2.5 Avaliação de Sistemas de Informação
2.5.3 A metodologia WCA de Alter
Alter (1999) desenvolveu uma metodologia para análise de sistemas, em especial sistemas de informação, chamada de WCA – Work-Centered Analysis. A idéia deste modelo é levar o profissional de negócios a compreender um sistema de trabalho, de modo a decidir se precisa criar um sistema de informação ou apenas melhorar o que já existe.
O modelo WCA contempla seis aspectos do negócio:
a) Clientes: representam tanto os clientes internos quanto externos. São as pessoas que recebem e usam o que sai de um sistema. No caso de sistemas de informações, são os usuários finais das informações fornecidas pelo sistema.
b) Produtos: são as saídas do sistema. No caso de sistemas de informação, são as informações por ele fornecidas aos clientes.
c) Processo de negócio: designa um grupo de passos ou atividades que usa pessoas, informação e outros recursos para criar valor para os clientes internos ou externos.
d) Participantes: são as pessoas que fazem o trabalho. Em sistemas de informação, designam as pessoas que fazem as entradas de dados no sistema, manipulam as informações e geram os relatórios de saída.
e) Informação: são as informações recebidas, criadas ou modificadas pelo sistema. O produto de um sistema de informação é um tipo de informação.
f) Tecnologia: a tecnologia que o sistema usa.
Apesar de poder ser utilizado em qualquer processo de negócio, o principal uso do modelo WCA é justamente na análise de sistemas de informação. A FIG. 13 ilustra o modelo conceitual WCA de Alter.
PRODUTOS
PROCESSO DE NEGÓCIO
PARTICIPANTES INFORMAÇÃO TECNOLOGIA
CLIENTES
FIGURA 13 – Modelo WCA de Alter
FONTE – Alter (1999: 45). Traduzido pelo autor da dissertação.
O modelo procura englobar os componentes do sistema de informação em modelo, dividindo-o em processo (software), tecnologia sob a qual ele opera (hardware), pessoas responsáveis (usuários do sistema) e informação relacionadas (tanto dados quanto informação, tanto de input quanto de output).
Além do sistema em si, o autor também inclui os produtos (na realidade, as informações que saem do sistema) e os clientes (usuários das informações do sistema).
Alter (1999) sugere que qualquer análise de sistemas de informação seja efetuada por meio do modelo WCA. Ele apresenta cinco diferentes perspectivas segundo as quais um sistema de informação pode ser analisado: arquitetura, performance, infra-estrutura, contexto e riscos (Alter, 1999).
a) Arquitetura: analisa basicamente como o sistema opera mecanicamente, sumarizando seus componentes, a maneira como eles estão interligados e o modo como eles operam em conjunto (como um sistema).
b) Performance: basicamente, descreve como o sistema, seus componentes ou seus produtos operam. A performance pode ser medida tanto quantitativa quanto qualitativamente.
c) Infra-estrutura: representa os recursos humanos e técnicos dos quais o sistema depende e divide com outros sistemas.
d) Contexto: representa o ambiente organizacional, competitivo, técnico e regulatório dentro de qual o sistema opera.
e) Riscos: consiste em eventos previsíveis cuja ocorrência pode causar degradação ou falha do sistema.
De acordo com a perspectiva analisada, alguns pontos merecem uma atenção especial.
Na perspectiva de arquitetura do sistema, são focalizados os componentes do sistema e o modo como eles operam em conjunto, conforme demonstrado na FIG. 14.
CLIENTES
Total ciclo de envolvimento dos clientes
com o produto: Requisição, aquisição, uso, manutenção. PRODUTOS Componentes: Conteúdo da informação Conteúdo físico Conteúdo do serviço
PARTICIPANTES INFORMAÇÃO TECNOLOGIA
Organização formal e informal: Responsabilidades no trabalho Organograma Principais arquivos de dados no banco de dados:
Organização dos dados e acesso Componentes principais: Hardware Software PROCESSO DE NEGÓCIO Operação do processo:
Processos fornecendo as entradas, processos recebendo as saídas Características do processo:
Grau de estrutura, faixa de envolvimento, nível de integração, complexidade, grau de confiança nas máquinas, tratamento das exceções, erros e malfuncionamentos
FIGURA 14 – Perspectiva de arquitetura do sistema no modelo WCA de Alter
FONTE – Alter (1999: 53). Traduzido pelo autor da dissertação.
Dentro da implantação de sistemas ERP, a arquitetura está mais relacionada às fases de pré-parametrização e parametrização do sistema, em que os requisitos de hardware, software e estrutura de comunicação são definidos, e a estrutura do banco de dados é organizada.
Na perspectiva de performance do sistema, é focalizado quão bem o sistema opera, conforme demonstrado na FIG. 15.
