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4. MÉTODO

4.1. A MOSTRA

Tendo em vista os objetivos deste trabalho, foram adotados como critérios de inclusão nesta pesquisa: idade de 16 a 19 anos e ser estudante do terceiro ano do Ensino Médio diurno de escolas públicas de Ribeirão Preto (SP), com histórico de desenvolvimento típico. A definição deste grupo como objeto de estudo deu-se, sobretudo pelo fato de, nesta série acadêmica e faixa etária, os adolescentes brasileirosse encontrarem em contato direto com a necessidade de fazer uma escolha profissional, foco de aplicação deste trabalho. Este momento da vida configura-se por inúmeras vivências de pressões, tanto por parte do ambiente em que vivem (sobretudo família e escola) como por parte de sua própria auto-exigência, em busca de definições pessoais, procurando-se verificar, nesta atual pesquisa, quais seriam seus interesses a partir dos instrumentos de avaliação psicológica. A restrição da amostra (focalizando apenas o ensino médio público) deveu-se ao cuidado de se evitar contraposições da possível influência de variáveis sócio-econômicas na composição do estudo, caso, por exemplo, fossem incluídos também os estudantes do ensino particular de nível médio.

O desenvolvimento pessoal foi depreendido a partir de informações de seu histórico e rendimento acadêmico no nível de estudos em curso. Foram selecionados os adolescentes que não apresentaram histórico de atraso em seu rendimento escolar, além de voluntários ao estudo, formalmente autorizados por seus pais ou responsáveis.

Estes critérios de seleção de voluntários ao estudo foram aplicados nas salas de terceiro ano de duas escolas estaduais de ensino médio público da região central de Ribeirão Preto (SP). Estas escolas foram selecionadas por reunirem alunos de diversos bairros da cidade, bem como por possuírem estrutura operacional que permitia a realização do estudo, além de serem aquelas que autorizaram formalmente a efetivação do trabalho em seu contexto. Foram contatadas turmas de alunos até se atingir o mínimo de 200 participantes de cada sexo. Desta forma, a amostra do presente trabalho foi composta por 497 adolescentes, dentre os quais 295 são do sexo feminino e 202 do sexo masculino.

De acordo com os dados informados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2007), a cidade de Ribeirão Preto registrou 18.051 matrículas de alunos no Ensino Médio público (estadual e municipal) no ano de 2005, correspondendo à informação mais recente disponível sobre o tema. De acordo com esse valor, o número de participantes

alcançado no presente estudo (n = 497) corresponde a 2,75% total de estudantes do Ensino médio público desta cidade.

A amostra procurou, portanto, atingir número significativo de participantes de modo a subsidiar as análises estatísticas pretendidas com os instrumentos em questão. Uma caracterização da amostra, em função do sexo e da faixa etária, pode ser visualizada na Tabela 1.

Tabela 1: Distribuição de freqüência (simples e porcentagem) e estatística descritiva da amostra (n = 497), em função da idade e do sexo.

Sexo Feminino Masculino Total Idade N % n % N % 16 58 19,7 37 18,3 95 19,1 17 203 68,8 128 63,3 331 66,6 18 29 9,8 28 13,9 57 11,5 19 5 1,7 9 4,5 14 4,7 Média 16,9 17,0 DP 0,6 0,7 Mediana 17 17 Subtotal 295 59% 202 41% Total 497 100%

A análise da distribuição dos adolescentes em função do sexo demonstrou predomínio da participação do sexo feminino nesta amostra. Embora inicialmente fosse desejado o equilíbrio de participantes em função do sexo, no processo de coleta de dados isto se tornou inviável. O número de rapazes matriculados e cursando o terceiro ano do ensino médio, nas duas escolas colaboradoras, foi bastante menor em relação ao número de moças, parecendo se tratar de uma realidade do cotidiano deste nível de formação acadêmica em escolas públicas de Ribeirão Preto (SP).

