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A liderança nas organizações

No documento Um contributo para a inclusão social (páginas 48-52)

PARTE I ENQUADRAMENTO TEÓRICO

Capítulo 1 Liderança e Líder Organizacional

1.3 A liderança nas organizações

O ser humano tem a necessidade de contactar e de conviver em grupo, por isso é que se organiza em estruturas sociais, culturais, desportivas, etc., denominadas por organizações, que nas últimas décadas, foram alvo de conceções e teorias que lhe conferiram as caraterísticas de que o ser humano precisa. As organizações fazem parte da vida dos indivíduos, onde estes estão integrados nas unidades organizacionais, que vivem e trabalham para e nas organizações. Concordando com Etzioni (1984) “As organizações são unidades sociais (ou agrupamentos humanos) intencionalmente construídas e reconstruídas, a fim de atingir objetivos específicos” (citado por Trigo & Costa, 2008, p. 563).

De igual modo, as organizações precisam dos indivíduos para garantir a sua evolução, sendo estes a chave para o sucesso das mesmas. O sucesso de uma organização depende de um grupo unido e motivado para os mesmos fins, gerindo os conflitos e atingindo resultados firmados pela cooperação, colaboração e vontade de melhorar cada vez mais. De acordo com Teixeira (1998), são três itens que explicam o porquê de existirem organizações:

o A vertente social: as pessoas são importantes e organizam-se pela necessidade de comprometimento e de relacionamento com os outros;

o A vertente material: as atividades e tarefas desenvolvidas conduzem a um aumento da eficiência e na acumulação de conhecimento (pela experiência vivida), articulando a aprendizagem constante.

o Efeito de sinergia: é o efeito de multiplicador das funções, ou seja, existe sinergia quando duas ou mais pessoas se juntam para trabalhar e conseguir um resultado ainda melhor, do que individualmente.

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As organizações são sistemas preparados para pensar e agir, capazes de construir relações e adotar uma linguagem adequada. Estão inseridas num sistema político e numa cultura social, que têm uma história e conhecimento próprio e que define a sua identidade enquanto parceira da globalização. O processo de toda uma organização está baseado nas capacidades e comportamentos individuais, que proporcionam a diversidade e o valor das decisões, permitindo uma rápida solução para os problemas (Easterby-Smith; Burgoyne & Araujo, 1999). São, portanto, estruturas construídas a fim de atingirem objetivos concretos e específicos. Estas nunca constituem organismos acabados ou sem objetivos, mas sim organismos vivos e sujeitos às mudanças. Existem vários tipos de organizações, desde àquelas sem fins lucrativos até aos partidos políticos, passando pelas desportivas e recreativas e até às empresas grandes. Cada uma define os seus objetivos e metas, implementando as estratégias que englobem todos os recursos disponíveis e que sejam adequados para o fim desejado (Teixeira, 1998).

Uma vez que as organizações provêm e mantêm as infraestruturas necessárias, a liderança assume um destaque particular para o seu sucesso. Através desta, a organização consegue incrementar a produtividade e criar um ambiente favorável ao crescimento profissional, consegue responder facilmente às mudanças e estabelecer melhor contacto com a comunidade. Relativamente aos elementos da equipa, a liderança concede responsabilidades inerentes aos resultados, fazendo com que tenham consciência de que qualquer ação e/ou decisão que tomem vão influenciar a organização; conseguem aprender e arriscar mais conforme o que é proposto (Easterby-Smith; Burgoyne & Araujo, 1999). A personalidade e o desempenho do líder são importantes para uma organização. No entanto, a liderança não pode basear-se apenas nesse aspeto. O contexto, as situações, as dinâmicas e os fenómenos comportamentais fazem parte de uma organização que pretende alcançar o sucesso (Silva, 2010).

Em qualquer organização é importante que o líder crie uma visão promissora, dê o bom exemplo, cultive um ambiente agradável, de apoio e de trabalho e que não seja prepotente para o grupo (Gasstmann, Manfrini, Fortkamp, Lacerda, Barcelos & Botelho, 2008). Para que o líder consiga desempenhar estas tarefas e delegar bem o seu grupo, Teixeira (1998) destaca seis componentes relevantes que é preciso ter em conta:

o Maior rapidez nas ações e nas tomadas de decisão;

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o Aumento do nível da motivação dos seus liderados, ou seja, mostrar confiança; o Aumento da cooperação e da responsabilidade;

o Conduzir a melhores decisões e a trabalho mais bem elaborados;

o Permitir, sempre, a execução de tarefas e funções cada vez mais complexas.

