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A MATA ATLÂNTICA

No documento REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL (páginas 97-100)

Ponte Alta do Bom Jesus

A MATA ATLÂNTICA

A região da Mata Atlântica é aquela em que os conflitos relacionados às questões ambientais aparecem com mais intensidade na AII baiana. Até 1945, a região sudeste da Bahia apresentava 85% de cobertura vegetal, parte dessa representada por Mata Atlântica original, parte pelo sistema da cabruca8. A monocultura do cacau era tradicionalmente a atividade de maior geração de renda. Porém, a partir de meados da década de 1980, a monocultura sofreu um sério golpe em função, especialmente, da seca constante provocada pelo fenômeno El Niño, dos baixos preços internacionais e da praga denominada vassoura-de-bruxa. As alternativas conduzidas têm sido especialmente a implantação de projetos industriais e o turismo. Estas atividades, porém, esbarram nas pressões ambientalistas relacionadas à proteção dos remanescentes da Mata Atlântica e dos manguezais. A partir do início da década de 1990, portanto, a região vem recebendo mais atenção no contexto da conservação, pela aceleração dos desmatamentos provocados pela crise na lavoura cacaueira.

A região da Mata Atlântica compreende áreas de remanescentes florestais sendo considerada uma das cinco regiões do planeta de maior prioridade para a conservação da biodiversidade (os chamados hottest Hotspots9). Por isso, tem-se no litoral sul da Bahia um grande número de Unidades de Conservação, como demonstrado na Tabela 5.3.55.

O projeto do Porto Sul, em especial, vem sendo alvo de intensos debates já que, embora seja de vital importância para o desenvolvimento da logística de transportes brasileira, fundamental para a política de incentivo às exportações de grãos, produtos beneficiados e minérios, localiza-se precisamente em uma área vocacionada para a proteção ambiental e o turismo.

Diversos atores sociais, portanto, especialmente Organizações Não Governamentais, têm presença marcante na região, destacando-se:

9 Instituto de Estudos Socioambientais do Sul da Bahia - IESB: organização não governamental, sem fins lucrativos, que desenvolve pesquisas, projetos e ações com o objetivo de conservar a Mata Atlântica, cuja atuação tem sido especialmente voltada para o Litoral Sul da Bahia.

9 Instituto Floresta Viva: organização não governamental, sem fins lucrativos, atuando por meio de programas e projetos que promovam e integrem áreas protegidas, ecoturismo, sistemas agroflorestais de baixo impacto, formação educacional e cultural, bem estar familiar e o cuidado ambiental,

8 Foi implantado na região um sistema denominado cacau-cabruca, que consiste em plantações de cacau sombreadas por espécies arbóreas nativas de Mata Atlântica, o que proporciona a conservação ambiental nesses locais.

9 Hotspots foi um conceito criado por Norman Myers para designer as áreas do planeta que contém grande biodiversidade, mas que estão ameaçadas e que seriam, portanto, áreas prioritárias para a conservação.

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visando à constituição de bases existenciais, culturais, sociais e econômicas duradouras.

9 Fundação SOS Mata Atlântica: organização não governamental que tem como missão defender os remanescentes da Mata Atlântica, valorizar a identidade física e cultural das comunidades humanas que os habitam e conservar os patrimônios natural, histórico e cultural dessas regiões.

9 Assembléia Permanente de Entidades em Defesa do Meio Ambiente - APEDEMA: reúne organizações ambientalistas de todo o estado da Bahia.