Em relação à idade dos participantes, houve concentração de alunos na faixa de 17 anos, nos dois sexos. Essa idade corresponde ao comumente esperado no percurso acadêmico brasileiro, lembrando-se de que uma das condições para participação no trabalho foi um histórico escolar sem repetências. Os alunos com 16 anos, tanto na amostra masculina como na feminina, de acordo com informações coletadas no questionário sobre história pessoal, foram inseridos na vida escolar regular com a idade de seis anos, aproximadamente, ou seja, época anterior ao previsto para a primeira série do ensino fundamental (quando estes voluntários ingressaram na escola, dado que esta realidade se alterou recentemente). Por sua vez, os alunos mais velhos da amostra (18 e 19 anos), tanto do sexo feminino quanto

masculino, informaram que experenciaram alguma interrupção temporária nos estudos por motivos de repetência, necessidade de inserção no mercado de trabalho e/ou dificuldades financeiras na família. Estas informações foram consideradas como justificativas pertinentes e não impeditivas de sua participação nesta pesquisa.

Por meio das respostas fornecidas ao Questionário sobre história pessoal e familiar dos participantes (Apêndice B), foi possível verificar o nível de escolaridade e estado civil dos pais e, por meio do Questionário de Nível Econômico - Escala Critério de Classificação Econômica Brasil (Anexo A), verificou-se a classificação sócio-econômica dos pais dos participantes desta pesquisa. No entanto, cabe informar que apenas 71,6% dos participantes (n = 356) devolveram estes documentos devidamente preenchidos à pesquisadora. O restante dos participantes (n = 141), o que corresponde a 28,4% dos participantes, continham limites informativos que impediram a identificação das características dos familiares desta amostra. Este fato pode ser decorrente de um esquecimento desta atividade por parte dos alunos, acrescido ao fato de que o preenchimento teria que ser realizado com a colaboração de seus pais ou responsáveis. Provavelmente, esta pode ser uma das variáveis que dificultou a devolução dos documentos completamente respondidos dentro do tempo disponibilizado aos estudantes.

Ao sistematizar a distribuição da amostra em função do estado civil dos pais, verificou-se claro predomínio de uniões estáveis: 273 casos, correspondendo a 54,9%, incluindo casados e amasiados. Seguiu-se a ocorrência de pais separados (71 casos, equivalendo a 14,3% da amostra) e apenas 11 viúvos (2,2 %).

Ainda por meio do Questionário de história pessoal foi possível obter informações a respeito do nível de escolaridade dos pais. Estes dados estão apresentados na Tabela 2, juntamente com a classificação econômica das famílias dos participantes, embora abarcando informações referentes a 356 casos desta amostra. Cabe informar que o nível de escolaridade dos pais foi classificado pelo mais elevado grau existente entre os genitores, de acordo com as informações fornecidas pelos participantes e seus responsáveis.

Tabela 2: Distribuição de frequência (simples e porcentagem) da amostra em função da escolaridade e do nível econômico dos pais.

Nível econômico * A B C D TOTAL Nível de escolaridade n % n % n % n % n % Analfabeto - - - - 1 0,90 1 14,30 2 0,60 Fundamental 1 2,90 40 19,20 50 46,70 4 57,10 95 26,80 Médio 10 29,40 107 51,40 44 41,10 2 28,60 163 45,60 Superior 21 61,80 56 26,90 5 4,70 - - 82 23,10 Não informado 2 5,90 5 2,40 7 6,50 - - 14 3,90 TOTAL 34 100,00 208 100,00 107 100,0 7 100,00 356 100,00

Pode-se notar que a freqüência de pais analfabetos foi praticamente ausente, havendo predomínio de pais com nível escolar médio, seguidos por aqueles de escolaridade em nível fundamental e superior. Observa-se também, que 3,90% dos participantes omitiram esta informação. Em relação ao nível econômico dos participantes, identificou-se predomínio de famílias classificadas no nível econômico B, seguidos por nível C, ou seja, representando condições medianas em termos econômicos nos participantes deste estudo. Os níveis A e D foram bem menos freqüentes entre os participantes, apontando que, de fato o alto nível econômico pouco freqüenta a escola pública, assim como aqueles mais desfavorecidos economicamente, embora por razões de natureza obviamente diversa. Cabe ainda lembrar que as escolas colaboradoras deste estudo foram selecionadas entre as disponíveis na região central da cidade, dado que concentram a grande massa de alunos do Ensino Médio, mas também por receberem alunos provenientes de diversas partes do município. Desta forma, foi possível também obter este perfil razoavelmente diversificado na distribuição econômica dos participantes, a partir das informações disponibilizadas pelo instrumento utilizado (ANEP, 2005).

No documento Evidências de validade e precisão (páginas 79-83)

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