado, o trabalho era posição de vencido e de escravo, ao contrário, ao progredirmos no futuro, mais o trabalho se tornará ato nobre de domínio e de elevação.

Eis o que vos aguarda no futuro. O progresso científico e mecânico iniciou novo ciclo de civilização. As forças naturais serão dominadas e submetidas, e o homem, tornando-se verdadeiramente rei do planeta, aí assumirá a direção das forças da matéria e da vida. As civilizações futuras vos imporão um regime de coordenação e de consciência, na qual se valorizará grandemente o tão depreciado valor moral e psíquico, fator fundamental para um ser que, em plena responsabilidade e conhecimento das consequências, terá que assumir a função de central psíquica, em torno da qual girarão, não mais o presente estado de luta e de anarquia, mas todas as forças do planeta, em perfeito funcionamento orgânico.

A luta presente é viva, porque é ativo o esforço que tende à construção das novas harmonias. A ciência se espiritualizará. Exaurida sua função utilitária, ultrapassará aquele seu caráter, adquirindo valor moral e metas espirituais. A sutilização dos meios de pesquisa levar-vos-á, inevitavelmente, ao contato com essa mais profunda realidade do imponderável. A ética será um fato demonstrável, portanto, obrigatório para qualquer ser racional. Não será mais lícita a inconsciência do egoísmo, do vício, do mal, que tantas dores semeia em vossa vida. A evolução vos aperta e constrange fatalmente de todos os lados; vosso irrequieto dinamismo já trabalha vivamente para isso. A beleza do futuro será, sobretudo, o funcionamento harmônico de vosso mundo; vosso progresso será uma conquista de ordem, que vos harmonizará com a ordem reinante no universo. A matéria que completou seu ciclo de vida, atingiu o estado de ordem no universo astronômico; também o espírito, que hoje está para vós no período das primeiras formações caóticas, realizará a fase de ordem tanto mais quanto mais avançar no ciclo da vida.

Esperam-vos: ascensão e dilatação do concebível, transformações de consciência para dimensões superiores e contatos com os mais inexplorados ângulos do universo e campos de conhecimento. Deus se aproximará de vós, em vossa concepção, e o sentireis cada vez mais presente, cósmico, surpreendente. Vós, fundidos em Sua ordem, sereis muito mais felizes que hoje. Esse será o prêmio de vosso esforço.

80. O PROBLEMA DA RENÚNCIA

Prossigamos nos caminhos da evolução, que agora atingirá problemas mais substanciais, penetrando as camadas mais profundas da personalidade. Enfrentemos as mais altas fases da ascensão, mostrando o trabalho adequado para os tipos humanos mais elevados. Nossas construções são todas na consciência, a única a armazenar valores indestrutíveis. É em função dessas construções que concebo qualquer forma de atividade humana. Não vos abandoneis à inconsciência do carpe diem (aproveite o dia). Indispensável preparar-se o futuro. Não se pode dizer: gozemos, não há amanhã. Porque o amanhã chega e vos encontra despreparados. A inconsciência não evita as reações. É preciso enfrentar com seriedade e coragem muitos problemas individuais e sociais, que vossos ancestrais talvez não sentissem coletivamente mas que, sem dúvida, não resolveram. É necessário compreender tudo e refazer dos alicerces, especialmente o homem, que é apenas uma criança. Tendes diante de vós imenso trabalho, e apenas o começasteis. Deveis realizar acima de tudo uma construção moral e maravilhosa e é para preparar-vos para ela que executei tão longa viagem, desde os movimentos primordiais até o espírito.

A lei futura está, não há dúvida, no Evangelho do Cristo e se realizará no esperado Reino de Deus. Mas esta lei vos aparece hoje como um caso limite, de que só é possível avizinhar-se por aproximações sucessivas, por meio do uso inteligente das forças biológicas. As verdadeiras soluções partem do indivíduo e de seu coração, atingem a substância, mudando primeiro a conformação da alma individual. Não se trata de experiências coletivas exteriores, de sistemas reorganizados; mas trata-se de maturação biológica; trata-se de compreendê-la e de secundá-la. Não pode ser negada, porque é irresistível.

