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PARTE I ENQUADRAMENTO TEÓRICO

Capítulo 1 Liderança e Líder Organizacional

1.4 O Líder

Incumbe ao líder promover a liderança e saber preparar uma organização para a construção de um projeto, antecipando o futuro com criatividade e inteligência, e acima de tudo, ter a capacidade de restruturar as culturas profissionais e as relações de trabalho de modo a que existam cooperação, responsabilidade, flexibilidade e parceria (Bento, Ribeiro & Teles, 2010). O perfil do líder foi sempre um objeto de estudo para as organizações. Estudaram os traços psicológicos, sociais, físicos e intelectuais de modo a diferenciar o líder do não líder, porque definir um líder com base na personalidade ficaria incompleto do ponto de vista profissional. Por isso, caraterísticas tais como: a inteligência, o carisma, a iniciativa, a capacidade de realizar tarefas, o seu autocontrole, a autoconfiança, a capacidade de decisão, etc., são fatores que podem marcar a diferença na liderança de uma organização (Bilhim, 2006). Assim, a liderança é perspetivada através de líderes formais e informais, que têm como objetivo a melhoria contínua das organizações educativas e a promoção de estratégias, para a resolução de problemas (Bento, Ribeiro & Teles, 2010). Todavia, exercer o papel do líder não requer necessariamente que a pessoa ocupe um cargo de direção, é apenas necessário que possua uma boa capacidade de persuasão para influenciar os outros (Lamb, 2007).

As várias situações do quotidiano conseguem gerar estilos de liderança diferentes, por isso é que reconhecer um líder é uma arte (Goleman, 2014). Apesar do ser humano nascer com uma certa empatia, é importante aperfeiçoar as capacidades individuais para desempenhar um papel de destaque. Não se nasce líder, porém, é possível aprender a ser um líder eficiente caso seja capaz de influenciar os outros a fim de atingir as metas propostas. Um líder eficiente tem que estar em constante descoberta das suas aptidões pessoais e profissionais, de modo a que a sua influência tenha efeitos e atitudes positivas sobre os liderados (Gasstmann, et all., 2008). Mas o líder não se pode focar apenas nas tarefas a serem realizadas. É importante saber construir relações profissionais assentes no compromisso, na bondade, na humildade, na honestidade, no respeito e na generosidade, porque precisamos uns dos outros e de tal maneira o líder não consegue trabalhar sozinho, daí que é necessário valorizar e incentivar cada desempenho. “Líder algum consegue obter

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resultados sem a colaboração de outras pessoas. Desempenhos exemplares requerem equipas trabalhando numa atmosfera de confiança e cooperação” (Rego & Cunha, 2012, p. 44). Ou seja, um bom líder é acompanhado pela virtude, pela integridade, pela prudência e foco total nos objetivos, o que origina um bom alicerce para desenvolver organizações mais saudáveis, completas e exigentes.

Ser líder implica possuir várias qualidades e competências, tais como: conhecimentos, criatividade, capacidade de trabalhar em equipa, motivar e delegar funções, saber ouvir e saber falar, entre outros. Eminentemente, um bom líder tem de ter um desempenho exemplar, tendo em conta três importantes categorias, que Goleman (2014) enumera: conhecimentos técnicos, capacidades cognitivas (pensamento analítico) e competências a nível da inteligência emocional. Estas competências passam, essencialmente, por saber trabalhar em equipa e ser eficaz na mudança, sendo o líder capaz de possuir:

o Uma autoconsciência para determinar o que quer e para onde vai; o Uma autorregulação para controlar os seus impulsos e emoções; o Empatia para sentir e perceber todos os pontos de vista;

o Competência social para gerir as suas relações profissionais e levar a cabo o trabalho desejado.

O papel principal do líder é identificar e satisfazer as necessidades. De acordo com Hunter (2004) um líder deve influenciar os seus subordinados para um benefício mútuo, com paciência - mostrar autocontrolo; bondade - dar atenção, saber ouvir e saber valorizar o outro; humildade – ser verdadeiro e descartar as falsidades; abnegação, colocar o próximo em primeiro lugar; respeito - tratar os outros como gostaria de ser tratado; perdão – saber lidar com as situações desagradáveis e não ter qualquer ressentimento; honestidade - ser dedicada à verdade e não mentir; compromisso - estar empenhado em crescer e tornar-se no melhor que pode; serviço e sacrifício - tirar o bom proveito dos outros. Lamb (2007) define os atributos (tabela 7) que um líder deve adotar, apesar de achar que há líderes natos e outros que precisam de aprendê-lo a ser, mas o essencial é estar motivado e ser educado.