CLIENTES Satisfação do cliente PRODUTOS Custo Qualidade Responsabilidade Confiabilidade Conformidade a padrões e regulamentações
PARTICIPANTES INFORMAÇÃO TECNOLOGIA
Habilidades Envolvimento Compromisso Satisfação no trabalho Qualidade Acessibilidade Apresentação Prevenção contra acesso
não autorizado Capacidades funcionais Facilidade de uso Compatibilidade Manutenibilidade PROCESSO DE NEGÓCIO
Taxa de saída Tempo de ciclo Consistência Flexibilidade
Produtividade Segurança
FIGURA 15 – Perspectiva de performance do sistema no modelo WCA de Alter
FONTE – Alter (1999: 53). Traduzido pelo autor da dissertação.
Este aspecto da performance do sistema é particularmente útil para avaliar a sua eficiência e eficácia. Esta perspectiva avalia tanto a eficiência da operação do sistema – através da análise da performance do processo de negócio –,
quanto sua eficácia – através da avaliação performance dos produtos e da satisfação dos usuários.
No âmbito de sistemas ERP, a performance do sistema está mais relacionada à etapa de pós-implantação, quando são realizadas medidas de desempenho do sistema de modo a avaliar se o mesmo opera dentro dos requisitos esperados.
Na perspectiva de infra-estrutura do sistema, são focalizados os recursos essenciais que são compartilhados com outros sistemas, conforme demonstrado na FIG.16.
CLIENTES
Infra-estrutura humana e técnica que o cliente deve possuir para utilizar
o produto PRODUTOS Infra-estrutura relacionada ao conteúdo da informação, ao conteúdo físico e ao conteúdo do serviço
PARTICIPANTES INFORMAÇÃO TECNOLOGIA
Infra-estrutura humana compartilhada Infra-estrutura informacional compartilhada Infra-estrutura tecnológica compartilhada PROCESSO DE NEGÓCIO
Infra-estrutura relacionada à operação interna do processo Infra-estrutura relacionada às entradas de outros processos
Infra-estrutura relacionada à transferência do produto para outros processos
FIGURA 16 – Perspectiva de infra-estrutura do sistema no modelo WCA de Alter
FONTE – Alter (1999: 53). Traduzido pelo autor da dissertação.
No âmbito de sistemas ERP, a infra-estrutura do sistema está relacionada, basicamente, à infra-estrutura de comunicação do sistema, bem como às maquinas – hardware – das unidades clientes, que são compartilhadas com outros sistemas.
Na perspectiva de contexto do sistema, são focalizados os ambientes organizacional, competitivo e regulatório, que circundam o sistema, conforme demonstrado na FIG. 17.
CLIENTES
Preocupações no ambiente do cliente que podem afetar a satisfação
ou o uso
Clima do negócio e clima competitivo
PRODUTOS
Produtos substitutos Maneiras do cliente evitar
este tipo de produto completamente
PARTICIPANTES INFORMAÇÃO TECNOLOGIA
Incentivos Outras responsabilidades e pressões do trabalho Políticas e práticas relacionadas ao compartilhamento da informação, privacidade, etc. Políticas e práticas tecnológicas Tecnologia que pode tornar-se disponível em
breve
PROCESSO DE NEGÓCIO
Cultura organizacional Interesses dos stakeholders Políticas e iniciativas organizacionais
Regulamentações governamentais e padrões industriais
FIGURA 17 – Perspectiva de contexto do sistema no modelo WCA de Alter
FONTE – Alter (1999: 53). Traduzido pelo autor da dissertação.
Em relação aos sistemas ERP, o contexto no qual o sistema opera está muito relacionado aos motivos que levaram a empresa a decidir por sua implantação.
Normalmente, mudanças estratégicas no ambiente de negócios da empresa podem levá-la a tal decisão.
Na perspectiva de riscos do sistema, são focalizados os aspectos previsíveis que podem dar errado, conforme demonstrado na FIG. 18.
CLIENTES
Insatisfação dos clientes Interferência de outros stakeholders PRODUTOS Produtos inadequados ou não confiáveis Produtos fraudulentos
PARTICIPANTES INFORMAÇÃO TECNOLOGIA
Crime por insiders ou
outsiders
Desatenção dos participantes Falha para cumprir os
procedimentos Treinamento inadequado Erros de dados Dados fraudulentos Roubo de dados Falha de equipamento Bugs no software Performance inadequada Inabilidade para construir um
senso comum dentro de sistemas de informação
PROCESSO DE NEGÓCIO
Erro de operador Procedimentos desleixados
Backup e recuperação inadequados
Inadequação entre as necessidades do processo e as habilidades dos participantes Acesso não autorizado a computadores, programas, dados
FIGURA 18 – Perspectiva de riscos do sistema no modelo WCA de Alter
FONTE – Alter (1999: 53). Traduzido pelo autor da dissertação.
Em relação aos sistemas ERP, os riscos relacionados ao sistema podem levar à insatisfação dos usuários finais. É aí, justamente, que reside o objetivo geral desta pesquisa. Neste contexto, podem-se determinar algumas causas de
deficiências do sistema, como treinamento inadequado ou, mesmo, falta de treinamento e dados com erros.