O problema pode considerar-se como religioso, político, econômico, jurídico, artístico, científico; atinge o homem integral e, portanto, todas as suas manifestações. Não se trata de destruir, mas de sublimar os caracteres fundamentais da personalidade: vontade cada vez mais viril, inteligência mais aguda, coração sempre mais sensível e aberto. Do homem deve nascer o anjo. É a redenção de Cristo. O Evangelho é o seu código, a virtude é a norma, a vida dos santos, a experiência. É a fé que anima todas as religiões, cada uma em seu nível. Corpo e espírito são posições vizinhas, duas fases, dois mundos, duas leis. A evolução tem que realizar a ascensão ββ→→αα.. O primeiro já está feito. A evolução continua e é necessário fazer evoluir o segundo, consolidar e elevar vossas tentativas de formações psíquicas (paixões, embriões de intelectualidade, esboços de alma coletiva). O homem conquistou o poder fora de si, o domínio da Terra. Agora tem que conquistar o poder dentro de si, o domínio do espírito. Num mundo em que ninguém pensa no semelhante como seu irmão, como se a sorte do próximo pudesse ficar isolada e não recaísse sobre todos; num mundo em que ninguém tem em si a medida da própria expansão, mas a espera da reação dos outros, que igualmente quereriam expandir-se sozinhos, acima de todos; nesse mundo, a aparente utopia evangélica é o único cimento coordenador de atividades e construtor do organismo social. Todos aguardam sistemas exteriores, contanto que não mudem a si mesmos. Nas mais diferentes experiências sociais todos ficam sempre idênticos, mas o progresso social só pode verificar-se através dos progressos individuais somados; a melhoria do organismo virá da melhoria de cada uma de suas células. Assim se realiza a grandiosa ascensão humana que, partindo do inferno da animalidade (o mundo da fera), através do purgatório da prova que ensina ou da dor que redime (lei de equilíbrio), chega ao paraíso das realizações do divino (o mundo super-humano). As vias da evolução são também as vias da libertação das trevas, do mal, da dor.

É necessário demolir e reconstruir; sufocar a animalidade individual e social e qualquer expressão dela, substituindo-lhe por manifestações de ordem superior. Para reedificar, mister também destruir, depois substituir e reconstruir. Se a renúncia é

necessária como demolição, é indispensável substituir o velho com novas paixões, impulsos e criações, para que o ritmo da vida não pare e o espírito não fique árido. É necessário que o alegre esforço de renascer mais alto supere e absorva o tormento da morte mais embaixo. Evitai as loucuras da renúncia pela renúncia: isso provoca perigosas zonas de vazio, em que a alma se atrofia. Mas seja a luta tempestuosa e heróica, como a dos conquistadores que avançam seguros; seja de arrojo de paixão que sabe vencer tudo; seja em cada átimo cheia de alegria de uma juventude renovada. Forma-se, então, entre corpo e espírito, uma rivalidade, uma guerra, que os místicos bem conheceram e descreveram.

Se subimos aos mais altos níveis, parece que a velha forma biológica, que se atrofia, não pode mais suportar o psiquismo hipertrofiado e surgem desequilíbrios aparentes, que a ciência, não sabendo compreendê-los, define como patológicos, classificando-os como formas de neurose. A matéria é pertinaz, mas é filha do passado que se supera; o espírito sofre, mas o futuro pertence-lhe; passado e futuro significam força e justiça, dor e alegria, escravidão e liberdade, mal e bem; extremos entre os quais oscila a alma humana para sua ascensão.

Para os seres evoluídos, essas realidades do espírito — inconcebíveis para os tipos inferiores — podem ser irresistíveis. Então a luta assume proporções tremendas, entre um espírito que busca com toda a força sua afirmação e exige para si toda a vida, e uma natureza inferior, que não quer ceder o campo e não quer morrer. O passado resiste sólido, por impulsos de milênios, cristalizados nas formas. Ao incêndio do espírito opõe a inércia das grandes massas e agarra-se como contrapeso ao frêmito do anjo alado que anseia voar. O espírito vê, guia, segura, é o centro dinâmico. A matéria é massa estabilizada que fixou e conserva as conquistas feitas. O espírito está à testa, arrisca novos equilíbrios, destacando-se dos caminhos conhecidos, arrostando perigos para si; o esforço é todo seu. O organismo humano está construído para prover, com um mínimo de esforço psíquico, a sua vida vegetativa, para atender ao metabolismo e não para suportar as tempestades da alma. Mas para esses seres, cada átimo de vida é um átimo de transformismo evolutivo, a grande caminhada não pode deter-se e a vida desloca seu centro. Tudo se transforma no ser: paixões e aspirações, numa realização cada vez mais intensa do divino. Drama laborioso e fecundo, que só os grandes souberam viver, que a grande arte do futuro saberá compreender e representar. Lutas e vitórias de titãs. Impô-las a quem não está maduro, significa dar a morte, sem tornar a dar a vida.