48 Tabela 7 - Atributos de um líder

Capacidade para respostas rápidas Assumir riscos Criatividade e decisão Pensamento estratégico e analítico Tenacidade/persistência Atenção aos detalhes Capacidade de realizar e aprender Presença e carisma Astúcia

Conhecimento técnico e funcional Flexibilidade e adaptação Boa capacidade de comunicar Fonte: Lamb, 2007 (adaptado)

No que diz respeito às competências que poderão ser mais importantes, destacam-se as técnicas, as interpessoais e as cognitivas. Nas competências técnicas, o líder utiliza os instrumentos para realizar tarefas especializas, o que permite: planear, organizar, monitorar e avaliar o trabalho dos liderados, de modo a melhorar o planeamento estratégico. As competências interpessoais ajudam o líder a ter sensibilidade emocional e social e a entender as atitudes e sentimentos do seu grupo. Caraterísticas como saber ouvir, empatia, perspicácia social, persuasão, entre outros, auxiliam-no a lidar com vários tipos de personalidade. E as competências cognitivas reúnem o pensamento lógico e ambíguo e o raciocínio indutivo e dedutivo. Estas possibilitam antecipar as mudanças, descobrir as oportunidades, intensificar as relações, solucionar eventuais problemas difíceis e de tomar decisões críticas (Pina e Cunha; Rego; Campos e Cunha; Cabral-Cardoso, 2007). Concordando com Bento, Ribeiro & Teles (2010), “O líder assume assim funções determinantes para revitalizar a organização, para tal necessita de criar novas visões, de mobilizar o compromisso com as novas visões e de definir a necessidade da mudança e a sua aceitação” (p. 4).

Neste sentido ser um líder eficaz requer esforço e dedicação, porque tem de saber delegar corretamente o poder, saber informar e debater questões importantes, e acima de tudo tem que conseguir transformar um grupo numa equipa que seja capaz de trabalhar em sintonia (Gruber, 2001).

Liderar com eficácia é, por outras palavras, muito mais a capacidade de desenvolver o interesse genuíno pelas pessoas que colaboram connosco, e o talento para gerar sentimentos positivos nessas mesmas pessoas, do que ser capaz de controlar situações ou do que dominar aptidões sociais. (Goleman, 2014, p.164/165).

O líder surge como aquela pessoa que tenta resolver eventuais problemas do grupo, atendendo sempre à missão e objetivos da organização e demanda várias

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responsabilidades, como coordenar e motivar as pessoas e saber envolvê-las nas missões importantes da organização (Costa & Costa, 2014). Como afirma Pree (1993) “A primeira responsabilidade de um líder consiste em definir a realidade. A última é dizer «obrigado». Entre as duas, ele deve tornar-se um servidor e um devedor.” (p.29).

Ainda sobre os deveres do líder, é fundamental que este tenha um compromisso leal com a organização e com o grupo de pessoas. Deve preocupar-se com os valores, para que sejam compreendidos e aceites pelo grupo de modo a delinear um comportamento civilizado. De igual modo, é importante que este tenha noção da realidade onde a organização atua, porque é imprescindível responder à qualidade que esta precisa e questionar como se sente com a mudança. Por outro lado, tem de se responsabilizar por manter um bom ritmo de trabalho e garantir a eficácia e a eficiência, de modo a extrair o máximo da produtividade e da rentabilidade de todos os membros.

Tem-se escrito muito sobre a eficácia (…). Uma das coisas que nos revela é que a eficiência consiste em fazer a coisa bem, mas a eficácia em fazer a coisa acertada. Os líderes podem delegar a eficiência, mas devem enfrentar pessoalmente a eficácia. (Pree, 1993, p. 34)

Outro dos fatores importantes no líder é a sua motivação, a sua energia e o seu positivismo. A motivação do líder pode ser definida: pela estimulação (provocar um comportamento); pela ação e o esforço (comportamento observado); pela persistência (a duração de um comportamento); e pela recompensa (reforçar das atitudes) (Pina e Cunha, et all., 2007). Se o líder cria um ambiente satisfatório, automaticamente o grupo é contagiado e fundamenta o espírito de coesão e união. Um conjunto de pessoas alegres, unidas por vínculos afetivos e organizativos, conseguem absorver eficazmente as informações e responder mais agilmente e com criatividade. Para isso é preciso que o líder seja exigente, mas ao mesmo tempo tenha a capacidade de promover boas aptidões emocionais e pessoais através de ações (Goleman, 2014).

Acima de tudo, que saiba liderar com eficácia, altruísmo, lealdade, conscienciosidade e confiança, com o intuito de gerar aptidões profissionais, pessoais e sociais que contribuam para o coletivo e para a organização. Dito por outras palavras, liderar é fazer as coisas certas.

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No documento Um contributo para a inclusão social (páginas 52-57)

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