9 Associação dos Municípios da Região Cacaueira da Bahia - AMURC.

9 Conselho de Desenvolvimento Rural Sustentável Municipal de Ilhéus.

9 Cooperativa Agropecuária dos Agricultores Familiares do Sul da Bahia – COAGRI.

9 Cooperativa de Desenvolvimento Sustentável da Agricultura Familiar do Sul da Bahia - COOFASULBA.

9 Cooperativa dos Pequenos(as) Agricultores(as) em Agroecologia do Sul da Bahia Ltda. - COOPASB.

9 Cooperativa de Pequenos Produtores de Cacau, Mandioca e Banana da Região Cacaueira - COOPERCENTROSUL.

9 Cooperativa Regional dos Assentados do Sul da Bahia Ltda. - COOPRASBA.

9 Rede de Associações Comunitárias de Assentados e Não Assentados do Sul da Bahia - RACAASUL.

9 Centro de Estudos e Ação Social - CEAS: entidade jurídica sem fins lucrativos, integrada por jesuítas e profissionais leigos.

9 Associação Ação Ilhéus: para a promoção de projetos e programas que propiciem o desenvolvimento sustentável na Costa do Cacau.

9 Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais no Estado da Bahia - AATR: apoio aos movimentos dos trabalhadores rurais.

9 Comunidade Lagoa Encantada e Rio Almada.

9 Cooperativa dos Produtores Orgânicos do Sul da Bahia - Cabruca.

9 Associação dos Proprietários de Reservas Particulares da Bahia e Sergipe - Preserva.

9 ACARI - Comunicação e Cidadania: organização não governamental sediada em Itabuna, desenvolvendo ações em defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente do sul da Bahia.

9 Associação dos Pescadores de Jequié.

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9 Associação dos Produtores e Armazenamento de Pescado de ACAPE – Ilhéus.

9 Colônia de Pescadores Z-18 – Itacaré.

9 Colônia de Pescadores Z-19 – Ilhéus.

9 Colônia de Pescadores Z-34 – Ilhéus.

9 Colônia de Pescadores Z-68 – Ubaitaba.

9 Cooperativa Mista de Pesca de Itacaré - COOMPI.

9 Cooperativa Mista dos Pescadores de Ilhéus Ltda. - COOPERI.

ƒ PADRÕES DE MIGRAÇÃO

O percentual médio de naturais residentes na Área de Influência corresponde a 73,9% da população e o percentual médio de migrantes corresponde a 26,1% da população. Das seis regiões, o sul tocantinense, o oeste baiano e a Mata Atlântica apresentam os maiores níveis de migrantes, 39,0% e 41,0%, 25,5%, respectivamente. Nesse processo migratório, merece atenção a diferença na origem dos migrantes. Enquanto no sul tocantinense apenas 36,0% dos migrantes são do próprio estado, no oeste baiano, 62,0% dos migrantes têm origem no próprio estado da Bahia. No caso do oeste baiano, o resultado era esperado. O maior dinamismo econômico e o crescimento demográfico explicam a quantidade de migrantes. Nos demais, contudo, foi observado um fraco crescimento demográfico, quiçá um saldo migratório negativo. Portanto, a alta participação de migrantes entre os moradores deve ser acompanhada de altas taxas de emigração.

Nessa medida, não se observa na AII pressão demográfica atual representada em fluxos migratórios que possam comprometer a infraestrutura urbana ou de serviços. Infere-se que a implantação da Ferrovia também não causará obstáculos no sentido de representar um aumento na demanda por serviços e infraestrutura.

No sul tocantinense, a relativamente nova existência do estado pode explicar boa parte desse indicador. Isso é ratificado pela baixíssima taxa de migrantes originários do próprio Estado, apenas 36,0%. Na Mata Atlântica ocorre fenômeno inverso, a expressiva rotatividade de moradores é explicada pela migração de pessoas originárias do próprio Estado (87,0%), possivelmente da mesma região. Ou seja, novamente os dados parecem capturar o efeito da expressiva migração do campo para a cidade ocorrido simultaneamente à crise da atividade cacaueira.

Os dados de migração disponíveis, aqueles relativos à origem dos moradores, são analisados na presente seção. Na Tabela 5.3.56, estão dispostos o percentual de moradores naturais do próprio município, o percentual de moradores

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oriundos de outros municípios (os migrantes), o percentual de migrantes do próprio estado e o percentual de migrantes originários do segundo estado mais importante.

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