A alegria da vida está na expansão, o sofrimento, na limitação. É inútil tentar ascensões altas demais e renúncias vazias, que nada trariam além de sofrimento. Mas é necessário introduzir, com tenacidade e sem mentira, o máximo de transformismo suportável na forma individual, seguindo cada um sua própria linha típica de especialização. As grandes ascensões não são fáceis aventuras espirituais, mas verdadeiras transformações de consciência, transportadas perigosamente além da vida, no supranormal, Não basta dizer: Senhor, Senhor! Mas é indispensável a maceração de corpo e espírito, em que vale sobretudo a tenacidade das marteladas, que o plasma. Trabalho de purificação totalitária, que vai da atitude do espírito, da escolha das obras, à purificação celular obtida por meio de um regime dietético que exclui a introdução de alimentos inadequados no circuito orgânico. Trabalho de ponderação e resistência, cálculo complexo de forças, em que é mister não esquecer que a evolução não se força nem se usurpa, porque se trata de um amadurecimento biológico, que só pode obter por meio de longo trabalho constante, mas se pode facilitar e acelerar sua realização, escolhendo o caminho, ao invés de lançar-se em tentativas, à mercê do acaso.

Estas palavras de equilíbrio, eu as digo ao tipo comum, porque sua mediocridade é dominante e ele é inepto diante das grandes realizações do espírito. Elas lá estão, ideais altos como faróis que iluminam o mundo. Entretanto, a maioria humana está apenas nas primeiras aproximações.

Falando ao tipo comum, devemos indicar a renúncia não em seu grau mais alto e na forma totalitária da perfeição moral, mas como aproximação máxima suportável. Isso constitui sempre uma escola de disciplina moral, proporcionada às forças e à compreensão individual. Disciplina dos sentidos, controle das paixões, educação diuturna que não deixe escapar ocasiões para elevar os impulsos existentes. Cada um, na emulação das ascensões, escalonar-se-á no nível de sua capacidade; o que ele souber conquistar dará testemunho de seu valor íntimo.

Por isso, não direi ao homem moderno: destrói a riqueza, sê pobre. Mas lhe direi que se encaminhe gradativamente, porque só aos poucos poderá conquistar a perfeição. Comece a livrar-se da escravidão do supérfluo, do moderno frenesi da riqueza, o mais das vezes conduzindo a complicações antivitais. Quando ela não custa muito esforço, custa em desonestidade e jamais paga o que exige. É uma arma de dois gumes que, se facilita a vida, constitui também uma cadeia que a oprime. A sociedade moderna está esmagada pelo peso de hábitos custosos e supérfluos; é uma corrida à multiplicação artificial das necessidades, escravidão real, alegria efêmera, porque se desvaloriza com o costume.

Simplificai. Há uma pobreza econômica, que pode amplamente ser compensada por uma grande riqueza moral, como existe uma miséria moral que nenhuma riqueza poderá jamais preencher. Esse é vosso tempo. O deus utilitário de vossa civilização moderna impõe, cada dia, um esforço maior do que o faz o deus da renúncia. A matéria é negativa, inerte, pobre, insaciável, egoísta, absorve e acumula. Cega e muda, só pode viver se plasmada pela potência do espírito, em seu amplexo vivificante. O espírito é positivo, ativo, rico, generoso; sua necessidade é o dar, altruísmo, o sacrifício; não tem dedos para segurar e entesourar, mas é potencial inexaurível de criação. Ai de quem se fecha no circuito da matéria: obstrui para si os caminhos que alcançam as mais ativas fontes dinâmicas, que estão na direção das forças espirituais. Felizes os pobres de espírito. Mesmo que obtiverdes a riqueza, que vosso coração esteja desapegado dela. Muitos pobres são apenas ricos frustrados, igualmente ávidos e culpados. Eles terão ainda de sofrer e superar a prova da riqueza, para aprender a sublime lição do desapego. O pobre que inveja, só para sobressair naquilo que condena, obterá a riqueza como punição, para experimentar-lhe o enorme peso e o valor efêmero. Seja a riqueza um meio e não um fim; seja dirigida para metas mais altas, únicas que poderão justificar um pouco o triste ídolo, em cujo nome tanto mal foi cometido.

Outra força que o homem moderno teria de compreender é a dor. A atitude de vossa mentalidade diante do fenômeno da dor é a de defesa e de rebelião. A ciência fez faiscar em vossas mentes a ilusão de uma possibilidade de paraíso imediato na Terra e desencadeou uma guerra contra a dor, mesmo à custa de qualquer prostituição moral, num paroxismo de terror que revela como,

No documento A Grande Síntese Pietro Ubaldi (páginas 112-121)