1.3.1 Organizações formais

Entendem-se por organizações formais, as instituições e territórios que estão regulamentados por leis, ou seja, são organizadas de acordo com as diretrizes nacionais (Gohn, 2006). A liderança tem assumido um papel relevante nas organizações formais e tem sido o motor da mudança para o sistema educativo, político e social, no âmbito da eficácia e da qualidade (Trigo & Costa, 2008).

A organização é formada pelas máquinas (hardware), pelos processos (software) e pelas pessoas (peopleware). Embora tenham funções e desempenhos em prol do bom funcionamento da organização, as pessoas conseguem promover um crescimento e desenvolvimento próprio para garantir o êxito desejado (Gasstmann et all, 2008). Deste modo, a abordagem estratégica, por parte das organizações formais, é a afirmação do valor da mão de obra como tendo um papel ativo para as mesmas.

A liderança exercida nas organizações formais tem por base a hierarquia dos funcionários, que se constitui como uma autoridade; os objetivos e as planificações são elaborados ao detalhe, para alcançar o pretendido, com rigor e distinção. Adota uma cultura organizacional formal e percetível, no que diz respeito às políticas, aos métodos, aos procedimentos e objetivos, que orienta as atitudes e comportamentos dos indivíduos que lá trabalham (Costa, 2010).

1.3.2 Organizações não-formais

As organizações não-formais são espaços onde os indivíduos aprendem com o seu processo de socialização, acompanhado por valores e culturas oportunas; são espaços de partilha de experiências e ações do quotodiano. Localizam-se, essencialmente, em locais que acompanham os percursos de vida dos indivíduos (Gohn, 2006).

Uma organização não-formal é caraterizada pelos relacionamentos espontâneos entre as pessoas, ou seja, existem sentimentos, atitudes e comportamentos, práticas favoráveis e/ou

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desfavoráveis, bem como a cooperação ou a hostilidade entre o grupo. As principais caraterísticas de uma organização não-formal, segundo Costa (2010), são:

o Formadas de acordo com os interesses e a identificação de cada indivíduo;

o As diretrizes do trabalho são estabelecidas segundo um padrão de desempenho aceitável e impostas por cada elemento do grupo;

o As lideranças que podem ser exercidas com uma autoridade infomal, independentemente da posição que o líder ocupa.

As organizações não-formais educam para as emoções e os sentimentos, adotando um processo permanente e não organizado, é oportuno afirmar que estas podem optar por uma liderança inclusiva (Gohn, 2006). Através desta, é possível reafirmar o potencial realizado, com as seguintes marcas: ser valorizado como indivíduo; ser empenhado e indispensável; ter a oportunidade de fazer sempre mais e melhor; ter a capacidade de compreender e beneficiar dos lucros conseguidos. Assim, os líderes inclusivos podem: ser o que desejam realmente ser; ter a oportunidade de auxiliar; ter o dom do desafio, isto é, não conseguem crescer a menos que sejam testados; e possuir o dom do significado meritório, integral e permanente (Pree, 1993).

Este tipo de organizações são formadas devido às relações informais entre os indivíduos, independemente da hierarquia que ocupam. Assim sendo, podem ser definidas como um conjunto de relações e padrões de comportamento que não estão normalizados. Segundo Teixeira (1998) as organizações não-formais têm vantagens e desvantagens, tal como mostra a tabela 6:

Tabela 6 - Vantagens e Desvantagens de uma organização não-formal

Fonte: Teixeira, 1998 (adaptado)

1 Sistema de comunicação que transmite e seleciona a informação mais rapidamente. Organizações não-formais

Vantagens Desvantagens Pode facilitar o desenvolvimento do trabalho,

devido às relações próximas que estabelecem.

Pode contrariar os valores da organização e pode levar à deslealdade ou à indisciplina. Estimula a “gavinha1” como uma forma de

comunicação. Aumenta o grau de flexibilidade, podendo levar à indeterminação e imprevisibilidade. Resulta no apoio emocional aos novos elementos,

para garantir uma boa integração no grupo. Dilata o tempo para realizar as tarefas, por existir convivências informais. Melhora a liderança, na medida em que o líder

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Desta forma, as organizações têm procurado formas adequadas de definir o desenvolvimento de lideranças nos quadros organizacionais, com o intuito de formar pessoas para concretizar os objetivos eficazmente.

No documento Um contributo para a inclusão social (páginas 48-52)

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