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A metodologia montessoriana de ensino: contribuições para o ensino especializado

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CAPÍTULO 3 – UNIVERSO INVESTIGADO: REFLEXÕES SOBRE UMA ESCOLA

3.1 A metodologia montessoriana de ensino: contribuições para o ensino especializado

Antes de iniciar o desenvolvimento quanto à metodologia de ensino Montessori, faz-se necessária a compreensão do universo da própria criadora desta metodologia e, assim, alcançar subsídio sólido para a discussão e a compreensão de todos os fatores que envolvem esta metodologia e, consequentemente, um melhor entendimento dos resultados alcançados neste estudo.

Maria Montessori nasceu no interior da Itália, em 1870. Seus pais, pensando em seus estudos, mudaram-se para Roma quando Maria Montessori tinha 17 anos, o que a fez ser a primeira mulher na Itália a cursar medicina e, também, a lecionar em uma Faculdade de Medicina em Roma.

Em seus primeiros anos como médica, Maria Montessori dedicou-se ao Núcleo de Psiquiatria, onde teve a oportunidade de trabalhar com crianças consideradas “anormais”. Através desta experiência, ela percebeu que muitas crianças tratadas como doentes mentais tinham suas delimitações principalmente pela falta de desenvolvimento cognitivo, sem aplicações de estímulos (COSTA, 2001).

A partir dessa observação, Montessori iniciou seus estudos e experimentos, comprovando que, muitas vezes, as crianças apontadas com algum tipo de anomalia psiquiátrica na verdade eram detentoras de falta de estímulos para o desenvolvimento cognitivo, e que ferramentas como brinquedos e materiais didáticos poderiam ser ferramentas estratégicas para o ensino.

Através deste interesse, Montessori voltou-se ao estudo da filosofia e psicologia experimental, criando a Casa da Criança (Casa dei Bambini), centro especializado em desenvolver crianças dos 0 aos 6 anos, filhos de operários e fora do período escolar, onde obteve notável visibilidade social, política e educacional devido ao rápido desenvolvimento das crianças dentro do que seria o primeiro formato do Método Montessoriano (RÖHRS, 2010).

Nota-se que, devido em grande parte à sua pedagogia, o próprio interesse pelo estudo adveio da observação de crianças consideradas “anormais” por não possuírem o mesmo padrão de acompanhamento das escolas tradicionais, tornando-se fundamental, para a construção e compreensão deste estudo, contextualizar de uma forma prévia os principais aspectos relevantes na pedagogia Montessori.

3.1.1 O ambiente para aprendizagem

Na escolarização tradicional europeia e, consequentemente, ocidental do final do século XIX, os alunos eram obrigados a seguir uma grade curricular que não se preocupava diretamente com as influências intrínsecas e extrínsecas que agem sobre o individuo e sua capacidade de aprendizado. De acordo com Fontenelle e Silva (2012), inicialmente Montessori usou a metodologia de criação de ambiente, inclusive materiais manipuláveis com crianças deficientes, estendendo-se a crianças consideradas normais em período pré-escolar e, posteriormente, a outras séries.

No método montessoriano de ensino, o ambiente deve ser preparado para que o indivíduo seja estimulado a desenvolver sua compreensão do mundo, e, consequentemente, o processo de ensino-aprendizagem em sua forma máxima, de maneira globalizada. Desta forma, compreende-se que o ensino estimulado onde o indivíduo tenha liberdade torna-se por ser um ensino individualizado, respeitando as peculiaridades individuais do aluno (LANCILLOTTI, 2010).

Montessori foi ainda uma das primeiras estudiosas a abordar que o ensino se dá a partir do nascimento, percebendo a capacidade de desenvolvimento através da interação social, onde o indivíduo tem as primeiras percepções sobre o mundo que o rodeia, e sobre como funciona esse sistema ao qual logo buscará se adaptar, ou seja, buscará o pertencimento através da reprodução do ambiente que lhe é demonstrado (RÖHRS, 2010). É também a partir dessas considerações que Montessori cria a teoria da atenção polarizada, observando que a criança possui uma atenção e deve ter um ambiente de aprendizagem que lhe produza a liberdade sobre como e quanto tempo quer trabalhar:

Montessori acredita que a escola tem que ser ativa, no sentido que a criança absorve o meio, na noção de silêncio e autocontrole, na progressão (inicialmente o controle de si, em seguida o controle das coisas), o respeito pelos outros, na modificação e adaptação do mobiliário às crianças, na utilização de materiais específicos que visam promover a aprendizagem nas diferentes áreas (sensorial, vida prática, Linguagem e Matemática), na concepção do Método Montessoriano, esses materiais são autocorretivos, graduados, isolam as dificuldades e devem ser explorados segundo a lição dos três tempos “informação, reconhecimento e fixação do vocabulário” (KRAMER, 1993, p. 27).

Fontenelle e Silva (2012) enfatizam que a liberdade para a criança, de forma ininterrupta, é capaz de fazer com que ela se autoeduque e autodiscipline, pois buscará em suas percepções anteriores modelos de conduta que serão aflorados com sua interação social. Assim, a pedagogia montessoriana defende que o indivíduo permanece e permanecerá em aprendizado para a vida toda, respeitando cada fase, e seus limites, para seu crescimento intelectual (LANCILLOTTI, 2010).

3.1.2 Materiais trabalhados na pedagogia montessoriana

Para Montessori, a educação deve agir de forma libertadora e não excludente, levar o ser ao conhecimento do consciente real (COSTA, 2001).

Estudos, como o de Cardoso e Librelotto (2011), apontam ainda que a busca pela inserção da tecnologia como ferramenta no contexto educacional fundamenta-se na defesa de Montessori ao uso de ferramentas que se adequem ao contexto cotidiano agregado ao contexto de aprendizagem. De acordo com Costa (2001), os materiais utilizados para desenvolvimento da aprendizagem incluem blocos, lixas, tintas, madeira, pinturas, materiais recicláveis, papeis, enfim, todos os materiais que possam servir como meio de aprendizagem e desenvolvimento artístico.

3.1.3 As principais contribuições de Maria Montessori

Compreende-se que uma das principais contribuições de Maria Montessori, além da criação da pedagogia científica, é o desenvolvimento a que a própria pedagogia se propõe no intuito de procurar evoluir seus conhecimentos, de forma científica, quanto à formação do indivíduo. É importante mencionar acerca do ensino tradicional que este aparentava fomentar apenas uma parte da inteligência, excluindo aqueles que não acompanhavam ou não detinham aqueles conhecimentos que as escolas tradicionais consideravam ser pertinentes.

Assim, Montessori foi uma das primeiras pessoas a reconhecer que cada indivíduo deve ser reconhecido como único e sua inteligência deve ir ao encontro de suas capacidades, competências, habilidades e meio em que está inserido, cabendo à escola, portanto, servir como meio de interação social e criar oportunidades igualitárias a todos que se sujeitam a frequentá- la (RÖHRS, 2010).

Embora Maria Montessori tenha se dedicado, especialmente, à educação pré-escolar e, posteriormente, ao ensino fundamental, suas elucidações foram base para muitas outras metodologias de ensino que foram além das séries escolares.

3.2 Rotina e trabalho desenvolvidos pela escola especializada: uma adaptação do

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