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A localização das indústrias, o transporte e os problemas de

Capítulo I: O Contexto do Estabelecimento de uma Área

1.2. Os primeiros estudos em Marketing no início do século XX

1.2.4. A localização das indústrias, o transporte e os problemas de

“Foi uma transformação excepcional do mercado de bens de consumo: uma mudança tanto quantitativa como qualitativa. Com o aumento da população, da urbanização e da renda real, o mercado de massa, até então mais ou menos restrito a alimentação e ao vestiário, ou seja, ás necessidades básicas, começou a dominar ás indústrias produtoras de bens de ‘consumo’.” 57

Novamente mais um fator que ajudou a modificar o mercado norte-americano, apresentando novos problemas que anteriormente não existiam e abrindo espaço para novas áreas de conhecimento que os resolvessem..

1.2.4. A localização das indústrias, o transporte e os problemas de

distribuição

Como percebemos existiam condições que modificaram o contexto onde as empresas estavam inseridas no período que delimitamos como o do surgimento dos primeiros estudos em Marketing passava por transformações importantes que

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P. Melandri, op.cit., p. 45.

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modificaram o cenário econômico e social e fez surgir a preocupação com os problemas de distribuição para que as organizações garantissem um melhor diferencial competitivo. Nesse momento, talvez tenhamos chegado a um dos pontos mais importantes nesta nossa linha de raciocínio – a localização dessas empresas que surgiam e se tornavam grandes conglomerados industriais.

Como acompanhamos nos tópicos anteriores, tínhamos uma produção em massa e consumidores interessados em adquirir tal produção. Porém, devido ao tamanho continental do território norte-americano, por sua divisão em regiões produtivas ou por ramo de atividade, e pela expansão territorial pela qual passava a sua população que se localizava em regiões cada vez mais distantes dos grandes centros, as empresas se encontravam distantes de seus mercados consumidores.

Dessa forma, temos mais um aspecto importante no cenário, porque as empresas precisavam fazer com que os seus produtos chegassem aos mercados almejados e pudessem escoar de forma mais eficiente a sua produção em massa, porque a pressão por lucros era mais intensa, e a localização dessas empresas era uma fraqueza neste processo.

Com relação a esse distanciamento, o que será importante para o surgimento do Marketing e seu foco na distribuição, reportamo-nos a A.Surface:

“As organizações eram localizadas em determinadas regiões, divididas por ramo de atividade, onde tínhamos a indústria do Aço localizadas em Pittsburgh, Gary, Birmingham, entre outros, Akron com artigos de borracha e Detroit com a indústria automobilística.”58

Destaca-se desta citação que as organizações se encontravam distantes de seus consumidores. Estavam localizadas em pólos de produção que as ajudavam em termos de produtividade, pois toda a sua cadeia produtiva que servia de base para a manufatura

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de bens se encontrava nos arredores da empresa. Mas um problema se apresentava, estes pólos de produção se encontravam distantes dos mercados consumidores.

Com essa concentração em localidades produtivas, os consumidores destas mesmas empresas se localizavam longe dos grandes centros dificultando o seu relacionamento comercial e requerendo, cada vez mais, formas mais eficiente de distribuição. Este distanciamento ocorreu, dentre outros fatores (ou ao menos aqueles mais importantes em nossa argumentação) graças aos avanços nos meios de comunicação e transporte.

Melandri salienta a expansão da população para regiões cada vez mais distantes dos grandes centros:

“Para os Estados Unidos, uma tal transformação do seu sistema de comunicação teve por certo efeitos benéficos. Não só tornou possível a expansão da população por todo o território da nação, como permitiu provavelmente, uma melhor especialização geográfica da sua população”.59

Destacamos que este é um fato novo no processo mercantil e industrial norte- americano e conseqüentemente no comércio. Este distanciamento dos consumidores em relação às empresas não ocorria em uma economia pré-industrial, pois, a fabricação de produtos e a sua comercialização eram restritas a comunidade ou vilarejo, sendo limitadas em termos de quantidade produzida e abrangência destes relacionamentos.

Apesar deste distanciamento, algumas empresas procuravam sedes junto aos consumidores, mas nem todas podiam arcar com este investimento e, dessa forma, tínhamos novos problemas, requerendo novos pesquisadores para estudá-los.

A expansão territorial citada deveu-se, entre outros fatores, ao aumento da disponibilidade de transporte ou ao seu avanço e utilização por um número maior de pessoas, mais precisamente as estradas de ferro, impulsionada pela 2a. Revolução Industrial. Frisamos não apenas o distanciamento existente entre as empresas e seus

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consumidores, mas, também, o crescimento em termos de poder de compra que esta expansão proporcionou como mais um fator que ajudou no crescimento e aumento da renda.

Neste sentido, voltemos a Melandri:

“Só no período 1865-1872, 56.000 quilômetros começaram a funcionar (tanto quanto antes da guerra civil) e conclui-se a primeira linha transcontinental (1869). Um pouco abrandado durante a crise de 1873-1877, o avanço é retomado nos anos de prosperidade que de 1879 à 1892, ladeiam a breve recessão de 1884-1885:64.000 quilômetros são assim acrescentados, de 1879-1883, e outro 80.000, de 1886 à 1892. Em 1900, mais de 322.000 quilômetros de vias férreas estandardizadas percorreram o país; cinco transcontinentais atravessam-no e o número de assalariados dos caminhos-de-ferro ultrapassa o milhão!”60

Percebe-se uma implicação importante com a expansão territorial, facilitada pelas estradas de ferro. Além de aumentar a complexidade no relacionamento entre as empresas e seus respectivos mercados (a dificuldade de chegar aos consumidores), se comparados com as antigas formas de distribuição e comercialização, também foi responsável pela redução das distâncias territoriais, proporcionando maior amplitude e abrangência das organizações. Elas poderiam estar presentes em locais onde, anteriormente, era impossível.

Nota-se também que, com a expansão do transporte, proporcionou-se um crescimento do mercado, com o poder de compra dos assalariados (leia-se consumidores) que trabalhavam no setor, onde percebemos mais uma importante contribuição, dos vários segmentos econômicos auxiliando a crescente economia nos Estados Unidos – é o consumo de massa se estabelecendo no período.

Ainda com relação ao papel assumido pelo transporte no escoamento da produção para localidades que anteriormente não seriam acessíveis e auxiliando a

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produção e o consumo de massa com esta acessibilidade e disponibilidade de recursos, Melandri escreve:

“Permitindo, sobretudo, uma distribuição eficiente dos artigos manufaturados nas localidades mais afastadas, o caminho-de- ferro desenvolve com uma amplitude sem precedentes todas as vantagens inerentes à produção em massa.”61

Com a expansão territorial proporcionada por meios mais eficientes de transporte, as indústrias poderiam chegar a pontos onde antes seria impossível. Mas, mais uma vez, em se tratando de uma sociedade que se modifica de forma rápida, surge um outro problema fundamental para os primeiros estudos em Marketing. Não bastava apenas chegar a distâncias cada vez maiores em termos territoriais, era necessária a sua comercialização de forma mais eficaz, tanto para as empresas como para os consumidores e, portanto, surge um questionamento: Como conduzir este processo comercial de forma mais lucrativa com o distanciamento existente entre os produtores e os consumidores?